Anais de Tëmallön; Os Livros Sagrados escrita por P B Souza


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Eu demorei, mas voltei! Desculpem sumir ~e já vou responder os comentários~. Em minha defesa, estou doente e bem desanimado por conta da doença, muita febre e o trabalho não perdoa né!
MAS isso aqui não é pra ouvir meus lamentos, mas sim os de Alek.
Sendo assim, boa leitura :)



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No começo, pensou que era o fedor natural das prisões. Depois de algumas horas percebeu que não. Ele está parado demais até mesmo para um homem dormindo. Aquele cheiro...

— Ele morreu? — Perguntou discretamente, olhando para a mulher.

— Há dois dias. Já está começando a feder. Mas eles não se importam. — Ela respondeu de imediato, então olhou o corpo do homem, sentado de pernas cruzadas, apoiado na parede, os olhos estavam fechados e os braços cruzados sob as pernas. — Ele foi dormir, e não acordou mais. Eu o ajeitei assim, para ocupar menos espaço.

O outro homem soltou um risinho.

— O que tem de engraçado nisso? — Ela explodiu como se tivesse se ofendido, Alek olhava de um ao outro.

— Você não entenderia. — Ele respondeu. Era a segunda vez que Alek ouvia a voz daquele ali. Sequer sabia seu nome, ao passo que a mulher se chamava Kaedra e estava presa ali há mais de sessenta dias, ou menos... Era difícil saber quanto tempo havia passado ali, sem sol, sem pássaros, sem grilos, sem vento, sem nada além das luzes artificiais presas no teto que jamais eram desligadas. — E nem precisa. Logo eu estarei saindo daqui.

— Nem os mortos saem daqui. — Alek disse então, baixinho, apontando o corpo.

— Pretendo sair ainda vivo! — O homem retorquiu com ar de ambição.

— Sempre tem os que prometem fugir todo dia. — Kaedra quem respondera então. — E engraçado; você continua aqui todo dia!

Dessa vez Kaedra quem sorriu, mas aquilo mudava tudo. Ele quer... não, querer é uma coisa. Ele pretende fugir. Alek sabia disso, pois no chão, talhado com muito esforço e sangue usando as próprias unhas, o homem havia feita centenas de marcas, e de tempo em tempo (Talvez todo dia, ou duas vezes por dia? É difícil saber) ele riscava uma das várias marcas, mas havia vários tipos de marcas e formas de riscá-las, como um sistema único que apenas a mente daquele homem podia decifrar. Brilhante. Para Alek, não entender era justamente o que fazia o sistema ser excepcional.

Alek não via como aquilo poderia ser útil, mas apenas o fato de alguém saber ler já era grande novidade, mas ao ver que o homem entendia de criptografar mensagens usando símbolos em alternância... Isso deixou Alek surpreso.

— E você, mago, é de onde? — O homem perguntou então.

— Por que todos querem saber isso?

— Eles não vão ir atrás da sua família se disser o que eles querem, se é isso que teme. São cruéis, mas honrados de certa forma. — Alek ouviu aquilo com interesse. Nunca havia escutado ninguém chamar os guardas do pilar de honrados, mas cruéis já, muitas vezes.

— Não sou mago. E sou do norte.

— Terra de mago! — Ele retorquiu. — Fiquei sabendo que desde a guerra das capas negras os magos tem se escondido.

— Não seja estúpido, — Kaedra rompeu o próprio silêncio. — Os magos governam Alnia-sar, não é?

Alek então olhou para um, para o outro. Era mais complexo do que aquilo, aquela dualidade fora exatamente o que causou a guerra.

— A Ordem de Hasgyz controla Alnia-sar desde antes da guerra, o Rei dos Reis entregou essa honra para a Ordem, são todos respeitados lá, bem queridos e protegidos pela Ordem. Magos ou não, isso não importa...

— Importa para o regente. — O homem interrompeu.

— Regente? — Alek então perguntou, destoando sua voz calma para um tom preocupado.

— O Rei dos Reis tem um regente. — Kaedra disse. — E um primeiro ministro. Poucos sabem, ele está se exibindo, mas só descobriu do regente aqui!

— Assim como você! — O homem retorquiu para Kaedra em um tom de represália. Então se ajeitou e olhou para Alek. — O que importa é, você é ou não é um bruxinho sujo?

Alek fechou os dedos contra a palma de sua mão e sentiu as unhas contra pele enquanto olhava o homem e pensava nas maneiras de fazê-lo gritar, e como não daria certo. Sua raiva era momentânea e sua habilidade era pífia, enquanto o homem na sua frente parecia ser do tipo que adorava brigar por coisa alguma, justamente por isto que em vez de responder com farpas, Alek engoliu em seco e respondeu tentando soar desinteressado.

— Não sou bruxo, ou mago, ou feiticeiro caso pergunte. E o que ocorreu foi um acidente, um mal entendido que explicarei para o Rei dos Reis ou para o regente, que seja. Quando tiver a audiência...

Então o homem começou a rir, sua gargalhada rompeu o silêncio do corredor e fez que prisioneiros acordassem, Alek parou de falar ao ouvir a estridente risada enquanto ele balançava de um lado para o outro. Os presos do lado escuro do corredor gritaram por silêncio, mas da forma mais rude possível.

Alek então olhou para Kaedra, que também possuía um sorriso contido, como se soubesse que era feio rir na cara das esperanças dele, mas não conseguisse conter. Se não fosse a raiva que sentia daquele homem, Alek poderia até ter entendido, a risada dele era, de certa forma, contagiosa. Parecia uma gargalhada genuína, mesmo sendo cruel!

— CHEGA! — Berrou então, deixando de lado seus pensamentos, se pôs de pé em um salto e fechou o rosto em uma expressão zangada, punhos fechados, olhava furioso para o homem.

— Em Alnia-sar também falam do outro mundo e que é só rezar para ir lá? — Ele disse se levantando, frente à Alek. Era um pouco maior, mas visivelmente mais forte. Alek murchou frente ao homem que, dado o tempo encarcerado, estava também com aspecto rude e uma barba que crescia dia após dia, já tendo quatro dedos de comprimento em nós. — Você parece que não entende muito do mundo, então deixa eu te explicar uma coisa simples; Você Nunca Vai Ver O Rei Dos Reis.

— Eu...

Então ele empurrou Alek, que titubeou e caiu no chão, batendo as costas nas grades.

— Parou! — Kaedra quem saltou desta vez, se colocou entre os dois e olhou para o homem. — Chega Orfeu. Já provou seu estúpido ponto, vai riscar seus desenhos patéticos no chão.

Orfeu deu de ombros com um sorriso malicioso enquanto se virava e ia ao canto da cela, ao lado do homem morto.

Então esse é seu nome. Alek refletiu, se colocando de pé negando com um aceno de cabeça a ajuda de Kaedra. Então estavam os dois frente a frente, e ela olhou para Alek com pena.

— Ele é um idiota, mas está certo, sabe? Não há audiências, são só histórias lá de baixo, de Tëmallön. Ninguém vê o Rei dos Reis, nem o regente.

— Mas eu preciso explicar...

— Eu sei. — Kaedra viu os olhos de Alek marearem. Ele rendeu-se aos sentimentos então, lembrou-se da família e mais uma vez sentiu a dor de ser incapaz. Ela então colocou a mão em sue ombro e completou, com uma voz quase fúnebre — Mas não vai.


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Notas finais do capítulo

As coisas sempre pioram antes de melhorar, certo?
...
Eu gastei um tempo criando algumas artes para a história, acho que vão gostar. Sempre que possível vou ir colocando-as pelos capítulos! Até o próximo pessoal



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