Os Segredos da Rua Baker 3 escrita por Lany Rose


Capítulo 22
Lírios




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Sigerson observava a situação em busca de uma pista para provar que nada daquilo era real. Ele fitava constantemente Diana tentando achar algo em suas expressões que denunciasse a irmã, mas nada era encontrado.

—É uma farsa. Tem de ser! - Ele disse pondo-se de pé.

Irene atirou no vaso favorito do tio.

—8.

—Só uma bala? - Um sorriso debochado apareceu em seu rosto.

Ela atirou em um espelho.

—7.

—Você não pode estar falando sério, Irene. - Sigerson tentava pensar em como resolver aquela situação sem obedecer ao capricho da sobrinha.

—6.

—Apenas por causa daquele inspetor? - Sua voz mostrava sua ira ciumenta.

—5.

—Você me decepciona cada vez mais.

—4. Eu não me importo. 3. Decida-se. 2.

—ESTÁ BEM! Marque a reunião.

Diana soltou um suspiro de alívio enquanto a irmã afastava a arma de si mesma. Irene ligou para Alex.

—Estarão aqui em trinta minutos. Vou manter a arma comigo caso mude de ideia.

—Oh Deus! Meu coração não vai aguentar. – Falou Diana em um sussurro.

Na hora dita,  todos os membros do conselho da Cúpula dos Nobres estavam no escritório da casa do Sigerson. Diana esperava na sala até tudo ser resolvido. Irene não se demorou muito lá dentro. Como Alex tinha liberdade para decidir como Mestre, Irene não precisava ficar ali. Diana correu e a abraçou. Irene desajeitadamente colocou uma mão nas costas da irmã. Elas se encaminhavam a saída quando alguém estrou na frente delas. O mordomo as encarava sem falar nada.

—Que porra é essa? Sai do meu caminho. – Irene bradejou.

—Não a mate! Por favor, não a mate. – O pobre homem parecia em desespero.

—Quem?

—Minha neta. Zoe Moretti.

—Sua neta?

—A mãe dela era uma viciada e a abandonou comigo. O Sr. Holmes me ajudou a cria-la pagando a melhor educação, mas ele acabou fazendo mais que isso. Agora ele a controla. Por favor, senhorita Holmes, ela não tem culpa. Ela é apenas uma garota que sente a necessidade de ser apreciada. Não a mate. Ela é a única família que tenho.

—Sinto muito...

—Não, por favor! – O homem chorando agarrou Irene pelo braço e se ajoelhou implorando pela vida da neta.

Irene o ajudou a levantar e o sentou em uma cadeira. Ela se agachou na frente dele.

—Eu sinto muito que sua neta seja assim. Você tem razão não é culpa dela. A culpa é do Sigerson, mas Zoe cometeu crimes e tem de pagar por eles. Você entende isso, não é? – Ele afirmou com a cabeça. – Eu prometo pro senhor que não a matarei e nem deixarei ninguém fazer isso. Porém, ela será presa!

—Obrigado, srta. Holmes. Muito obrigado. Para provar minha gratidão apenas posso dizer isso: preste atenção nos lírios.

Ele levantou e foi rumo à cozinha. Nem Irene, nem Diana tinham ideia do significado dessas palavras. As duas deram o fora dali o mais rápido possível.

—Você parece cansada. – Disse Diana.

—Eu estou. – Irene olhava pela janela do carro.

—Vamos pra minha casa. Podemos tomar um chá e falar sobre uns casos que estou analisando no meu laboratório. Eu não acho que a Scotland Yard esteja indo na direção certa. Tenho certeza que com uma olhada nas fotos você pode desvendar tudo. O que acha?

—Obrigada irmã, mas não. Pode parar aqui?

—Não me diga: outra dose?

—Só preciso andar um pouco. – Ela desceu do carro. – Não se preocupe comigo irmã minha, vá pra casa curtir seu chá.

Irene apresentou um meio sorriso sem graça. Diana preferiu ir ao laboratório, pois acabou deixando alguns trabalhos pendentes por causa dessa reunião de família.

Irene entrou no bar do Sr. Levils após alguns minutos de caminhada. Ao ir pegar uma bebida, ela ouviu um barulho estranho vindo dos fundos. Uma figura alta parecia procurar por algo no quartinho que o Sr. Levils costumava usar umas vezes como escritório e outras para cochilar. Irene pulou no homem caindo por cima dele e o imobilizando.

—Daryl? O que faz aqui?

—Eu vim buscar umas coisas minha. Você pode sair de cima de mim?

No balcão do bar, eles dividiam uma garrafa de uísque.

—Saindo do país?

—Como... ? Esquece. Ed me falou muito sobre você e suas habilidades. Não tem mais nada pra mim aqui, Irene. Só permaneci por tanto tempo por causa dele.

—Levils amava você. Ah, pegue isso.

Ela lhe entregou um pequeno pedaço de papel amaçado e ensanguentado. Daryl leu e suas lágrimas começaram a descer.

—Ele queria...

—Eu concordo. Esse bar nunca pertencerá aos filhos dele. É meu estabelecimento perante a lei. O coração do Sr. Levils está aqui e você deveria tomar conta. – Ele a fitava sem conseguir proferir uma palavra. – Sem agradecimento e essas bobagens. Se aceitar amanhã alguém entrará em contato. Só precisa fazer isso: aquela mesa do canto sempre estará reservada pra mim, sem exceções. Não quero nenhuma parcela nos lucros, é tudo seu, pro bem ou pro mal. Porém, quando eu aparecer irei beber o quanto quiser. Ah e nada de fazer perguntas sobre quem eu trago. Combinado?

—C-combinado. – Ele apertou a mão dela. – Uísque pra comemorar?

Irene sorriu. Os dois fizeram um brinde ao acordo.

Daryl nunca pensou que terminaria ficando com o bar. Seria ótimo, pois não tinha pra onde ir e poderia usar o local também como casa. Ele foi expulso pelos filhos do Sr. Levils da casa que dividia com seu amado antes dessa tragédia.

—Ed viu na tv que aquele seu amigo está internado. Como ele está?

—Bem. Eu acho. Melhorando.

—Você foi vê-lo? Pareciam próximos quando estiveram aqui.

—Não sei sobre isso. Trabalhamos juntos e dividimos a casa. Ele está com problemas agora por minha causa. Já estou trabalhando na resolução.

—O que ele é pra você?

—O que quer dizer?

—Dá pra definir o que você é pra ele. Mas... Você não é fácil de decifrar. Dá pra vê que o cara tenta e adora isso. Porém... Sabe Irene, é sempre bom deixar as pessoas que você gosta sabendo dos seus sentimentos. Do que eles representam pra você. Nunca se sabe quando os irá perder de vez. Tudo acaba quando se menos espera.

Ela pensou por um instante.

—Pergunte novamente.

—O que ele é pra você?

—John... Ele é... Família! – Ela pegou as luvas e o cachecol.

—Aonde você vai?

Com a falta de resposta, Daryl sorrindo começou a limpar o lugar.

John se recuperava do atentado sofrido por ele algumas semanas atrás. Gostava de passar maior parte do tempo dormindo ou pelo menos fingia estar dormindo na maior parte do tempo, pois não queria ter de lidar com a Zoe. Ao escutar a porta abrindo logo fechou os olhos, mas um toque diferente em sua mão o fez abri-los novamente. O quarto era uma penumbra, feita pelas luzes de alguns aparelhos e do banheiro, portanto não conseguia enxergar claramente quem estava na sua frente.

—Mãe? O que faz aqui?

—É assim mesmo que vai falar com sua mãe? – Ela se aproximou do ouvido dele. – Não seja mal educado, inspetor.

—Ire...! 

Ela tampou a boca dele rapidamente. John estava impressionado. O disfarce era perfeito, ela imitava a mãe dele com maestria até mesmo os gestos e cacoetes. 

—Não se esforce tanto meu amor. Sentiu falta da mamãe?

—Sim. Eu sinto muito pelo desentendimento que teve com o tio e o pai.

Irene se mostrou intrigada.

—Você sabe como é nossa família. Não se preocupe com nada. Logo tudo ficará bem.

—Eu sei mãe. Confio em você.

—Não posso ficar mais tempo. O visitarei novamente.

Ela ia se retirar quando o inspetor a chamou, afinal ele não podia perder a oportunidade.

—Não está se esquecendo de nada? E quanto ao meu beijo de despedida? – Irene apenas o olhou com cara de poucos amigos. – Venha dá um beijo no seu filho favorito.

—Não se iluda, você não é meu favorito.

—Sim, eu sou! -Irene respirou fundo e quando se inclinou para lhe dá um beijo, John a segurou por um instante. – Estou realmente feliz por ter vindo. Obrigado!

Ela lhe deu um rápido selinho e se afastou.

—Eu voltarei.

—Mãe, cuidado com os espinhos. Ao cuidar do jardim.

Irene acenou com a cabeça e saiu do quarto. Já fora do prédio, ainda usando o seu disfarce, ela discou o número da Diana enquanto entrava em um táxi. Ela deu o endereço da casa do Mycroft, porém explicou precisar passar em certo bar que ficava pelas redondezas.

—Diana, temos um espião na família. Eu fui visitar o John e ele usou o código que criamos para essas situações. Eu não tenho ide... Oh meu Deus! Lírios. Lilian é a espiã. Diana, a nossa mãe tem nos entregado para a Zoe.


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