— Conheci Jonas na academia — Maia tomou um gole de café enquanto sentia-se excruciar. Daniel e Ricardo estavam acomodados ao seu redor com várias pastas dispostas entre eles. Toda sua vida estava ali — Tenente Oliveira. Fazia três anos que ele estava na academia como instrutor.

Ela recordou a primeira vez que o viu. Jonas estava parado em frente ao pátio, com os braços cruzados debaixo da chuva.

— Eu era nova, a única garota da turma. Vocês não tem noção do que é ser mulher dentro da polícia. É estar a todo momento tendo que ser melhor que os outros pra provar sua capacidade. E… E… — Maia se atropelou nas palavras, tomando mais um gole de café para afastar as lágrimas.

Daniel abriu a boca para interrompê-la, mas ela o calou, prosseguindo de modo obstinado.

— E então tudo aconteceu — Maia pegou a pasta estendida por Ricardo. Ele assentia, encorajando-a a continuar. — Está tudo aqui, no processo que a corregedoria abriu para investigar nossa relação.

— É verdade o que está escrito aí? 

Maia olhou-o com admiração. Era a primeira pessoa que lhe perguntava sobre isso. 

— Não.

Daniel rasgou a pasta e a deixou de lado.

— Então me conte o que aconteceu.