Dust and Gold escrita por Finholdt


Capítulo 10
IX. 'Cause it's more than what's inside


Notas iniciais do capítulo

hehe... rerou...



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Meu pai estava lívido. Parece que estou sendo redundante em dizer isso, mas ele realmente estava muito puto.

— Jon, que droga você estava pensando?

— Se me permite, Supes, tenho quase certeza de que ele não estava pensando.

Superman olhou para Batwoman de forma tão gélida que ela abaixou a cabeça, sem dizer mais nada.

Suspirei, descontente.

— Pai, deixa a Stephanie fora disso. Eu posso explicar. — Acho.

Preciso inventar algo, já que julgando pela reação de Stephanie, duvido muito que meu pai vai ficar tão feliz quanto eu sobre a notícia de que Damian ainda pode ser salvo. É provável que ele vá achar que estou delirando e me proibir de vez de ser Superboy.

— Bem, então diga logo, mal posso me conter de ansiedade. — Sarcasmo sempre foi algo que vem naturalmente a minha mãe, mas sempre soava estranho quando era meu pai dizendo.

— ... A Liga dos Assassinos vieram aqui. — Não era mentira. — Eu estava indo pra Hamilton falar com Kathy como o senhor falou quando notei uma movimentação estranha no bunker então vim investigar. — Okay, essa era uma mentira, e tive que controlar meus batimentos cardíacos e respiração para não mostrar que estava mentindo.

— Ibn estava junto?

— Não... Era a mulher, Mara, liderando os ninjas. — Uma mentira e uma verdade. — Não sei o que eles queriam, já que quando cheguei atiraram uma bomba de Kryptonita em mim.

Meu pai ficou quieto, me olhando e analisando os arredores, julgando o que eu estava dizendo e se batia com o cenário. Esse é o problema de ter o pai como jornalista investigativo.

Por fim ele suspirou, cansado. Veio até mim e colocou a mão em meu ombro.

— Jon, filho, você sabe que eu te amo, certo? Sempre vou amar. Mas você precisa parar de aprontar essas coisas. Esqueça essa obsessão pelo Ibn e viva sua vida, pelo amor de Deus.

De minha visão periférica, vi Stephanie abrir a boca para dizer algo e lhe mandei um olhar de aviso para ficar de boca fechada. Felizmente, ela atendeu.

— Só... Só vamos pra casa, pai.

Eu tinha muito o que pensar.

~*~*~

Era torturante. Todos os dias na Liga eram torturantes. Se Hafid não estava treinando com o resto dos ninjas, estava sendo punido por motivos frívolos e sem sentido. Mas Hafid já havia entendido qual era o jogo, eles estavam tentando pressioná-lo até o ponto de quebra, estão testando seus limites para testar sua lealdade.

Contudo Hafid continuava firme. Ele precisava aprender as artes místicas da Liga, mas Ra’s já disse que só vai permitir ele começar as aulas quando ele se mostrar digno de confiança.

Quanto mais os dias corriam, mais Hafid ficava frustrado com seu progresso na Liga. Ele não sentia que estava ficando mais perto de seus objetivos, então sua única opção era recorrer até a mãe.

Ela estava coordenando uma missão para os outros ninjas, no pavilhão principal, quando ele chegou.

— Agora vão! — Ela ordenou, imperativa, quando o viu chegando. — Ah, Damian. A que devo a visita?

Hafid fez uma careta de desgosto ao ouvir o antigo nome.

— Já disse que não quero ser mais chamado assim.

Talia o olhou criticamente por alguns segundos.

— E como quer ser chamado?

Isso surpreendeu Hafid. Fazia muito tempo desde que alguém perguntou a opinião dele em algo.

— Ah. Avô só me chama de Hafid, e como isso agora é tudo o que sou, aceito...

Agora Talia apertava os olhos para ele, insatisfeita.

— E é assim que você quer recomeçar? Como “neto do demônio”?

— Mãe, eu-

— Você é mais que seu avô. É mais que eu, mais que seu pai e os protegidos dele. Você é sua própria pessoa, e se você se recusa a continuar com seu nome de nascença, ao menos crie sua própria identidade. Criei-te para ser grandioso, filho, não alguém que acata ordens porque não tem outra opção.

Hafid estava sem palavras. Era fácil esquecer, com tudo que já aconteceu, porém mesmo em seu jeito distorcido, Talia realmente o amava e se importava com ele.

— Eu... Vou pensar, mãe. Mas não vim falar sobre isso. Quero começar logo as aulas de ocultismo, se vou ser o novo Ra’s al Ghul, devo aprender tudo que ele sabe, a senhora não concorda?

Ela ponderou por alguns segundos, olhando para ele.

— Talvez, mas você nem mesmo sabe se é isso o que quer, meu querido. Você só está aceitando o que estão te jogando. Consegue olhar em meus olhos e dizer que quer ser Ra’s al Ghul e conquistar esse mundo como nasceu pra fazer?

Isso é loucura.

Hafid não pensou em nada tão a frente além de esmagar Superman e Superboy, não pensou fora da caixa, e com a mãe apontando isso para ele de forma tão sensata e eloquente, Hafid não pode deixar de se sentir estúpido.

— Eu... Não sei. Mãe... O que devo fazer? — Se odiou por demonstrar tanta insegurança e como estava perdido, mas não conseguia evitar.

Talia era tudo que lhe restava.

— Ah, Damian... Você é o único que pode controlar o seu destino. — Ela o olhava com pena. — É normal estar perdido, mas você deve entender que é por isso que seu avô está sendo tão duro contigo. Ele quer que você se encontre logo.

Se encontrar? Hafid nem ao menos sabia quem era. Nada mais fazia sentido havia tantos meses, tudo era confuso e se embaralhava em sua mente.

Ele sentia vontade de se ajoelhar e gritar até perder a consciência, e só acordar quando tudo voltasse a fazer sentido. Ele não tinha mais um passado, ou família, ou amigos, ou perspectivas de vida. A única coisa que tinha em mente era sua vingança e como conseguir alcança-la, porém Talia já disse que ele nada vai conquistar ao pensar tão pequeno.

Se ele nem ao menos sabia quem era, como pode querer governar uma organização tão grande quanto a Liga dos Assassinos? Como pôde ser tão mesquinho ao achar que tudo cairia de mãos beijadas para ele? Só porque ele era o legítimo herdeiro não significava que tudo ocorreria como ele queria. Se ele desejava algo, ele tinha que merecer. Era assim que as coisas sempre funcionaram na Liga e não era agora que ia mudar. Afinal, ele não teve que lutar por dez anos até pode ter o direito de conhecer o pai?

— Venha comigo, filho. Vou lhe mostrar como a Liga funciona e todas as suas futuras funções como Ra’s para você entender onde exatamente está se metendo.

E ele a seguiu.

~*~*~

Ibn chegou em Nanda Parbat com uma perna quebrada, costelas rachadas, cortes profundos no quadril e ombros além de uma enorme queimadura no peito. Para tortura-lo, Mara disse que fazia questão de cuidar dos ferimentos do noivo pessoalmente e sozinha.

Ai! Mara, se você é tão idiota que é incapaz de cuidar de um simples curativo, faça um favor a todos e chame alguém competente no lugar.

Ela apertou as bandagens ainda mais.

— Ah, está doendo? Pobre Ibn, levou uma surra de seu heróizinho favorito.

Ibn teve a graça de não dignar este comentário com uma resposta.

— Pretende me contar que porra foi aquela com o alien ou devo apenas por na sua conta de coisas que esconde de mim?

— Awn, não sabia que se importava tanto, Mara. Ai!

— Você é um desgraçado, Ibn. Se não precisasse tanto de você, te mataria eu mesma. Trata a Liga como um jogo, não sente respeito por nenhum de nós e não olha para nada além dos próprios interesses com aquele maldito alien.

Ibn não respondeu.

Furiosa, Mara o agarrou pelo queixo, o obrigando a olhar para ela.

— Por que está aqui? Por que insiste tanto em nós sendo que seu coração nunca esteve aqui?

Mara estava louca se achava que ele ia mesmo falar a verdade. Exasperado com toda aquela situação irritante, Ibn a agarrou pela nuca e colou seus lábios nos dela.

Ela arregalou os olhos, nervosa, e tentou se afastar, mas Ibn não permitiu, lambendo seus lábios e a obrigando a abri-los para aprofundar o beijo.

Ele precisava esquecer as últimas 24 horas urgente e calar a maldita boca de Mara com suas perguntas impertinentes, então nada melhor que juntar o útil ao agradável, certo?

Ah, mas não confunda as coisas. Ibn não gosta de Mara, muito menos a acha atraente. Contudo, ele já estava resignado ao fato de que ela é sua prometida, e que ele devia se acostumar logo a tê-la como esposa.

Ela não era alguém que Ibn buscaria como parceira de vida, mas era quem foi designado a ele. E Ibn sabia que o sentimento era mútuo. Mara o desprezava tanto quanto ele a desprezava, mas assim como ele, ela o tolerava porque sabia que ambos não tinham escolha.

Era um casamento arranjado, não havia carinho e nem sequer atração entre eles. Tudo que havia era frustração.

E Ibn sabia exatamente como se aproveitar disso.

— Você não gosta de mim e eu não gosto de você. — Ele sussurrou contra ela. — Mas daqui alguns meses serei seu marido e você sabe que o avô vai querer a confirmação de nossa consumação. Diga-me, prima, você está preparada para o nosso casamento?

Mara o olhou com tanta raiva que homens mais fracos teriam se afastado.

Infelizmente, Ibn, eu sou a única preparada nesta droga de casamento. Sei muito bem do meu dever de abrir as pernas para você e ter que lhe dar um herdeiro. Eu conheço e já aceitei meu destino. E você?

Ibn a soltou, fazendo uma expressão de repugnância. Era incrível como ele absolutamente odiava cada palavra que saiu da boca dela.

— Conheço meus deveres, prima. Se já acabou, quero ficar sozinho.

— Eu não-

Agora, Mara.

Ela franziu os lábios, nada contente, mas se afastou. Ela sabia mais do que testar a paciência de Ibn.

Ele ia se tornar Ra’s al Ghul como nasceu pra fazer e ia governar a Liga das Sombras para um novo e melhorado amanhã. Faltava pouco para seu aniversário, mas com a perna quebrada, ele está oficialmente incapaz de continuar suas escapadas com J-Kent.

Kent. Ele tinha que parar de pensar no fazendeiro. Conseguiu muito mais do que jamais barganhou e Ibn tremia só de pensar o que Kent faria com as novas informações que ele conseguiu. Seus planos de brincar com Superboy e aproveitar sua liberdade foram jogadas para o alto, tanto por sua saúde mental quanto por estar fisicamente incapaz.

Era frustrante, não saber o que o maldito Kent pensava. Apostava que o idiota agora estava fazendo planos sobre o “salvar”. Idiota, estúpido. Ele entendia nada.

Não havia mais nada para salvar.

Ibn deitou em sua cama, como muitas noites, e olhou para o teto, sem ver realmente. Tudo naquela situação estava errado e nada ocorreu como Ibn queria. Era frustrante e seu peito doía tanto com as falsas esperanças que ele reconheceu nos olhos azuis tão, tão brilhantes de Jon.

Ele tinha um plano muito maior que ele, muito maior que Jon. E desse plano, Ibn não abria mão. Nem mesmo pelo perdão e reconhecimento do Kent.

Ele iria se casar com Mara e tornar-se Ra’s al Ghul. Custe o que custar.

[*][*][*]

— Não.

— Quê! M-mas Oráculo...

— Já disse não, Superboy. Sinto muito.

— Eu não entendo... Barbara, por quê?

Oráculo suspirou, tirando os óculos para poder me olhar nos olhos. Ela parecia cansada, mais velha, e extremamente sobrecarregada.

— Jon, eu não vou te dizer onde fica Nanda Parbat pra você ir atrás de uma ilusão. Você está ficando obcecado demais!

Reprimi a vontade latente de socar uma parede.

— Isso não é sobre mim! É sobre Damian! Precisamos saber o que está acontecendo e porque ele não volta aos sentidos!

— Jon. Ele tentou te matar. Ele quase aleijou Duke. Ele matou Maya. Mesmo que você ache que nem tudo está perdido, acha mesmo que isso são coisas passíveis de perdão?

Eu queria gritar. Queria protestar, defender Damian, mas as palavras não me viam. O que dizer? Não, eu não perdoei Damian pelo o que ele fez, mas isso não significa que eu não o quero de volta! Isso sequer fazia sentido?

Coloquei uma mão em meu peito, que formigava com uma cicatriz fantasma que não estava ali. Fazia anos desde aquele fatídico dia que Damian quase arrancou minha vida, mas a dor jamais me abandonou, mesmo que o ferimento tenha curado e nem ao menos ficado cicatriz. Certas coisas nem mesmo o tempo era capaz de curar.

Mas isso não me impediria de tentar recomeçar.

— Então qual é o seu plano? Sentar e esperar até ele se tornar o novo Ra’s?!

— Exatamente.

O meu choque não poderia mais óbvio, já que Barbara desviou o olhar, levemente envergonhada, porém não menos determinada.

— Quando Ibn se tornar o novo Ra’s al Ghul e tiver toda a Liga das Sombras vai ser o momento exato em que irei pegá-lo, acabando com a Liga e o prendendo de uma vez por todas.

— Se... Se seu plano é prendê-lo desde o inicio, por que esperar? Por que não atacar agora?

Ela balançou a cabeça, negando.

— Por que a coisa é maior do que pegar um vilão conhecido e perigoso mundialmente. Um vilão que sabe nomes de todos os heróis e não mede esforços em continuar sabendo de tudo sobre todos. Diabos, eu o ensinei a hackear e Tim fez o favor de por os pingos nos is antes de morrer. Não, essa operação não pode ser algo feito levianamente, Jon. — Ela me encarou, mais determinada do que nunca. — Temos que pegá-lo em seu momento mais vulnerável, onde ele estará exposto diante de toda a Liga. E no segundo em que todos aqueles malditos virem o seu novo líder sendo subjugado, vão tentar debandar. E será aí que vou pegar todos eles. Agora, a questão é apenas uma, Jon: Você está ou não comigo?

Eu não sei.

Ela não pode me jogar essa bomba e esperar que eu saiba a resposta.

Eu quero pegá-lo. Quero que ele pague pelos seus crimes. Mas não posso deixar de me sentir roubado, de um sentimento horrível de posse tentar me consumir, surrando que ele não devia ajuda-la, que eu devia resolver isso sozinho e por mim mesmo.

Mas eu não sou tão imaturo e egocêntrico. Havia um motivo de eu ter sido o melhor lado da minha dupla com Damian.

— Quem... Quem mais está envolvido nisso?

Barbara me olhou de cima em baixo, desconfiada.

— Não sei se devo compartilhar essa informação com você, Superboy. Tenho espiões e identidades que não podem ser comprometidas.

Era demais. Essa era uma decisão crucial e algo me dizia que Oráculo não me deixaria mudar de ideia mais tarde.

No fim, nem chegou bem a ser uma escolha.

— Estou contigo.

Mas eu também tinha meus próprios planos.


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