Pov's Katniss

— Oi. - o loiro cumprimenta, coçando a cabeça e com um sorriso sem graça. - Será que eu posso entrar? - Pergunta! E agora? Eu estou preparada pra sabe-se lá o que essa situação me reserva?

— Hã, oi! - Falo surpresa, alguns segundos depois, quando minha mente volta a raciocinar. - Claro, entre! - Hesito por uns instante, antes de ceder.

— Eu queria, bem, queria que pudéssemos conversar. Sobre sexta! - Ele pede, me acompanhando porta a dentro.

— Tá bem! - Confirmo, me sentando no sofá quando estamos na sala. - Você pode sentar. - falo, quando ele para próximo a mim, porém ainda de pé. Ele suspira, e logo toma lugar ao meu lado.

— Primeiramente eu quero me desculpar por... por tudo que eu disse. E por ter gritado! Eu sei que fui um grande babaca com você, mas eu estava assustado. Chocado, irritado, surpreso, e tudo o mais. Enfim, eu não penso aquelas coisas sobre você de verdade. Eu só... me desculpe, por favor! Eu sinto muito mesmo. - Peeta começa, e percebo sinceridade em suas palavras. Balanço a cabeça em negação. Eu já havia desistido de culpa-lo.

— Ta tudo bem! Quer dizer, eu fiquei irritada, é verdade. Inclusive, me desculpe também, por ter gritado e tudo mais! Mas eu sei o quanto deve ter sido assustador pra você, afinal é uma grande coisa. Não te culpo por ter tido essa reação. Acredite, eu não tive uma muito melhor quando descobri minha gravidez. A diferença é que eu não tinha com quem gritar. - Afirmo, tranquilizando-o e ele assente, com um leve sorriso.

— Isso me alivia um pouco. - Confessa e eu rio. - Certo, então eu vim porque acho que precisamos conversar sobre isso direito, com calma! Johanna me passou seu endereço e me disse que agora seria um bom momento pra vir, já que Manuela está na escola e é sua folga. Achei melhor conversarmos primeiro, longe dela. - Explica e eu concordo.

— Claro, é melhor mesmo! - dou de ombros. - Então, por onde você quer começar? - Levanto uma sobrancelha, imaginando que ele vá querer os mínimos detalhes. Talvez um teste de DNA?

— Primeiro preciso me acostumar com a ideia! Quer dizer, eu tenho mesmo uma filha. E ela tem 6 anos, certo? E como ela é? Posso ver alguma foto? - Ele pergunta, me parecendo ansioso.

— Sim, ela tem 6 anos! Bem, ela é  tão loira quanto você. - Comento rindo, enquanto pego um quadro que estava na estante com uma foto da minha filha. Nós estávamos na praia, em Miami, onde meus pais moram. Ela estava no começo do mar, de pé, com um biquíni azul com florezinhas amarelas. A água cobria pouco mais acima de seus delicados pezinhos. Ela sorria pra mim, enquanto jogava água para cima. É uma das minhas fotos preferidas.

Entreguei o porta retratos à ele, que ficou alguns segundos admirando, com um sorriso enorme.

— Ela é linda! Se parece com você, com certeza. Apesar do cabelo. - Ele continua sorrindo, desviando seu olhar para mim por um breve momento. - Eu... isso é tão estranho! Quer dizer, diferente. Um dia desses eu estava caminhando pelo parque que tem aqui perto e esbarrei em uma garotinha. Eu não cheguei a ficar muito tempo a olhando. Ela só correu para perto de uma senhora! Mas, depois disso, eu fiquei com ela na cabeça. Só conseguia pensar que era a criança mais linda que eu já havia visto, e por algum motivo sentia que já a conhecia! Agora tenho certeza que é ela. Suponho que esse sentimento de dejá-vu seja devido a grande semelhança que ela tem com você! Se eu soubesse... - o loiro comenta, ainda admirando a foto com um sorriso aberto.

— Eu... eu realmente sinto muito, por não ter te contado! Como eu já disse, na época eu só não sabia o que fazer. - Peço mais uma vez, desconcertada. Ele nega com a cabeça.

— Tudo bem, isso não importa mais, de qualquer forma! - Ele sorri gentilmente. - Bem, eu posso conhecê-la? Porque eu gostaria muito. - Pergunta, me devolvendo o porta retrato. Confesso que fiquei um tanto surpresa. Quando ele disse que queria conversar, imaginei que ele fosse querer saber exatamente como eu engravidei em uma única noite. Ou ao menos, exigir um teste de DNA. Eu tenho certeza que ele é o pai da Manuela, porém, compreenderia caso ele quisesse confirmar, afinal nós mal nos conhecemos.

— É claro! Mas... ér, tudo bem? é só isso? Você não quer saber como exatamente aconteceu? - Questiono, ainda surpresa.

— Eu sei como aconteceu, Katniss! Nós transamos, e você ficou grávida. Ao menos, é isso que eu sei sobre de onde vem os bebês. - Ele faz piada e eu acabo rindo. - Sei que é quase inacreditável, em uma única noite acontecer, mas também sei que não é impossível! O que mais eu teria pra perguntar sobre isso? - Peeta levanta uma sobrancelha, me encarando.

— Não faço ideia. É você quem acabou de descobrir a paternidade. - Retruco, e ele ri.

— Não acredito que seja necessário. A única coisa além disso, seria eu pedir um teste de DNA ou algo do tipo. Mas você não me parece uma pessoa mentirosa. E não vejo motivos pelo qual você inventaria essa historia pra mim! Sem contar que, ela se parece muito com você, é verdade, mas você deve admitir que aquele cabelo e aquele sorriso, é inegável que não sejam meus. - Ele ri novamente, demostrando total convencimento sobre sua paternidade. Analiso sua expressão por um momento, e encontro apenas um sorriso bobo, aparentemente feliz com a situação. E acabo rindo, concordando com seu comentário. Definitivamente, Manuela tem o sorriso arrebatador do Mellark.

— Nesse caso, você pode conhecê-la, sim! Mas, eu preciso falar com ela antes. É só que, ela é uma criança. Essa historia toda é complicada pra ela. - Digo e ele assente, concordando.

— É claro, eu entendo! Não se preocupe com isso, leve o tempo que você achar necessário. - Outro sorriso extremamente gentil. E, pela primeira vez durante toda essa semana, senti que fiz a coisa certa, e contar a ele não me parece mais tão ruim.

— Então tudo bem! Hã, você quer beber alguma coisa? - Ofereço, só então me dando conta que eu não havia feito isso antes.

— Oh, não, obrigado! Na verdade, já preciso ir. Ainda não comecei a trabalhar oficialmente, mas ando ocupado tendo que resolver várias coisas a respeito da minha transferência. Só vim me desculpar mesmo, e resolver isso! - Ele explica, olhando o relógio que já marcava meia hora depois da 11h.

— Ah, tudo bem! Fico feliz que tenhamos resolvido. - Me levanto para acompanha-lo até a porta, quando ele se põe de pé.

— Eu digo exatamente o mesmo. - Sorri. - Bom, eu já vou! Me avise quando eu puder vê-la, por favor. - Pede novamente.

— Pode deixar. Inclusive, me dê seu telefone, para eu poder te avisar, quero dizer! - Entrego meu celular a ele, para que possa anotar seu número.

— Pronto! Ficarei esperando. Até logo, Katniss! - Ele me entrega o aparelho e sorri novamente, olhando em meus olhos. Por algum motivo, sinto meu estômago revirar devido nosso contato visual e seu olhar um tanto intenso.

— Tchau. - Aceno, quando finalmente ele entra no carro, desviando seu olhar do meu por um momento, dando a chance para eu sair do pequeno transe que me encontrava ao encarar suas orbes absurdamente azuis.

Ele me encara mais uma vez, com um de seus enormes sorrisos brilhantes, antes de dar partida no automóvel e logo sumir de vista...