Anais de Tëmallön; Os Livros Sagrados escrita por P B Souza


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo em no-time!!!!
Sim, faz apenas 2 dias e eu já estou aqui de novo, e com ótimas novidades.
Já tenho a parte 1 da história INTEIRA escrita!!!!
10 capítulos só, mas ainda assim, tá inteiro feito, sem desculpas pra não postar :)
Não vou ficar enrolando aqui. Temos uma revolução para organizar, não é mesmo?
Boa leitura!!!



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— Porque não me disse o nome dele? — Perguntou para Kaedra durante um momento enquanto Orfeu dormia.

Kaedra e ele estavam sentados lado a lado, encostados na grade olhando o defunto.

— Quando eu vim parar aqui, assim como todo mundo, perdi tudo. A gente aprende que, na verdade, não perdemos tudo. Alguma coisa sobra, e a gente se agarra no que sobra. Nossos segredos, nossas histórias, nossos nomes. São como armas secretas, vantagens que temos aqui dentro. É a única coisa que ele tinha; o nome. Não é algo meu para contar.

— Mesmo assim, contou.

— Não de proposito. — Ela interviu. — Mas sim, contei. — E então completou com seu doce sorriso.

Os dois se calaram por mais um tempo, os dias passavam assim, entre curtas conversas, inflamadas discussões, e então dormir, acordar sem saber se era dia ou noite, se o sol sequer ainda brilhava no céu, ou a terra era só treva. Para eles, ali dentro, só existia a escuridão e o frio. Nunca parecia quente, nunca parecia agradável.

— Não vai dormir?

— E perder a emoção daqueles ratos comendo os olhos do nosso companheiro? — Kaedra perguntou em um tom alegre. — Estou esperando há dias por esse momento!

— Eu acho que vou.

— Sem problema. Te acordo se o rato chegar nos olhos!

Alek sorriu para ela, e foi se deitando no chão, como Orfeu e Kaedra fazia. Eles não tinham camas, apenas o defunto e um balde como latrina (o defunto Alek já considerava como um móvel, dado que, para sorte de todos, não se mexia, muito embora o cheiro começava a tornar um obstáculo ao estômago dos três). Foi antes de colocar a cabeça no em cima das mãos, que usava como travesseiro, que ouviu conversa e risadas. Troca de turno.

Reconhecia aquela risada, aqueles guardas. Todo dia traziam comida para eles, ou parecia uma vez por dia, podia ser quando eles se lembrassem que os prisioneiros também comiam. Talvez seja assim que você morreu. Alek disse olhando o cadáver, enquanto terminava de se deitar.

Então os passos em direção a eles foram se tornando mais audíveis, mais de um par de pés. E mais de uma voz. Não conheço você.

— O cheiro é terrível. Esperaram uma quinzena pra me chamar?

— Alguns dias apenas.

— Poderia ter infectado os outros.

— São criminosos. Quem se importa.

— Eu, idiota. — Disse a voz mais imperativa agora. — Eu me importo.

Então surgiram no corredor, um homem com um jaleco branco e cabelos penteados para trás, brilhando, um par de lentes sobre os olhos, em uma armação pequenina, na orelha havia uma engenhoca metálica ligada a uma caixa do tamanho de um ovo, parecia pesar, pois a orelha do homem puxava para baixo. Ele tinha também bolsas d’água abaixo dos olhos e parecia cansado. Usava galochas negras de couro e tinha na cintura um cinto repleto de ferramentas.

— Abra essa maldição, seja útil uma vez na vida, sim!

— Não trouxe nenhum dos seus capangas?

— São aprendizes, não capangas. Confunde-me com sua estirpe! — O homem de jaleco disse para Amon, o guarda rude que Alek desgostava.

O homem esperou paciente enquanto Amon destrancava a cela.

— Ai está.

— Espera que eu entre na cela como um ordinário das ruas? Retire o corpo de lá!

— Não vou...

— É uma ordem, não um pedido. — O homem no jaleco disse apontando o dedo para Amon, que a contragosto entrou na cela, chutando o pé de Orfeu, que despertou sem mostrar susto, apenas recolheu as pernas e olhando ao redor, situando-se, se sentou. — E este é o novo que Zeno trouxe?

— O próprio, mago abusado. — Alek rolou os olhos e aquilo não passou despercebido para o homem no jaleco.

— Por que não o mataram, é sempre o que fazem nesses casos.

— Testemunhas, estavam na rua, ao que parece. — Amon disse sem interesse, puxando o corpo que, estando já rijo, caiu de lado com o som de um coco se partindo no meio. Então puxando pelo pé, Amon levou o defunto para fora da cela.

— Você, menino, saia aqui.

— Tenho vinte ciclos, não sou menino algum.

— E eu tenho sessenta, para mim é um menino, e petulante além de tudo, talvez por isto esteja preso, já lhe ocorreu à ideia?

— Vai levar ele agora? — Amon perguntou assim que puxou o defunto para fora.

Alek ainda estava dentro da cela, de pé agora.

— Me levar?

— Creio que sim, se este corpo tiver infectado aos três, quero falar com ele antes que todos morram.

— Me levar aonde...

— Qualquer lugar que não este será um avanço, eu diria. — O homem no jaleco disse, então esticou a mão para dentro da cela. — Sou o Doutor Cnaeus Alagorv. Se puder fazer a gentileza de me acompanhar...

— E o corpo? — Amon perguntou.

Alagorv então recolheu sua mão e olhou para o guarda.

Alek olhou para Kaedra que parecia atônita e amedrontada, ela fazia que não com a cabeça. Quando olhou para Orfeu, ele sorriu.

— Foi bom te conhecer, bruxinho. — Ele disse, baixo, mas o Doutor Alagorv ouviu, se virou para Alek, recuou da porta da cela.

— Saia, sim, vamos. Ora, não seja um covarde, pelo que ouvi é bem valente, está com medo de um doutor? — Alagorv sorriu, então mudou de expressão como água passando no rio. — Não tenho tanto tempo assim, meu caro. Ou vem, ou lhe deixo ai, mas aonde está não verá sua família novamente!

— Alek, não. — Kaedra apenas movimentou os lábios.

Alek entendeu, porém fingiu que não, seu peito encheu-se de esperança. Este homem... Conseguirei falar com ele, diferentemente dos guardas. Com ele conseguirei o que quero. Quase sorrindo por sair dali, Alek começou a andar, atravessou a porta da cela enquanto Amon a trancou atrás dele, ouviu a trava, o trinco. Deixava Kaedra e Orfeu para trás, lançou um rápido olhar para eles, e Orfeu riscava o chão com seus dedos enquanto Kaedra olhava para ele com os olhos tristonhos como de cachorro abandonado.

Alek tremia a cada passo, medo e felicidade misturados como nunca antes, então olhou para frente, para o caminho que fizera há... Quantos dias mesmo? Sequer se lembrava. Era como se a noite ali jamais acabasse. Mas acabou. Já podia até mesmo ouvir sua mãe e irmãs.


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Notas finais do capítulo

Falou família, desarmou o Alek. Até quando?
Espero que tenham gostado pessoal. Até o próximo capítulo!!! :D



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