Capítulo Um. 

Ashe encarava o céu escuro, o silêncio dominava o local. Se sentiria feliz por finalmente ter o silêncio que sempre quis, mas não pensava que seria daquele jeito. 

Exatas 8 pessoas sempre eram escolhidas a cada ano para ser um 'Projeto' — talvez isso aconteceria até todos no mundo ser um projeto, mas isso não estava nos planos dos cientistas. 

Ashe viu seu melhor-amigo, Lucian, ser colocado em uma capsula, ter as memórias apagadas e o coração retirado; ela viu seu melhor-amigo virar uma máquina feita para matar. 

Preferia estar morta do que lutar contra os humanos, não queria guerra, não queria sangue, não queria destruição. 

Mas quem disse que ela vai obedecer as ordens dadas?

Seu corpo doía, sempre que passava por um local era tratada como monstro; os inocentes não sabiam nem um por cento da verdade ocultada. 

'Monstro', 'Demônio'

Por quê a chamavam de coisa que ela não era? 

Oh, porque ela não era mais a mesma.

Seu arco e flecha; a única coisa que sobrou de recordação para si. Talvez foi aquilo que lhe trouxe as memórias e sentimentos de volta. 

O amor de seu pai estava impregnado naquela arma, as recordações. Absolutamente tudo. 

Se sentia triste; sem chão. Sem vida. 

Sentimentos reais, que demonstravam a realidade. 

Ashe não era mais a mulher que lutava pela justiça de seu país; não era mais a mulher que se casaria com um homem apenas por política. Não era mais a queridinha do papai. 

Ashe teria de arcar com a realidade, para enfim, ter tudo aquilo que sempre amou de volta. 

•

''O que está querendo dizer com isso, Fiora?" — Era raro Ashe chamar alguém pelo nome, sempre era pelo número, mas, Fiora era a única que entendeu seus sentimentos; a única que ouviu seu desabafo; a única que aceitou ir na jornada com ela. 

''Eu não sei... Estão preparando uma batalha contra os soldados do país 4.'' — Deu uma pausa dramática, enquanto se virava de costas e alisava sua espada. ''Seu país irá lutar contra nós, Ashe.''

Os olhos azuis, uma das únicas coisas que sobrou da antiga aparência de Ashe, brilhavam em surpresa. 

''Eu vou lutar contra meu pai?'' — Tristeza. Era o que Ashe sentia no momento, não que não sentisse todos os dias.

''Viktor tinha um plano, Ashe. Não fomos escolhidas atoa, fomos escolhidas para testar o limite da consciência humana. Até onde eles chegam com a  guerra e ódio.'' — Levantou a espada até o peito de metal da platinada: ''Se seu pai tentar te matar; não te reconhecer e continuar acreditando na história de que você foi morta por sabe se lá quem; o limite humano será completado. Não haverá amor no mundo.''

Ashe teria de lutar contra a própria famíliar; apenas para testar o limite humano. Mas, eles não passaram do próprio limite?