A garota mochileira desceu a estrada desde que saiu do caminhão do fazendeiro. Dez minutos andando pela encosta e nada de chegar ao acampamento. Havia uma outra encruzilhada e uma placa para ir à esquerda.

— Ótimo. Agora eu vou ter que dar mais umas andadas por aí.

Colocou a mochila no chão e descansou um pouco. Ficou por uns cinco minutos aguardando alguma carona, porém não havia um veículo transitando àquela pista. O que se passava numa cidade para ser tão calma assim? Ela botou a mochila sobre as costas e voltou a andar pela encosta, quase fora da pista. E por falar em pista, ela era sinistra: sem veículos, floresta de um lado e outro, muitas folhas secas e o vento frio da manhã batendo nas copas das árvores. Era o cenário espaçoso, mas extremamente solitário e amedrontador. Depois de algum tempo caminhando, o cansaço venceu e preferiu ficar sentada na beira da estrada, esperando mais alguma carona. Viu alguém se aproximar numa bicicleta.

— Por favor, pode me dizer se o Acampamento Crystal Lake está perto?

— Não vá pra lá! Não vá!

— Ah, o senhor de novo. Pode parar de tentar me assutar? Não acredito nessas bobagens de maldição.

— Vai se arrepender de não ter me dado ouvidos. Até mais, garotinha.

O tal Ralph saiu em disparada deixando a moça sozinha naquele lugar.

A mochileira voltou a se sentar sobre a sua bagagem enquanto esperava a carona. Uma picape Ford 1970 apareceu ao longe na estrada. O carro veio em disparada na direção da moça. Esta, por sua vez, fez sinal para a carona.

O veículo passou em disparada sem ao menos parar. A garota não viu sequer o condutor.

— Ótimo. Agora vou ter que andar mais ainda.

...

Acampamento Crystal Lake

Os 3 estudantes/ monitores ficaram sozinhos no acampamento. A sensação de solidão era sufocante, sobretudo quando se estva pisando num local onde houvera mortes chocantes há duas décadas.

Scott Marvel era o pegador do grupo. Conseguiu uma bolsa de estudos graças à sua brilhante carreira no beisebol; a sua namorada, Melissa Potter, sempre se gabava de sua beleza, e às vezes era arrogante. Gostava de deixar seus fios loiros soltos, realçando a sua beleza. A única dos três que não pensava em cigarro e sexo era a ruiva chamada Alice Hardy. A moça era bem mais recatada e não tinha um namorado, como Melissa. Sua melhor amiga era Adrienne, a que estava no carro da professora.

E por falar em professora, o Fusca conversível chegou ao acampamento por volta das oito e meia da manhã. O trio viu os recém chegados saírem do veículo. Sarah Dawson, a professora, foi logo na frente.

— O Steve está?

— Não. Ele e a cozinheira saíram mais cedo e até agora não voltaram — respondeu Melissa.

— Só tem vocês aqui? Os três? E a Heather?

— Aquela garota também nem pisou aqui — disse Scott.

— Vou ter que telefonar pra casa dela pra perguntar se já está a caminho. Melissa, poderia me levar ao escritório do Steve?

— Claro.

A professora entrou na casa principal com Melissa enquanto Scott e Alice ajudavam o outro trio.

— Obrigada, amiga. O Kevin odeia carregar bagagem — disse Adrienne.

— Eu levo só minha bagagem de mão. Pede para o Don Juan do Mark para levar.

Mark era o mais sossegado e melhor amigo de Alice. Ambos se conheceramm desde o primário. Sempre teve uma queda pela ruiva, mas nunca passou da linha da amizade.

— Deixa que eu levo. Oi, Alice.

— Oi, Mark. Já se acostumou com a mudança de casa?

— Odiei. Não sei o que meus pais pensaram em se mudar para uma vizinhança chata. Mas vou levando a vida.

— Aqui parece tão calmo — disse Adrienne.

— Calmo até demais. A gente pode ser vítima de algum Michael Myers da vida real — disse Scott.

Enquanto isso, Sarah e Melissa foram ao escritório de Steven. A professora resolveu ligar para a casa dos pais de Heather. Eles disseram que a filha havia saído muito cedo.

— Obrigada, senhora Palmer — desligou o telefone. — A mãe da Heather disse que ela saiu bem cedo e que estaria aqui por volta das oito horas. Como pode ver, ela não chegou.

— Aquela garota não é de se atrasar. Será que ela foi sequestrada?

— Deus me livre. Nem me fale isso, Melissa. E também o Steven que não está aqui. Será que ele foi buscar a Heather?

...

Heather, a mochileira, ficou esperando por muito tempo sentada. Depois daquela picape, mais nenhum carro apareceu por quase meia hora.

— Heather, hora de andar...

A picape Ford 1970 apareceu mais uma vez atrás da moça, mas dessa vez andando bem devagar. A garota olhou pra trás e fez sinal para pedir carona. O condutor parou o carro e permitiu que ela colocasse a bagagem atrás e entrasse no veículo.

— Muito obrigada pela carona. Eu estava perdidinha sem saber pra onde ir.

O condutor continuou dirigindo sem dizer uma palavra. Em certo ponto, o carro passou por uma estrada que dava ao lago. Havia uma pequena placa indicando.

— Com licença, ali não é o caminho para o acampamento? — Heather olhou para trás e viu uma lanterna.

O carro aumentou a velocidade. Heather, amedrontada, abriu a porta e se jogou na beira da estrada. Torceu o tornozelo. O carro deu ré e parou perto dela. A jovem saiu correndo, entrando na floresta.

A pessoa misteriosa saiu do veículo, pegou a besta e foi caçar a mochileira. A caçada se deu mata adentro.

Heather, desesperada, correu com tudo, porém com dificuldade, haja vista que seu tornozelo se machucara no pulo. Agora estava disposta a salvar a sua vida a qualquer custo.

— Droga...

Em certo momento se perdera. Eram árvores e folhas por todos os lados. A flecha da besta atingiu seu ombro direito. A moça caiu no chão e viu as botas da pessoa misteriosa.

— Não, por favor. Por favor.

A pessoa misteriosa pegou uma faca e passou a lâmina no pescoço da jovem. A jugular foi cortada, sangue jorrando incessantemente. A primeira vítima daquela nova geração.