− Não chore. – Você pediu, por mais que a situação soasse cruel você era sincera.

− Me explica... – Eu pedi, não sabia o que fazer, não havia manual para essas coisas, talvez eu estivesse exagerando, talvez eu só não soubesse agir diferente.

− Eu ainda amo você, isso não muda nada. – Eu poderia ter cedido fácil nessa conversa, nesse momento em que você segurou meu rosto entre as suas mãos, encostou sua testa na minha e chorou comigo.

− Já mentiu para mim? – Perguntei temendo a resposta que eu nunca quis ouvir.

− Já. – Você não podia mais mentir.

− Já me traiu? – Você não respondeu, perdeu segundos tentando recuperar a voz.

− Eu não sei... – Voz embargada e dor nos olhos, medo do abandono. – Eu precisava fugir... Essas coisas dentro de mim... Eles podiam aceitar... Eu só queria escapar. – Você não parava de se excruciar.

Eram meus braços te segurando naquela noite. Eram meus dedos percorrendo cada uma das suas lágrimas. Era sua exaustão, não a física, mas aquela que escapa de dentro. Eu só queria te abraçar e te fazer sentir amada, eu só queria que soubesse que você não era sozinha, eu não te deixaria por nada.