Efeito Borboleta escrita por deboradb


Capítulo 14
De Volta ao Passado.


Notas iniciais do capítulo

Demorei, eu sei rsrsrs. Mas realmente não está fácil encontrar inspiração, por isso estou demorando tanto com os capítulos, então... só posso pedir perdão pela demora.
Bom, espero que gostei do capítulo. Beijos, boa leitura...



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Katniss estaciona em frente à Blackwell e permanece em silêncio. Abro e fecho minha boca algumas vezes no intuito de dizer algo, porém o bolo em minha garganta impede as palavras de saírem. Solto um suspiro derrotado e saio do carro, vendo-a sumir pela rua. A nossa discussão não havia sido nada legal, por um lado eu a entendia, mas por outro achava que ela estava sendo muito injusta com as pessoas que a amavam, como eu por exemplo. Respiro fundo e sigo em direção ao meu quarto, pensando no quanto a vida é imprevisível. Em um momento estava tudo bem, eu diria até que maravilhoso se fosse incluir o beijo - da qual não saia da minha cabeça - naquela equação um pouco complexa, mas de repente as coisas viraram de ponta cabeça e lá estava Katniss novamente, quebrada, magoada e com raiva.

Entro no quarto e retiro os meus sapatos, sentando-me na cama logo em seguida. Abro minha mochila e retiro da mesma à fotografia que Clara havia me dado, analisando atentamente aquele pedaço de papel que um dia chegou a representar a felicidade de Katniss. Nossas versões mais jovens sorriam abertamente para a câmera, e o olhar da morena carregava inocência e ingenuidade, muito diferente do de agora que só possuía dor e confusão. As circunstâncias e os acasos haviam mudado completamente o nosso modo de viver, e não pude deixar de pensar no quanto as coisas poderiam ter sido diferentes se Thomas não tivesse saído de casa naquele maldito dia. Katniss seria exatamente como era antes? Uma garota sorridente e cheia de vida? Teria viajado por todas as cidades da costa sul como sempre sonhou? E Prim, teria crescido como uma criança saudável e sem traumas profundos? Sim, provavelmente sim.

Suspiro profundamente ao sentir uma angústia sufocante tomar conta de meu ser, porém algo inesperado acontece e a imagem da fotografia em minhas mãos se move, fazendo com que eu jogue a mesma no chão, assustado.

Céus! O que está acontecendo agora?

Um pouco hesitante tomo a fotografia em minhas mãos novamente, analisando-a atentamente e mais uma vez ela se move, como se a imagem estivesse vibrando ou algo assim. Ao fundo posso ouvir algumas vozes, entretanto, não consigo entender o que dizem por estarem abafadas. A imagem na fotografia começa a se tornar embaçada, e então um brilho forte e intenso surge, obrigando-me a fechar os olhos. Sinto o meu corpo ser puxado por uma força completamente estranha e desconhecida. A sensação era até um pouco desesperadora, como se eu estivesse sendo sugado por algo muito complexo e silencioso. Então, de uma hora para a outra, tão rápido quanto vieram às sensações estranhas foram embora, e assim, como um estalar de dedos, ouço o clique de uma câmera, fazendo com que eu abra rapidamente as minhas pálpebras, dando de cara com Thomas parado bem a minha frente segurando sua velha câmera instantânea. Meus olhos se arregalam, minha garganta seca, meu coração começa a bater rapidamente e minhas pernas se tornam bambas.

O que diabos está acontecendo?

— Um dia o papai vai comprar para ele um daqueles computadores novos. — a voz um pouco mais aguda e familiar surge, fazendo-me olhar para o lado, somente para dar de cara com a versão sorridente de Katniss aos 13 anos.

Meus olhos se arregalam mais ainda e sinto meu corpo gelar ao me dar conta de onde estou. Eu havia voltado para o ano em que aquela fotografia minha e de Katniss tinha sido tirada. Eu havia voltado para o ano de 2008, mas precisamente para o dia em que Thomas Garik Everdeen faleceu.

— Espero que o flash não tenha assustado você, Peeta. — fala de forma doce. Era tão bom ouvir sua voz novamente — Essa é para guardar. — ele sorri ao encarar a foto.

— Não até eu ver primeiro. Você conhece as regras, papai. — a morena fala animadamente se aproximando de Thomas — Peeta, conte a ele... Uou, você está completamente pálido... Você está bem? — pergunta preocupada.

— Sim, eu só... Hm... Sim, estou bem... — respondo um pouco desconcertado e forço um sorriso.

— Tem certeza? — Thomas questiona e apenas assinto — Certo, então... Katniss, diga-me se gostou ou não da fotografia. — pede um pouco ansioso ao se voltar para a filha.

— Bem, eu posso permitir que essa vá para o álbum da família... — paro de prestar atenção nas palavras da morena para analisar com mais atenção o ambiente a minha volta.

Aquilo era loucamente e completamente insano. Tudo bem, eu já havia voltado no tempo, mas eram somente minutos ou no máximo algumas horas, nunca anos.

—... Você disse panquecas? — a voz entusiasmada de Katniss faz com que eu desperte de meus pensamentos.

— Na França chamam de “crepes”. E um bom chef francês precisa de assistentes.

Oui. Eu me voluntario para quebrar os ovos. — ela sorri enquanto Thomas se posiciona em frente ao fogão.

— Você lembra quantos ovos são? — questiona. Era tão surreal e ao mesmo tempo tão bom vê-los juntos novamente.

— A mamãe disse que depende. — a morena dar de ombros e Thomas ri.

— É verdade.

— Então, quantos ovos? — indaga.

— Acho que... dois? — sua resposta sai mais como uma pergunta e a morena gargalha.

— Belo chef, não sabe nem quantos ovos se leva uma panqueca. — ela debocha e não deixo de notar o quanto aquela Katniss era mais feliz e despreocupada.

— Ei! — Thomas protesta — Não se atreva a questionar o chef. — adverte de forma brincalhona, enquanto permaneço apenas analisando aquele momento único entre pai e filha.

— Certo, como se você fosse o verdadeiro cozinheiro aqui. — Katniss revira os olhos de modo divertido.

— Sou quando a sua mãe está fora. — ambos riem e me aproximo da bancada da cozinha para pegar a câmera de Thomas, disposto a registrar aquele momento unicamente precioso.

— Agora eu que tirarei uma foto... Façam uma pose. — peço e os dois se viram para mim.

— Torne-me uma estrela. — a morena pede com um belo sorriso.

— Só me faça parecer jovem. — Thomas sorri de lado, arrancando-me uma leve risada antes de eu posicionar a câmera em frente ao meu rosto para enfim tirar a fotografia.

— Ficou linda. — falo ao analisar a imagem em minhas mãos, mostrando para eles logo em seguida.

— Como sempre digo... Você leva muito jeito para a fotografia, Peeta. — ele sorri abertamente enquanto afaga meu ombro — Agora, vamos voltar ao trabalho. — diz, e então os dois voltam a dar atenção às panquecas.

Eu amava o Thomas como se ele fosse da minha própria família, e ter voltado tantos anos no tempo só podia significar uma coisa: que aquela era uma forma de impedir que aquele trágico acidente acontecesse. Era uma forma de impedir que Katniss se tornasse uma garota tão amargurada e quebrada. Era uma forma de fazer a família Everdeen feliz novamente.

Sou tirado de meus pensamentos com o toque do telefone e o meu coração prontamente dispara quando vejo Thomas indo atendê-lo. Eu lembrava-me perfeitamente daquele telefonema, assim como também lembrava da tragédia que havia acontecido logo após. Com meu ritmo cardíaco acelerado e a respiração descompassada, apresso-me e sigo em direção à sala, escondendo-me atrás de uma parede para não ser visto.

— Alô? Ah... Oi, meu bem... ­— observo Thomas sorrir e ficar alguns segundos em silêncio — Só estou fazendo um café da manhã incrível com a Katniss e o Peeta. Vamos todos trabalhar no Winchester... — solta bem humorado — O quê? Ah, eu não sabia que você tinha que fazer compras... É claro que eu vou buscá-la. Agora tenho uma desculpa para tomar café... — ele ri mais abertamente — Pode deixar, não irei demorar. Amo você. — se despede fazendo com que eu prenda a respiração, quase que entrando em desespero.

Tenho que impedi-lo de pegar o carro!

Em passos rápidos e até mesmo cambaleantes vou até a estante, começando a procurar disfarçadamente pelas chaves do carro, porém minha tentativa se torna falha e isso me faz praguejar baixinho. Eu precisava encontrá-las antes de Thomas.

— Com licença, crianças, mas vou ter que dar uma saidinha. Tenho que pegar a grande rainha no mercado. — avisa — Ela tem várias sacolas de comidas deliciosas para comermos.

Começo a sentir minha pulsação mais acelerada enquanto agacho-me ao lado da mesinha de centro como se estivesse analisando a pilha de filmes ali em cima, e é quando finalmente encontro às malditas chaves debaixo de um dos boxes da coleção de Katniss. Isso! De forma rápida e ágil, escondo-as dentro de uma embalagem aberta de cookies que estava ao lado da TV.

— Você é ridículo. — ouço Katniss soltar uma risadinha.

— Você agradecerá por isso um dia. — Thomas rebate enquanto se direciona até a mesa de jantar — Merda! Onde estão as chaves?

— Um dólar para o pote de xingamentos! — a morena avisa em um tom divertido.

— Você quer dizer o seu fundo da faculdade... — ele procura por debaixo dos diversos papais sobre a mesa — Chaves, por favor, apareçam. — implora.

Sorrio comigo mesmo e me direciono até a bancada da cozinha para observar Katniss preparar as panquecas. Ela estava tão concentrada e focada naquela tarefa que eu tinha que admitir, até que ela levava jeito para cozinhar, contudo, eu não podia negar que era um pouco engraçado ver a pessoa mais desconcentrada e impaciente do mundo preparando panquecas.

— A-há! Eu sabia que iria encontrar vocês! — a voz de Thomas faz com que eu me volte rapidamente para ele, somente para vê-lo balançar as chaves no ar. Ah, não! — Mas como diabos as chaves vieram parar aqui? — murmura para si mesmo antes de começar a seguir em direção à porta.

Droga! Droga! Droga! Mil vezes droga!

— Crianças, estou indo buscar a Clara... e nada da sessão de degustação de vinho da “Katniss e do Peeta”, ok? — avisa e no mesmo instante sinto um gosto amargo sobir por minha garganta enquanto o desespero vai se tornando cada vez mais presente.

— Pai! — Katniss protesta — Aquilo só aconteceu uma única vez. E Peeta e eu prometemos nunca repetir.

— Tudo bem, querida. Mas não custava nada reforçar. — ele pisca para a morena e a mesma revira os olhos — Bom, é melhor eu ir logo... e não baguncem muito porque a Clara prometeu fazer o escondidinho de salmão mundialmente famoso dela, juntamente com bolo de chocolate como sobremesa. — alerta com um sorriso sonhador — Peeta, você também estará aqui para o almoço, certo? — pergunta, porém as palavras ficam presas em minha garganta.

— É clara que ele vai estar, papai! Peeta nunca irá me deixar! — Katniss pontua com convicção enquanto Thomas se aproxima ainda mais da saída.

Então já somos dois. — ele nos lança um último sorriso antes de atravessar a porta, deixando suas palavras soltas pelos ares como uma promessa, promessa essa que não seria cumprida se eu não intervisse. Por isso, em um movimento rápido e preciso ergui minhas mãos e fechei meus olhos com força, voltando alguns minutos no tempo para poder pegar as chaves novamente, impedindo assim, Thomas de caminhar em direção ao vale morte.

— ‘Você agradecerá por isso um dia. — aperto fortemente o objeto metálico em minha mão enquanto caminho discretamente até a porta da varanda — Merda! Onde estão as chaves?

— Um dólar para o pote de xingamentos! — ouço a voz de Katniss ecoar pelo ambiente no exato instante em que abro a porta de vidro e jogo as chaves no quintal.

Espero que funcione desta vez.

— Você quer dizer para o seu fundo da faculdade... Chaves, por favor, apareçam.

Respiro fundo e volto para a bancada da cozinha, apoiando-me na mesma enquanto observo Thomas atentamente, sentindo a inquietude tomar conta de meu corpo. Ele revira toda a sala e solta um suspiro frustrado quando não encontra as chaves, já eu por outro lado, solto um suspiro aliviado.

— Eu sei que estava com as chaves bem aqui... Eu sei... — murmura antes de retirar algo do bolso semelhante a um controle remoto, só que um pouco menor — Certo, eu esqueci onde está, então... vamos lá amiguinho, mostre-me as chaves. — ele aperta um botão e o meu coração dispara, mas felizmente nada acontece — É claro. Essa é a última vez que compro algo da Spy Guy Electronics... — resmunga e me aproximo dele.

— Você pode pegar um ônibus, tio Thomas. A parada é logo ali na rua. — aconselho.

— É. Talvez isso funcione... — ele inclina a cabeça um pouco para o lado pensativo.

— O ônibus é ótimo! — exclamo um pouco eufórico — Ele passa a cada 15 minutos e terá espaço suficiente para você, à tia Clara e as compras. Além de salvar o ambiente. — fala tudo de uma vez.

— Certo, você já me convenceu. — ele solta uma risadinha — Muito bem, Peeta. — sorri de forma gentil — Bom, então estou indo para a parada de ônibus. A Clara amará isso. — ele se afasta e segue em direção à saída — Tchau crianças, até daqui a pouco. — acena antes de fechar a porta.

Eu havia conseguido. Eu havia impedido uma vida inteira de dor e sofrimento para a família Everdeen. Mas de uma forma ou de outra eu também sabia que aquela pequena - grande - alteração mudaria completamente o curso da nossa história, e que as implicações daquilo poderiam gerar graves consequências, mas ainda sim, eu estava feliz por saber que Thomas estaria ali todos os dias para Katniss, Clara e Prim.

— Peeta? Está tudo bem? Você tem agido de uma forma bem estranha... Aconteceu algo? — a morena questiona ao parar em minha frente e sorrio mais abertamente ao segurá-la pelos ombros.

— Katniss, eu sou demais! Nós somos demais! — exclamo em completa empolgação, mas de uma hora para outra, uma pontada forte atinge minha cabeça e a imagem juvenil de Katniss vai sumindo aos poucos conforme a luz ao meu redor vai se tornando mais intensa, obrigando-me a fechar os olhos como da última vez.

Eu sentia como se meu corpo estivesse sendo sugado por uma força altamente gravitacional, onde por mais que eu esperneasse e me debatesse, meu corpo continuaria sendo sugado para aquele vácuo luminoso e silencioso como as profundezas do universo. Era estranho, era assustador, mas ao mesmo tempo fascinante e inexplicável. Aquela poderia ser a definição perfeita para as sensações de se estar viajando através do tempo: um pouco quieto, complexo, confuso, mas acima de tudo mágico e impressionante. E então, assim como da última vez, tão rápido quanto vieram aquele compilado de sensações foram embora, deixando-me leve e relaxado.

Logo após aquele pequeno momento de sensações excepcionalmente estranhas e até mesmo inexplicáveis, a melodia exuberante do canto dos pássaros logo começou a ecoar por meus ouvidos, mostrando-me que a curta viagem temporal já havia chegado ao fim. Eu sentia-me um pouco enjoado, amedrontado, e ansioso também. Eu estava imensamente feliz por ter conseguido salvar Thomas, mas claro, também estava com medo das consequências que aquela alteração no passado poderia trazer para o momento presente. Suspiro profundamente no exato instante em que vozes começam a surgir em minha volta, primeiro abafadas, mas logo se tornam mais claras e perceptíveis. Obro minhas pálpebras lentamente, sentido o meu ritmo cardíaco acelerar devido à ansiedade que estava sentindo para ver Katniss com um feliz e despreocupado sorriso, mas quando enfim começo a me acostumar com a claridade ao meu redor, sou surpreendido pela imagem de Gale sentado bem a minha frente, recostado em uma árvore conversando animadamente com Delly, Cashmere, Finnick e Annie. Pisco algumas vezes para ter certeza de que aquilo era mesmo real, e quando vejo que sim, não consigo conter a exclamação tamanha surpresa. Ainda em estado de torpor, vejo uma mão pequena e delicada balançar em frente ao meu rosto para chamar-me a atenção, e quando olho para a dona da mesma, meus olhos se arregalam ao me deparar com as orbes azuis e brilhantes de Glimmer tão próximas a mim.

— Hey, está ao menos me ouvindo, Ryan? — questiona de forma descontraída antes de lançar-me um doce e singelo sorriso. Fico encarando-a por vários segundos, completamente atônito e sem saber o que fazer. Eu definitivamente não esperava por aquilo.

Glimmer franze o cenho parecendo confusa enquanto me analisa minuciosamente, é então que me dou conta de que ainda não havia respondido a sua pergunta.

— Eu... Ahn... — balanço a cabeça para tentar clarear um pouco a mente antes de afastar meu corpo do seu, que por sinal estava perigosamente perto — Me chame apenas de Peeta, não gosto muito de... Ryan. — falo quase que em um sussurro desviando meus olhos dos seus para analisar os adolescentes a minha volta.

Minha cabeça estava dando voltas e mais voltas com tudo aquilo. Eu me sentia completamente perdido e confuso. O que caralhos estava acontecendo ali? Desde quando Gale passou a ser amigo de todos? E quando foi que Glimmer se tornou tão amigável?

— Eu sei, sinto muito, Peeta. Você não está chateado comigo, está? — pergunta parecendo preocupada — Você quer entrar na roda e fumar um cachimbo da paz? — ela sorri apontando para o cigarro nas mãos de Cashmere.

— Acho que o Peeta está doidão... — comenta Gale bem humorado, e pela primeira vez vejo um brilho de felicidade passar por seus olhos.

— Está tipo, muito esquisito... — complementa Annie — Você está bem, Peeta?

— Ninguém me escutou quando disse que não deveríamos aceitá-lo no Vortex. — resmunga Enobaria não permitindo que eu responda à ruiva.

— Enobaria, você não quer ninguém no clube. — rebate Clove e as duas começam uma pequena discussão, fazendo-me bufar um pouco irritado.

— Quer saber? Para mim tanto faz. Eu não dou a mínima para o Vortex! — digo um pouco ríspido antes de sair em passos rápidos dali.

Eu sentia minha cabeça começar a doer devido a toda aquela confusão. As coisas estavam completamente diferentes, viradas de ponta cabeça. Eu havia fodido com tudo. Alterado tudo. Mas e Katniss? Como andaria sua vida e a da família Everdeen sem a morte de Thomas? Um pouco desesperado corri até o ponto de ônibus escolar, e quando o mesmo parou a minha frente e as portas se abriram, fui surpreendido mais uma vez. O motorista já não era mais o James, e sim o Haymitch.

Puta que pariu!

Seu olhar recai sobre mim um pouco indiferente, e então adentro o ônibus, sentando-me um pouco mais ao fundo em completo silêncio. Respiro fundo e passo as mãos por meus cabelos, tentando compreender pelo menos um terço daquela situação um tanto quando insana. O ônibus começa a seguir pelas ruas de Arcadia enquanto fico admirando a paisagem através da janela. A tarde caia lentamente e o céu já era consumido pelo tom alaranjado do entardecer, fazendo-me relaxar por alguns minutos. Apoio minha cabeça no estofado do banco tentando processar todas as consequências das minhas ações quando, de repente, o ônibus para no semáforo e, assim como eu, os demais adolescentes se espantam ao verem uma quantidade assustadora de baleias encalhadas na praia. Aquilo me assustou, e assustou para caramba. Seria aquele mais um sinal de que minhas visões sobre o tornado estavam mesmo certas e de que o mesmo estava cada vez mais próximo?

Meu coração começou a bater como um louco dentro da minha caixa torácica, enquanto o medo se fazia cada vez mais presente. Um pouco apressado pedi para Haymitch abrir a porta do ônibus, e quando ele o fez, saí correndo desesperadamente em direção à casa de Katniss. Eu precisava vê-la. Precisava me certificar de que apesar de toda aquela loucura e insanidade ela estava bem. Meus pés começaram a diminuir o ritmo da corrida quando avistei a bela e simples casa azul no final da rua. Minha respiração estava completamente descompassada e eu sentia meus pulmões arderem sempre que o ar entrava em contato com eles. O vento um pouco forte soprou bagunçando levemente meus cabelos, enquanto eu subia os pequenos degraus da varanda para enfim tocar a campainha. Os poucos segundos de espera mais pareceram uma eternidade, mas então a porta finalmente se abriu, revelando a imagem um pouco mais velha de Thomas.

— Peeta Mellark! — salda completamente surpreso, mas com um radiante sorriso nos lábios — Tirando uma folga depois de dominar Seattle? — pergunta brincalhão — Achávamos que jamais veríamos você novamente depois que partiu para a cidade grande.

— Não... — minha voz falha, mas eu a forço a sair — Eu nunca faria isso com a Katniss. — declaro com toda a minha sinceridade.

— Falando nela... Eu sei que ela estar louca para vê-lo. Espere aí. — pede e um sorriso rapidamente surge em meus lábios — Katniss, você tem uma visita! — avisa, se afastando para o lado segundos depois, permitindo-me vislumbrar a silhueta da morena, e é quando todo o meu mundo desaba.

Meu sorriso vai morrendo aos poucos e levo uma de minhas mãos até a boca, sentindo-me completamente desconcertado. As lágrimas rapidamente sobem aos meus olhos fazendo com que minha visão fique turva, e então, como se eu tivesse sido golpeado fortemente pelo destino, sinto uma dor sufocante tomar conta de meu coração. Era como se o mesmo estivesse sendo esmagado pelas consequências de meus atos imprudentes e pouco pensados. Era como se eu estivesse sendo asfixiado pela minha própria dor. Eu me sentia culpado, angustiado, quebrado... Um completo babaca por mais uma vez ter estragado tudo. Eu não havia arruinado somente a linha do tempo. Eu havia arruinado a vida da minha melhor amiga, da garota pelo qual eu era completamente apaixonado. Eu havia arruinado a vida de Katniss Everdeen.

— Katniss... — seu nome sai de meus lábios em um sussurro sôfrego, quase como se eu estivesse sendo torturado, o que não era nenhuma mentira, porque de certa forma eu estava.

As lágrimas então começaram a rolar livremente por minha face, enquanto eu encarava a minha melhor amiga sentada naquela cadeira de rodas com inúmeros fios e tubos enfiados em seu corpo.

— Oi, Peeta. — sua voz sai baixa e fraca, mas mesmo assim ela sorri. Sorri tristemente.

E foi ali, naquele exato momento onde eu desmoronei.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam do capítulo? Bizarro, insano, louco, tenso... acho que um pouco de tudo, não? E esse final?! Pust! Peeta ferrou com tudo desta vez. Ele tentou consertar as coisas, mas não calculou que as consequência seriam tão drásticas... Bom, comentem aí o que vocês acharam. Não prometerei que voltarei logo, mas farei o possível para que sim.

Beijão e até o próximo! ♥



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