Dust and Gold escrita por Finholdt


Capítulo 9
VIII. Just tell me what is right




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Damian mal sentia os dias os passarem. Era como se tudo estivesse no mudo, com barulho branco.

O prazo havia acabado e o plano foi por água a baixo.

Ele nunca mais ia ouvir o Pai dizer que estava orgulhoso dele, nunca mais ia ouvir Grayson o chamar de irmãozinho, nunca mais ia contrabandear jogos +18 violentos com Todd, nunca mais vai poder ter a oportunidade de dizer a Drake que nunca o odiou de verdade.

Antes de ter ido até a Torre Titã, Damian tinha deixado a caixa de sapato com Jon, ciente dos riscos. Ele tinha plena consciência do caminho que estava tomando.

Sim, ele sabia bem o que estava fazendo, no entanto, por que seu peito insistia em apertar? Por que tudo insistia em doer?

Ainda não podia acreditar que estava em Nanda Parbat de novo. Um lugar que ele jurou que nunca mais ia pisar, porém, vejam só.

Com o fracasso da missão, Damian apenas se trancou em seu antigo quarto e encarou o teto familiar e estranho até perder a consciência.

No dia seguinte, o avô ficou exultante em vê-lo novamente. Cuspia coisas não importantes como seu herdeiro estar de volta e a linhagem al Ghul enfim estar salva. Ou talvez não. Damian não tem muita certeza de mais nada.

Quem não estava animada nessa história toda era Mara: A prima parecia pronta para esfolá-lo assim que ficassem sozinhos.

 — Hafid al Ghul, meu neto. Quando sua mãe disse que você enfim aceitou seu destino, eu não acreditei, entretanto devo dizer que seu desempenho com os adolescentes fantasiados foi deveras convincente.

Damian sabia que deveria responder, reverenciar, algo, mas não conseguia desligar sua mente do eco de gritos de Kent.

Mara o socou bem nos rins.

— Ack! Sua maldita-

— Damian. — Advertiu Talia, estreitando os olhos.

— ... Eu- Sim, avô. É-é bom estar de volta. — Não, não era.

Mara deve ter visto sua mentira, pois arreganhou os dentes, furiosa.

— Vamos mesmo aceitar esse duas caras de v-

— Calada, Mara. — Ordenou Ra’s, impassível. — Fale apenas quando eu solicitar, você sabe muito bem as regras.

Mara apertou os punhos, tremendo em fúria, e abaixou a cabeça.

— Perdão, avô.

Ra’s acenou com a cabeça uma vez, satisfeito, e sorriu para o neto primogênito.

— Hafid, você está ciente do que vai acontecer agora, não? Afinal, você deu as costas a casa al Ghul por anos. Ra’s al Ghul é misericordioso, como bem sabe, mas não posso deixar uma transgressão tão  grave passar em branco.

Talia fechou a cara, não gostando do rumo da conversa, enquanto Mara levantou a cabeça lentamente, um lento brilho perigoso se mostrando em seus olhos desiguais.

— Sim, avô. — Respondeu.

— Então tome um banho, se livre dessas irritantes roupas de Robin e nos encontre no altar.

Ah sim, Damian ainda estava usando isso, não é mesmo? Ele precisava queimar o uniforme, ainda estava completamente sujo com o sangue de Jon.

Por culpa dele.

Algumas servas se aproximaram para acompanhá-lo até o banho e lavá-lo, e só então Damian voltou aos sentidos, para enrubescer violentamente e repetir de forma firme várias vezes que ele podia muito bem lavar-se sozinho.

O adolescente se trancou no banheiro de seu aposento e encarou a enorme banheira, ainda perplexo que realmente estava de volta. De forma mecânica, pôs a banheira para encher enquanto se despia.

Começou pelas suas fieis botas verdes...

“São muito mais práticas que aquela palhaçada de circo que você usava antes, Todd”

Então as luvas...

“Isso é um soco inglês nas luvas?! Damian, que diabos-“
“Cala a boca, Drake, ou então vou arrebentar sua cara feia com esses espinhos”

Em seguida o cinto...

“Você quem construiu esses aparelhos, filho? Você tem muito jeito para mecânica.”

O capuz...

“Sabe, quando eu era Robin, eu pensei em ter um capuz também, mas logo aprendi que ele poderia ser usado contra mim.”
“Eu. Consigo. Lutar. Cego.”

O “R”...

“Esse ‘R’ no seu peito não é de Ruína, é de Redenção, Damian Wayne”

— Sinto muito, Maya, mas você estava errada. — Sussurrou para o nada, olhando com olhos que não enxergavam para o dispositivo.

~*~*~*~

O avô estava com seus trajes cerimoniais e havia chamado todos os ninjas para assistir.

Típico. Damian estava nem surpreso.

Lentamente, com o queixo erguido, Hafid caminhou até o altar onde o avô já se encontrava. A mãe estava ao lado e olhava para o chão, nervosa. Era quase comovente ela estar tão ansiosa por Damian, e o deixou pensando... Será que agora eles podem ter um relacionamento decente?

Será que agora ela vai me amar de verdade?

Maldição, interrompa essa linha de pensamento agora mesmo! O que é você, algum maldito carente de afeto familiar?

Sim.

Mara foi a primeira que o viu chegando, um sorriso cruel se abrindo em seu rosto mutilado.  Ra’s foi mais pomposo quando o viu, agora já no altar.

— Damian enfim retornou para casa! Mas antes de ser bem vindo de volta, Hafid al Ghul deve se ajoelhar perante Ra’s al Ghul.

Respirando fundo, Hafid prostrou-se de joelhos para o avô e abaixou a cabeça.

— Hafid reconhece seus erros ao ter dado as costas ao seu legado?

— Sim, avô. — Na verdade não.

— Arrepende-se da impertinência?

— Sim, avô. — Não.

— Vai implorar por perdão?

— Sim, avô.

— Então implore.

Com as orelhas e nuca ardendo com a humilhação, Hafid colocou as mãos no chão em frente ao corpo, e se abaixou completamente, com a testa quase se encostando ao chão.

— Eu imploro por vosso perdão e misericórdia, avô- Ra’s al Ghul.

— Perdão aceito, meu neto. Porém, a Liga das Sombras sempre pune seus traidores. Vai aceitar seu castigo, Hafid?

— Sim, avô.

— Tire o robe.

Então seu palpite estava certo.

Quando saiu do banho, viu o robe e as calças de linho em seu quarto, já deixadas ali para ele. Sabia que o avô o castigaria de alguma forma física – afinal, era assim que a Liga funcionava -, mas ainda não tinha certeza de qual punição seria usada.

Avô tinha dito para encontrá-lo no altar, então talvez seja algo bem público em vez de enterrá-lo vivo como da outra vez. E com o robe, a probabilidade é que...

— O chicote, por favor.

... Ra’s vai chicoteá-lo na frente da ilha inteira.

— Lembre-se, meu neto. Ra’s al Ghul é misericordioso.

A primeira chicotada estalou de surpresa nas costas nuas de Hafid e ele teve que morder o lábio para não gritar.

— Quantas chicotadas, avô? — Era a voz de Mara, ela parecia extasiada.

— Vinte para cada ano que Hafid passou nos traindo. — Respondeu Ra’s, tranquilo.

Bem, se eu morrer, com certeza Mara ficará feliz. Damian pensou antes de a segunda chicotada estalar.

Precisou trincar os dentes com força para não deixar escapar nenhum som. Estava desacostumado com os abusos físicos, mas lembrava o suficiente que seria muito pior se ele demonstrasse que estava sendo afetado.

Por volta da quinquagésima chicotada, Damian pensou que estava recebendo o que merecia pelo que fez com Jon.

Por volta da vigésima primeira, Damian parou de sentir as costas.

Por volta da trigésima, Damian deixou de sentir tudo.

Por volta da quadragésima, Damian parou de sentir pena de si mesmo.

Com a quinquagésima, veio o rancor. Mas não por Ra’s, isso era o normal.

Se Hafid sobrevivesse a punição, então ele se mostrava digno a todos, com uma nova camada de respeito de brinde.

Na sexagésima, Damian começou a ficar preocupado em perder a consciência. Ele não podia, sob nenhuma circunstância, desmaiar. Era suicídio.

O sangue escorria pelas suas costas, mas ele não podia pensar nisso.

Foi na sexagésima quinta, que começou.

Isso tudo era culpa do filho da puta do Superman, não é mesmo? Se a missão tivesse sido um sucesso, Hafid não precisaria ressurgir. Talvez Jon até mesmo o perdoasse.

Ah sim, a raiva. Afogue-se nela.

Com a sexagésima oitava, Hafid decidiu que Damian Wayne realmente estava morto.

Na septuagésima segunda, Hafid já tinha planejado seus próximos passos na Liga das Sombras. Ele vai aprender todas as artes místicas que Ra’s al Ghul possui e vai matar Superman.

A octogésima veio cortando o ar, abrindo mais uma tira nas costas abusadas de Hafid, porém o garoto não estava pensando nisso.

— Muito bem, meu neto. Você está perdoado.

Ele precisava se manter consciente até o salão esvaziar e rezar para ao menos Talia o levasse para o quarto depois.

Quando mais pensava em Superman, mais o sangue fervia, ajudando-o a manter a cabeça limpa.

O salão estava esvaziando, as pessoas dizendo alguma coisa, mas Hafid não conseguia ouvir nada além do sangue correndo em sua cabeça.

Até mesmo Jon merecia sua fúria, não é mesmo?

O garoto teve o que merecia, isso mesmo.

Pensa comigo, ele sempre forçava a barra com Damian. Invadindo seu espaço pessoal, manipulando-o emocionalmente. Sim, sim! Claro, como ele nunca reparou nisso antes? O maldito do Superman que deve ter falado para J- Kent que Damian era facilmente manipulável. Pois eles que esperem.

Hafid irá mostrar quem é o manipulável aqui.

Foi a última coisa que ele pensou antes de desmaiar.

~*~*~*~

Ibn acordou com o corpo completamente dolorido.

Ele fazia a menor ideia de onde estava ou de onde veio o cobertor que o cobria no chão. Olhou em volta, desconfiado. Sua cabeça latejava e suas memórias das últimas 48 horas estavam bem embaralhadas.

Maldição, ele sonhou que Jon o perdoava de novo. Que hábito irritante! Seu próprio subconsciente era seu inimigo às vezes.

Grunhiu, irritado. Estava faminto, havia horas desde sua última refeição.

— Aqui.

Ibn olhou para cima, alarmado. Nem mesmo havia lembrado que o garoto Kent ainda poderia estar no bunker com ele.

Ele estava com outras roupas, casuais e limpas, e havia um saco de papel em sua mão direita, que ele oferecia tão casualmente para Ibn.

— É Big Belly Burguer... vegetariano, claro.

Piscou, sem palavras. Isso estava sendo uma ocorrência bizarramente comum nas ultimas horas.

Ainda confuso e tentando se lembrar da noite – dia? Que horas eram? – anterior, Ibn pegou o sanduíche em silêncio, analisando-o atrás de vestígios de veneno.

— Ah, pelamor de Deus- eu não envenenei a droga do sanduiche!

— Parece algo que alguém que envenenou a droga do sanduíche diria. — Respondeu Ibn sem pensar, arrependendo-se logo em seguida.

Por diabos estava se sentindo tão confortável com Kent?! Maldito sonho, estava confundindo sua cabeça!

E essa risadinha de Kent também não estava ajudando, que diabos!?

— Te falo nada, Damian.

Isso fez Ibn congelar. “Damian”?...

— Eu ia fazer mais perguntas, mas você acabou desmaiando no meio da conversa. Mas não se preocupe, que troquei suas bandagens enquanto você dormia.

Ibn não respondeu.

Aquilo não foi um sonho, foi?

Maldição.

Maldito Kent que o encurralou em um momento de fraqueza, o fazendo se abrir daquele jeito. Afinal, foi tudo inútil, serviu apenas para alimentar esperanças vãs no coração dos dois idiotas.

Silenciosamente, Ibn comeu o hambúrguer vegetariano, calculando bem suas próximas palavras.

Kent parecia completamente contente em esperá-lo terminar de comer, deliberadamente ignorando o celular que de dez em dez minutos começava a vibrar em seu bolso.

Quando enfim terminou de comer, ainda no mais puro silêncio, Ibn afastou o lixo de si, e respirou fundo.

— Kent, sobre ontem...

— Para, eu sei o que vai dizer. Eu falei sério ontem, eu-

— Você disse que eu sempre fui um merda egoísta. E antes que você diga que foi a kryptonita, talvez você tenha razão. Talvez eu seja um eterno insatisfeito.

— Isso não é verdade! Aquela... Aquela droga me fez dizer aquilo que eu sabia que ia te magoar!

— Me magoar?! Não se lisonjeie, Kent! “Damian isso, Damian aquilo”cale a boca! Está achando que somos amigos por causa de um relapso de fraqueza? Não pense que isso muda algo-

— Ah é? — Kent o olhava diretamente nos olhos, com aquela estúpida determinação de sempre.

Com passos ligeiros, Kent se fez mais alto, o jogando para o chão e o enjaulando com seus membros.

— Olhe nos meus olhos e diga-me que quer me matar pra valer.

Fácil.

— Eu te quero morto, Jonathan Kent.

Sem nem piscar, o mais novo pegou as mãos de Ibn e as colocou em seu próprio pescoço, em um desafio silencioso.

— Então vamos lá... É isso que você quer, não?

Ibn estava perplexo, ele certamente não previu esse tipo de reação, suas mãos involuntariamente apertaram por si mesmas contra aquele pescoço branco, tão convidativo.

Isso era algum tipo de teste, hein?

O corpo de Kent estava tenso acima de si, as coxas que antes o apertavam em um forte aperto, relaxaram, dando abertura para Ibn o jogar para o lado com os quadris, ainda apertando seu pescoço. Agora o mais novo o olhava do chão, as pernas pendendo de cada lado de seu corpo, com aquele mesmo irritante olhar determinado, um fogo em seus olhos azuis que Ibn nunca antes havia visto.

O aperto não estava forte o suficiente para deixá-lo inconsciente, apenas para o outro sentir o fluxo de ar sendo cortado pelos longos dedos de Ibn.

Ibn não pode deixar de olhar fascinado para o pescoço de K- Jon, com os dedos o apertando e deixando lindos roxos.

Era demais, tudo aquilo. Ibn acabou apertando um pouco mais, como para se distrair, mas apenas conseguiu que Jon separasse os lábios, formando um “o” silêncio, os olhos ainda focados nos seus, mas quase fechados.

E de pensar que esse garoto é invulnerável normalmente... Mas aqui está ele, ainda segurando os pulsos de Ibn, mantendo suas mãos em seu próprio pescoço, como se ele próprio tivesse desativado sua invulnerabilidade.

Por um louco momento, Ibn se perguntou se ele gostava disso.

— Não está com medo de eu lhe matar de vez, Superboy? — Ibn perguntou, quase sem ar só de assistir as reações do mais novo.

Mas Jon apenas sorriu de lado, lambendo os lábios.

— Na verdade... não.

O coração acelerou com a confiança cega que Jon estava lhe dando. Uma confiança que ele certamente não merecia. Afinal, que droga de teste era esse? E pelo todos os infernos, por que Ibn estava sentindo essa irritante formicação no ventre ao ver Jonathan estirado no chão a sua total mercê?

— Você não quer me matar de verdade... Damian.

Ibn o largou como se sua pele estivesse em chamas. Jogou-se para trás, se afastando o máximo que podia com a perna quebrada.

— Você joga um jogo perigoso, Kent.

— Talvez. — O fazendeiro lambeu os lábios secos, olhando-o com tantas emoções em seus olhos azuis que Ibn sentiu-se queimado.

Ibn desviou o olhar, extremamente irritado. Com Jon, consigo mesmo e com a maldita situação.

— Nada disso importa, droga.

Foi a última coisa que Ibn disse antes de tudo cair em caos.

[x][x][x]

Pensando friamente, eu devia ter me preparado para o acaso de alguém da Liga rastrear Damian de volta até mim. Mas em minha defesa, eu estava bastante distraído com outras coisas.

Quando sai para arrumar uma muda de roupas, infelizmente topei com a meu pai no apartamento. Ele estava sabendo da história com Katie e quase queimou minhas orelhas fora com a intensidade de seu sermão. Por ele, eu devia ir naquele instante para Hamilton e me desculpar com Katie pessoalmente.

Eu, claro, pedi desculpas e disse que iria naquele mesmo instante.

Eu, claro, menti.

Senti-me mal por ter mentido na cara dura para o pai, mas eu ainda estava digerindo o fato de que Damian não tinha sido totalmente perdido para Ibn – super não preciso envolver meu pai nessa dor de cabeça ainda.

Só depois me ocorreu que Damian poderia estar com fome. Tentei não pensar no fato de estar praticamente mantendo-o em cárcere privado e fui atrás de algo para ele comer.

Ainda não sei dizer que diabos deu em mim para aprontar aquele teatro com Ib- Damian. Estou tentando não pensar muito em como meu corpo inteiro se acendeu do pescoço para baixo, como olhar para aqueles olhos verdes que se mostravam tão ameaçadores e ver além mexeu comigo de formas que nem minha (ex?) namorada fez.

Enfim, eu tinha muita coisa na cabeça.

As portas do bunker explodiram com um estrondo, arremessando Damian e eu para longe com o impacto.

Mara al Ghul surgiu das chamas, com uma fúria gélida em seus olhos desiguais, com mais trinta ninjas.

Eu não podia deixar que eles pegassem Damian! Eu ainda tinha muita coisa para resolver com ele, droga!

Nervoso, atirei com minha visão de calor neles, logo depois fazendo uma linha de aviso entre eles e eu.

— Vejo que está vivo, então, alien. — Sibilou Mara. — E meu querido primo também. Ninjas, esse alien pegou o meu noivo e pelo seu estado, machucou profundamente seu futuro líder.

— Espera aí! — Protestei, enquanto olhava para todos os lados procurando uma rota de fuga.

— Ataquem.

Soprei gelo em direção dos quatro primeiros ninjas, os congelando no lugar. Tentei correr até onde Damian estava – eu não conseguia nem ao menos vê-lo – mas sempre aparecia mais e mais ninjas no meu caminho. Honestamente, eu estava sem paciência para lidar com isso, então usei minha visão de calor para afastá-los de mim, tentando não pensar em quando queimei o peito de Damian até carne viva com esse mesmo poder.

Virei-me para ver onde Damian estava, mas encontrei apenas algumas manchas de sangue e nada dele. Voltei o olhar para onde os ninjas estavam, apenas para ver Mara com Damian inconsciente em seus braços, uma expressão de nojo em seu rosto enquanto eles se preparavam para fugir.

— ESPERA AÍ! — Gritei, desesperado. — DEVOLVA-O PRA MIM!

Eu me sentia paralisado. Como se eu novamente tivesse onze anos e estivesse em uma sorveteria assistindo o jornal com absoluto horror enquanto toda a família do meu melhor amigo era brutalmente assassinada.

— “Devolva-o”? Ibn não é malditamente seu, alien. Ele é meu noivo, e logo será meu marido.

Um dispositivo foi jogado aos meus pés, fazendo um pequeno barulho de “tic-tac”. Sem me dar tempo de voar para longe, a maldita esfera explodiu, me jogando longe.

Ai, droga, essa sensação-

— Kryptonita verde. Pelo menos esse eu sei que não tem como errar, não é mesmo, Superboy? — Olhei para cima, com os olhos marejados. Havia duas Maras na minha frente. — Espero que dessa vez estejamos claros. Essa foi a última vez que eu pego vocês dois se atrelando nesse joguinho de gato-e-rato sem sentido. Ou você mate Ibn de uma vez ou então morra na próxima vez que eu o encontrar.

— D-devolve...

— Esteja avisado.

Perdi a consciência.

[x][x][x]

Acordei com Stephanie Brown me dando tapinhas no rosto.

— Anda moleque, se o azulão chega aqui e me pega com o filhote desmaiado no bunker do Batman eu viro purê de Batwoman, colabora comigo!

— Sseria um pésssssimo purê. — Falei, embolorado.

Minha cabeça estava explodindo e meu corpo não queria cooperar comigo. Tanta exposição consecutiva a diferentes tipo de Kryptonita estava me afetando feio, preciso ir até acima das nuvens e me banhar com o sol para me sentir melhor logo.

— Ai, graças a Deus. MENINO! — Ela me deu um soco no ombro. — NÃO ME ASSUSTE ASSIM DE NOVO! Que te deu que resolveu explodir o bunker?! Será que isso num te amaldiçoa não, hein?

Ai, como sempre, falar com Steph é o equivalente a estourar meus tímpanos. Espera. STEPH!

— S-Steph! Você precisa me ajudar! Eu-

— Olha, normalmente eu estou sempre pronta pra ajudar o sobrinho favorito da Kara, mas antes de mais nada eu preciso saber se é pra esperar um Superman furioso na minha porta a qualquer minuto.

— Isso num é importante agora, Steph!

— Concordamos em discordar.

— UGH, OKAY! Eu me resolvo com meus pais depois, beleza? A situação é mais séria do que deixar meus pais bravos.

— Vish, mais grave que emputecer o azulão? A parada deve ser séria mesmo.

— Steph, eu vi o Damian!

Pronto. Estava dito. Finalmente, finalmente eu podia dizer isso sem ser em sonhos.

Steph não era tão próxima assim de Damian, mas o dois eram amigos, tenho certeza. Antes de tudo ir para os ares, ela com certeza devia ter o conhecido.

No entanto, a expressão sempre aberta e honesta da loira se fechou para uma mais sombria.

— ... Ele, é? Tem certeza?

— Como assim se tenho certeza?! Óbvio que tenho! Ainda podemos o alcançar, Stephanie!

— ... Por que está me falando isso? Eu e o garoto nunca nos falamos. Tudo que sei dele foi pelo que Tim me contou e te garanto que não foi nada bom.

— Eu- mas- você é-era da batfamília! C-como assim vocês não se comunicavam?

Stephanie abriu um sorriso amarelo.

— “Batfamília”? Que generoso da sua parte, mas eu nunca fui digna o bastante pro Bruce – Deus o tenha – pra fazer parte da “família”. E pelo que ouvi falar do tal Damian, eu estava perdendo absolutamente nada.

Comecei a ficar irritado.

— Não fale assim dele.

— Ué, mas num é? Nunca conheci o cara e depois do que ele aprontou em Gotham com Duke e aquela guria, qual era o nome dela mesmo? Marina? Maria?

— Maya. — Supri entredentes.

— Isso, Maya. Depois do que ele fez com Duke e essa menina, acho que foi melhor assim. A Babs disse que ele virou um super-vilão ou algo assim, não?

Apertei os punhos, tentando controlar minha raiva. Stephanie sabia de nada, por isso estava falando tanta merda.

— Não.

— Não?

— Não.

Ela piscou, nem um pouco convencida.

— Você tinha um ponto com essa história toda? E daí que você viu o problemático?

Ah, não, agora não dá mais.

— Problemático?! Tá falando sério, Stephanie? — Me levantei, incapaz de continuar no mesmo ambiente que Batwoman.

— Ué! Mas era assim que o Tim chamava ele! Isso e “monstrinho” e “cria do demônio”. Aliás, considerando tudo, você não acha que ele estava meio certo no fim das contas?

— Não, não acho. — Sibilei, furioso. Essa conversa inteira foi um erro.

— Iih, seus olhos estão vermelhos. Por que está tão puto, Jon? Eu não estou entendendo.

— Achei que podia contar com a sua ajuda, mas já vi que é melhor eu fazer isso sozinho. — Retruquei, impaciente.

Eu estou perdendo tempo aqui.

— Espera aí, carinha! Se você acha que eu não posso te ajudar – e provavelmente não posso já que você se recusa a falar qual o sentido desse rodeio todo aqui – então eu conheço alguém que talvez possa! Afinal, a Oráculo nunca decepcionou antes, né?

Verdade.

— ... Suponho que sim.

Só preciso convencer Oráculo a me passar o endereço do covil da Liga dos Assassinos.

Um estrondo alto acima de nós nos deixou alerta. Droga, seriam mais ninjas da Liga? Eu-

Espera aí...

— Jonathan Samuel Lane-Kent, venha cá nesse instante!

Ah, droga.

— Esse num é o... — Começou Steph, olhando para cima incerta.

— ... meu pai. — Completei, infeliz.


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