Sua volta para casa era puxativo, situação que merecia uma pequena comemoração.

Nossa celebração, no entanto, foi simples; nos sentamos no sofá e abracei seu braço, instantaneamente senti seu calor emanar por todo meu corpo. Não havia melancolia naquela falta de conversa, nem mesmo desaprovação no ato desmedido.

Eu não soube exatamente onde estávamos naquela relação, mas não ousei perguntar e estragar aquele simples momento. Também não sei se agora escrevo para você ou para mim, mas os bilhetes continuam sendo postos em seu jornal, mesmo que você não o abra mais – isso me faz questionar se você está cansado das mesmas notícias taciturnas ou se é porque sabe o que vai encontrar ali dentro, de qualquer forma, prefiro acreditar na primeira opção.

Mas então você me surpreende, como sempre costuma fazer – é algo inevitável e do qual aprendi amar sobre você. Se inclina sobre meu corpo e sussurra em um tom quase inaudível: “talvez devêssemos nos casar”.

Aquela simples frase me traz um calafrio indescritível, não calafrio desagradável, mas sim deslumbrante.

A ideia de que o “talvez” signifique incerteza não se passa na minha cabeça naquele momento, contudo, só consigo sussurrar: “é, seria único”, e seu sorriso concorda comigo.