O nadador e o assistente escrita por phmmoura


Capítulo 17
Capítulo 17




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Não acredito que finalmente fiz isso, Cris pensou no momento em que fechou a porta de seu quarto. Até então, ele apenas sorrira, a cabeça nas nuvens enquanto voltava para casa.

Mas, assim que a felicidade se foi, a culpa veio substituí-la. Eu não deveria ter feito isso… prometi a mim mesmo que não faria isso com ele… embora tenha sido tão bom… Ainda dá pra sentir o gostinho dele dentro da minha boca… pare de pensar nisso! Ou não vou conseguir dormir!

Balançando a cabeça para ignorar seus pensamentos, Cris tirou as roupas e pulou na cama. Apesar de tentar não pensar em nada e esquecer o que aconteceu no vestiário há meia hora, não dava. O sorriso jamais saiu do seu rosto.

O rosto dele foi fofo demais quando percebeu que eu estava falando sério… Parecia que não acreditava no que tava rolando… E já que ele mal conseguiu formar uma frase antes, durante e depois, tá na cara que ele amou. Falei pra ele que o gosto na minha boca era inacreditável e inesquecível, mas em pensar que seria tão prazeroso ao ponto dele segurar minha cabeça sem nem pensar. Um cara fazer isso quando perde a cabeça e não consegue parar de voltar pra mais… Espero que o Nelson seja como os outros…

Não! Cris balançou a cabeça de novo. O Nelson é diferente. Foi só dessa vez, repetiu para si mesmo. Não posso ficar tentando ele com um boquete de novo. Vai atrapalhar o treino do rapaz, vai ficar no caminho do sonho dele. Quero tudo menos isso. De agora em diante, serei apenas amigo e assistente dele, tá na hora de parar com as piadinhas sexuais.

Mas e se ele me pedir outro oral… Bom, ai não vou negar, né… Tipo, se ele quiser minha boca de novo, pode até ajudá-lo a relaxar… sim… vou ajudar ele a relaxar sempre que precisar… se quiser, quero dizer…

Que cara ele vai fazer quando nos vermos amanhã? Conhecendo a peça, aposto que vai ficar vermelhinho. Sempre que eu mencionar qualquer coisa perto de sexo oral, ele vai ficar com vergonha. Não vai falar nada, mas, a mente do jovem só vai ficar pensando naquilo.

A ideia colocou um sorriso nos lábios de Cris, que logo sumiu. Embora seja legal brincar com ele, e eu goste que ele fique pensando em mim, não quero atrapalhar o Nelson. Ele está prestes a voltar pras piscinas… deveria se focar em nadar, não no seu assistente gay…

Cris expirou e aguardou até o corpo precisar de ar. Então inspirou fundo. Repetiu o ato até retomar o controle da sua mente. Quem foi que me ensinou isso? Deve ter sido um nadador, pensou, sorrindo.

Certo! De agora em diante, eu serei um assistente que pode ajudar ele, o jovem decidiu-se. De determinação firme, ele pegou o celular. Do que meu pai falou mesmo? Método Scrum ou algo assim?

Ele procurou o termo, assentindo enquanto lia as páginas. Será que funciona pro Nelson? Vai ajudar ele de algum jeito?

Tentar não faz mal, disse para si mesmo antes de enviar as mensagens. Quando terminou, afastou o celular, preparando-se para dormir. Mas, mesmo após um tempo, parte dele ainda não se esquecera do gosto que Nelson deixara em sua boca.

Porém, antes que fechasse os olhos, o celular tocou e vibrou no criado mudo. Cris sabia quem estava ligando antes mesmo de atender. Só podia ser uma pessoa àquela hora. Respirando fundo, ele pegou o aparelho. Eu sabia…

— E aí, priminho — disse Mari com seu tom alegre de sempre.

— E aí, Mari — disse Cris em voz baixa, tentando conter os sentimentos na voz. Eu já sei o que ela vai dizer se descobrir.

— Você parece cansado, Cristiano. Me pergunto o que fez pra animar o Nelson que o deixou tão cansado — Mari murmurou alto o bastante para o assistente escutar do outro lado da linha.

Cris arregalou os olhos. Calma… embora ela tenha me chamado pelo nome, não tem como saber que fiz um oral no Nelson… Ele cobriu o telefone e respirou fundo antes de responder.

— Só nadamos um pouco na piscina. Ainda que não fosse um treino, ele parecia feliz em voltar pra água… Foi legal. — Cris sorriu ao se lembrar do rosto de Nelson quando correu atrás dele. Era como se ele fizesse parte da água.

— Ah, jura? Vocês dois só nadaram um pouco? Após aquela entrevista que tocou em assuntos sensíveis pra ele, no qual o cara até chorou, você só levou ele pra dar uma nadada pra levantar os ânimos?

— Sim — disse Cris após um segundo de silêncio. Sua voz estava mais firme do que ele gostaria.

Ela vai perceber algo, temeu ele. Ela sempre nota algo… Se a última coisa que o assistente queria era atrapalhar Nelson, a penúltima era que sua prima descobrisse o que aconteceu entre os dois. Eu a amo, mas a Mari só vai complicar as coisas.

— Hm… isso é estranho… muito estranho… — A voz de Mari parecia forçada demais. Como se ela soubesse algo e está esperando eu deslizar. Cris dobrou sua atenção. — Acabei de ver o Nelson um tempinho atrás e ele parecia… bem, eu podia jurar que era a cara de um hétero que acabou de trepar com outro cara. E, pelo jeito que ele andava, parece que ele foi o passivo. Por acaso você decidiu virar o ativo com…

— Não chegamos tão longe! — Cris não conseguiu manter a boca calada e interrompeu Mari. No segundo seguinte, ele fechou os olhos. Merda! Cai nessa ladainha… de novo…

— Oh? Não foram tão longe, hein? — Mari continuou com o tom forçado, mas seu primo sabia que ela estava doida por novos detalhes. — Então, o que você fez para animar seu nadador após uma entrevista de tocar o coração que o fez andar com aquela cara? Além de dar uma nadada, né.

Preciso contar pra ela, soube logo Cris, fechando os olhos. Se não contasse para sua prima, ele sabia que Mari continuaria insistindo até que ele cuspisse a verdade. Se por um acaso o assistente conseguisse manter a boca fechada, a maquiadora só ficaria mais curiosa. E, para satisfazer essa curiosidade, ela iria para a única outra pessoa que sabia o que rolou entre os dois homens.

Não posso deixá-la ir incomodar o Nelson… Imagina como ele reagiria se minha prima, quem acabou de conhecer, perguntasse “o que rolou entre vocês” … Conhecendo ele, ia falar tudo pra Mari… E morrer de vergonha depois.

Deixando os ombros caírem com um suspiro de derrota, Cris contou o que aconteceu entre os dois após a entrevista para Mari.

— Priminho… Sei que não gosta que eu fique repetindo, mas acho que você está se apaixonando pelo Nelson — disse Mari com um tom sério, sem nem um pingo de animação na voz.

Por algum motive, Cris pensou que foi pior do que se ela apenas zoasse ele.

— Sabe que não é nada disso… Eu…

— Eu sei que você não sai por aí fazendo boquete em qualquer. E também sei que, mesmo que passe por um bocado só pra ajudar seus nadadores, não ia ficar tão preocupado tão rápido se não estivesse se apaixonando pelo Nelson…

— Eu… — Cris tentou falar, mas não conseguiu pensar em nada para dizer. Ele ficou em silêncio por um bom tempo.

— Cris, vou repetir. Não tem problema se apaixonar por um nadador de novo — disse ela, gentilmente. — Não tem nada de errado. O clube não vai falar nada enquanto não afetar o desempenho dele, e você sabe.

Até depois de se despedirem, as palavras da prima ficaram na cabeça dele. Sei que não tem problema… eu me apaixonar por um nadador de novo… mas eu… o Nelson…

Ele fechou os olhos e pensou em tudo que passaram juntos. Foi difícil encontrar um momento que não o fizesse sorrir ou fazer seu coração não batesse mais rápido. Quando o assistente percebeu o significado daquilo, corou e não conseguiu conter mais o sorriso.

Eu não estou me apaixonando pelo Nelson… Já estou apaixonado por ele…


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