O nadador e o assistente escrita por phmmoura


Capítulo 34
Capítulo 34




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Nelson estacionou o carro e desligou o motor. Com uma sensação surreal o preenchendo, ele tirou as chave da ignição. No instante seguinte, o nadador fechou os olhos e respirou fundo. Então exalou lentamente.

Estou de volta… Finalmente estou de volta pra nadar numa competição… Finalmente estou de volta ao jogo, pensou o atleta, agarrando o volante. Apesar do quão nervoso estava, havia um sorriso em seus lábios.

Nelson saiu do carro e olhou em volta do campus onde a competição aconteceria. Faz muito tempo desde que pisei numa escola de verdade, pensou, sorrindo enquanto se lembrava de sua época de estudante.

Eu era um estudante horrível. Quantas vezes me mandaram pra sala do diretor por gazear aula?

Ele riu com as lembranças. Não é culpa minha se as piscinas eram mais interessantes do que os quadros. Uma sala era apertada demais pra mim… era horrível ficar sentado por tanto tempo… eu prefiro mexer o corpo…

Acho que é por isso que minha mãe achava que eu era hiperativo…

Enquanto pensava em seus dias de estudante, a imagem de seu assistente fofo surgiu em sua mente e o nadador ficou vermelho. E o Cris? Ele era um bom aluno? Nelson parou para imaginar por um instante. Depois riu, deixando a ideia de lado.

Sem chance. Não tem como o Cris ter sido um bom aluno. Aposto que era tão ruim quanto eu. Mas, se eu gazeava aulas pra sair com meus amigos, ele também deve ter matado, só que pra fazer coisas com os rapazes.

Nelson corou de novo.

Posso imaginar ele como um daqueles que alunos que dormem nas primeiras aulas, e nas outras fica conversando o tempo todo e mal prestava atenção. Ainda assim, por algum motivo, sinto que ele conseguia ficar sem ir pra recuperação no último instante. Então mostrava aquele sorriso fofo e que dizia que tudo foi de acordo com o plano, apesar de estar suando frio.

Também tenho a sensação de que ele era popular. Com todo mundo da turma. Talvez com todo mundo da escola. O Cris é do tipo quem conversaria sobre meninos com as garotas e de garotas com os rapazes, dando dicas como um dos “infiltrados”.

Mas também tenho completa certeza de que ele deixava a maioria dos garotos desconfortáveis com as piadinhas indiretas. Espera, esquece isso. Conhecendo ele, aposto que ele flertava com eles sem hesitar. Quantos meninos ele deu em cima e fez eles questionarem a sexualidade…?

Cris é tão bonito e legal que chega a ser injusto.

E agora estou com ele…

Nelson não podia parar de sorrir com a ideia, seu coração batendo mais rápido.

Eu queria ter conhecido ele naquela época… poderíamos ter ficado juntos antes, pensou o nadador. Mas talvez eu não teria me apaixonado por ele se tivéssemos nos conhecido naquela época…

Seu coração encheu-se de alegria ao imaginar Cris. Mas, no instante seguinte, o atleta balançou a cabeça.

Eu amo ele. Tem muito que quero dividir, ter e fazer com ele. Mas não posso ficar só pensando no Cris. Não agora. Vou pensar nele depois. Agora tenho que me focar na competição. Não só por mim, mas por ele também.

O nadador olhou em volta, mas, como era sua primeira vez naquela escola, ele não fazia ideia de onde ficava a piscina. Enquanto imaginava o que fazer, ele viu um segurança patrulhando o campus.

— Com licença. — Nelson chamou o guarda, caminhando até o homem acima do peso. — Estou aqui pra um torneio de natação, mas não sei onde fica a piscina…

O segurança estava com um olhar confuso no rosto.

— Torneio de natação? Hoje? — Ele coçou o queixo por um instante e então o rosto iluminou-se, compreendendo. — Ah… é mesmo… tinha algo assim hoje… Esqueci…

Esqueceu…? Nelson manteve a mesma expressão, mas não conseguiu conter o suspiro na mente. Acho que é esse o meu nível agora…

O guarda respirou fundo antes de falar de novo.

— Enfim, a piscina é por ali. Atrás daquele prédio.

Ele apontou para um prédio que parecia ser uma quadra, do outro lado do estacionamento.

— Obrigado — disse Nelson, afastando-se.

Sei que, depois do acidente e tudo mais, preciso começar do fundo. Mas pensar que estou em uma competição em que o segurança nem sabe que tá acontecendo…

O nadador suspirou e tentou ignorar como aquilo lhe fazia sentir. Eu sabia disso desde o começo. Não importa como ou onde. Já que tenho a oportunidade de chegar ao topo de novo, vou dar tudo de mim.

Mas, antes que desse alguns passos na direção da piscina, o segurança o chamou.

— Ei! Espera. Você não é aquele cara lá? — disse o homem acima do peso, balançando seu dedo indicador gordo para o nadador, com os olhos semicerrados…

— Como? — perguntou Nelson com um rosto inocente.

Ele tinha uma ideia do que o segurança falava, mas decidiu se fazer de sonso.

— O cara que… er… o nadador lá que se meteu num acidente feio um tempo atrás… Nelson alguma coisa, eu acho…

— Ah, sim… sou eu — disse o nadador com um sorriso amarelo. Como as pessoas ainda lembram de mim?

— Há! Sabia! — O rosto do segurança ficou ainda mais animado. — Sabe, eu te vi na TV hoje!

— Que… eu tava na TV hoje? — Não fiquei sabendo de nada disso, pensou, com as bochechas levemente coradas.

— Sim, estava. A repórter disse que hoje ia ser sua primeira competição depois do acidente. Mas eu não fazia ideia de que seria bem onde eu trabalho — disse o segurança, sorrindo. — Ei, posso tirar uma selfie? Minha filha não vai acreditar se eu disser que encontrei o cara que vimos na TV hoje.

— T-tá… claro… — Apesar da surpresa, Nelson não odiava a situação. Não acredito que, depois de tudo, coisas assim ainda acontecem, pensou, sorrindo para a câmera enquanto o segurança colocava uma mão no ombro dele.

— Valeu. Ei, deixa eu te levar até a piscina — ofereceu o segurança, ainda sorrindo, enquanto guardava o celular no bolso.

Nelson aceitou. Após chegarem lá, o segurança voltou para sua patrulha.

Apesar da situação incomum, o nadador sentiu o humor melhorar. Mas, ao ver a piscina e os arredores, seu sorriso sumiu. Acho que isso faz parte da minha realidade também, pensou o nadador.

Perante seus olhos estava uma piscina de tamanho olímpico, com água limpa e clara. Mas não foi isso que chamou a atenção de Nelson. Eram as arquibancadas. Ou melhor, a falta delas.

O último torneio que participei foi num lugar que cabia mais de 10 mil pessoas. E tava lotado naquele dia.

Agora nem tem lugar pro pessoal sentar… acho que só amigos e familiares vão vir ver essa competição…

Nelson fechou os olhos e exalou pelo nariz, tentando se livrar daquela sensação.

Não importa. Tenho chance de subir até o topo, disse para si de novo. Vou agarrar essa chance com as duas mãos. Pra mim e pro meu futuro… e pelo Cris também.

Apesar de corar enquanto pensava no assistente. Nelson tirou força daquele rosto e do sorriso pelo qual se apaixonou.

É. Por mim e meu futuro. E pelo meu n-namorado. Nelson usou as duas mãos para cobrir o rosto; ficara com um tom alarmante de vermelho. Mas não era em nada comparado com o grande sorriso no rosto dele.

Decidido, Nelson foi para o vestiário masculino. Àquela altura, ele não ficou surpreso que a porta estivesse destrancada. Contendo a vontade de suspirar, o nadador foi até uma caixa com muitas chaves. Todas tinham um pequeno chaveiro com um papel e número escrito.

Nelson pegou uma chave aleatória, após olhar ao redor, e percebeu que estava sozinho no vestiário.

— Tem alguém aqui? — perguntou o atleta, só para conferir.

Quando não obteve resposta, o nadador sorriu, aliviado.

Ótimo. Do jeito que eu queria. Bem que o Cris disse. Ninguém seria doido de vir aqui tão cedo. Mas, graças a isso, posso fazer meus rituais de pré-competição sem ninguém me atrapalhando, pensou Nelson, colocando a bolsa no banco no meio do vestiário.

Ele respirou fundo e relaxou todo o corpo. Vamos começar.


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