Dust and Gold escrita por Finholdt


Capítulo 6
V. 'Cause I can't feel it anymore


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA



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Eu estava no cinema com Kathy quando ouvi.

Um zumbido insuportável e alto, que parecia vir diretamente de minha cabeça. Cobri os ouvidos, grunhindo de dor e tentei restaurar meus sentidos. Kathy olhava para mim assustada enquanto todos assistiam ao filme.

— Jon? O que foi?

Me levantei de uma vez, querendo me afastar. Precisava sair dali e tentar organizar meus pensamentos, com aquele zumbido em minha cabeça.

— Já volto… — Murmurei antes de sair.

Meus poderes já tinham voltado ao normal e a cicatriz em meu braço não passava de uma linha fina e rosada, então não me preocupei em saltar para o prédio mais alto assim que saísse do ambiente abafado do cinema. Tentei respirar fundo e me controlar, mas o zumbido não ia embora. Era irritante, estava me enlouquecendo.

Fechei os olhos e grunhi mais uma vez. As outras pessoas lá em baixo e no cinema pareciam normais, então não era nada contra humanos. Kathy também parecia não afetada pelo zumbido, e por mais que ela também seja extraterrestre, ela não é kryptoniana.

Kryptoniana! O meu pai… Espera. Calma. Ele saiu com a Liga ontem junto da tia Kara, o único kryptoniano que ainda está na Terra sou eu. Apertei os punhos.

Isso era uma mensagem.

Ibn.

Preciso me concentrar, esse zumbido idiota não vai me atrapalhar agora.

Tentei me isolar do barulho, como o meu pai me ensinou. Podia ouvir cada batimento cardíaco, cada confissão sendo feita a essa hora da noite, cada respiração. Agora… Foco. De onde vem o barulho?

Leste.

Fiquei de pé, determinado. Mandei uma mensagem para Kathy dizendo que não estava me sentindo bem e ia dormir na Torre Titã e outra para minha mãe com o mesmo sentido em outras palavras. Me senti um pouco culpado por dar o bolo assim na minha namorada quando ela se deu o trabalho de vir de Hamilton para Metrópolis e passar os dias comigo enquanto eu estava enfermo, mas afastei isso da cabeça.

Kathy ia entender depois.

E levantei voo.

[x][x][x]

Quanto mais eu me afastava da civilização, mais eu me perguntava se era uma boa ideia seguir um zumbido que apenas eu conseguia escutar sem avisar ou pedir reforços.

Não, isso é o que o antigo Jon pensaria. Eu sou um Super. Não sou mais criança.

Quase uma hora se passou desde que o barulho começou e agora me via sobrevoando uma ilha que deveria estar deserta, o som vindo claramente da grande tenda no coração da ilha.

Tudo aqui gritava armadilha e repensei minhas escolhas. Peguei meu celular e não fiquei nem surpreso ao ver que não tinha sinal. Como eu estava em um encontro no meu dia de folga, também estava sem meu comunicador dos Titãs.

Suspirei. Típico. Em algum momento desde que tudo começou, acabei me tornando um clichê de tudo que meus pais disseram para eu não fazer.

Não, pior.

Acabei me tornando o Damian.

Argh, não! Esquece isso, Jon! Balancei a cabeça com força e olhei para dentro da tenda, procurando sinais de alguém lá dentro. Não parecia habitado, mas eu sabia mais do que confiar cegamente em aparências. Um aparelho de som estava no centro da tenda, o culpado pela minha dor de cabeça.

Armadilha, totalmente.

Respirei fundo, tinha que acabar logo com isso. Mesmo se for uma armadilha, tenho certeza de que vou conseguir dar a volta por cima.

Aterrissei do lado de fora da tenda e fui andando para dentro, olhando pros lados, suspeitando de tudo e todos.

Apurei os ouvidos, tentando localizar o batimento cardíaco de Ibn e franzi a testa. Não estava aqui, no entanto-

— Então você veio mesmo. — Uma voz feminina disse.

Me virei, alarmado. Era a mulher da cicatriz, Mara. De onde diabos ela veio? Não tinha visto nem sinal de sua presença antes e… Ibn. Cadê o desgraçado?

— Meu primo não está aqui. — Ela disse calmamente, andando até onde eu estava. Enrijeci o corpo, alerta. O zumbido ainda tocava alto em minha cabeça, mas não me arrisquei a dar um movimento em falso, não até ela mostrar suas intenções. — Não tenho nada particularmente contra você, Superboy, mas vou te dar um aviso. Logo eu e Ibn nos casaremos e não vou mais ter que tolerar esses joguinhos entre vocês dois.

Pisquei, pego completamente de surpresa. Noiva?! Havia tantas coisas em seu pequeno discurso que eu queria questionar que não sabia nem por onde começar. Senti uma pequena tontura, sobrecarregado com tanta informação. E ela não desligava o maldito aparelho…

— Me arrastou até aqui só pra isso?

— Não — Ela negou, entediada. — Te trouxe aqui porque sei que meu primo está planejando algo nessa ilha e que tem a ver com você, então vou deixar algo bem claro: Estou farta.

Então ela sacou uma arma, encostando o cano em meu peito.

Eu podia ter evitado o tiro, isso que me irrita. Podia ter desviado, eu sou rápido o bastante. Estava tão atordoado com tudo que estava acontecendo, o maldito zumbido que não deixava minha cabeça, essa noiva maluca não fazendo sentido, que acabei demorando um segundo a mais para saltar para longe. Mas era tarde demais.

Cai de costas, sentindo o sangue inundar minha camiseta e o buraco que foi feito, no mesmo lugar em que Ibn me esfaqueou. Quase ri da ironia. Eles bem que se merecem mesmo.

— Essa arma foi projetada com balas de kryptonita. Um dos projetos particulares de meu primo que peguei emprestado… Afinal, só estou acelerando o inevitável. Sugiro que volte para casa, Superboy, e faça suas despedidas.

Eu me sentia estranho, como se todas as minhas emoções tivessem limpado de vez o meu cérebro e eu não conseguia raciocinar, apenas sentir e agir por instinto. Era… Era libertador. Me sentia poderoso, como nunca me senti antes. Eu podia quebrar o planeta no meio com um suspiro, podia fazer o que eu quisesse porque eu sabia que ia me safar. Eu me sentia… Invencível.

Sentia meus olhos quentes e podia apostar que meus olhos estavam quase vermelhos. Levantei e olhei para o maldito aparelho, lançando minha visão de calor e o quebrando. Finalmente, paz e silêncio. Olhei para Mara, me sentindo rejuvenescido.

— Acho que não. — Sorri maldoso antes de soprar em sua direção e a congelar no lugar. — Fica fria, logo o seu noivo vem te salvar.

Ela arregalou os olhos, empalidecendo. Provavelmente estava tão surpresa quanto eu com o rumo dos acontecimentos. Ri de sua reação.

— Acho que você deve ter confundido as coisas, mas obrigado por seja lá o que isso for.

Não fiquei para ouvir sua reposta, disparando para o céu aberto.

Me sentia alto, então naturalmente voei até as nuvens. Lancei mais jatos da minha visão de calor pelo céu, simplesmente porque podia. O ombro latejava onde tinha o buraco deixado por Mara e, no entanto, eu mal sentia a dor.

Voei de volta para Metrópolis, alcançando velocidade que eu nem ao menos tinha me atrevido a tentar antes. No que eu estava pensando? Sou o cara mais poderoso do mundo, podia apostar que se eu e meu pai caíssemos na porrada ia dar uma puta briga.

Cheguei na cidade em menos de meia hora, e liguei para Kathy. Com certeza o filme já tinha terminado e ela estava na minha casa.

— Alô? Jon?

— Ei.

— Está tudo bem? Você não ia dormir na Torre?

— Mudei de ideia, afinal, que tipo de namorado eu seria se não ficasse mais tempo com você?

A outra linha ficou em silêncio por tanto tempo que achei que ela tinha desligado.

— Alô? Kathy?

— Tem certeza de que está tudo bem?

— Veja por si mesma. — Falei, batendo na janela do quarto de hóspedes do meu apartamento.

Kathy levantou as sobrancelhas loiras e desligou o telefone, vindo até minha direção. Olhei rapidamente pelo apartamento, satisfeito em ver que nenhum dos meus pais estavam em casa ainda. Ótimo.

Ela mal levantou o batente direito antes de eu a atacar. Afinal, somos namorados, certo?

Kathy e eu nos conhecemos desde crianças, sempre fomos lentos demais nessa parte do namoro. Alguns dos meus amigos até perguntavam se namorávamos mesmo, já que nosso comportamento um com outro mal tinha mudado desde que crescemos. Foi natural atingir a adolescência com ela e ver todos ao meu redor tocando a vida, só foi um impulso a mais a fazer o inevitável, afinal, eu e Kathy não mudamos muita coisa em nossa interação um com o outro, apenas com o adicional de beijos castos, abraços e encontros. Baunilha, pensei de repente. Tão rápido como veio, o pensamento foi embora.

Ela exclamou surpresa, e engoli o som com minha boca, apertando meus lábios contra os dela e a empurrando para a parede, colando meus quadris nos dela. Levei uma mão para sua cintura e a outra em sua nuca, fazendo com que ela aprofundasse o beijo.

Mas algo não estava certo. Eu queria mais, muito mais. Queria fogo que me consumisse por completo, queria suar e queria que ela fosse comigo.

Deslizei minha mão que estava em sua cintura para dentro da blusa, arrancando um suspiro. Tecnicamente isso era território novo entre nós, mas nada como o presente, não é mesmo?

Me afastei dela apenas o suficiente para tirar minha camiseta suja de sangue e voltei a atacar sua boca. Senti suas mãos deslizando pelas minhas costas e gemi contra sua boca em frustração. Algo não estava encaixando.

Kathy me afastou de leve, corada, com os lábios inchados e sem fôlego. Há, isso mesmo, eu que a deixei assim. Me inclinei para reivindicar seus lábios mais uma vez e fui impedido.

— Espera… Jon, isso é sangue?

— Só um arranhão. — Revirei os olhos, tentando voltar a beijá-la.

— Mas-

Mas nada, pensei. Levei as duas mãos para dentro de sua blusa e acariciei sua barriga, passando o polegar de leve pela curva de seus seios, ainda cobertos pelo sutiã. Kathy estremeceu contra mim e contei como vitória, mesmo que algo ainda não estivesse certo.

Kathy tem tantos poderes quanto eu, se ela não estivesse curtindo ela própria iria me nocautear em dois segundos.

Com isso em mente, não hesitei duas vezes antes de arrancar sua blusa e atirar do outro lado do quarto. Eu precisava de algo e eu estava mais que disposto em arrancar isso dela aos beijos.

Colei meus quadris nos dela com mais força e a empurrei de leve contra a parede mais uma vez, estremecendo com o efeito que isso teve em mim. Mas eu queria mais.

Desci os beijos para o pescoço e lambi o lóbulo de sua orelha, ouvindo-a ofegar. Mordisquei de leve e voltei a descer os beijos, indo até o colo, onde chupei até ver uma adorável roxo em sua pele clara.

Droga, o meu corpo está até satisfeito mas algo em mim dizia que tinha muito mais me esperando, algo meu por direito. Algo melhor.

Provavelmente o problema era Kathy, que ainda estava muito lenta. Peguei suas mãos que estavam em minha nuca e as desci até meu jeans.

Aparentemente foi a coisa errada a se fazer, já que ela se soltou abruptamente de mim, os grandes olhos azuis assustados.

Ah, qual é! Última coisa que eu queria era assustá-la.

— Jon, você tá muito estranho.

— Impressão sua. — Se por estranho ela quer dizer incrível, aí sim conversamos.

Então ela notou meu ferimento que já estava fechando e o inferno se abriu.

— Você levou um tiro? Achei que seus poderes já tinham voltado ao normal.

— Um arranhão, já falei. — Não estava com paciência pra nada disso.

— Não parece um arranhão. — Rebateu secamente.

Revirei os olhos.

— A gente estava tendo um momento aqui, K. Qual o problema?

— Você. Esse é o problema.

Meu ultraje deve ter transparecido em meu rosto, já que ela correu pra completar.

— Já estava mesmo querendo conversar contigo sobre… Sobre darmos um tempo. Ia esperar até amanhã para conversarmos, mas-

— Tá terminando comigo? — Inacreditável. — Acabei de te beijar quase até perder os sentidos e você quer terminar?

Kathy apertou os lábios inchados, estreitando os olhos pra mim.

— Não tente bancar a vítima, nós dois namoramos desde os treze. Tanto eu quanto você quer um tempo só pra respirar, não falei nada sobre terminar definitivamente.

Ela não estava errada, agora que parei pra pensar. Adoraria um tempo só pra mim mesmo, mas também queria voltar a me agarrar com ela.

Ela cruzou os braços, triunfante por algum motivo.

— E já até sei o que você vai fazer com esse tempo livre.

— Colorir? — perguntei secamente.

Ibn.

Me irritei, abri a boca pronto para começar uma discussão quando pensei melhor:

— Ora, Kathy, não sabia que tinha essas fantasias.

Ela fechou a cara, sem achar graça alguma.

— Não seja babaca.

— O quê? Você quem disse.

Um abajur voou em minha direção e desviei tranquilamente.

— Tem algo errado com você, conversamos quando você não estiver agindo igual um imbecil.

Ah, pelo amor de-

— Você não parecia incomodada cinco minutos atrás.

Minha camiseta suja me estapeou na cara enquanto a porta se abria e uma força invisível me arrastava pra fora.

— Ah, Kathy, qual é, estou só brincando!

Fora.

A porta bateu na minha cara e revirei os olhos. Garotas.

[x][x][x]

No outro dia a sensação de invencibilidade ainda estava bem latente em minhas veias e acordei pronto para tudo. Na verdade, estava tão disposto que uma travessura logo se plantou em minha mente.

Sai de meu quarto e fui para cozinha, minha mãe e Kathy estavam tomando café juntas e conversando sobre banalidades, como a escola. Revirei os olhos.

— Bom dia, querido.

— ‘Dia mãe. — Respondi ausente, ainda pensando nas possibilidades.

— Não vai cumprimentar a sua namorada? — Odeio quando minha mãe já começa o dia com interrogatório.

— Oi Kathy, tchau Kathy. — Tenho mais o que fazer do que lidar com isso.

— Espera, Jon, nós íamos conversar-

— Acho que tudo que tinha que ser dito já foi dito, K. — Retruquei friamente.

— Do que estão falando?

Revirei os olhos, fala sério-

— Nada interessante o bastante para ir pra primeira página, te garanto.

— Ei!

Grunhi.

— Tô saindo.

— Espera só um segundo, mocinho-

— Vai atrás do Ibn? — Perguntou Kathy, presunçosa.

Me virei em sua direção, subitamente mais irritado.

— Vou, tenho certeza que ele vai ser mais receptivo aos meus avanços.

O queixo das duas caíram, mas não fiquei pra ver suas outras reações.

Se Kathy estava tão afim assim de me juntar com Ibn, quem sou eu pra negar isso a ela? Ele não precisa estar 100% inteiro pra isso, suponho.

Vesti meu uniforme de Superboy e voei o mais alto possível, olhando para o sol. Uma onda quente passou por mim, vindo direto de minhas veias e sorri.

Vai ser um dia bem divertido.


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Notas finais do capítulo

EU SOU NASCIDA E CRIADA POR SMALLVILLE, OK, SÓ DEUS PODE ME JULGAR



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