A Sky Full of Stars escrita por pnsyparkinson


Capítulo 2
Lights will Guide you home




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Uma das coisas em que Nymphadora acreditava eram promessas. Desde criança, sabia que promessas haviam sido feitas para serem cumpridas e tentava ao máximo concretizar esse pensamento. Quando tinha doze anos, lembrava-se de sua mãe a fazendo prometer que nunca mais fugiria novamente, e ela tentou. 

Até o momento em que perdeu aqueles que amava.

Nunca havia passado por sua cabeça perder os pais daquela forma tão cruel, era como se uma parte dela tivesse sido arrancada sem dó. E ela ficou perdida um longo tempo, sozinha e isolada, sem saber como agir. 

E agora, já fora da bolha que criou, conseguia ver o quão danoso foi se trancar em si mesma. 

Era manhã novamente e o sol brilhava alto no céu azul, deixando o ar morno e agradável para sair de casa. E isso apenas motivou Tonks ainda mais. 

— Está tudo bem para você eu busca-lo após o expediente? - perguntou para James, que estava do outro lado da linha. — Eu sei, também senti falta de vocês. Uh-um, assim que sair da empresa passo ai, até depois Jay. 

— E aí, priminha? - questionou Sirius, que até então estava sentado no sofá enquanto desfrutava de seu café da manhã. — Pads vai voltar hoje mesmo? 

— Sim, vou busca-lo depois. - disse, se jogando ao lado do moreno no sofá. — Agora me arrependo do que fiz nesse tempo, será que todos vão me perdoar? - bufou, pegando uma das rosquinhas do pote que estava em cima da mesa de centro. — Quer dizer, você tem a obrigação de me perdoar mas eles...

— Alto lá mocinha, não tenho nenhuma obrigação. - brincou, arrancando um riso da garota. — Eles nunca ficaram bravos com você para início de conversa e são seus amigos, Dorinha. Isso já diz tudo. - sorriu, beliscando uma das bochechas dela.

— Ouch, seu bruto. - riu, bebendo um gole de café. — Isso diz tudo. 

[...]

 

O dia na empresa havia sido turbulento e cheio de papéis, deixando Nymphadora irritada. O que para muitos foi uma surpresa, já que a garota não expressava qualquer sentimento desde a morte dos pais. Estava sempre apática. 

— Nada de ligações hoje, por favor. - exclamou para a secretária assim que saiu da sala de reuniões, com um orgulhoso Sirius em seu encalço. — O que foi?

— Você. - disse simples, fazendo-a revirar os olhos. — Essa é a Nymphadora que eu conheço! Vamos logo, sei de alguém que deve estar ansioso para te ver e não é do Potter que estou falando. 

[...]

 

A casa dos Potter era uma das mais lindas que Tonks havia visto em toda sua vida, e ela sentia saudade de estar naquele lugar. Não demorou até o jovem de cabelos pretos correr no portão, com um sorriso largo no rosto. 

— DORA! - gritou, abraçando-a forte. — Garota, como eu senti a sua falta! 

— Vai sufoca-la desse jeito, amor. - disse uma voz doce e risonha, que ela reconheceria em qualquer lugar. Lily Potter. 

— Lils tem razão, Jay. - brincou Tonks, sentindo as lágrimas quentes molharem suas bochechas e escorrerem até o pescoço. — Senti muito a sua falta também, de vocês dois na verdade.

— Eu deveria brigar com você, Tonks, mas não vou fazer isso. - murmurou, sentindo a garota aperta-lo mais forte. — Vamos entrar, ok? Tem alguém que sente muita saudade de você também. 

— Sirius já fez isso por todos vocês... - comentou, sorrindo. 

— Talvez eu tenha feito biscoitos. - mencionou Lily, sorrindo quando foi abraçada. — Fico feliz de ver você bem. - sussurrou, beijando o topo da cabeça da amiga, caminhando até a porta novamente. 

— Aceito os biscoitos. - Tonks respondeu, abraçando a ruiva pelos ombros.

— Então, quando você vai dar um jeito nesse cabelo? - disse a ruiva de forma provocativa, acompanhando os outros dois até a sala de estar. 

— Talvez hoje pois Sirius já comprou tinta colorida. - deu de ombros, sentando-se na poltrona vermelha com dourado. — Então, acho que temos muito o que conversar não é? 

[...]

 

Já era noite quando Nymphadora voltava para sua casa, mas dessa vez ela não estava sozinha. Padfoot saltitava a seu lado, com a língua para fora e as orelhas para cima. O cachorro havia pulado em seu colo quando a viu na casa dos Potter e ela chorou, assim como os outros dois. 

Passava em frente ao parque central de forma distraída quando sentiu um puxão na guia de Padfoot, fazendo com que escorregasse de sua mão.  

— Merda, Pads! - ralhou a mulher, correndo atrás do cachorro que disparava até entrar em um prédio que ela conhecia muito bem. — Padfoot, vem cá garoto. - chamou, ouvindo os latidos vindos do corredor próximo.  

A garota caminhou pelo corredor largo sentindo uma onda de nostalgia encher seu coração, quase o fazendo transbordar pelos olhos em forma de lágrimas. Era o planetário que costumava visitar com sua mãe e seu pai para observar as estrelas e relaxar, era o planetário que não visitava desde que havia ficado sozinha. 

Os sons foram ficando mais altos ao que ela se aproximava de uma sala pequena e foi ai que ela encontrou Padfoot. Acompanhado de um homem que sorria feliz para o cachorro.

— Hey garotão, você está perdido? Uh? - falou o homem, acariciando as orelhas peludas do cachorro para então procurar algum contato na coleira que ele usava. — Nymphadora...

— Eu. - falou a mulher, observando o outro dar um pequeno pulo. — Desculpe, não quis assustar você. - e riu.

— Ele é seu? - perguntou, rindo quando o cachorro lambeu sua bochecha.

— É sim, esse cretino correu e entrou aqui, foi mal. - se desculpou novamente, vendo-o manear a cabeça como se aquilo não fosse nada. 

— Ah que isso, é bom ter alguma companhia as vezes. - riu, levantando-se da cadeira. — Meu nome é Remus, a propósito.  

[...]

 

Os dois estavam na área descoberta do prédio, com os braços apoiados na grande sacada enquanto olhavam para a imensidão escura que o céu havia se tornado. Os pontos brilhantes destacavam-se no céu, deixando Nymphadora admirada. 

— Fiquei sem fazer isso tanto tempo... quase esqueci do quão lindo é. - falou, olhando para o chão. — Já que contei sobre mim, acho que deveria saber sobre você também. - cutucou o homem com o braço, sorrindo.

— Nada mais justo. - concordou, sorrindo de forma preguiçosa. — Meu pai é dono disso aqui e sou apaixonado por estrelas, universos e essas coisas, fico aqui desde os seis anos. - comentou, vendo a mulher sorrir. — Quando ele decidiu se aposentar acabei me oferecendo para cuidar do negócio, já que é uma paixão. E estou aqui desde então. 

— Na família da minha mãe todos tem nomes de estrelas. - contou, tendo a atenção do homem para si. — Os dois, meus pais, eram apaixonados por essas coisas também e sempre me traziam aqui. 

— Sinto muito, Nymphadora. - consolou, dando-lhe um sorriso de lábios fechados. — Sei o quão duro é perder aqueles que amamos. 

— Obrigada, de verdade. - suspirou, olhando novamente para o céu. — As vezes eu só... queria me sentir perto deles de alguma forma. 

— Posso te ajudar com isso, se quiser. - falou, sentindo o olhar dela em seu rosto. — Eles eram suas estrelas, não é? - perguntou, vendo-a afirmar. — Então vamos batizar uma estrela com o nome deles, assim sempre vão estar perto de você. 

[...]

 

A garota se encontrava jogada na cama, pensando em tudo que havia acontecido em sua vida nesses dois dias em que se permitiu viver novamente. Sentiu o colchão afundar um pouco quando o grande cachorro deitou-se ao seu lado, latindo. 

No bidê, ao lado do abajur, estava um certificado do planetário de Remus em que constava o batismo de uma nova estrela. Tedromeda. 

No início achou loucura batizar uma estrela, mas o homem lhe garantiu que era algo normal e que assim como ela, muitas pessoas faziam o mesmo. Isso a fez relaxar e sorrir, observando pelo telescópio o ponto brilhante que agora a acompanharia sempre. Não trocaram números de telefone, mas ele a fez prometer que iria visita-lo todas as noites, como fazia antes com seus pais. E ela aceitou, desde que pudesse levar Padfoot com ela. 

— Sabe Pads, acho que Sirius tinha razão quando falou do meu cabelo. - comentou, acariciando os pêlos do cachorro. — O que acha de fazer uma mudança? Uhm? - sorriu quando o cão latiu, abanando a cola. 

Suspirou e reuniu toda a coragem que havia sido perdida nos meses em que mal saía de casa, levantando-se da cama em um pulo. Se olhou no espelho e soltou os cabelos, que agora caíam em cascata pelos ombros. Castanhos, tão sem vida. Riu consigo mesma, correndo até o banheiro para abrir a gaveta do balcão e pegar uma tesoura. 

Cortou as pontas e foi desfiando até ter todos fios na altura da nuca, sentindo-se livre. 

Procurou pela tinta mas bufou frustrada quando não achou a caixa, pegando então o celular do bolso para discar o número de seu primo. 

— Onde você colocou a tinta? - perguntou, impaciente.

"— Boa noite para você também, priminha. Como foi o meu dia? Ah foi ótimo.. - brincou Sirius, sabendo que provavelmente ela estaria rolando os olhos."

— Ai Six. - riu, ouvindo o mesmo rir também. 

"A tinta está na gaveta do bidê" foi o que ele respondeu, fazendo com que ela fosse até o quarto novamente. Sorriu terna ao ver o papel com o nome da sua estrela e então abriu a gaveta, pegando a caixa de tinta. 

— Vocês sempre me disseram para expressar as cores que tenho em mim de alguma maneira e eu deixei de fazer isso quando vocês partiram, mas sei que não posso deixar isso apagar. E eu não vou. - sorriu de olhos fechados enquanto lembrava de quando seu pai apareceu com a primeira caixinha de tinta para pintar seu cabelo, um tom de rosa pastel que segundo sua mãe, era tão lindo quanto ela.

E lá estava ela, cuidadosamente colorindo seu cabelo com o mesmo tom de rosa que fez parte de sua vida por tanto tempo, enxaguando os fios na água fria da pia do banheiro. 

'"Você é o meu pequeno algodão doce, Dora."

"Mas pai, eu já tenho quinze anos."

"Você sempre vai ser a minha menininha."

Nymphadora Tonks estava buscando dentro de si mesma suas cores, e esse era apenas o começo.


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