Anais de Tëmallön; Os Livros Sagrados escrita por P B Souza


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Voltei!!!
E não vou enrolar aqui, está na hora de bater papo com o Dr. Alagorv.
Boa leitura :)



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Na sala onde ficava Amon, eles se separam. Amon ficou em sua vigia enquanto Alagorv e Alek subiram a escada. Os degraus eram talhados na rocha, e havia um corrimão feito com corda, afixado na parede desnivelada, com pinos.

Assim que subiram ali, saíram em um corredor mais amplo com pequenas saletas de tempos em tempos, aonde haviam mesas e cadeiras, mas não se via ninguém. Portas entreabertas levavam para salas escuras e silenciosas, e no final do corredor que seguiram, saíram em um grande salão, no qual estavam na varanda.

— Uau. — Alek suspirou ao olhar o local.

Havia uma escadaria em redemoinho, descendo ao centro daquele grande salão circular, aonde centenas de cadeiras haviam sido colocadas nos mais variados níveis, do base ao topo, criando como arquibancadas, havia lustres por toda a volta, mais um jogo inteiro de luzes esbranquiçadas e espelhos refletores no centro, penduradas por cordas de aço e correntes. No centro do salão uma mesa grande de madeira, coberta com uma toalha branca e outras menores repletas de ferramentas.

Tudo era vazio ali também.

— Aqui é aonde leciono aos meus aprendizes. Ainda estamos dentro do Pilar, como deve imaginar. É uma construção enorme, até hoje estamos expandindo, do outro lado do Pilar fica a parte de engenharia, eu particularmente acho tedioso, mas vejo sua utilidade, olhe ali por exemplo, creio que saiba apreciar o trabalho feito ali, não? — Alagorv dizia enquanto caminhavam, ele apontou o teto, para as fortificações feitas com colunas ornamentadas, um jogo de luzes simples despejava um amarelo forte contra as colunas no teto, revelando o que pareciam ser dedos, os cinco dedos de três mãos, a ponta dos dedos cravados para dentro do teto, e os pulsos eram as próprias colunas que descendiam da parede ao chão, como se três enormes mãos estivessem segurando o teto, e do meio desses dedos haviam correntes e fios de ferro, as quais prendiam em laços e nós os lustres e jogos de luzes do salão.

— É lindo, deve ter sido tão difícil construir.

— Menos do que parece. É um trabalho de exatidão, sim, mas uma vez tendo a certeza dos números não há muito que errar. Um trabalho difícil, devo dizer, é o corpo humano, não há exatidão ai, apenas chances e esperanças que tudo de certo. Vida fácil destes engenheiros, é o que digo!

Alagorv o guiou então até o outro lado do salão aonde entraram em uma sala com uma placa de “restrito” na entrada. A sala era grande, com o teto há seis metros de altura, e havia estantes do chão ao teto, de um lado repleta de livros, do outro repleta de potes, frascos, ferramentas, cálices, flores, e muito mais. No centro haviam mesas com engenhocas de vapor desligadas, motores em baixo das mesas, e mais ao fundo havia cadeiras e mesas vazias.

— É uma sala de aula aqui, apenas para meus melhores alunos, deve notar, tenho tudo de mais novo no mercado, comprado de todos os cantos de Tëmallön! — Alagorv puxou uma cadeira para si e gesticulou para que Alek se sentasse também. — Mas nossa, como estou falando. Me diga seu nome, muito embora eu já saiba, mas creio que por educação eu devo lhe perguntar!

— Me chamo Alek, eu... Doutor, o que aconteceu foi um acidente. — Alek tentou explicar sem soar miserável, falou como se falasse de qualquer assunto, mas Alagorv não quis ouvir.

— Não, não, não. Me poupe disto, pode ser? O que fez está feito, escrevemos o futuro, não o passado! Sua família, creio ser esta sua preocupação vigente, correto? — Conseguiu que Alek anuísse apenas. — Pois bem, se souber escrever, deixarei que escrava para sua família uma carta, seu pai ou mãe... Creio até que esposa, já tem idade, creio. Tem filhos?

— Não, só irmãs e mãe. Elas contam com o dinheiro que os guardas me confiscaram. — Roubaram. Disse para si mesmo. — Minha irmã sofre com um nível de demência ou algo do gênero, é simples em seu jeito de ser, e às vezes tem crises, precisamos dos medicamentos...

— Aflições não faltam aos miseráveis. — Alagorv disse olhando ao redor enquanto pegava uma folha e uma caneta-tinteiro. — Digo, perdão minha rudeza, às vezes me esqueço que nem todos são como nós.

Eu não sou como você. Mas só depois Alek percebeu que com “nós” Alagorv não se referia a ele, mas sim a sociedade em geral superior àqueles que viviam abaixo do Pilar.

— E claro, sua família não poderá subir ao Pilar, leis do Rei dos Reis, mas posso fazer suas palavras chegar até sua mãe. — Entregou então o papel para Alek e foi até uma chaleira no canto da sala, Alek sequer teria notado ser uma chaleira se não fosse Alagorv servindo em xicaras para si e para ele. — Eu estudei um pouco sobre você nestes dias. Quando Olivar me disse a história, achei incrível demais para acreditar, mas olhe só você aqui. É realmente um feito! Beba, tenho certeza que aquela água com urina que lhes servem deve ter causado algum dano ao estomago.

— Urina?

— Os guardas são nojentos, mas ninguém se importa. — Alagorv disse colocando a xicara na frente de Alek, e então sentou-se do outro lado da mesa e com uma na própria mão, tomou um curto gole. — Como ia dizendo, sua história... conhece a Ordem de Hasgyz, não?

— Todos de Alnia-sar conhecem. — Alek respondeu sem tirar os olhos do papel enquanto a caneta deslizava na folha, deixando marcas leves com suas palavras para a família.

— Sim, mas você Conhece A Ordem, ou apenas sabe de sua existência, tal como todos de Alnia-sar?

Alek então pegou a xicara, sentiu o aroma, era hortelã misturada com algo, podia sentir o cheiro. Remédio para curar todo o dano causado da água com urina. Tomou um gole sentindo o azedo na boca, mal sentiu gosto de hortelã.

— O que quer de mim?

— Por enquanto nada. Em breve, talvez muito. Dependerá de tantas variáveis. — Alagorv sorriu . — Vê, é como eu disse; o corpo humano não é como uma construção aonde você conta as vigas e os pisos, vê quanto de encanamento vai usar e não há erro. Quando se mexe com pessoas é sempre uma grande marca de questão, um mistério! Eu ouvi histórias, Alek, curou uma mulher da morte, deixou um guarda inconsciente, tudo isso e apenas sangrou um pouco pela orelha. Não são muitos os homens capazes de tal feito. É um dom incrível que tem...

— O que você quer... — Alek então se levantou, mas não devia tê-lo feito. Os pés pareceram pisar em ovos, ele cambaleou para trás e se apoiou nas costas da cadeira. — O chá...

— Um calmante, nada fatal. A carta está pronta?

— Você não pode...

— Perdão? — Alagorv se levantou também.

Alek cambaleou para frente, agarrou-se ao jaleco do doutor, que olhou-o como quem olhar um moribundo.

— Eu... não pode...

— Está equivocado, meu caro. Eu posso! — Alagorv segurou os braços de Alek e com cuidado o deitou no chão enquanto Alek fechava os olhos. — Isso, sem bater a cabeça, não quero dano algum. Muito bem, isso, pode dormir.


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Notas finais do capítulo

Heyyy, parece que as coisas pioraram bem depressa pro pequeno gafanhoto não é mesmo?
Mas na vida é assim, você acha que agora vai, ai não vai, inclusive volta um pouco! #ForçaAlek.
E você ai, lendo isso, deixa um comentário ai :3
Ps. Foi meu gato que pediu pra pedir :x



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