A chuva engrossou ainda mais em todo o condado. A floresta de Lakeville estava debaixo d'água. O vento forte soprava as árvores que parecia que ia arrancá-las.

Em Crystal Lake o nível do lago começou a subir rapidamente.

Trish Jarvis e Christian Dawson correram até o rancho. Estavam completamente molhados.

— Parece que arrombaram.

— Mamãe! Tommy!

Trish correu para os outros cômodos. Christian abriu a porta do porão, viu Tommy abraçado ao cadáver da mãe e chamou a moça. Trish quase desmaiou ao ver Tracy morta aos braços do irmão.

— Ele... ele a matou — balbuciava a criança.

— Quem? Jason Voorhees? — perguntou Christian.

O garoto correu para abraçar a irmã mais velha. Ele confirmou que um homem estranho com um saco na cabeça havia matado muitas pessoas. Ambos se comoveram por algum tempo.

— O que vai fazer?

— Agora é pessoal. Ele também deve a nós — ela subiu as escadas e pegou uma espingarda.

Tommy falou sobre o ataque que ocorreu na casa vizinha. Christian foi na frente e Trish pediu ao irmão para ficar na casa.

O casal foi para a casa dos Lovecraft. Viram as marcas de sangue na terra molhada. O rapaz foi na frente com a espingarda. Entraram. Viram muita bagunça dentro. A primeira vítima que viram foi John. Trish sentiu-se trêmula ao ver o cadáver sobre a cama.

— Ainda pensa em enfrentar Jason sozinha?

— Vamos embora daqui logo.

Estavam para descer quando o corpo de Kara apareceu de dentro do banheiro. Ela estava com o pescoço quebrado e muitos hematomas no rosto — presumidamente golpes de socos. Trish não aguentou ver tanta morte e destruição.

Tommy não saiu do lado de Wolf. Ficou abraçando o cachorro a todo momento.

— Você deveria ficar aqui com seu irmão enquanto caço aquele bastardo. Jason terá que parar com seus crimes logo.

— Não. Ele matou a minha mãe e meu desejo é vê-lo morto.

O cachorro ficou latindo na direção do lago. Os dois foram ver no rancho, Tommy havia sumido. Trish ficou desesperada pensando que o assassino o levara.

— Seja como for, Jason deve ter ido à Crystal Lake. Precisamos nos apressar.

Do outro lado do lago, um barco havia chegado à praia.

Chantal e Liam caminharam por muitos metros, enfrentando o vento e a chuva, até conseguirem chegar em Crystal Lake. O casal de namorados correram para a garagem, que era a cabana mais próxima de onde estavam.

— Estou encharcada.

— Precisamos encontrar algo que no aqueça. Estou congelando.

Liam foi procurar algo naquele lugar. Viu um lampião no canto e pegou o seu isqueiro.

— Vamos, acende.

— Desde quando começou a fumar?

— Não fumo. Eu roubei do assento traseiro do carro da Debbie.

O lampião acendeu, finalmente. Eles ficaram se aquecendo enquanto aguardavam a chuva parar.

O aguaceiro começou a diminuir. A noite já havia chegado.

Debbie dormiu por algum tempo até jogar a cabeça para o volante do carro, fazendo a buzina soar alto. Acordou quando tudo estava escuro. Tentou se orientar, ainda estava bêbada.

— Droga. Eles não voltaram.

Pegou uma lanterna no porta-luvas e saiu do carro. Deu um chute no veículo, xingou muito e saiu pela floresta. Tentou não parecer medrosa, mas a floresta estava bem sinistra. Praguejou muito por causa dos mosquitos que sempre apareciam no final de tarde.

— Que ótimo. Estou perdida. Porra!

Ela retirou as sandálias e continuou a andar descalça. Durante essas andanças, viu algo no meio do mato. Chegou mais perto.

— Ora, ora.

Ela viu um barraco bastante velho no meio do mato. Aproximou-se vagarosamente.

— Quem neste mundo mora num lixo desse?

Abriu a porta e viu aquele recinto cheio de entulho. Viu a mochila e tentou abri-la. Tirou os objetos, mas nada ali se aproveitou. Ao canto havia um botijão de gás, mas deu pouca importância. Entrou no cômodo mais ao fundo e caiu ao ver o altar tenebroso com a cabeça de Pamela Voorhees sobre ele.

Liam percebeu que a chuva havia parado e resolver sair da garagem. Chantal o seguiu. Ambos caminharam por Crystal Lake até a praia do lago.

— Olha, amor. Aquele barco.

— Liam, não tem remos. Como vamos atravessar esse lago? E ainda mais com o nível maior do lago?

Liam pensou em pegar qualquer outra coisa para servir de remo. Deixou a namorada sozinha.

Chantal olhou para todos os lados. Ficou de braços cruzados esperando o namorado.

— Liam, me esp...

Jason segurou a moça por trás — com a mão em sua boca — e arrastou para dentro de uma cabana. Ela se debatia loucamente para. Conseguiu morder a mão do assassino e gritou pelo nome do namorado.

Liam escutou Chantal gritar e correu na sua direção.

Jason pegou o seu facão e golpeou a cabeça da moça, rachando bem no meio do crânio. Liam arrombou a porta e se jogou na direção do vilão com tudo. Os dois rolaram pelo chão da cabine.

— Filho da puta. Vou te matar!

Liam dava vários socos no rosto de Jason, que era protegida pela máscara. Este conseguiu se defender e dar um soco no universitário. Jason era visivelmente mais velho e forte que o outro. Conseguiu se desvencilhar e empurrar o mais novo para fora da cabana. Pegou o facão, caminhou para a sua próxima vítima.

— Vem cá. Vou acabar contigo. Não tenho medo desse facão. Vou desviar.

Jason olhou para Liam com curiosidade. Ele jogou o facão na direção do universitário, assim estocando a arma em seu peito. Liam foi acertado em cheio e caiu de joelho.

— Bom lançamento — e morreu.

Jason retirou o facão, carregou o corpo dele para o celeiro. Ao se aproximar, viu Ralph morto. Seus olhos arregalaram. Aquele velho foi como um pai.

— NÃOOOO! — gritou, pronunciando depois de muitos anos uma palavra.

Ficou de joelhos, chorando ao ver o seu criador morto e enfiado por uma estaca. Jamais estava nos seus planos que algo assim poderia acontecer. Primeiro a sua mãe, Pamela, agora Crazy Ralph. Estava sozinho para dar continuidade à matança desenfreada.

Retirou o velho da estaca e o levou para um local mais afastado. Pegou uma pá que havia no celeiro, cavou um buraco raso e enterrou o velho. Seus olhos, azuis como duas safiras, sob a máscara logo ficaram cheios de ódio. Era uma besta em forma de homem, sem compaixão alguma.

Pegou o facão. Já está na hora de matar os últimos sobreviventes, ou seja, aqueles que fizeram aquilo com seu mestre. Honrar o legado de Crystal Lake definitivamente.