Dust and Gold escrita por Finholdt


Capítulo 2
I. It's down to me and you


Notas iniciais do capítulo

EU TÔ NUM HYPE COM ESSA HISTÓRIA, VOCÊS NUM TEM N-O-Ç-Ã-O!



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Tentei me rastejar para longe, mas não conseguia discernir meus sentidos.

— Mara, você pode ir agora. Chame os outros, vamos embora.

— O quê?! — A mulher, Mara, protestou. — Você não pode estar falando sério, e esse aí?

— Você está me questionando? — Ibn retrucou friamente, uma pergunta cheia de promessas caso a resposta não o agradasse.

Mesmo com minhas entranhas embaralhadas e meus sentidos bagunçados eu pude sentir Mara engolindo todos os insultos que ela queria dizer. Conheço bem o sentimento.

— Não, senhor.

— Ótimo. Isso é tudo, pode ir, prima.

Um vago barulho de porta se fechando se fez presente e foi ao mesmo tempo abafado e absurdamente alto, como se estivesse fechando a porta na minha cabeça.

— Quanto tempo, Kent. Ultima vez que o vi você estava dizendo como ia arrancar cada um dos meus membros, mas isso faz tanto tempo. O que aconteceu? Perdeu aquela força de vontade?

— T-t-tira o cinto e v-vou te mostrar a f-força de vontade. — Consegui cuspir, furioso.

Uma risada.

— Se eu não soubesse, ia achar que você está flertando comigo.

Por um segundo, eu esqueci a dor, esqueci o ódio. Só repassei o que disse em minha cabeça e pude sentir o sangue esquentando o meu rosto e orelhas. Maldição, pare com isso.

— Vá se f-ferrar.

— Seus pais não estão aqui, você pode xingar.

Eu odiava quando ele fazia isso. Odiava quando falava comigo como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse matado Damian.

Sentia que ia desmaiar a qualquer minuto agora, eu estava exposto a tempo demais, precisava me esconder. Em algum lugar a minha direita, uma dor aguda se fez presente e gritei tanto que senti minhas cordas vocais se arrebentando. Lágrimas brotaram em meus olhos, me impedindo de ver com clareza o que ele estava fazendo.

— Ah, deixe de ser um bebê, Super. Vai ficar nem cicatriz, com sua invulnerabilidade. Só estou te deixando um lembrete, para não demorar tanto para me achar dessa vez. É sempre refrescante ver o senhor perfeitinho frustrado.

— P-para!

Um afago em meu cabelo, como se eu fosse um cachorro.

— Tente não demorar seis meses dessa vez, fazendeiro.

Mais um choque agudo de dor e perdi a consciência.

[x][x][x]

Acordei em meu quarto, em Metrópoles. Sentia-me grogue e tentei me levantar da cama quando um relâmpago de dor se fez presente em meu braço direito. Tentei gritar, mas minha voz estava um desastre, completamente rouca. Havia um curativo em meu braço e me reservei o direito de olhar o ferimento perplexo, tentando me lembrar o que diabos aconteceu quando tudo veio de uma vez.

África. Ibn. Kryptonita.

Desgraçado... Tirei a bandagem do meu braço para ver o estrago e chiei de dor ao ver o ferimento. O filho da mãe cravou uma adaga em meu braço e ficou girando a lâmina até eu desmaiar.

Meu pai deve ter me buscado no palácio, já que eu não estava em estado de voo. Grunhi e cobri os olhos com uma mão, tentando me preparar psicologicamente para o inevitável sermão que Superman vai dar. Ponderei me esconder em meu quarto por mais tempo, mas eu sabia que era perda de tempo, o pai provavelmente deve ter ouvido quando meus batimentos cardíacos mudaram a frequência e minha respiração mudando.

O maior problema de ter Superman como pai é que é praticamente impossível esconder algo dele.

Respirei fundo, me levantando e gemi de dor com o movimento.

Como minha estrutura molecular não é 100% kryptoniana os meus genes às vezes me falham e demoram mais para agir. O meu corpo é livre de cicatrizes por causa da invulnerabilidade, mas sempre que eu me machuco feio com feridas profundas os meus genes humanos começam a lutar com os kryptonianos para a recuperação, como se meu corpo não soubesse lidar com o choque, deixando meu corpo vulnerável por longos períodos de tempo, dependendo da ferida.

Toquei o machucado mais uma vez, chiando com a dor e a analisei. Ia demorar quase uma semana para se curar completamente.

Não pela primeira vez e longe da última, amaldiçoei Ibn. Pelo que me fez, pelo que disse, pelo simples fato de existir.

Respirei fundo mais uma vez e abri a porta, pronto para receber meu castigo merecido, quando Lois Lane apareceu do outro lado, me olhando furiosa.

Ai, que droga, isso é covardia...

Comecei a fechar a porta, mas fui impedido por minha mãe, me empurrando de volta para o quarto.

— Jonathan Samuel Lane Kent!

Reprimi um calafrio, eu sinceramente odeio quando ela faz isso.

— Não pense que eu não vou chutar essa sua superbunda se você começar com gracinhas! Matando aula? Desrespeitando o seu pai? E ainda por cima foi atacado! O que diabos aconteceu naquele maldito lugar? O que poderia ser tão importante para você fazer tudo que te ensinamos a não fazer?

Fiquei sem palavras, um pouco perdido. Minha mãe era uma força que não devia ser perturbada e eu odiava a decepcionar.

—... Ibn estava lá.

Minha mãe empalideceu e fechou os olhos, franzindo a testa. Todo mundo sabe que Ibn é um assunto delicado e eu sei como minha mãe se sente nessa história toda. Ela já desistiu de tentar falar a respeito comigo e eu sou grato por isso, não gosto de brigar com ela.

— Jon, isso... Você não devia ter ido sozinho.

— Ele ia escapar se eu tivesse esperado. — Sabiamente, resolvi não comentar com ela que ele já estava me esperando, como se soubesse que eu iria sozinho.

— Você precisa superar esse ódio, filho.

Comecei a me irritar. Fala sério, estou farto de todo mundo repetir a mesma coisa.

— O que eu preciso é arrastar aquele des- — A olhei e limpei a garganta ao ver sua sobrancelha direita levantada —... Aquele cara da toca dele e o fazer pagar por tudo que fez.

— E além do óbvio, o que mais ele fez, Jon?

Quê? Estou confuso, a mulher enlouqueceu de vez.

— Como- a senhora sabe o que ele fez!

— Eu sei o que todos os outros sabem. Mas algo me diz que tem mais nessa história do que você está revelando. — Ela estreitou os olhos violeta.

Droga, eu conheço esse olhar. Senti minhas orelhas esquentarem e me irritei ainda mais por isso.

— O seu senso jornalístico está apitando para pessoa errada, mãe.

— O meu senso jornalístico nunca erra.

— Bem, existe uma primeira vez pra tudo.

— Jon.

— A senhora conhece a história. Vou evitar matar aula sempre que puder e vou pedir desculpas pro papai. Tudo bem?

Pude ver que ela não tinha desistido da conversa e cruzei os braços para dar ênfase em meu silêncio. Minha mãe suspirou e suavizou a expressão, olhando preocupada para o meu braço.

— Ibn?

Assenti com a cabeça, não confiando em minha própria voz.

Mamãe colocou a mão em meu rosto, tendo que se inclinar um pouco já que agora sou mais alto que ela, e fez carinho, me olhando com pena. Deveria ser um gesto reconfortante, mas só me deixou mais irritado. Não quero sua pena.

— Cadê o pai? — Perguntei, não querendo discutir mais.

Ela suspirou.

— Na Torre de Vigilância. Está procurando o Ibn desde que te trouxe pra casa.

Soltei uma risada sem humor.

— E ele me acusa de levar as coisas pro lado pessoal.

Senti um beliscão na orelha direita e uivei de dor, dona Lois sempre teve um punho de ferro.

— Para de tentar bancar o engraçadinho. — Ela me olhou feio — Seu pai só está lá porque sabe que assim que você acordasse ia tentar usar os computadores da Liga para ir atrás dele.

— E não pra vingar o filho?

Dessa vez foi um tapa no braço que não estava machucado. Para uma mulher tão pequena, Lois Lane certamente tem força.

— Já falei pra parar com isso! Claro que o Clark não gostou de te ver daquele jeito e quer colocar o Ibn atrás das grades pra acabar com essa loucura toda, mas o único obcecado com aquele garoto é você.

— Não estou obcecado! — Neguei, ultrajado.

Não estou mesmo! Não é como se eu passasse todas as horas do meu dia pensando no Ibn e o que eu faria com ele, por favor, eu tenho mais o que fazer! Entre minha namorada, a escola e os Titãs, acho bem difícil me manter focado em uma única pessoa.

Minha mãe não pareceu acreditar em mim, mas deu o assunto por encerrado, para o meu alívio.

— Jantar em dez minutos, não demore.

~*~*~

— Por que o teatro? — Perguntou Mara al Ghul, entrando sem bater nos aposentos de Ibn.

Ibn estava passando o cinto encrustado com kryptonita na calça e não usava camisa, detalhes que Mara nem se deu o trabalho de registrar.

— Já ouviu falar em bater?

— Responda.

Ibn suspirou, sem paciência para lidar com o temperamento da prima. Ele não estava com vontade de compartilhar todos os seus planos e não era ela que o faria abrir a boca, comandante dos ninjas ou não.

— Ótimo, não fale agora. Mas depois que nos casarmos você vai ter que começar a abrir a boca.

Mara e Ibn eram prometidos e irão se casar no aniversário de 21 anos dele, quando Talia e Ra’s o passarem o trono de Cabeça do Demônio. Logo ele seria o líder da Liga das Sombras e não teria mais que lidar com regras sendo ditadas sobre seus ouvidos. Os primos não gostavam da ideia do matrimônio entre eles, mas era um mal necessário. Mara queria continuar governando e restaurar a honra do pai, e Ibn simplesmente não se importava.

— É pra isso que está aqui? Quer acelerar a noite de núpcias, Mara?

— Em primeiro lugar: ugh. E em segundo, pare de desviar do assunto. Você está armando alguma e eu não vou permitir você arriscar todos os nossos pescoços pra ficar brincando de gato e rato com Superboy.

— Permitir? — Ibn terminou de se vestir e se aproximou da prima, o olhar frio. — Você esquece o seu lugar, prima, deseja que eu a relembre?

Mara trincou os dentes, cólera. Seu olhar prometia torturas e mortes dolorosas, o que o fez sorrir, satisfeito.

— Não, senhor.

— Se isso é tudo, pode sair.

— Assim que eu dizer “aceito” naquele altar, você não vai mais me tratar assim, ouviu? Eu vou estar no mesmo patamar que você, desgraçado.

Ibn alargou o sorriso, sem vida e sem humor.

— O herdeiro vai continuar sendo eu, só pra te lembrar. E mesmo que por alguma miséria do destino nós tenhamos filhos, eu pretendo continuar vivo por um longo tempo.

Ela apertou os punhos, cravando as unhas na palma da mão. Ibn é esperto e ela logo mostraria para o seu rosto presunçoso que ela também era.

— Dispensada, comandante. — Ele disse, em tom condescendente.

Mara deu meia volta e saiu do aposento pessoal do noivo, possessa. Ele a observou bater na porta e revirou os olhos com a atitude infantil. Voltou para o cofre onde escondia seus pertences íntimos e observou suas novas joias.

Ele tinha três meses até a cerimônia de maioridade. Sorriu, cheio de promessas, enquanto encarava as pedras azuis, vermelhas e verdes. Estava na hora de fazer o tempo valer.


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