After You escrita por Laurel


Capítulo 3
Olhos vermelhos que me assustam


Notas iniciais do capítulo

Espero que goste, boa leitura.



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Você precisa levantar. Digo a mim mesma, tentando juntas forças para sair da cama e ir fazer algo mais produtivo do que cochilar.

 

Olho para o teto branco de meu quarto. Tudo parecia tão vazio, talvez, sempre tenha sido tudo vazio, sem propósito.

 

—Grace?- Ouço vovó gritar no andar de baixo, me tirando de meu transe- Grace, eu já cheguei

 

—Tá bom- Grito de volta, me levantando da cama e indo para minha escrivaninha, para começar o dever de Biologia.

 

 

Ao lado de Ally, no banco de trás do carro da Sra.Lahari, Jordan tampa os ouvidos com força quando cantamos mais alto, Ally girava a cabeça de um lado para o outro, Sharon batia as mãos no volante ao ritmo da música e eu usava o celular de microfone, gritavamos alto, tentando superar o volume do som.

 

—I've become so numb, I can't feel you there- Cantávamos com toda emoção a música do Linkin Park, adorávamos essa música. Rimos de nosso show quando a musica terminou.

 

—Ei, eu não gostou dessa- Abby se inclina para frente e abaixa o volume do rádio quando outra musica começa tocar.

 

—Vocês parecem drogadas, sério- Diz Jordan rindo.

 

—Se solta, Jord.

 

—Vamos comer aqui?- Pergunta Sharon apontou para uma lanchonete não muito grande, concordamos e ela estaciona perto da entrada- o lanche daqui é ótimo.

 

Descemos do carro e sentamos em uma mesa perto de uma janela, já era umas 20:30, depois da escola fomos ao cinema e em algumas lojas, onde compramos algumas roupas para a festa de Cody. Eu comprei uma blusa que ficaria ótimo com a saia que mamãe comprou para mim, mas não sei se ela chegaria a tempo, então acabei comprando um short e uma calça também.

 

—Ei- Chama Shar, colocando uma batata frita na boca– Stacy vai vir passar o final de semana aqui, ela chega amanhã e vai para festa do Cody.

 

—Que bom! -Ally e eu exclamamos ao mesmo tempo.

 

Stacy é uma prima mais velha de Sharon, ela é uma universitária de Tacoma então festas com ela são simplesmente fantásticas.

 

—Você ainda tá pensando em não ir?- Me pergunta com a boca cheia de batata.

 

—Definitivamente eu vou.

 

 

—Grace! São quase 22:30!- Branda minha vó quando cruzo a porta

 

—Vovó, eu falei que iria sair com meus amigos depois da escola.

—Oh, sim, mas demorou muito, Grace, tem um louco matando pessoas por ai, e já são 22:17-Diz olhando o relógio.- Poderia ter acontecido alguma coisa.

 

—Poderia, mas não aconteceu, tá bom, eu to aqui, viva e bem, e agora eu vou tomar um banho e dormir, então boa noite.

 

—Grace, estou falando sério, não saia por ai sem pedir permissão ou sozinha

 

Saio da sala e subo as escadas o mais rápido possível, não dando tempo para minha vó falar mais nada e, com sorte, ela não me deduraria para minha mãe.

 

Tomo um banho e mais tarde, quando minha vó já estava dormindo, desço para a lavanderia e coloco as novas roupas para lavar, logo subo e caio no sono.

 

 

Me mexo na cama, ajeitando meu corpo para poder voltar a dormir.

 

Espera aí, voltar a dormir? Perdi a hora!

 

—Droga!- digo levantando da cama e pegando uma calça que estava no chão pronta para vesti-lá

 

Mas está escuro!

 

Paro de tentar enfiar o pé na boca da calça e olho para o relógio. 5:36 AM. Fico na mesma posição, com a perna levantada, pronta para entrar na calça, até minha cabeça entender que não estou atrasada, que só acordei na madrugada. Suspiro e jogo a calça de volta no chão.

 

Desço as escadas para tomar uma água e ligo a TV, irei assisti-la enquanto o sono volta. Assim que o aparelho ascende, vejo o rosto bolachudo de Ben Sauer, o âncora do primeiro jornal do dia.

 

—Agora trazemos com exclusividade a noticia de que o carro abandonado perto da entrada de Tacoma, era realmente de Michael Davis, jovem de 19 anos que desapareceu com a namorada, Peggy Hester,17, e um casal de amigos, James Pepper, 18, e Tiffany Plunkett, de também 17 anos- uma foto dos quatro juntos apareceu no painel atrás do repórter- O grupo de amigos planejava visitar pontos turísticos da cidade, mas não chegaram a sair de Seattle. Seria esses quatro jovens vitímas do assassino em série que anda percorrendo a cidade, apelidado de Drácula? Vale lembrar que já foram encontrados dois corpos com o sangue completamente drenados e a vários outros desaparecidos, tomem cuidado na rua pessoal. Vamos agora com a previsão do tempo…

 

Desligo a TV e sinto a garganta apertar, subo rápido para meu quarto e me jogo na cama, ainda perplexa.

 

Eles não mereciam isso. As meninas eram boas alunas, filhas e amigas, mereciam todo o bem em suas vidas, mas isso foi tirado deles tão cedo. Poderia ter sido eu ou algum dos meus amigos mais íntimos .

 

 

—Ei, bom dia- Cumprimenta Sharon com um sorriso quando entro no carro.

 

—Bom dia- forço um sorriso.

 

Se já era difícil prestar atenção no que Sharon dizia nos dias comuns, hoje era praticamente impossível, forçava uma risadinha, balançava a cabeça concordando com tudo que ela dizia, mas não fazia ideia do assunto.

Na escola, tudo estava normal, pessoas encostadas em carros no estacionamento conversavam entre si, gargalhavam, se empurravam e falavam alto. Por o jornal ser muito cedo, poucas pessoas sabiam da noticia, não ficaria surpresa se eu fosse a primeira da escola a saber.

 

Logo Abby, Jordan e outros amigos se juntam a nós. Vejo Nessie sair do carro de seus irmãos, que pareciam cada vez mais lindos. Ela acena para mim sorrindo e eu faço o mesmo.

 

—É amiga da boneca de porcelana agora?- pergunta Ally cutucando meus ombros.

 

—A maioria das aulas dela é comigo- reviro os olhos- E para de ser invejosa.

 

 

— Atenção- a estrondosa e grossa voz do treinador do time masculino da escola chamou a atenção da escola inteira no refeitório. Ele veio informar sobre as meninas.O diretor Ronald Marshall tem um recado para dar, portanto se comportem e façam silêncio.

 

—O que ele quer?- sussurrou Sharon.

 

—Atenção- disse o baixinho Sr. Marshall- Venho comunicar vocês que o carro onde as jovens Tiffany Plunkett e Peggy Hester estavam a algumas semanas foi encontrado vazio, a policia não cogita a hipótese de encontrar o corpo das jovens com vida, dado a onda de assassinatos que andam acontecendo na cidade, portanto, a ultima aula será substituída por uma palestra da nossa psicologa, Sra.Labriola, de como lidar com o luto, lá no ginásio e nosso treinador vai nos ensinar algumas técnicas de defesa, só por precaução. Não é obrigatório, mas sugiro que todos vão. Tenham um bom dia.

 

Se passou um minuto exato de silêncio,antes do sinal bater, onde todos se olhavam, procurando o que falar, fazer e até mesmo pensar.

 

—Não vão nem procurar o corpo delas- digo quando começamos a levantar para ir para salas.

 

—Cara...-Jordan procura o que dizer, mas acaba caindo no mesmo silêncio que todos. Ninguém esperava por isso, esperavam que alguém chegasse na escola dizendo que elas tentaram fugir com os namorados, que estavam grávidas ou qualquer babaquice.

 

 

—Oi- diz Nessie quando senta ao meu lado, respondo com um sorriso- Bom, elas eram suas amigas?

 

—Eram sim, desde crianças-Digo, sem pensar muito, sabia que choraria se pensasse.

 

—Eu sinto muito então.

 

Depois de uma torturante aula, fomos dispensados, sai com Nessie para o estacionamento, trocando algumas palavras de vez em quando.

 

Avisto Sharon junto de uma rodinha em volta de Cody.

 

—A festa continua de pé- dizia alto, querendo avisar mais do que sua roda de amigos- Todo mundo na minha casa as 22:30.

 

—Babaca nojento- murmuro para a garota ao meu lado.

 

—Vão fazer uma festa?-Pergunta chocada.

 

—A festa já estava marcada- Digo suspirando- Aparece por lá com seus irmãos. Até depois, talvez.

 

—Tchau.

 

—Você está bem?- Pergunta Sharon, passando os braços em volta do meu pescoço enquanto caminha ao meu lado, em direção ao seu carro. Faço que sim com a cabeça- vamos dar carona para a Ally, o pai dela não vai poder vir buscar ela.

 

—Tudo bem.

 

—Cody pediu para te levar para festa!- Diz uma animada Ally no banco de trás.

 

—Pelo amor de Deus! Eu não vou nessa festa!-Digo firme.

 

—Qual é, Grace, se você ficar nessa, não vai esquecer o que aconteceu, você precisa disso para melhorar- Diz Sharon determinada.

 

 

Após chegar em casa, minha vó me cercou para contar sobre o caso das meninas, teve uma crise de choro depois da janta e me pediu para não sair de casa sozinha nunca, e agora estava em seu quarto dormindo.

 

Meu celular vibra ao meu lado. Era uma mensagem de Sharon.

 

Shar ♥: Passo na sua casa daqui 40 minutos, eu e Stacy estamos indo buscar a Ally.

 

Eu: Sharon, eu não vou.

 

Shar ♥: Já falamos sobre isso. Até daqui 40min. ESTEJA PRONTA

 

Shar ♥: Eu juro que te levo nua pelos cabelos Grace.

 

Suspiro. Talvez não seja uma má ideia. Preciso me distrair, isso tudo anda me deprimindo

 

Eu: Short ou calça?

 

Shar ♥: SHORT! Não está chovendo nem nada, tem que aproveitar

 

Bloqueio o celular e olho para o teto, pensando se é uma boa ideia sair com tanta coisa acontecendo. Suspiro sentindo um frio na barriga. Sou muito tonta por ter medo de um assassino em uma festa cheia de gente? Suspiro e me levanto da cama, eu sou pequena, qualquer coisa posso me esconder facilmente em qualquer lugar, até no armário da cozinha se me espremer bem. Sorrio com o pensamento e vou tomar um banho rápido, visto o novo short preto de cintura alta e o body de mangas vinho, passo uma maquiagem no rosto e visto um sapato qualquer. Não está tão mal.

 

Shar ♥: Já pode descer, Tô aqui na frente.

 

Fecho os olhos e novamente suspiro, ainda sentindo o frio na barriga. Vai dar tudo certo. Garanto a mim mesma e abro a janela do meu quarto e me preparo para descer. Já havia feito isso tantas vezes que adquiri prática, além de que não era tão alto assim. Quando consigo atingir o chão olho para o carro de Sharon que estava em frente a porta de casa, corro até lá e entro no banco traseiro. O carro estava com forte cheiro de perfume e chiclete de menta, que saia da boca das meninas que ali estavam.

 

—Oi- digo abraçando Ally, que dividia a parte de trás do carro comigo comigo- Oi, Stacy.

 

Sorrio para loira alta que estava no carona, vestindo também um short preto e uma blusa branca que ia até a metade da barriga e bastante decotada. Ela era linda, lembro que foi líder de torcida antes de ir para faculdade.

 

—Eai?- Sorri de volta pra mim.

 

—Hoje vai ser louco- Diz Sharon dando partida do carro e ligando o som. Pelo jeito que falou sabia que já havia bebido.

 

A casa de Cody era um pouco longe e já na metade do caminho começava a ficar nervosa, a figura de um senhor no canto da estrada só serviu para me deixar mais nervosa.

 

O que caralhos, um homem estaria fazendo apé em uma estrada, de noite com um assassino a solta? Só pode ser ele o assassino. Ele vai seguir o carro e matar todos na festa. Penso comigo mesma e engulo em seco. Vamos morrer, vamos morrer, vamos morrer.

 

Talvez não tenha sido uma boa ideia. Eu devia ter escutado minha avó, lembro dela sentada no pé da minha cama por meia hora me pedindo para tomar cuidado, dizendo para trancar a janela e não sair de casa. E aqui estava eu, em um carro com 3 jovens meio bebadas. A esse ponto já começo a balançar as pernas por conta de nervosismo, seco minha mão suada no shorts.

 

Droga. Seria muito estranho de minha parte pedir para me levar de volta?Ah, sim, seria. Mil vezes droga.

Pare com isso Grace, não dê uma de louca, vai dar tudo certo e você sabe disso.


Estou exagerando, não acontecerá nada, a festa vai ser incrível e eu vou chegar em casa tão louca que não vou conseguir entrar pelo mesmo lugar que sai. Afasto esses pensamentos e essa terrível sensação de mim e foco na conversa das meninas, que estavam falando sobre os garotos da faculdade que queriam pegar esta noite.

 

Uma rua abaixo da de Cody, já dava para ouvir a música alta, e quando chegamos e descemos do carro, tudo se intensificou. Fiz uma careta por causa do barulho, mas Stacy e Abby já estavam dançando. Sharon coloca o copo que estava bebendo no carro na minha frente.

 

—Que isso?

 

—Vodka com energético- Pego o copo de sua mão e dou um grande gole.

 

A casa de Cody era enorme, e estava lotada de universitários e alunos de nossa escola, logo estavamos cumprimentando e conversando com todos aqueles que conheciamos, tendo que gritar para ouvir uns aos outros, no meio de uma musica muito alta e jovens gritando de um lado para o outro.

 

Ted Chaney, um menino da minha turma de matemática e filho do pastor da igreja que frequentava quando criança, já estava muito louco jogando cerveja em todo seu corpo. Lucas Carter estava pendurado em uma árvore imitando um gorila e Cher Grover estava escorada nessa mesma arvore vomitando, e eles não eram nem os piores.

 

Stacy avistou alguns amigos que tinham frequentado a escola com ela e fomos todas juntas cumprimenta- los, entrando dentro da casa.

 

Lá havia mais pessoas conhecidas, me separei para ir conversar com minha parceira de química, que estava perto das bebidas com um grande grupo de conhecidos

 

—Cê tá muito normal Grace, bebe – Disse com a voz mole me passando um copo. Não passou muito tempo e aquele copo estava vazio.

 

Um rosto conhecido me chama atenção não muito distante de mim. Desvio rapidamente o rosto quando nossos olhos se encontram. É claro que ele estaria aqui, ele estava em todas. Ranco a garrafa de bebida de um garoto também da minha sala de química e encho meu copo, tentando arrancar o rosto de meus pensamentos e o aperto em meu peito. Um gole cada vez que pensasse nele.

 

Mais alguns goles e já estava dançando com Stacy e algumas convencidas dela dá faculdade, as vezes sendo interrompidas por alguns garotos bêbados e muito otários; Tessa, uma das amigas de Stacy, jogou bebida na cabeça de um deles. O álcool fez a gente rir alto.

— Shar?- grito para minha amiga que vai em direção a saída-Sharon!

Abrindo espaço entre as pessoas consigo alcança- lá e seguro seu braço.

— Vamos dançar.

— Não​ dá agora, tenho que levar minha irmã pra casa- ela aponta para sua irmã, totalmente bêbada e chorando na sua frente, sendo praticamente carregada por Abby- ela levou um fora... E um chifre também.

— Eu vou com você- digo colocando na mão de uma pessoa que passava próximo a mim o copo que estava bebendo.

A garota nega com a cabeça.

— o carro tá cheio, Abby e duas amigas dá Glenna já estão indo, fica com a Stacy, eu volto super rápido.

Suspiro e concordo, era melhor eu ficar, se Glenna, irmã mais velha de Shar vomitasse no carro, eu vomitaria junto. Começo a abrir espaço e refazer o mesmo caminho, dessa vez para voltar para a prima dá minha amiga e suas colegas.

Meus olhos quase saem para fora quando percebo que as meninas já não estão mais lá.

— calma, sem pânico, vai ficar tudo bem-

Por um momento senti raiva de Glenna por ter bebido tanto, se não fosse ela Shar e Abby estariam aqui comigo agora.

Olho em volta procurando alguém conhecido. Ninguém. Não devia ter bebido tanto.

Começo a andar até a entrada dá casa quando o ar começa a falar pra mim. Talvez lá tivesse alguém conhecido.

Só espero que Shar não esqueça de mim.

—para de ser doida, ela não vai esquecer-

Paro próxima a calcada, respirando com facilidade agora, olhando para a rua cheia de carros estacionados, sentindo a mesma sensação ruim que senti mais cedo dentro do carro.

— você está bem?- reviro os olhos reconhecendo a voz. Thomas.

Thomas era alto e tinha a pele morena, foi uma grande paixão minha, antes de me largar sem mais nem menos. Estaria mentindo descaradamente se dissesse que não sentia mais nada por ele.

—Estou– digo pegando o copo que estava em sua mão e começando a beber, indo em direção a rua, me afastando dele.

—Cadê a Sharon, Grace?– seu tom parecia desconfiado– o que tá fazendo sozinha aqui fora?

—Saiu– me limitei a dizer. Quanto menos diálogo tivesse com esse ser melhor.

Continuei andando, me afastando dele e abraçando meu corpo quando um vento gelado passou por mim. Dei mais um gole.

— Toma minha blusa- Disse o moreno atrás de mim, ainda me seguindo- está frio.

— Eu não quero sua blusa, Thomas- comecei a andar mais rápido, tentando me afastar daquela pessoa que tanto me fez mal, embora uma grande parte de mim gritava para aceitar a blusa e abraça- lo.

— Chega!- disse puxando meu braço, fazendo me olhar seu rosto- Para de beber Grace Christine.

Christine era meu segundo nome, só usavam quando estavam bravos comigo.

Ele arrancou o copo de minha mão e jogou no chão.

— Me solto-Disse baixo, tanto me livrar de suas mãos.

— Eu tô tentando cuidar de você- disse me puxando para perto.

— você não quer cuidar de mim, você quer me machucar- digo o empurrando com força.

— Então vai!- Esbraveja ele, retribuindo o empurrão, só que usando uma força que eu não tinha.

Cambaleo para trás, olhando para ele chocada, o nariz ardendo e a garganta apertando. Pronta para chorar.

— Por que você tem que ser assim?- digo com lágrimas já começado a cair de meus olhos, descendo por minhas bochechas.

Dou lhe as costas e volto a andar, mais rápido dessa vez.

Não havia percebido que já estava no fim dá rua de Cody e continuei andando, me afastando cada vez mais dele, a cabeça baixa tentando esconder as lágrimas de qualquer alma que ousasse passar por ali.

Meu peito dói e eu já estou arfando, tento recuperar a calma, respirando fundo e olhando para cima agora, tentando tirar Thomas de meus pensamentos, um nova onda de tristeza e ódio me invadindo toda a cada segundo.

 

Queria que Thomas morresse.

 

Craccc.

 

Esse foi o barulho que um galho sendo partido fez, olho para trás pronta para enfrentar o diabo da razão das minhas lágrimas, com o peito estufado e a cara expressando minha raiva. Mas ele não estava lá.

 

Começo a correr antes mesmo de pensar em fazer isso, e tento correr cada vez mais rápido, ou ele me mataria.

 

O assassino de Tiffany e Peggy me mataria também.

 

O álcool faz eu me sentir enjoada,e eu mal comecei a correr.

 

A imagem de minha mãe me vem na cabeça, eu a deixaria sozinha, deixaria a vovó sozinha também. E Abby, também Jordan e Sharon. Eu deixaria todos eles sozinhos por que eu morreria esta noite.

 

Mas eu não posso morrer. Quem iria passar o natal com mamãe? Ou iria para escola com Shar? Forço minhas pernas já doloridas um pouco mais, o panico cada vez maior, olhando para trás para ver se o assassino estava muito perto de mim, mas não conseguia ver ninguém, não havia ninguém lá. Reduzo a velocidade, agora apenas andando, olhando frequentemente á minha volta.

 

Minhas mãos soavam e meu havia um forte aperto em meu peito, agora eu nem sequer sabia onde estava, devia ter corrido uma rua e meia de onde estava quando comecei a correr, mas essa rua não era repleta de casas como a de Cody e a outra, essa era mais deserta, com pouca casas.

 

Coloco minha mão na parte frontal do meu shorts, onde geralmente guardava ele, iria mandar uma mensagem para Sharon ou quem sabe para thomas, pedindo para me encontrar.

 

Eu devia avisar que havia alguém por aqui também, que podia ser o assassino, minhas mãos começam a tremer ainda mais quando percebo que meu celular não está mais lá. Levo as mãos na cabeça e começo a entrar em desespero de novo. Estava fodida

 

Completamente fodida.

 

—Algum problema?- Viro para trás no instante em que escuto um voz grave atrás de mim , os olhos mais arregalados do que nunca.

 

Encaro um homem muito branco a poucos metros de mim, o cabelo muito escuro e os olhos...vermelhos

 

É, eu não devia ter bebido tanto. Completamente fodida, é o que eu estou.

 

Respiro fundo, me proibindo de surtar nesse momento e começo a dar pequenos passos para trás.

 

—Nenhum, estou indo ver meus amigos que moram ali- digo cheia de coragem apontando para a casa mais próxima- Eles estão me esperando, então com licença.

 

Uma risada saiu de sua boca, seguida de um olhar ameaçador, mais alguns passos para trás.

 

Uma piscada, esse foi o tempo que levou para o estranho homem acabar com a distância e agora estas a apenas alguns centímetros de mim, agora sim eu me permito surtar.

 

Mais uma piscada e agora eu estou no chão, com os cotovelos ralados e a cabeça doendo devido batida que levei na queda.

 

Estava acontecendo tudo mais rápido do que eu podia entender, e estava assustada demais para conseguir raciocinar, a respiração totalmente desregulada, tremendo e com uma enorme vontade de vomitar.

 

Com a mesma velocidade que ficou diante de mim e me empurrou, ele estava agora em cima de mim, segurando fortemente meus braços, de modo que doíam, e sua pele era tão fria quanto a minha ficaria, depois que ele me matasse.

 

—Não me mata, por favor, não me mata, não me mata...-senti sua mão livre virando meu rosto para o lado- Não faça nada comigo, por favor não faça…

 

Fecho os olhos cor força, seja lá o que ele fizesse, eu não queria ver.

 

Um estrondoso são de algo pesado sendo jogado fortemente no chão não muito distante de mim invade meus ouvidos ao mesmo tempo em que o peso em cima de mim se vai.

 

—Não me mata por favor…– continuo repitindo, enquanto mais barulhos continuam acontecendo.

 

—Tire ela daqui- Diz uma voz firme e imediatamente sou levantada do chão. Abro os olhos e estou no colo de uma mulher tão branca quanto o homem que estava em cima de mim a alguns segundos atrás.

 

—Para onde estão me levando?- Digo me chacoalhando no colo daquela mulher, que, sabe -se como, consegue me carregar com uma incrivel facilidade. Olho para o rosto daquela mulher e seus olhos prende minha atenção. Olhos âmbar, igualzinho aos dos irmãos de Renesmee. Levanto um pouco meu corpo em seu colo e não posso acreditar no que vejo.

 

Os irmãos de Renesmee tiraram aquele homem de cima de mim, e estão batendo nele.

 

—Vai ficar tudo bem. Meu nome é Esme– Diz a mulher de voz serena.

 

Minha mente está tão confusa que dói. Eu não sei o que vai acontecer, não sei se eles estão compactuando com aquele homem que me atacou, afinal, as mortes começaram quando eles chegaram na cidade, não foi?

 

Deus, por favor, me ajude e eu nunca mais te peço nada pelo resto de minha vida.

 

Estou cada vez mais zonza, minha cabeça parece arder em fogo e o enjoo também está piorando.

 

Nunca fui boa para beber, e talvez se não tivesse bebido hoje eu não morreria.

 

Espero que eu seja enterrada com o vestido bege que meu avô trouxe da Itália para mim.

 

—Você não vai morrer- Uma voz masculina- não vamos vender seus órgãos nem abusar de você.

 

Abro os olhos novamente. Acho que era Edward seu nome, e junto com ele parecia estar a família toda.

 

Ficamos em silêncio um bom tempo, não sabia o que dizer nem como agir. A mulher havia me colocado sentada dentro de um carro, e deixou a porta aberta, de modo que eu poderia olhar para eles e eles para mim.

 

—Quem era aquele cara?- Pergunto, depois de um bom tempo sem reação.

 

—Um homem ruim- Eu conhecia o homem que acabará de falar, era Carlisle, o pai deles, ele era a sensação do hospital de Seattle.

 

—O que vocês fizeram com ele?- Pergunto novamente, olhando para o nada.

 

—Falaremos sobre isso depois, quando estiver tudo calmo. Vamos levar você para casa agora.- Responde o Dr. Carlisle.

 

—Os olhos dele...-Digo e olho para meu braço, que havia arranhões depois de ter sido empurrada no chão, mas também havia um roxo em forma de dedos, que dava a volta em meus braços- Ele me jogou no chão muito rápido, eu não tive tempo de reagir em nada.

 

Minha voz começou a sair cada vez mais baixa a medida que lutava para segurar o choro, me sentia fraca e incapaz, e tola por chorar na frente deles. Eu nem ao menos entendia o que estava acontecendo. A mulher que me pegou no colo agora estava perto de mim, fazendo carinho em meus braços. Olhei para baixo, não tinha coragem de encarar ninguém. Queria que Shar estivesse aqui agora.

 

—Você não conseguiria fazer nada, a gente vai explicar depois, mas agora você precisa descansar- Diz Edward- Alice…

 

Todos os rostos que se viram para a garota que tinha o meu tamanho, sendo a mais pequena dos Cullens. Ela tinha o olhar fixo em algo e parecia que sua alma havia deixado seu corpo, dou uma encolhida por medo.

 

—Eles estão vindo- Edward avisa aos outros- Como você não viu antes?

 

—Precisamos tirar ela daqui- Diz a loira bonita, Renesmee disse algo sobre seu nome ser Rosalie.

 

Olho para eles cada vez mais confusa.

 

—Eles quem?- Faço mais uma pergunta.

 

—Não dá tempo- diz Alice, me ignorando.

 

—Isso lembra vocês de algo?- Bella fala, Nessie falava muito dela.

 

—Fica atrás e não fala nada- Diz Carlisle.

 

Meio segundo depois eu estava no fim de uma certa formação que eles haviam criado.

 

—Como que…?-Minha voz saiu fraca

 

—Shh.

 

Todos estavam imoveis, olhando fixo para um lugar, parecia que eles nem respiravam. Já havia desistido de entender tudo que estava acontecendo, provavelmente aquilo era um sonho e eles só estavam lá por serem gostosos.

 

Pouco tempo depois percebo pelo que eles estavam esperando naquela formação sem sentido.

 

Conseguia ver, ainda distante, consegui ver algumas silhuetas vindo em nossa direção. Quase podia tocar a tensão no ar, eles trocavam olhares entre si e eu havia agarrado a mão de Esme e a segurava fortemente, ela era tão fria quanto o homem que havia me atacado alguns minutos antes.

 

Se isso for um sonho, eu quero que acabe logo, se não for, quero morrer logo para acabar com essa angustia.

Não demorou muito aquelas pessoas já estavam próximas, segurei mais forte a mão de Esme quando percebi algo em comum com meu quase assassino.

 

Eles também tinham olhos vermelhos.

 

 


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Notas finais do capítulo

Olá, primeiramente mil desculpas pela demora, outubro/novembro foi um mês terrível, parentes foram internados, outros morreram, enfim, foi um completo caos.
Mas agora tudo está bem e o capítulo está quentinho na mesa para vocês. Peço encarecidamente que comentem, comentários motivam demais e não custa nada né.
Como vocês podem ver, o nome da fanfic mudou, e a capa dela também, espero que vocês tenham gostado, faço o que consigo, já que eu mesma faço a capa.
E parece que temos indícios de que um certo par de olhos vermelhos irão aparecer, finalmente.
Bom, é isso, espero que tenham gostado, NÃO ESQUEÇAM DE COMENTAR. Beijos e até a próxima.



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