Terremoto escrita por Moonpierre


Capítulo 1
Terremoto


Notas iniciais do capítulo

Algo simples que escrevi....



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Para: Você. 

"Desabafo de um personagem"

—-

Sinto meu coração acelerar, pouco a pouco, e as lágrimas transbordarem. Sem licença. 

Minhas mãos tremem, a respiração encurta, e não consigo engolir minha própria saliva (faço um esforço para isso). 

Os pensamentos começam a surgir como um disparo de fogos de artifício, fazendo ruídos altos, desaparecendo e (re)surgindo. Eles te deixam confuso e te fazem se sentir um lixo.

Não há mais vontade de conversar. É como se sua boca estivesse costurada, e seus dedos imobilizados, te impedindo de visualizar as mensagens no seu celular.

O que eles vão pensar?

Vão achar que sou louco.

O que vou fazer?

Eu não sei.

Por que sinto essa angústia insuportável?

Ela não passa.

Parece que a dor que vem de dentro é sempre pior do que a que vem de fora. 

A de fora só acentua um pouco mais a de dentro.

Você desabafa com a folha de papel, como se ela fosse sua melhor amiga, pois até suas crenças andam abaladas no momento.

Parece que tudo sofreu um terremoto. As fundações dos edifícios mais importantes foram destruídas. 

Só não pergunte como eu me sinto. Não pergunte meus objetivos. Não pergunte sobre meus sonhos.

Não fale a meu respeito, não fale mais comigo.

Me deixe completamente em paz.

Eu preciso disso.

Mesmo que ninguém consiga entender o porquê de eu estar me afastando.

O porquê de eu não estar dando a atenção merecida.

O porquê de eu ser negativo e ter crises. 

Eu só preciso fugir daqui - o mais rápido possível - antes que enlouqueça completamente.

Minha maneira de lidar com os problemas é essa: jogá-los para baixo do tapete, na esperança que a poeira seja absorvida pelos ácaros e não volte para me assombrar.

Eu tenho essa doce ilusão. Minto para mim mesmo descaradamente.

Eu estou sempre me auto-enganando.

Não sinto que tenho culpa. 

Tenho essa mente doente e estúpida, que me faz sentir um grandíssimo imbecil. 

Ela sempre prega peças em mim. 

Parece que quer me ver sofrendo. 

Quando essas malditas emoções se tornam insuportáveis - pois, elas voltam e eu não tenho nenhum controle sobre elas - arranho a pele do meu braço até sangrar.  

Eu odeio me sentir assim, e esse ódio passa a ser auto-ódio.

Todo esse fracasso.

Todas essas decisões idiotas.

Tudo isso junto.

Eu nunca me senti mais desesperançoso do que agora. 

Mais destruído.

É incrível como alguém como eu - grande perfeccionista - sofre mais com suas auto-falhas do que com todos os traumas do passado.

Esses últimos vem te fazer uma visita, só que não ficam permanentemente te rondando.

Não são como seus pensamentos que grudam como cola super-bonder.

Aquele trauma de verão é passado.  

Já cansei de tentar ser compreendido - mesmo por vocês, leitores - ninguém faria um esforço para tentar me ajudar. 

(mesmo assim, não consigo contar para ninguém). 

Minha mente já me traiu diversas vezes. 

E eu estou cansado.

Muito cansado.

De tudo isso.

Você pode me deixar em paz?

Não converse comigo.

Não me pergunte se eu estou bem.

Não me pergunte o que eu faço, ou o que eu quero fazer.

Não me convide para nenhum lugar.

Não note minha infelicidade se você nunca notou antes!

Simplesmente finja, como eu estou fazendo. 

Me sento no cume da montanha. 

Ninguém desce dela assim (acordou um dia bem e resolveu descer com extrema facilidade). 

Vou ter que observar muitas estrelas, passar muito frio, fome, e calor, até entender as coisas e ter força para descer dele, mesmo que leve horas, dias, séculos.

É uma tarefa solitária. 

Tenho que ter mais persistência do que acho possível eu ter.

Minha mente não me ajuda - eu tenho medo dela. 

Eu sou tudo ou nada.

Isso me faz sofrer ainda mais.

Eu sou daqueles tipos que ou é assim, ou não é.

Fumo meu cigarro, bebo dezenas de bebidas. Entro nos meus vícios.

Tudo para esquecer da minha vida.

Vivo um dia após o outro. Às vezes ficando acordado na madrugada não querendo que o outro dia chegue. 

Eu odeio quando ele chega, e a realidade se apresenta. 

Quando isso tudo vai acabar?

—-

"Eu não sei..."

Assinado: Anônimo. 


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