Pov's Peeta

— Que merda você tá fazendo, Delly? - levantei uma sobrancelha, encarando a loira que parecia afim de fazer um streep na minha frente.

— Quero te mostrar uma coisinha. - ela deu um sorrisinho malicioso.

— Deixa disso, garota. E saí do meu quarto, por favor! - peço, controlando a vontade de colocá-la para fora a força.

— Ah Peeta, para de se fazer de difícil. Eu sei que você me quer! - ela se aproxima de mim, e termina de se livrar da blusa branca que cobria seu tronco. A loira jogou a blusa para o lado e se aproximou a ainda mais, com uma expressão maliciosa, e começou a subir suas mãos nos meus braços. Ela estava claramente tentando me seduzir. A loira era uma mulher muito atraente, ali na minha frente, vestindo apenas uma calça jeans e de apenas de sutiã. Mas, mesmo se quisesse, eu não poderia ficar com ela. Primeiro porque Manuela está aqui. E pode muito bem vir atrás de mim a qualquer momento. Mas, principalmente, porque eu não consigo parar de pensar na morena e no acontecido de mais cedo! Katniss tem um poder de me tirar do sério, em todos os sentidos. Ao mesmo tempo que eu estava um tanto irritado pela nossa pequena discussão, eu também queria desesperadamente me desculpar com ela, mesmo que eu nem tenha feito nada de errado exatamente, só para vê-la sorrir para mim. Além do quê, dúvido que Delly ou qualquer outra, poderia compensar o desejo que eu sentia pela morena! É algo incontrolável, incomum. Uma vontade absurda de beijá-la a todo momento. E mesmo se eu fizesse isso, beijos não parecem o suficiente. A vontade que tenho dela, chega a ser maior que eu. E não sei por quanto tempo mais ainda consigo aguentar. Principalmente, depois de hoje!

— Delly, não faz Isso! Você não vê que está se humilhando? - seguro seus pulsos, tirando suas mãos de mim. - Nós não vamos fazer isso. Aceite! - reviro os olhos.

— Por que não? Você e a Katniss nem estão juntos. E eu percebi que tinha algo de errado com vocês hoje. Então, por quê? - questiona, indignada.

— Porque eu não quero! É motivo suficiente! Sem contar que minha filha está aqui. E também, eu não te devo explicação sobre meu relacionamento com a Katniss. Agora sai. - respondo, já sem paciência.

— Não, você não pode me rejeitar dessa forma. Eu estou aqui na sua frente, quase nua, você não pode me rejeitar. Eu nunca sou rejeitada. - ela diz, um tanto raivosa.

— Delly, você nem devia estar aqui. Eu não te convidei, meus pais não te convidaram. Você invadiu meu quarto e começou a tirar a roupa por vontade própria, porque você é doida. Eu nunca pedi pra você fazer isso. Durante todos os anos que te conheço, todas as vezes que você ficou dando em cima de mim, eu jamais te dei qualquer tipo de esperança que nós teríamos alguma coisa! Eu sinto muito, mas você não é o tipo de mulher que me interessa. Sem contar que você só tem 19 anos. Isso quase me faria um pedófilo. - pego a blusa dela jogada no chão e estendo para ela.

— Eu não sou o tipo de mulher que te interessa? E qual é o tipo que te interessa, então? - ela quem levanta uma sobrancelha.

— Certamente não é alguém que fica agindo como uma vadia pra cima de mim, desesperada por atenção, como você fez hoje. - retruco.

— Ah, então você gosta é das que te rejeitam, como a Katniss? - ela dá uma risada irônica.

— Pra ser sincero, eu gosto é dela, especificamente. - respondo e ela bufa, irritada.

— O que ela tem que eu não tenho? - questiona! Ah, Delly, eu tenho uma lista de coisas que se encaixam na resposta dessa pergunta.

— Eu realmente não gosto de ser mal educado com as pessoas. E acho que se eu fosse responder essa pergunta com sinceridade, seria um tanto rude! - digo simplesmente, o que parece irritá-la ainda mais.

— Seu idiota! Que se foda vocês dois, então. Vão pro inferno juntos! - ela gritou, tomou a blusa da minha mão e saiu, finalmente. Garota doida, eu em! Me joguei na cama, cansado daquele dia esquisito, e não demorou até eu ouvir passos correndo no corredor e a porta se abrindo.

— Papaaaai! - Manu exclama, se jogando em cima de mim. Me fazendo rir, ao mesmo tempo em que faço uma careta.

— Assim você me quebra todo, pequena! - digo e ela ri.

— Papai, aquela moça loira é sua namorada? - Manu me encara com um olhar curioso.

— Não é não. Por que? - pergunto.

— Tio Finn disse que ela queria te beijar. Mas ela não pode te beijar, se não é sua namorada, não é? - ela pergunta com os olhinhos transbordando inocência.

— Não, não pode! Por que o tio Finnick te falou isso? - franzi as sobrancelhas.

— Ah, ele falou pra tia Joh. Mas eu escutei. - ela dá de ombros.

— Você não devia ficar escutando a conversa dos outros, mocinha. Principalmente conversa de adulto. - repreendo.

— Foi sem querer. - ela morde o lábio inferior, me lembrando Katniss que tem mania de fazer isso, principalmente quando está nervosa. É incrível a semelhança entre as duas.

— Tudo bem! - sorrio para ela.

— Papai, você pode não namorar com ela? - a loirinha pede, me fazendo rir.

— Por que não? - questiono.

— Eu não gosto dela não. Ela é chata. E disse que a mamãe é bruxa! - ela faz bico.

— É mesmo? Quando ela disse isso? - não é possível que ela diria isso para a Manu.

— Hoje! Ela tava perto do banheiro, e eu tava lá dentro. Aí ela tava conversando no telefone com alguém, e disse "A mãe da filha do Peeta está aqui. Não acredito! Não sei porquê ele gosta daquela bruxa" - Manuela conta, irritada, imitando a voz de Delly na última parte, o que me faz rir.

— Não acredito! Ela que é bruxa. - falo e ela ri.

— É mesmo! Mamãe é linda! - ela diz. Linda, irritantemente linda.

— Igual você! - ela sorri.

— O senhor pode namorar a mamãe, não é? - minha filha diz, depois de alguns minutos em silêncio. Acabo engasgando com a água que eu estava bebendo, devido a pergunta inesperada e ela gargalha.

— Ei, o que você acha de irmos no cinema amanhã? - mudo de assunto, evitando responder a pergunta. Ela se anima e parece esquecer do assunto anterior, me fazendo sentir aliviado, pois eu definitivamente não saberia como explicar isso à ela.

— Vamos! - ela sorri, empolgada. Então continuarmos um assunto animado sobre o filme que iríamos assistir, até acabarmos pegando no sono...

***

Pov'sKatniss

Sexo Casual. As pessoas realmente fazem isso? Fazem. E porquê eu não consigo? Talvez o problema seja eu. Ou melhor, Peeta. Ele é o MEU problema! 

Gale chegou há mais de 1 hora. Estávamos sentados na sala. Ele fez o favor de quase acabar sozinho com minha garrafa de Tequila. O moreno falava de algum assunto há nem sei quanto tempo. Eu não fazia a menor ideia do que se tratava. Apenas sorria e fingia prestar atenção. Mas não estava! Minha mente só ficava alternando em trazer a tona meu momento com o Mellark no banheiro e ele no quarto com a loira indecente.
Gale Hawthorne estava ali. O moreno alto, forte, charmoso, com um sorriso brilhante e braços fortes. Gentil e absurdamente interessado por mim. Não era a primeira vez que ele flertava comigo. Porém, era a primeira que eu realmente dava bola. Trabalhamos juntos. Ele, na parte administrativa do hospital! A possibilidade de Peeta estar agora mesmo com aquela garota, deixa meu corpo todo possuído de raiva. Se ele pode, eu também posso, certo? Bom, eu sempre pude, já que não tenho compromisso com ninguém. Então, qual o problema? Gale é maravilhoso. Me quer. As pessoas fazem sexo casual toda hora.

— Então, sua filha não volta pra casa hoje? - o moreno pergunta.

— Não! Hoje ela vai dormir com o pai. - respondo.

— Claro! Então, isso significa que hoje é seu dia de se divertir. - ele lança um sorriso malicioso e se aproxima mais de mim.

— Acho que pode ser considerado assim. - comento dando um sorriso de canto. Ele mantém o sorriso de antes, desviando seus olhos para meus lábios por um momento.

— Então vamos aproveitar. - sussurra e em seguida, me beija. Seus lábios tinham gosto de tequila, mas mesmo assim não me excitava tanto. Sim, eu estava beijando Gale. Ou pelo menos, fingindo que estava beijando. Aquilo não podia ser considerado um beijo de verdade, já que ele era a pessoa que fazia maior parte do trabalho, enquanto eu só tentava não parecer uma estátua! Não era um beijo ruim, na real. Só não era... Peeta!
Eu definitivamente não queria pensar nisso. Eu não podia! Aquela era minha chance de "tirar meu atraso" com um homem maravilhoso. Mas, a droga da minha mente insistia em ficar fazendo comparações. Gale me tocava, por toda parte, mas seu toque não era tão firme e carinhoso ao mesmo tempo, como o de Peeta. Seus lábios eram macios e seu beijo era bom, mas sua boca não parecia se encaixar adequadamente à minha. Seu cheiro, seus movimentos. Tudo parecia fora do lugar! Apesar de relutar contra isso, era inevitável não pensar no loiro nesse momento, principalmente depois do acontecido de hoje.
O mereno já estava um tanto empolgado, e não parecia notar minha falta de vontade. Ele deixou meus lábios e começou a beijar meu pescoço. Suas mãos estavam dentro da minha blusa, subindo vagarosamente pelas minhas costas. Eu não estava entendendo se ele estava tão devagar de propósito, ou se ele realmente era lerdo. Suspirei, cansada daquela palhaçada, que eu já havia aceitado que não iria a lugar nenhum. Não estava rolando! Enquanto ele tentava se livrar da minha roupa e ser sexy ou sei lá, eu só conseguia desejar que aquilo não durasse por mais tempo. E provavelmente, se fôssemos até o fim, eu também só desejaria que acabasse de uma vez, ao invés de aproveitar! Eu não o queria. Eu queira Peeta. Eu estava com raiva de Peeta. Estava meio alterada graças ao pouco de álcool ingerido. Carente! E então, percebi o que eu estava fazendo. Estava apenas sendo uma pessoa terrível.

— Gale, para! - empurrei seu corpo levemente, me afastando.

— Qual o problema? - ele franzi as sobrancelhas.

— A gente não pode fazer isso! - afirmo. Ele arquea uma sobrancelha.

— Por que não? - pergunta.

— Porque eu não quero! Sinto muito, Gale, mas a única razão de você estar aqui é eu estar sendo uma péssima pessoa. - mordo o lábio inferior, envergonhada pela minha atitude.

— O que você quer dizer com isso? - o homem me encara, confuso.

— Quero dizer que eu só te chamei porque eu estava com raiva, por achar que o cara que eu queria possivelmente está transando com outra mulher. E eu meio que queria aliviar minha raiva, além de... - explico, mas ele me interrompe antes que eu possa terminar.

— Dar o troco! - ele conclui o que eu dizia antes.

— Exatamente! - confirmo, ainda envergonhada.

— Caramba! - Gale nega com a cabeça, parecendo surpreso. - Admito que por essa eu não esperava! - diz.

— Eu sinto muito! - digo e ele assente.

— Tanto faz. De qualquer forma, eu não me importo para seus motivos se você ainda quiser continuar. - ele dá um sorriso torto.

— Acho que não é uma boa ideia. E isso é um pouco humilhante pra você, não acha? - eu quem levanto uma sobrancelha. Não acredito que ele realmente queria continuar depois do que eu disse.

— Qual é, Katniss. Eu já estou aqui, não vamos perder tempo! - alega.

— Gale, você devia ir pra casa. - falo, negando quando ele tenta me beijar novamente.

— Fala sério. Quem é o cara e o que ele fez pra te fazer me rejeitar dessa forma? - o Hawthorne pergunta.

— Não é ninguém que você conheça. - respondo simplesmente!

— Ótimo, então ele não vai mesmo saber do que rolar aqui! - outra vez ele tenta me beijar.

— Para com isso! É sério, é melhor você ir. - digo, de novo. Ele me encara por mais alguns segundos e então suspira.

— Você só pode estar de brincadeira! Você sabe a quanto tempo eu queria isso. - alega.

— Eu sei! Por isso te chamei. Sabia que seria "sexo fácil". Me desculpe. - mordo o lábio inferior. Ele revira os olhos.

— Inacreditável! - é o que ele diz, antes de pegar a chave do carro e sair, sem nem mesmo olhar para trás. 

Vou deitar com os pensamentos agitados e uma grande confusão de sentimentos. Me sinto envergonhada pelo o que fiz com Gale. Me sinto aliviada por não ter realmente "chegado aos finalmentes" com ele. Irritada por pensar em Peeta com Delly. Mas também, sinto dúvida sobre isso, por não ter certeza se realmente aconteceu algo entre eles, já que não fiquei pra ver. E, acima de tudo, sinto raiva de mim mesma pela minha atitude tola no banheiro, por não ter nos dado a chance de continuar. Minha mente se perde em meio a tudo isso, até ficar pesada o suficiente e eu acabar pegando no sono...