No compasso do receio escrita por Jude Melody
Notas iniciais do capítulo
Palavra do trigésimo dia: rotundo. Usei no sentido de “categórico”, “peremptório”.
Capítulo narrado pelo Kurapika.
Sugestão de música: https://www.youtube.com/watch?v=D3q7jJZbb0g
Eu havia esquecido como era o toque do vento. Depois de tantos anos no submundo, caminhando pelas trevas sem saber se elas pertenciam à maldade dos outros ou se estavam dentro de mim, sinto-me quase vazio ao olhar a meu redor. O vilarejo está destruído. Não há qualquer lembrança daqueles que viveram aqui. Os sorrisos, as casas, as vestes repletas de cor... A terra que foi meu berço está morta. Existem apenas os túmulos que ergo um a um, honrando a memória de parentes e amigos sem saber quem é quem.
Perdoem-me... Não pude seguir em frente... E esse fracasso rotundo recai sobre meus ombros, mais denso do que qualquer mortalha. Eles ainda estão soltos, tecendo seus planos e suas crueldades. Eu tentei matá-los. Juro que tentei. Mas, se for para eu morrer, que ao menos seja no vilarejo em que nasci, ao lado daqueles que amei.
Estou sorrindo agora. O cansaço me consome, mas eu lembro quem sou. Lembro quem vocês eram. Lembro-me daquele homem que tantas vezes magoei, mas sempre esteve a meu lado, jurando fidelidade em uma sextilha.
Finco a pá na terra e apoio a testa sobre minhas mãos. Pensar no Leorio faz meu coração desquietar.
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Na imagem: Kurapika enterra os olhos de seus companheiros no que restou do vilarejo Kuruta. Não sei quem é o autor da fanart.
Amanhã será o último capítulo, pessoal. Preparem o kokoro uma última vez!