Aquele não era um barco qualquer. Pelo menos, não para nós, acostumado com perfis característicos de nossos clientes. Ou melhor, dos clientes de Sherlock Holmes. Já estou demasiadamente envolvido nesses casos que termino tomando-os para mim. De todo jeito, o barco que se preparava para sarpar era enorme, pomposo, e exibia canhões assustadores.

Quando voltei a procurar Sherlock, encontrei-o já se impulsionando pela âncora, o cabelo açoitando-lhe a face, os dedos certeiros indo de um ponto a outro, como se já houvesse escalado navios de guerra inúmeras vezes.

Fiquei momentaneamente em choque, sem saber exatamente o que me cabia fazer. Terminei por nadar até a costa para vigiá-lo de longe, escondido. Era normalmente este meu ofício: estar preparado para um ataque surpresa. Portanto, tremendo pelo frio, lá fui eu me esconder na ponta curva daquela muralha de segurança máxima.

Sei que um revólver contra canhões pode parecer suicídio. No entanto, se eu aprendi algo com Sherlock Holmes foi que um bom soldado é um bom soldado independente da arma. Portanto, permaneci ali, até meus olhos descobrirem algo ainda pior em cima dos canhões.

Ele exibia uma armadura medieval. No tórax, um besante enorme. No escudo, três palavras: Sentiu minha falta?