Os Segredos da Rua Baker 3 escrita por Lany Rose


Capítulo 19
Quem está no controle?




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John abriu os olhos devagar e com dificuldade. Tentou respirar fundo, mas mesmo com todos os remédios a dor ainda era grande. Ele sentiu uma mão apertando a sua e isso tirou um leve sorriso do seu rosto. Porém, não se tratava da pessoa que imaginou.

Zoe aparecia no hospital todos os dias. Ela falava repetidamente para John apenas relaxar e tratar de se curar, pois novos dias estavam a caminho. O futuro os esperava com ótimas notícias. 

Diana havia recebido um bilhete de um garoto na rua. Apesar de não ter assinatura, e não reconhecer a caligrafia, aquelas palavras só podiam ser de uma pessoa: Irene Holmes. Ela se encaminhou até a 221B, porém não havia ninguém ali.

Irene estava tocando violino na sala de estar da casa do Sigerson quando sua irmã adentrou. Diana percebeu duas xícaras de chá já postas a sua espera.

—Você demorou menos do que eu esperava. – Disse Irene colocando o instrumento em uma poltrona. - Chá?

—O que você quer?

—Preciso da sua ajuda.

—Minha ajuda?

—Foi o que eu disse e não irei repetir.

—Eu não vou entrar nesse jogo com você, Irene. Estou cansada de tudo isso...

—Não é mais um jogo, Diana.

—Mesmo? Um bilhete de um garoto na rua, vou na 221B e você não está lá. Só queria me mostrar que estava aqui na mansão do Sigerson. Você estar tocando significa que o papai está do seu lado. Então, você não precisa de mim. Tenho mais o que fazer, com licença!

—John está em perigo! Eu não posso salvá-lo sozinha, Diana. Sherlock não pode me ajudar nisso. Nem a Alex. Eu preciso de você e se isso não for o bastante, o John precisa de você.

—O que está acontecendo? -Irene faz um resumo de tudo que sabe até o momento sobre a situação do inspetor. – Isso não é possível!

—Eu não a reconheci de primeira. Levei um tempo, afinal não via motivos guardar aquele rosto. Ela é a sua funcionária e também o braço direito do Sigerson. Agora, ela está obcecada pelo John.

—Não faz sentido. Natasha é uma boa pessoa que foi perseguida por um ex-namorado violento. Ela arrumou a vida faz pouco tempo. Tem duas belas filhas e um bom marido. Caramba, eu fui ao casamento dela. Eu sou madrinha da filha mais velha dela.

—Ela apresentou uma garotinha como sobrinha. A participação dela no caso do ex-pugilista só mostra que essa mulher: Zoe ou Natasha. Ela estava envolvida nisso desde o início. Desde a época com o Morse. E agora agindo sozinha. Não tenho certeza se a mando do Sigerson ou não.

—Ela quer vingança?

—Não, ela trabalha contigo há anos. Teria feito algo antes. Enfim, você vai me ajudar ou não?

—Se você me contar tudo. Sei que falta algo. Quero saber cada detalhe do seu plano. Ou tudo ou nada.

Irene pediu para a irmã sentar-se. Depois de andar pela sala por alguns segundo, Irene posicionou-se na frente da irmã.

—Você não vai gostar, mas irei explicar como esse é o único jeito de findar com todo esse drama.

Diana ficou confusa de inicio, fez quantas perguntas quis e Irene se mostrou disposta a responder todas, pacientemente. Uma nova relação estava sendo estabelecida entre as duas. Depois de tudo esclarecido, Diana ainda estava perplexa.

—Você pensou mesmo sobre tudo.

—Sempre faço isso.

—Pode contar comigo.

                                                                               ***

Sigerson acordava, mais uma vez, com um enorme barulho de gritos. Ele não tinha ideia quanto tempo fazia que estava trancafiado naquela cela imunda. Rodeado por suas próprias fezes e urina. Não dormia direito, comia restos, era espancada, molestado e humilhado constantemente. No entanto, já fazia uns dias em que começaram a tratar seus ferimentos. Quando lhe deram um banho e até o deixaram vestir seu terno favorito, Sigerson começou a se perguntar se era o dia de voltar para sua casa.

Ele foi posto em uma cadeira no meio de uma sala vazia, havia outra cadeira na sua frente. Uma porta se abre, passos são ouvidos, uma pessoa aparece em sua frente.

—Oh, eu devia saber. Como está, minha adorada sobrinha?

Irene sentou confortavelmente na frente do tio.

—Teve uma boa estadia, Sigerson?

—Você tem mais influência do que pensei. Não é nada fácil me pegar.

—Foi bem fácil pra mim. Você me subestima, Sigerson. Eu não sou mais a garota que conheceu.

—Consigo vê isso agora.

—Você não deveria ter tocado no John.

—Não fiz nada com o seu bichinho...

—Inspetor Smith pra você.

—Irene...

—Diga!

—Não toquei no inspetor Smith.

—Você tem uma escolha a fazer: pode me ter ao seu lado cooperando ou pode me ter como sua inimiga. Você decide! - Irene levanta abruptamente causando um encolhimento involuntário no Sigerson. Com um leve sorriso no seu rosto, ela se aproxima retirando uma faca da bota. -Você está com medo de mim, Sigerson? Você? – Ela coloca uma mão no encosto da cadeira e passa a faca perto do pescoço dele. -Mas, lembra-se das várias e várias vezes em que gritei falando que você estava me assustando? Das várias e vária vezes em que implorei para você parar? E você apenas ria. Afirmando que me amava... Alegando que tudo era para o meu bem! – Lágrimas desciam quase queimando seu rosto. - VOCÊ SE LEMBRA DISSO? Porque eu me lembro de tudo. Cada detalhe!

—Todo momento com você é inesquecível, Irene. É uma pena notar que está se transformando em uma vadia insolente.

—Bom, essa vadia insolente é quem está no controle. Você nunca mais irá encostar um dedo em mim. E você está certo em sentir medo, porque se antes eu tinha estômago para assassinar alguém, agora sou capaz de arrancar sua alma fora e fazê-lo implorar por no mínimo cem vezes antes de realmente mata-lo – Ela estava perto de esfaqueá-lo, um filete de sangue ainda desceu pelo pescoço dele. – Não vou fazer mais nada com você por enquanto. Vão te levar pra casa. Você está avisado. 

Logo ao sair do recinto, Irene anda cada vez mais rápido até começar a correr. Ela só parou quando já estava fora do prédio. Era uma antiga fazenda que pertencia a um dos membros da Cúpula dos Nobres, Irene se segurou em um tronco de uma árvore antes de vomitar. Pegou sua garrafinha e entornou todo o conteúdo sem parar para respirar. Ela acabou não percebendo a aproximação de sua prima.

—Eu te avisei, prima querida. Muito cedo para você aguentar esse tipo de confronto. As emoções...

—Aguentei bem, Alex. Não se preocupe. Hora de deixa-lo ir. Do resto cuidarei sozinha.

—Como desejar. Qualquer coisa apenas ligue.

Irene entrou em um carro que a levou de volta ao centro de Londres.

John já havia acordado há semanas. Ele se perguntava o motivo da Irene não ter aparecido, no entanto a conhece o suficiente para saber que esse não é seu estilo. Queria ligar para ter certeza de que tudo estava bem, mas ninguém lhe entregava seu celular. Quando Diana foi visita-lo junto com Sean, eles acabaram não conversando muito.

Zoe continuava a ir vê-lo, nesse dia, ela levou um notebook para assistirem algo muito especial. Ao liga-lo, John viu o interior do bar daquele amigo da Irene. Um tipo de assalto estava acontecendo. O homem acabou sendo baleado.

—O que é isso? Chame uma ambulância! – Zoe apenas lhe fez um gesto para continuar observando.

Irene ainda estava um pouco abalada com o confronto com o Sigerson. Foi muito difícil, pois, apesar de detestar admitir, seu poder ainda era forte sobre ela. Ninguém nunca a fez sentir-se tão vulnerável quanto o mais velho dos Holmes. Por essa razão queria tirar a tarde para conversar e beber com seu amigo.

—Levils, estou com muita sede hoje. – Ela foi dizendo ao entrar. -Preciso daquela sua garrafa... Levils!

Irene corre até o homem caído do outro lado do balcão. Ela liga imediatamente para uma ambulância e manda mensagem para a Miller. Apesar de tentar conter o sangramento, seu velho amigo estava morrendo.

—Está tudo bem, filha. É minha hora.

—Não diga idiotice!

—Eu finalmente fui completamente feliz, filha. Graças a você! Meus filhos me aceitaram como sou, encontrei alguém que amo e pude ter meu bar só pra mim. Eu fui feliz. Pode dizer isso...

—Não vou dizer nada a ninguém, Levils. Você vai falar por si.

—Irene, - ele colocou a mão sobre a dela -, você precisa me deixar ir.

—Não... Não mais um. Não você! Levils, por favor! Já escuto a ambulância, aguente firme. Eu preciso de você ainda. Não me deixa sozinha... Por favor!

—Oh, minha filha, você nunca foi sozinha. Você só precisa permitir a entrada deles. Como permitiu a minha. – A voz dele ficava mais fraca a cada segundo. – No meu bolso... Prometa pra mim que vai se permitir...

—NÃO! Levils!

John assistia a cena com lágrimas nos olhos.

—Patético! – Disse Zoe.

Continuaram com os olhos fixos no computador. Viram a ambulância chegar, levar o corpo e Irene ficar ali parada, ensanguentada, sentada no chão com o papel na mão. 


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