No compasso do receio escrita por Jude Melody


Capítulo 23
A cor do mundo


Notas iniciais do capítulo

Palavra do vigésimo terceiro dia: alabastro. Tenho certeza de que já vi um anime em que havia uma cidade com um nome muito parecido com esse.

Capítulo narrado pelo Kurapika.

Sugestão de música: https://www.youtube.com/watch?v=bTpG_mvkFgM



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/744236/chapter/23

Eu reuni quase todos os olhos. Nesta noite gélida, são minha única companhia. Acomodados nas prateleiras, parecem olhar para mim. E minha parte irracional quer acreditar que conversam comigo. Quais deles pertenceram à minha mãe? A meu pai? A Pairo? No final, são apenas olhos. Mortos. Se eu ouvir vozes agora, isso será um sinal de loucura.

Suportar aquela dor quase me destruiu. Eu sentia a aura de Nobunaga a meu redor, consumindo cada pedacinho de sanidade. Mas não adiantava gritar. Não havia ninguém para me ouvir. Apenas me encolhi nas trevas, sem saber se elas eram parte da escuridão da capela ou se estavam dentro de mim.

Quando me recuperei, o mundo parecia sem cores. Caçar e assassinar Shalnark seguiu-se com naturalidade. Ele era um Manipulador. Um inimigo quase tão inteligente quanto impiedoso. Também desejava vingança. Quanta hipocrisia... O único que tem o direito de se dizer vingador sou eu!

Acreditei que morreria... Acreditei de verdade. Cada Aranha a mais é um suplício. O que será de mim quando tiver matado todas?

Fecho os olhos. Concentro-me no silêncio. Na presença dos olhos e das estátuas de alabastro que me fitam com frieza. Mortos.

Mas... aqui, o mundo é escarlate.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Na imagem, uma screenshot do anime (versão de 2011). Em seu esconderijo, Kurapika fita os olhos que conseguiu recuperar. Não sei como suporta a ideia de que seu clã inteiro morreu para que os olhos virassem artigos decorativos nas casas de ricaços e mafiosos.

Hoje há muitas coisas para explicar para quem não conhece o fandom, mas vamos com calma. O nome do grupo de assassinos que dizimou o clã Kuruta é Genei Ryodan (“Trupe Fantasma” em português). Eles também se identificam como “a Aranha”, porque Kuroro se inspirou nesse animal ao conceber o Ryodan. São treze membros ao todo: o líder, que representa a cabeça da Aranha, e os doze seguidores, que representam as patas (sim, sim, é uma aranha de doze patas em vez de oito). Todos têm uma tatuagem em formato de aranha com um número diferente que varia de um a treze. Quando um dos membros do Ryodan é assassinado, a pessoa que o matou pode assumir seu lugar. Se ela não assumir, deixando a vaga em aberto, os que sobraram simplesmente procuram outro candidato. Ou seja, o Kurapika, em tese, pode se juntar ao Ryodan. Esse é um dos paradoxos mais aterradores do anime/mangá.

Shalnark é chamado de “Manipulador” por causa de seu hatsu (habilidade especial), que lhe permite controlar os outros. Alguns fãs acreditam que Shalnark, Pakunoda, Uvogin e Nobunaga estavam entre os fundadores do Ryodan. De qualquer modo, o Shal era próximo da Paku, do Uvo e do Nobu, então tinha motivos para querer vingá-los se topasse com o Kurapika. No canon, apenas Paku e Uvo foram mortos pelo Kuruta.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "No compasso do receio" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.