P.O.V. Isabella Swan 

Ficamos um tempo jogados na areia da praia até que Rosalie se levantou em um rompante e apontou para uma das barracas que estava aberta na beira da calçada.

— A gente tem que ir lá! Tem karaokê! – Ela deu saltinhos animados.

— Karaokê? – Jasper se sentou abismado. – Me solta que eu tenho que cantar! – Ele gritou e saiu correndo, mas Rosalie o derrubou e ele ficou cuspindo areia. – Coisa ruim, nem deixa os outros ser feliz.

— Vamos com calma, coisinha. – Ela resmungou e todos nos levantamos e fomos para o tal karaokê, porque ver os amigos pagando mico é tudo de bom!

Ao olhar a fachada estava escrito “Barraca do Nem”, dei de ombros e entramos, indo onde estavam os atendentes.

— Onde me inscrevo para cantar? – Alice perguntou, com um sorriso enorme.

— É só pegar a senha que quando chegar a vez de vocês, vai piscar ali no painel. – Um homem moreno de shorts e regata falou.

— Obrigada. – Agradecemos e eles pegaram as senhas, e me olharam em expectativa.

— O quê? – Perguntei, cruzando os braços.

— Pega a sua senha. – Annabeth falou, como se fosse óbvio.

— Eu não vou cantar. – Neguei prontamente.

— Por favor? – Emmett falou, piscando os olhos.

— Não.

Eles ficaram repetindo “Por favor” até que me irritei e tomei a ficha da mão de Jasper, que me olhou intrigado e puxou outra ficha para ele.

Sentamos na mesa e ficamos olhando as pessoas cantando lá, umas eram até boas, outras eram tão desafinadas que meus dentes rangiam de nervoso.

Então depois de alguns minutos entre apreciação e vontade de enterrar a cabeça na terra, piscou o número da ficha de Emmett, que saiu rapidamente e falou para a moça que estava cuidando do som o que queria, então se posicionou no palco e colocou a mão na cabeça, quando começou a tocar a música ele pegou o microfone:

— Estou indo embora! A mala já está lá fora! Vou te deixar! – Ele cantou, apontando para Rosalie, que o olhou confusa. – Você foi a culpada desse amor se acabaaaar! Você que destruiu a minha vidaaaa! – E ele continuou cantando a música e olhando para Rosalie, eu aposto que ele imaginava que estava fazendo uma homenagem para ela, mas ela o encarava tão fulminante que eu tive medo.

Quando ele acabou as pessoas começaram a bater palmas para ele, que se curvou e veio com um sorriso enorme, foi quando a senha de Rosalie piscou e ela foi para o karaokê sem olhar para ele. Ela pediu a música para a moça e olhou fulminante para o Emmett novamente.

— Bonito. Que bonito, hein? – Ela começou a cantar, e Emmett botou a mão no peito como se tivesse sido elogiado. A risada foi geral. – Que cena mais linda, será que eu estou atrapalhando o casalzinho aí? Que lixo, cê tá de brincadeiraaaa. Então é aqui o seu futebol toda quarta-feiraaaaa. – Ela cantou, e Emmett olhou para os lados. Continuamos rindo dele e ela cantando. – E pra pagar a cama que te satisfaz, time aqui uns cinquenta reais! – Rosalie fez um gesto e Emmett gritou “Quero!”, nos fazendo rir ainda mais. Ela acabou seu momento de fama e veio desfilando até Emmett, que a recebeu de braços abertos.

Então chegou a vez de Percy, que foi para o palco animado e acenando, e pediu sua música.

— Só você me deu o que eu pude sentir. E é louco o efeito que ela tem ao se apoderar de mim. E a cada momento que a nossa história chega ao fim é onde tudo recomeça, e assim, espero aqui te ter, é te sentir como o céu completo, e te perder é nunca ver o céu se abrir! – Ele cantou, mandando um olhar meloso para Annabeth, que se derreteu na cadeira.

— Procurem o Percy que ele foi clonado e raptado! – Gritei arrancando algumas risadas e mesmo assim ele não perdeu sua concentração, cantando.

A todo momento ele ficou fazendo uma coreografia (meio estranha) e olhando para Annabeth, que parecia que voaria em seu pescoço e o devoraria pela boca, eu não duvido. Quando a música acabou, eles começaram uma agarração que foi separada pela moça das músicas e Annie continuou lá, pois era sua vez.

— Não perdi as esperanças de te encontrar, outra vez, eu voltei. Voltei para te dizer que é impossível, te esquecer, eu voltei, então olha para mim! Diz que vai ficar! – Annabeth começou a cantar, a todo momento Percy lançava coração com as mãos. Até que chegou em uma parte que ele ficou sinalizando para ela vir quando cantou um trecho. – Que ainda sou seu primeiro amor, que sente minha falta no seu cobertor, owooo! Que sente minha falta no seu cobertor.

— Para com a sem vergonhice. – Jasper reclamou, batendo na cabeça dele, que lançou um olhar de sarcasmo para ele.

— Olha o tanto que me importo. – Fez um sinal diminutivo e foi interrompido por palmas, Annie acabou e era a vez de Edward.

Ele passou as mãos no cabelo em sinal de charme e piscou para o público, eu ri dele, parecia que ele estava indo pegar um Grammy. Até que a música iniciou e rezei mentalmente pra ele não apontar para mim.

— Eeeed Cullen, woo, tchutchurutchu, nanaranã, nanananã. Você vai sentar por cima, e o DJ vai te pegar! – Ele fez sinal para ele no DJ, depois fez sinal para eu ir até ele. – Tu pediu agora toma não adianta tu voltar, menina, agora você vai sentar. Dou tapinha na potranca, com o bumbum ela balança, Ed chama de malandra e ela vai se apaixonar. Dou tapinha na potranca, com o bumbum ela balança, Ed chama de malandra e ela vai se apaixonar. Aaa aaaa aaaaagora vai sentar! Vai sentar! Vai sentaaaaar. – Percy fazia sinal de positivo para Edward e eu ria tanto que teve um momento que quase caí da cadeira.  Os outros assobiavam para Edward e ele continuava me chamando. Rolei os olhos e no final da música eu fui me aproximando e dançando conforme a música pedia, então dei um breve beijo nele e o expulsei do mini palco. Pedi a minha música pisquei para o pessoal.

— Aaaah, esse tom de voz eu reconheço. Mistura de medo e desejo, tô aplaudindo a sua coragem de me ligar, eu pensei que só tava alimentando uma loucura da minha cabeça! Mas quando ouvi sua voz, respirei aliviada. Tanto amor guardado, tanto tempo, a gente se prendendo à toa, por conta de outra pessoa. Só dá pra saber se acontecer! E na hora que eu te beijei, foi melhor do que eu imaginei! Se eu soubesse tinha feito antes, no fundo sempre fomos bons amantes. – Cantei primeiro baixinho, porque estava morrendo de vergonha, mas logo fui aumentando o tom e estava cantando normalmente.

A galera acenava e balançava os braços em solidariedade. Rolei os olhos e cantei o resto da música, recebendo alguns aplausos.

Sai do palco rapidamente e me sentei em minha cadeira, Edward me puxou para mais perto e sussurrou zombeteiro em meu ouvido:

— Bem melhor.

Ri, entendendo o que ele falou e Alice correu para o palco. Depois que ela pediu a música dela, começou a tocar.

— Olha ele, tomando cerveja na balada e uma mesa cheia de gatas, e o coração vazio, tadinho. Olha ele dando uma de durão, mas todo mundo sabem que o seu coração é mole e pertence a mim. – Ela cantou e gesticulou para Jasper, foi o suficiente para Edward passar por cima da mesa e bagunçar os cabelos dele. – Taí, tentando esquecer os meus beijos. Paga de solteiro feliz, mas quando chega em casa chora, ele chora, chora! – Jasper pôs a mão no coração como se tivesse sido ofendido, ainda abriu a boca em surpresa, nos fazendo rir.

Ela continuou a cantar e dançar, de vez em quando nós fazíamos coro para ela, até que ela finalizou a música.

Nós rimos e Alice se abaixou para receber os aplausos. Jasper se levantou e pediu sua música, e se posicionou no palco com seus olhos brilhando em desafio. Quando começou, por algum motivo ninguém na mesa ficou surpreso.

— Só vim me desculpar, eu não vou demorar, não vou tentar ser sua amiga pois sei que não dá, você vai me odiar, mas eu vim te contar, que faz um tempo eu me meti no meio do seu lar, sua família é tão bonita, eu nunca tive isso na vida e se eu continuar assim, eu sei que eu nunca vou ter. – Ele cantava e fazia as expressões da letra, como se ele mesmo estivesse na situação. – Não quero atrapalhar, vocêêêê! E o preço que eu pago é nunca ser amada de verdade, ninguém me respeita nessa cidade, amante não tem lar, amante nunca vai casar!

Ele seguiu cantando o resto da música, de vez em quando acenando para as pessoas. Quando ele acabou nós batemos palmas e alguns assobiaram para ele. Que fez sinal de coração e veio acenando, nos fazendo rir.

— Marília Mendonça está perdendo uma dupla maravilhosa, só estou falando. – Ele falou, Rosalie deu um tapa na cabeça dele. – Sua vaca.

— Vaca a tua cara!

— Mano, eu não deixava. – Percy falou.

— Acabou aí o barraco, eu peguei uma ficha pra gente cantar todos juntos. – Alice falou, saltitando.

— Isso não vai dar certo, Alice. – Falo, a olhando incrédula.

— É claro que vai, Bella! Todos nos adoraram. – Ela falou, rolando os olhos.

(...)

Depois de Edward dizer a música que a gente ia cantar, nós subimos no palco. Queria ver como oito pessoas iam cantar uma música, mas subi para Alice não arrancar meus braços.

— Envolvimento diferente

Eu ensino a vocês, a vocês

Eu vou sentar e vou quicar

E vou descendo de uma vez, de uma vez. – Percy cantou, dando umas piscadinhas.

— Esse hit é chiclete, na tua mente vai ficar

Sento, sento, sento, sento, sento e quico devagar. – Jasper cantou a parte dele, acenando.

— Sento, sento, sento, sento, sento e quico devagar. – Alice cantou.

— Sento, sento, sento, sento, sento e quico devagar. – Foi a vez de Rosalie, que caprichou na coreografia.

— Tu não precisa exagerar, muito menos se empolgar

Tu vai sentar, tu vai sentar, tu vai sentar devagar. – Emmett cantou.

— Tu vai sentar, tu vai sentar, tu vai sentar devagar

Tu vai sentar, tu vai sentar, tu vai sentar devagar. – Annabeth também entrou na onda e cantou.

— O nosso bonde é sinistro

Vem cá, que eu vou te ensinar

A descer, a subir, a quicar e rebolar. – Cantei também, afinal, não havia mais nada pra fazer.

Cantamos o resto junto e fazendo uma coreografia improvisada. Até que em algum momento a coisa toda desandou e um foi tropeçando no outro e acabamos derrubando a caixa de som.

E assim fomos expulsos do karaokê, eu fiquei feliz de não ter sido pior.

(...)

— Que tal a gente fazer um lual? – Edward perguntou.

— Cara, é 21:40h e você tá querendo lual?

— Temos praia, violão e nós, eu vi outra barraca aberta, de repente a gente descola um rango e fica por aqui mesmo. – Ele sugeriu, dando de ombros.

— Do jeito que a gente tá, é capaz da onda levar a gente. – Rosalie falou.

— Onda, onda, olha a ondaaa, onda, onda, olha a onda. – Edward e Percy cantaram e bateram palmas. – Vou te pegar, essa é a galera do avião...

— Ah, calem a boca. – Alice falou. – Vou ver lá a barraca, vamos, Jasper.

— Mas, Alice, não é essa barraca! – Gritei zombeteira, ela me mandou o dedo médio e eu apenas ri.

Depois de alguns minutos estávamos devidamente preparados para um lual, Percy surgiu de algum lugar com cordões de flores e saiu distribuindo pelos nossos pescoços, assim como saias de palha, que vestimos por cima das bermudas.

— Sejam bem vindos. – Percy falou, tocando música havaiana em seu violão. – Esse lual é em minha homenagem, porque eu sou a melhor pessoa que vocês vão conhecer na vida. – Ele abriu um sorriso e alguém atirou uma sandália nele, o alguém foi Jasper, que estava satisfeito.

— E o que vamos fazer agora? – Jasper perguntou.

— Uma fogueira! – Emmett gritou, e o olhamos sarcásticos. – Qual é? É uma ideia ótima. – Ele se defendeu, cruzando os braços.

— Vamos começar com algumas músicas. – Percy falou, começando a dedilhar no violão. – Mas alguém vai botando comida na minha boca, porque eu tô cagado de fome.

Rimos e Annabeth rolou os olhos, sentando ao lado dele e dando algumas coisas na boca dele. Assim nós passamos o nosso tempo na praia, tocando música no violão do Percy (que ainda suspeito da compra), cantando e comendo. Chegamos na hospedagem de madrugada, nos despedimos e fomos para nossos respectivos quartos, realmente mortos de cansados.