Pining escrita por Tai Bluerose


Capítulo 3
Excitação




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Capítulo III

 Excitação.

 

Trancou a porta do quarto, largou a mochila num canto e se jogou sobre a cama. Mesmo uma hora depois, seu coração ainda batia acelerado.

Que maluquice foi aquela daquele idiota? Que ideia absurda era essa de beijar alguém assim, sem mais nem menos?

Ciel passou os dedos sobre os lábios, fechando os olhos inconscientemente. Ele conseguiu lembrar do rosto de Sebastian bem perto do seu, da sensação dos lábios dele em sua boca, do calor de seu corpo. Ciel abriu os olhos, vermelho e chocado, e grunhiu de raiva e frustração.

Por que Michaelis tinha feito aquilo? O que ele pretendia? Terá sido apenas para afrontar e irritar Ciel? Não.

― E por que não me avisou?

― Porque, obviamente, eu queria que você viesse.

“Eu queria que você viesse.”

“Que você viesse.”

Seria isso mesmo? Seria verdade?

Durante todo aquele tempo, desde o sorteio dos grupos de trabalho na aula do Druitt, Ciel teve a impressão de que Sebastian estava aprontando alguma coisa. Levando em consideração seu histórico com Sebastian, Ciel logo concluiu que seria algo ruim. Ele só não sabia quando isso viria à tona.

Naquela tarde, em particular, o comportamento de Sebastian tinha deixado Ciel mais desconfortável que o normal. Não porque Sebastian estava sendo malvado e sarcástico. Mas porque Sebastian estava sendo legal e sarcástico.

Quando Ciel descobriu que Sebastian tinha desmarcado com todos exceto ele, Ciel concluiu que aquele era o plano sórdido. Fazer Ciel de bobo. Mas levando em conta o desfecho daquela tarde, sobretudo o beijo que não fora um beijo qualquer, dado sem querer, foi intenso ― Ciel percebeu que Sebastian tinha mesmo planejado algo para Ciel naquela tarde. Mas não era uma armadilha, era um encontro.

Um encontro! Soava absurdo só de pensar.

Lembrando agora, com a cabeça fria, Ciel tinha notado que havia pipoca e refrigerantes demais para uma pessoa só; mas o suficiente para duas. Havia dois puffs, que não estavam lá no sábado anterior. Um filme que, embora não fosse romântico, sem dúvida chamou a atenção de Ciel. E Sebastian mais de uma vez tentou fazer Ciel se juntar a ele.

“Porque, obviamente, eu queria que você viesse.”

De repente, Ciel começou a rir. Porque se sentia um idiota, e porque a simples ideia de que Sebastian Michaelis tinha dado em cima dele ―tinha beijado ele ― era muito absurda.

Tudo parecia absurdo agora. Inimaginável. Ciel simplesmente não podia acreditar que Sebastian Michaelis, Sebastian Michaelis tinha o beijado. Isso era simplesmente a única coisa que Ciel jamais esperaria dele. Mas o mais assustador, era não conseguir parar de pensar naquele beijo. Mais assustador ainda, foi começar a imaginar como aquela tarde poderia ter sido mais agradável e ter terminado diferente se ele tivesse sido menos paranóico e mais gentil com Sebastian.

Ciel se viu ansioso e receoso de encontrar Sebastian na segunda-feira.

.

Ciel não precisou se preocupar em ter que encarar ou falar com Sebastian na escola, Sebastian fez isso por ele.

Sebastian evitou estar no mesmo lugar que Ciel sempre que podia. Quando os dois estavam em sala de aula, Sebastian evitava mesmo olhar para Ciel. Isso era uma mudança drástica. Sebastian que nunca perdeu uma oportunidade de provocá-lo e importuná-lo, agora nem sequer olhava em sua direção. Ciel começou a ficar irritado. Qual era o problema do Michaelis? Ele estava envergonhado ou zangado com Ciel?

Na quarta-feira, durante a aula de química, Ash Landers fez uma piadinha com Ciel. Ash ainda deu uma cutucada em Sebastian com o cotovelo, incentivando-o a participar da brincadeira, o que geralmente Sebastian faria. Mas Sebastian apenas olhou para Ciel por dois segundos e disse qualquer coisa a Ash, que Ciel não conseguiu escutar. Ash desistiu de continuar a provocação.

Ciel estava guardando seus livros no armário quando Sebastian finalmente veio falar com ele na sexta-feira. Sebastian simplesmente encostou-se aos armários ao lado e entregou um pendrive a Ciel.

― O que é isso? ― Ciel perguntou ao pegar o objeto.

― É o trabalho do Sr. Druitt. Você pode ler e fazer a alteração que quiser. Mas se não quiser, é só enviar para o Sr. Druitt.

― Você fez todo o trabalho sozinho?

― É. Fiz. ― Sebastian deu de ombros. E se moveu para sair.

― Não é assim que devem ser feitos trabalhos em grupo.

Sebastian parou e se voltou para Ciel.

― Mas nós sabemos que é assim que a maioria é feito.

― Mas eu não costumo ganhar nota nas costas dos outros. Eu participo.

― Por isso estou te entregando o trabalho digital para você incluir ou excluir o que quiser.

― Então não vamos nos reunir no sábado? ― disse Ciel. Era uma pergunta idiota, ele sabia. Mas mesmo assim ele a fez.

Sebastian olhou fixamente para Ciel, procurando algo em seu rosto. Sebastian estreitou os olhos, como se estivesse desconfiado ou com raiva.

― Obviamente, não. ― Sebastian respondeu secamente.

Sebastian se afastou pelo corredor e entrou no banheiro masculino. Ciel ficou parado, olhando de longe.  A raiva, a irritação e a frustração começaram a crescer em seu peito. Ele fechou a porta de seu armário com mais força do que necessário, o som metálico se espalhou pelo corredor.

Ciel seguiu os paços de Sebastian até o banheiro e o encontrou lavando as mãos na pia.

― Por que você está com raiva de mim? ― Ciel praticamente cuspiu a pergunta. ― Sou eu quem deveria estar com raiva aqui. Afinal de contas, foi você quem me beijou a força e não o contrário

― Quer calar a boca! ― Sebastian ignorou a expressão de desaprovação de Ciel e foi verificar se havia mais alguém no banheiro que poderia ter escutado, mas eles estavam sozinhos. Quando se voltou para Ciel, o jovem tinha um sorriso no rosto, os braços cruzados em frente o peito.

― O quê? Você tem medo que saibam que você gosta de beijar outros garotos?

― Você não tem?

― Eu não me importo com o que os outros pensam de mim ou sobre minha sexualidade.

― Então você é mesmo gay. ― Sebastian sussurrou.

― Você me atraiu pra sua casa, me beijou e nem mesmo tinha certeza se eu era gay?

― Eu tinha 70%  de certeza. Você flertava comigo.

― O quê?! ― Ciel riu. ― Você está delirando. Nunca fiz isso.

― Fez, você fez. Pode ter sido inconscientemente, mas fez.

― Você é doido, Michaelis. Não se iluda com fantasias da sua cabeça. Eu conheço o seu tipo. Gostava de me perseguir, de me agredir e de me sacanear. Dizia pra todo mundo que não gostava de mim, mas escondido ficava pensando em mim enquanto se masturbava. Estou errado? ― Ciel olhou para ele, desafiante. Sebastian parecia irritado. ― Sempre rodeado por garotas. O conquistador. Sabe o que eu acho? Acho que você é um covarde que tem medo de sair do armário. Fique longe de mim.

― Eu fiquei. Você veio atrás de mim.

― Pra deixar claro que não quero nada com você.

― Vai dizer agora que não gostou do beijo?

― Eu odiei. Não vejo a hora de esquecer. Você me dá asco.

Sebastian agarrou Ciel pelo colarinho do uniforme e o arrastou com violência para uma das cabines. Fechou a porta e jogou Ciel contra ela. No momento seguinte, Sebastian pressionou seus lábios rudemente contra os de Ciel. Ciel tentou empurrá-lo para longe, mas Sebastian segurou seus pulsos com força, prendendo seus braços acima da cabeça e pressionando seus corpos juntos em um movimento sinuoso.

Ciel ainda tentou se debater e se afastar movendo as pernas, mas a ação só aumentou o atrito entre seus corpos. Era inútil lutar. Não contra Sebastian, mas contra a sensação inebriante de excitação ao ser pressionado de maneira tão brusca. Ciel ficou espantado consigo mesmo quando percebeu que estava abrindo a boca e permitindo que Sebastian avançasse.

Deus, a língua de Sebastian era quente. Ciel se tornou muito mais consciente do perfume de Sebastian, de sua respiração e de seu corpo roçando contra ele sem qualquer delicadeza. Algo na sensação de ser tomado a força, de ser feito submisso o deixava excitado. Ciel estava assustado, mas tampouco queria parar.

O beijo era úmido e lascivo. Ciel sentiu o calor e a pulsação aumentar na parte íntima de seu copo, onde Sebastian insistia em pressionar-se. Ciel gemeu involuntariamente, e Sebastian se afastou.

Ciel olhou para Sebastian sem compreender, sua cabeça ainda nebulosa pela excitação.

― Não foi o que pareceu. ― disse Sebastian. ― Você ficou excitado. Eu senti.

Ciel corou. Ainda mais. Sebastian abriu a porta da cabine, forçando Ciel a deslizar para o lado, e saiu do banheiro sem olhar para trás.

Ciel levou algum tempo para normalizar sua respiração. Quando o fez, chutou a porta da cabine com força. O barulho quase ocultou seu grito de raiva.




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Notas finais do capítulo

Comentários são bem vindos, se desejar fazê-los.
Nos vemos em breve.



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