Efeito Borboleta escrita por deboradb


Capítulo 19
Quer Namorar Comigo?


Notas iniciais do capítulo

Volteiiiiiiiii
E já vou logo avisando que o capítulo está cheio de emoções!
Boa leitura...



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Amor, paixão, felicidade, desejo... É surreal a forma como nos sentimos quando todos esses sentimentos se unem em um mesmo momento. É como se, de algum modo, a vida ganhasse um sentido muito mais amplo e extraordinário comparado ao que um dia chegamos a achar ser a cota máxima. Naquele exato instante, tendo Katniss aconchegada em meus braços enquanto nossas respirações encontravam-se desregulares, os corações acelerados, os corpos suados e exaustos após mais uma onda de prazer e puro êxtase, descobri que quando se tem uma explosão dos sentimentos mais remotos e almejados, a felicidade simplesmente transborda da forma mais incrível e inexplicável que possa existir.

Por muitas vezes cheguei a questionar-me qual o sentido da vida, o porquê de ela simplesmente parecer ter perdido o encanto diante de meus olhos conforme os dias iam se passando... E a agora eu sabia o porquê. Katniss era a minha alma gêmea, a pessoa a quem eu estava entrelaçado, destinado a amar até o meu último suspiro, e não tê-la ao meu lado naqueles dolorosos cinco anos, era o mesmo que um navio sem bússola, não fazia sentido e eu me via completamente perdido em meio ao caos das tempestades. No começo o amor que eu sentia por ela era somente de amigo, de irmão. Mas fora com o tempo que eu vi, naquele sorriso lindo que ela costumava esboçar nos momentos mais importantes, toda a minha felicidade e amor. Fora naquele beijo que demos em seu quarto que eu me arrepiei de verdade e senti o chão sumir sob os meus pés. Fora com as suas piadinhas sem graça que eu mais ri em toda a minha vida. Fora em seus belos olhos que eu encontrei a coragem e a força necessária para enfrentar todos os meus medos. Ao seu lado eu queria viver a mais bela história de amor e paixão. Ainda tínhamos um longo caminho a percorrer, mas eu sabia que ao seu lado seria tudo mais simples, mais suportável, e viver jamais seria em vão.

Após recuperar o fôlego, acabo soltando um longo suspiro apaixonado enquanto faço uma leve caricia nos cabelos escuros da morena que ainda possuía sua respiração desregular, em uma tentativa de recuperar-se do êxtase em que havia entrado. Nossos corpos ainda estavam em choque devido à alta temperatura e senti meus pelos se arrepiarem quando ela depositou um beijo molhado em meu pescoço.

— Marrentinha? — chamo, abrindo os olhos a tempo de vê-la erguer a cabeça para apoiar o queixo em meu peito.

— Oi. — seus olhos encaram os meus com deslumbramento e ela abre o mais radiante dos sorrisos. Levo uma de minhas mãos até o seu rosto, acariciando-lhe a bochecha corada e logo em seguida tirando uma mecha de cabelo que havia caído sobre os seus olhos.

— Eu realmente sinto muito por ter ido embora e nunca mais ter dado sinal de vida. Me perdoa? — peço meio cabisbaixo, envergonhado pelo que fiz.

— Hey... — ela toma meu rosto em suas mãos e sela nossos lábios de leve — Para com isso. Eu já te perdoei e depois de tudo o que aconteceu aqui, achei que tivesse deixado isso bem claro. — indica nossos corpos nus sobre a cama e acabo soltando um riso baixo.

— De verdade? — pergunto só para confirmar e ela acaba revirando os olhos de modo divertido.

— Sim, Peeta. O que mais você quer que eu faça para você acreditar? — pergunta brincalhona, acariciando meu nariz com o seu.

— Hmm... Agora que você ofereceu, tenho muitas ideias sobre isso... — respondo, sorrindo maliciosamente e ela gargalha.

— Estou aberta a sugestões. — murmura, ainda com o rosto próximo ao meu, fazendo nossas respirações se misturarem.

— Sabe, agora que vou ficar aqui por um bom tempo, eu pensei que... Ahn... Sei lá... Que talvez a gente possa dar certo. — comento, encarando a imensidão acinzentada de seus olhos, completamente seguro sobre o que estou propondo, por mais que tenha gaguejado algumas vezes.

— Peeta Mellark! Você por um acaso está me pedindo em namoro? — pergunta direta e com uma das sobrancelhas arqueadas, fazendo-me corar momentaneamente por causa de seu olhar intimidador, porém recupero-me rapidamente e limpo a garganta antes de lhe responder.

— Talvez... — sorrio de lado e deposito um pequeno beijo na ponta de seu nariz — Eu quero ser o seu anjo da guarda, Marrentinha, seu fiel confidente e o seu guia no que preciso for. Quero estar com você enquanto puder e quando você quiser. Quero continuar sendo o seu melhor amigo, mas acima de tudo quero ser o seu amor. E em troca, prometo proteger seu sorriso e garantir sua felicidade em todos os dias de nossa caminhada... Então, Katniss Everdeen, você aceita namorar comigo? — pergunto, sentindo minha voz falhar em algumas palavras devido à emoção.

Katniss encarava-me em completo silêncio, parecendo um tanto quanto atordoada com tudo o que eu havia acabado de falar. Mas foi então que, para a minha completa felicidade, o sorriso mais radiante e encantador que eu já havia tido a chance de presenciar surgiu em seus belos lábios, enquanto ela balançava a cabeça freneticamente.

— É claro que eu aceito! — exclama de modo entusiasmado antes de se inclinar mais sobre mim para encher o meu rosto de beijos, arrancando-me uma boa gargalhada — Você me trouxe de volta o brilho no olhar, Peeta. Trouxe-me de volta o sorriso nos lábios... mas também o medo de me machucar novamente. No entanto, hoje, depois de toda a magia que vivemos aqui, o meu medo foi embora. Porque eu entendi que, mesmo que você tenha ficado longe durante muito tempo, tudo o que você sempre fez foi cuidar de mim. Então sim, eu aceito ser a sua namorada. — declara, encarando-me com intensidade e paixão, fazendo-me abrir um sorriso sem precedentes, sentindo meu peito inflar tamanha alegria.

— Posso te beijar agora? — indago em um sussurro, descendo meus olhos para seus lábios que se encontram entreabertos enquanto sua respiração sai entrecortada.

— Não só pode, como deve. — sua resposta vem em um sussurro tão baixo quanto o meu.

Naquele momento, eu não tinha nenhuma pressa de chegar ao meu objetivo, pois sabia que estava completamente ao meu alcance. Uma ansiedade deliciosa. Então, depois do que pareceu uma eternidade, inclinei-me em sua direção, fechando os olhos no último segundo para beijá-la com calma, saboreando o gosto inconfundível de menta quando sua boca começou a se mover sobre a minha, imitando os meus movimentos. Acabei esboçando um sorriso por entre o beijo quando Katniss deixou escapar um suspiro de contentamento no exato momento em que minha língua entrou em contato com a sua. Invertemos as posições de nossas cabeças para dar um encaixe melhor para o beijo que era magnífico. Beijar Katniss era como se perder olhando para as bilhares de estrelas presentes no céu, você sabia que elas estavam ali e que eram impossíveis de serem tocadas, mas sempre começava a contagem só para ter o gosto de se perder e começar tudo outra vez. Aquilo era mágico, era lindo e que jamais poderia ser exposto em palavras, porque o amor não era algo falado. O amor era algo sentido.

[...]

— Droga, Peeta! Ficamos muito tempo dentro do quarto... e a culpa é toda sua por ficar me seduzindo. — acusa, enquanto seguimos pelo corredor em passos apreçados.

Havíamos ficado tanto tempo perdidos em nosso momento de amor e prazer que simplesmente esquecemos o motivo de estarmos ali.

— Minha culpa?! — pergunto indignado — Engraçado que eu não me lembro de você reclamando enquanto eu estava “seduzindo” você. — faço aspas com as mãos e ela revira os olhos, divertida.

— Realmente, não havia do que reclamar. — ela me lança um sorriso malicioso e é a minha vez de revirar os olhos.

Nossos passos foram cessados quando paramos em frente à porta do quarto de Gale e, com muito cuidado, aproximei o rosto da mesma, concentrando-me na tarefa de ouvir algo do outro lado do objeto de madeira e, felizmente, o quarto parecia estar vazio devido ao silêncio que dali emanava.

— O quarto está vazio... Espere aqui e me avise se o Gale ou qualquer outra pessoa aparecer, está bem? — peço já com a mão sobre a maçaneta.

— Pode deixar, capitão. — ela bate continência, arrancando-me uma pequena risada enquanto aproximo-me de seu rosto para depositar um beijo leve em seus lábios.

— Tome cuidado. — murmuro antes de adentrar o quarto.

O mesmo só não se encontrava completamente escuro por conta de um feixe de luz que atravessava a fresta da janela, o que não diminuía em nada o cheiro extremamente forte de álcool e drogas que emanava daquele ambiente. Com certa dificulte por conta da pouca luz, consegui chegar até a janela para abrir as cortinas, com o intuito de amenizar aquele mau cheiro que estava fazendo o meu estômago se revirar e, consequentemente, quase me fazendo por tudo para fora.

Já com o quarto completamente iluminado pela luz solar, quase tive um infarto ao deparar-me com um quadro assustador. Nele havia uma mulher sentada em um banco, com os braços acorrentados para trás. Os traços da obra eram delicados e ao mesmo tempo macabros, dando ao quadro um aspecto sombrio e triste. Enquanto o analisava minuciosamente, senti um calafrio subir por minha espinha e rapidamente trarei de desviar o olhar, indo até o armário e logo começando a vasculhar por entre os diversos objetos ali presentes. Em uma das gavetas acabei encontrando um bilhete de Katniss, onde ela ameaçava contar tudo sobre Gale caso ele não a pagasse, mas o que me aterrorizou para valer foi à fotografia que encontrei escondida no fundo da gaveta. Na imagem havia inúmeras garrafas de cerveja e cigarros espalhados por todos os lados, enquanto Katniss encontrava-se completamente apagada e encolhida no chão, tão frágil quanto eu jamais vira. Rapidamente me veio à mente a conversa que havíamos tido no farol cerca de dois ou três dias atrás, onde ela me revelou ter sido drogada por Gale e de ter acordado horas depois com o mesmo segurando uma câmera com a lente apontada para ela. Naquele instante a vontade que tive fora de quebrar todos os dentes daquele infeliz, mas após repirar fundo algumas vezes, rasguei a fotografia e joguei os seus pedaços no lixo.

Tentando concentrar-me ao máximo nos motivos de estar ali e não no quanto tudo naquele ambiente parecia sombrio e macabro demais, voltai a vasculhar as coisas de Gale. Revirei absolutamente tudo, desde fotos, livros, roupas e até mesmo seu computador, mas infelizmente não havia encontrado nada que servisse de provas. Quando já estava quase desistindo e indo de encontro a Katniss, avistei uns arranhões sobre o piso. Franzi o cenho tentando desvendar o que poderia ter causado aquilo quando, quase que de modo automático, meus olhos foram atraídos pelo sofá. Isso! Com um pouco de dificuldade consegui afastar o móvel dá parede, somente para deparar-me com um celular dentro de um saco plástico, literalmente colado no encosto traseiro do sofá.

Após certificar-me de que o mesmo estava bem guardado dentro de um dos bolsos de minha mochila, empurrei o móvel de volta ao seu lugar de origem, fechei as cortinas da janela e me retirei do quarto, dando de cara com Katniss a alguns passos de distância. A morena quando me viu rapidamente se aproximou, parecendo eufórica e um tanto aflita.

— Caramba, Peeta! Você finalmente voltou! Estava tão preocupada... O que você encontrou? — fala tudo ao mesmo tempo e em um tom baixo. Acabo rindo de sua exaltação.

— Isso... — entrego-lhe a embalagem plástica com o celular da qual ela analisa minuciosamente.

— É, Gale Hawthorne, pegamos você. — murmura ao abrir um sorriso convencido.

— O que vocês estão fazendo no meu dormitório? — acabamos nos sobressaltando ao ouvir a voz grave soar a nossa frente e, quando erguemos nossos olhos, damos de cara com a expressão raivosa de Gale.

Nosso dormitório você quis dizer. — friso bem a palavra, não me sentindo nem um pouco intimidado pelo seu olhar.

— O nerd e a vadia. Ótimo, estava louco para me divertir. — ele nos lança um sorriso perturbado enquanto dá passos pesados em nossa direção.

— Pare logo aí, Gale! — mando ao puxar Katniss para as minhas costas, usando meu corpo como escudo para sua proteção.

— Obrigue-me seu filho da mãe! — ele parte para cima de mim com uma velocidade impressionante, mas ainda sim consigo desviar de seu soco, empurrando-o para longe logo em seguida — Eu vou acabar com você, seu nerd desgraçado! — rosna, porém sou mais ágil e desfiro um soco com toda a minha força em sua face, fazendo o mesmo ir de encontro ao chão.

Eu nunca havia sido a favor de violência, sempre preferi resolver às coisas a base do diálogo, mas a raiva que sentia por tudo o que ele havia feito a Katniss e a Madge era tanta que, naquele momento, simplesmente liguei o fôda-se e comecei a desferir uma sequência forte de socos e chutes em seu corpo jogado sobre chão. Sua expressão, que antes era dominada pela raiva e ódio, agora era destorcida em diversas caretas pela dor. Eu não conseguia ouvir absolutamente nada do que estava ao meu redor, a não ser um zumbido forte em minha cabeça. Meus dentes estavam trincados e minhas mãos fechadas em punhos indo de encontro ao rosto de Gale que, naquele instante, encontrava-se completamente banhado pelo liquido pegajoso e vermelho. Minha respiração estava pesada e apenas piorava conforme eu descarregava toda a minha fúria em cima dele.

— Peeta! Para com isso, por favor! — a voz desesperada e um tanto chorosa de Katniss chega aos meus ouvidos, deixando meu coração apertado e, consequentemente, fazendo-me diminuir o ritmo dos socos até parar de uma vez.

Ofegante e com o corpo tremulo devido à adrenalina do momento, ergui os olhos e capturei os tempestuosos da morena, que naquele momento encontravam-se arregalados, denunciando o quão assustada ela estava com os recentes acontecimentos. Com um pouco de dificuldade consegui erguer-me do chão e dei alguns passos para trás, sentindo o peso do arrependimento recair sobre os meus ombros ao ver o estrago que havia causado no rosto de Gale. Katniss, percebendo o meu estado de torpor, rapidamente envolveu minha cintura com seus braços, dando-me o apoio necessário já que minhas pernas pareciam moles demais para sustentarem o peso do meu próprio corpo.

— Ai... minha cabeça. — Gale geme enquanto se contorce sobre o piso — Você... e você... — aponta em nossa direção, após uma tentativa falha em se por de pé — Estão todos mortos! Todos mortos! — ameaça; suas íris acinzentadas fervilhando em ódio, juntamente com algo muito sombrio da qual não consigo identificar.

— Vem, Peeta. Vamos embora daqui. Mesmo esse drogado merecendo o inferno, deveríamos tentar ser melhores do que isso. — Katniss puxa-me pelo braço e nos leva para fora do dormitório masculino, deixando um Gale furioso e completamente quebrado para trás.

— E-Eu... Eu realmente dei uma surra no Gale? — pergunto após sair do estado de torpor, minha voz falhando miseravelmente de tão amedrontado e aterrorizado que estava comigo mesmo.

— É, você deu... e foi bem assustador vê-lo fazer aquilo. — Katniss sorri sem mostrar os dentes enquanto andamos lado a lado em direção ao campus.

— Desculpa, Marrentinha... — peço de modo aflito ao cessar meus passos e ela acaba fazendo o mesmo, ficando de frente para mim — Eu não queria fazer aquilo, você melhor do que ninguém sabe o quanto abomino violência. É só que... Eu não sei... — solto um suspiro frustrado — Quase enlouqueci lá... igual ao Gale, e estou me sentindo péssimo por isso. — confesso, desviando meus olhos dos seus.

Eu não conseguia encará-la, não depois do que havia feito. Eu me sentia sujo, culpado, um completo delinquente e tudo só piorou quando encarei minhas mãos, vendo o quão machucadas ambas estavam após a sequência de socos contra a face de Gale. Eu havia deixado à raiva tomar o controle da situação e não poderia estar mais arrependido.

— Hey... — Katniss segura meu rosto por entre suas mãos, obrigando-me a encará-la — Você não é nada como ele, nunca mais repita isso, está bem? — ela acaricia minhas bochechas antes de se aproximar para tomar meus lábios nos seus em um beijo terno e cheio de carinho — Não fique se martirizando pelo que aconteceu, já passou... E além do mais, Gale merecia aquela surra para aprender que não é o dono do mundo como pensa. Qual é? Ele é só um babaca que se acha por ter uma conta bancaria infinita. — acrescenta e não consigo segurar o riso.

— É, acho que você está certa... Obrigado. — sorrio de lado ao passar meus braços por sua cintura, apertando-a contra mim somente para ter o prazer de sentir seu coração bater no mesmo ritmo que o meu.

Ainda era difícil de acreditar em tudo o que havia acontecido em apenas poucas horas, principalmente no fato de termos nos declarado um para o outro, de termos nos entregado um ao outro. Aquilo tudo parecia um sonho, um sonho da qual eu não queria jamais acordar.

— Não há de quê, Conquistador... — ela sorri com a língua presa entre os dentes e, não me contendo, tomo seus lábios em mais um beijo — Tudo bem, tudo bem... — ela dá dois tapinhas em meu ombro e se afasta, ainda sorrindo — Agora vamos até a enfermaria para cuidarmos dos seus machucados antes que eles infeccionem, depois eu ligo para o Marvel e marco um encontro com ele.

— Ele vai ao menos responder você? — pergunto meio duvidoso ao recordar-me de nosso encontro nada agradável envolvendo facas e armas no ferro-velho.

— O Marvel sempre responde quando quer dinheiro. — ela dar de ombros como se não fosse nada e arrasta-me pelo braço até a enfermaria da Blackwell.

[...]

— Céus... Odeio ver essas pobres baleias desse jeito. — comento no exato instante em que Katniss estaciona sua caminhonete ao lado de alguns rochedos na praia, local escolhido por Marvel para nosso encontro.

— Eu também. Eu só penso nas famílias no oceano procurando por elas. — suspira, sendo afetada pela imagem tão triste das inúmeras baleias ali encalhas, assim como eu, que não deixei de recordar-me da outra linha temporal onde aquilo também ocorreu — Bom, vamos logo, aquele estrupício nos ajudará a encontrar a Johanna. — fala, abrindo o porta-luvas e retirando do mesmo a maldita arma.

— O quê? Você vai atirar nele?! — pergunto incrédulo — Droga, Katniss! Não é assim que se resolve as coisas! — repreendo-a de modo exasperado.

— Hey, calma. Isso aqui é só uma precaução... — ergue as mãos para o alto em sinal de rendição — E eu até posso te salvar algum dia. — lança-me uma piscadela acompanhada de um sorriso maroto.

— Já estava na hora. — permito-me sorrir ao entrar na sua brincadeira.

— Eu vou bater tanto em você. — rimos por alguns poucos segundos antes de a morena soltar um pesado suspiro — Não tínhamos como adivinhar que isso aconteceria quando crescêssemos.

— Estou aguardando ansiosamente o dia em que poderemos só pegar a estrada para Portland.

— Com certeza. Você, eu... e a Johanna. — completa em um tom baixo e logo trato de afagar seu ombro com carinho, atraindo seus olhos novamente para os meus.

— Sem duvidas. Então vamos com calca, ok? — peço — Apenas pague o dinheiro do Marvel e podemos pegar o código do livro dele. Só isso.

— Certo. Sem ficar provocando. — ela assente.

— É isso aí, agora vamos nessa. — beijo sua bochecha e saímos de sua caminhonete.

Andamos em passos lentos até o trailer do Marvel, que estava estacionado a alguns metros a nossa frente, ambos nervosos e com nossas respirações descompassadas. Eu não estava com um pressentimento nada bom em relação àquela conversa. Após pararmos em frente à porta do trailer, Katniss respira fundo e bate na mesma algumas vezes.

— Ah, veja... Os super-heróis. — Marvel revira os olhos ao abrir a porta, mas logo se aproxima de Katniss e aponta o indicador para ela — Você tinha que ter vindo sozinha.

— Ele é o meu namorado. — a morena justifica ao cruzar os braços e não consigo conter o sorriso. Aquela frase soava extremamente agradável aos meus ouvidos.

— Ou o seu guarda-costas. — ele me encara com desdém por breves segundos — Então, vamos aos negócios. Onde está o meu dinheiro?

Katniss me encara, questionando com o olhar se deve ou não entregar o dinheiro a ele logo de cara, apenas afirmo com um breve aceno. A morena então retira o envelope do bolso de sua jaqueta e o entrega a Marvel, que rapidamente o abre para verificar se a quantia está correta.

— Ah, obrigado. Não foi tão difícil, foi? — ele sorri de forma sínica — E só para deixar claro, não iremos mais fazer negócios. Agora, se me derem licença... — ele nos dar as costas com a intenção de seguir até o seu trailer.

— Marvel... — Katniss chama, o fazendo parar e se voltar novamente para nossa direção — Poderíamos fazer algumas perguntas rápidas?

— Você tem muita coragem, Everdeen... — ele solta um sorriso de escárnio — Tudo bem, podem perguntar. Mas não vou passar drogas para vocês.

— Não estamos aqui por drogas, Marvel. — me pronuncio pela primeira vez.

— Definitivamente você não parece o tipo. Não como a Katniss. — a morena solta uma reclamação que acaba arrancando-me um riso baixo — Bom, vamos lá. O que vocês querem?

— Só o nome de alguns dos seus clientes. — respondo.

— Ah, é só isso? Porque não me disse de uma vez? — solta ironicamente — Você só pode estar maluco.

— Você não entende, cara. Isso é por uma boa causa. — argumento, atraindo seu olhar sério para mim.

— Não, cara, eu não entendo... especialmente por vir de uma pessoa estranha como você. — ele aproxima-se de mim de forma intimidadora — Sabe, odeio a maneira que você fala comigo, como se... como se soubesse mais do que eu.

— Não, eu não... eu... — acabo me embaralhando nas palavras, sem saber ao certo o que dizer.

— Odeio vocês merdinhas da Blackwell, esperam que tudo seja de graça. Mas querem saber de uma coisa? Esqueçam! Vocês não ganharão nada de mim! — sua voz sai alguns tons acima, enquanto suas mãos encontram-se fechadas em punhos.

— Engraçado que sem esses “merdinhas da Blackwell” como clientes, você não teria trabalho algum, não é mesmo, Marvel? — Katniss rebate no mesmo tom.

— Ei, vocês! Vamos nos acalmar, está bem? — peço cauteloso — Marvel, não viemos aqui para brigar. Isso é muito maior do que nós.

— Ah, sim, você não veio brigar. — ele ri sarcasticamente — Engraçado você falar isso um dia depois de apontar a porra de uma arma para a minha cabeça! — solta entre dentes e quando abro minha boca para tentar acalmar os ânimos, Katniss é mais rápida e logo toma a frente.

— Droga, Marvel! Pare de prolongar isso. Só estamos aqui para encontrar a Johanna! — a morena fala um tanto quanto desesperada.

— A Johanna não está mais aqui, porra! — ele explode em fúria, nos fazendo dar alguns passos para trás — Que merda vocês estão aprontando, hein?! Tentando acabar com o meu negócio?! Mas deixa-me avisar uma coisinha... — ele se aproxima de forma dura e intimidadora — Desta vez o preço será alto demais para vocês, seus pirralhos enxeridos!

— Por favor, Marvel, acalme-se. Só queremos conversar co... — minhas palavras são brutalmente interrompidas pelas mãos de Marvel que se fecham em volta de meu pescoço, apertando-o com força, impedindo-me de respirar.

— Nunca me diga o que fazer! Entendeu, seu desgraçado?! Entendeu?! — rosna, intensificando o aperto, enquanto tento inutilmente me soltar.

— Solta ele! Agora! — Katniss grita ao sacar a arma, fazendo Marvel soltar-me no mesmo instante.

O ar começou a entrar com tanta força em meus pulmões que me vi levemente tonto, enquanto tossia sem parar. Aquela era, sem sombra de duvidas, umas das piores sensações do mundo. Eu estava tão assustado e confuso com o havia acabado de acontecer que, as próximas cenas se desenrolaram em câmera lenta a minha frente. Com o grito de Katniss, o cachorro de Marvel saiu às pressas do trailer e ao ver seu dono sendo ameaçado, logo tratou de atacar a morena que, no susto, acabou disparando a arma.

— Pompidou! — Marvel grita em desespero, mas já é tarde demais — Você matou a porra do meu cachorro, sua vadia desgraçada! — rosna em fúria, sacando um canivete de seu bolso e partindo para cima de Katniss.

Foi tudo tão rápido que, antes mesmo de eu ter a chance de intervir, um disparo foi ouvido, para segundos depois Marvel cair sem vida sobre a areia. Aquela cena aterrorizante ficou se repetindo diversas vezes em minha mente, enquanto eu me encontrava completamente em choque diante aquela situação.

 — Katniss... — consigo por fim me pronunciar, minha voz não passando de um sussurro ao encarar a morena paralisada e amedrontada ao meu lado.

— E-Eu... Eu matei... Eu matei o Marvel Bowers... — a morena solta em completo choque antes de desabar sobre a areia, com os lábios entreabertos e os olhos marejados, encarando os corpos ensanguentados a nossa frente.

— Katniss... Katniss olha para mim, por favor. — peço ao ajoelhar-me ao seu lado — Meu amor, você salvou a minha vida. Foi em legitima defesa para nós dois. Você não teve culpa. — levo minhas mãos até o seu rosto para enxugar suas lágrimas — Vai ficar tudo bem, eu prometo. — colo nossas testas, podendo enxergar de perto o quão opacos e tristes suas orbes acinzentadas estavam.

— Peeta... E-Eu matei o Marvel... Ele está morto... — fala baixinho e sinto meu coração contrair dentro do peito ao ouvir sua voz sair tão quebrada.

As coisas eram mesmo imprevisíveis. Em pensar que horas antes estávamos em meu quarto nos amando, nos declarando um para o outro. E agora estávamos aqui, em meio a uma tragédia que havia levado embora toda a nossa felicidade.

— Eu sei. Mas não podemos parar agora. Temos que encontrar esse código o quanto antes. — ela nada diz, apenas fecha os olhos com força e seu corpo sacode em consequência aos soluços.

Abraço-a bem apertado enquanto acaricio suas costas, tentando de algum modo passar-lhe conforto. Eu sabia que Katniss jamais se perdoaria pelo que havia acontecido, assim como nunca esqueceria e, de forme alguma, eu poderia permitir que a minha Marrentinha passasse por toda aquela tortura psicológica. Aquilo só a destruiria por completo e eu havia prometido a mim mesmo que a protegeria até o meu último suspiro. E aquela era uma promessa da qual eu jamais quebraria.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu prometo isso a você. — beijo carinhosamente o topo de sua cabeça antes de me por de pé para aproximar-me do corpo imóvel de Marvel.

Após respirar fundo algumas vezes para tentar criar coragem, agacho-me ao seu lado e vasculho os bolsos de sua jaqueta a procura do código de seu livro, finalmente o encontrando segundos depois.

As coisas vão ficar bem, Peeta. Eles têm que ficar.

Guardo o código no bolso de minha calça e fecho os olhos, erguendo minha mão enquanto concentro-me no momento em que chegamos ali. Não demorou muito para as sensações já conhecidas por mim atingissem o meu corpo, porém desta vez muito mais fortes, principalmente a pontada em minha cabeça. Era como se uma lamina estivesse sendo inserida dentro de meu cérebro, a dor era desesperadora, mas só parei quando abri meus olhos e dei de cara com Katniss batendo na porta do trailer de Marvel. Era até engraçado se fosse parar para analisar toda aquela loucura. Era como se eu estivesse assistindo a um filme da qual já sabia todas as falas. Após Katniss entregar o dinheiro ao Marvel, não permiti que ela dissesse mais nada e apenas nos despedimos.

— Você voltou no tempo, não foi? — pergunta quando nos acomodamos em sua caminhonete.

— Sim, voltei. Nossa conversa com o Marvel não foi uma das melhores e... — paro de falar ao lembrar-me de seu corpo repleto de sangue jogado sobre a areia.

— E...? — incentiva-me a continuar.

— As coisas não terminaram bem, Katniss. Mas eu não quero falar sobre isso. — solto um suspiro pesado — O importante é que eu consegui o código do livro. — retiro o pedaço de papel do bolso e entrego a ela, que o analisa atentamente.

— Você está bem? — questiona com o semblante preocupado alguns segundos depois. Sorrio para tranquilizá-la.

— Vou ficar. — inclino-me um pouco para frente e tomo seus lábios nos meus em um beijo repleto de carinho e ternura.

Katniss era o meu porto seguro, o meu ponto de paz. Ela era tudo o que eu precisava naquele momento para manter a minha sanidade.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Espero que tenham gostado hehe. Sei que demorei, mas espero que tenha valido a pena a demora :)

Muitas coisas, não? O que foi esse ataque de fúria do Peeta? Eu não sei vocês, mas eu precisava desse capitulo para extravasar um pouquinho da minha raiva para com o Gale kkkkkk. É isso por hoje, pessoal... Ah! E antes que eu me esqueça, se preparem para o próximo capítulo, os mistérios finalmente serão revelados, ou pelo menos parte dele hehehe

Hasta luegoooo ♥



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