Fighting for Love escrita por ParkLucy


Capítulo 7
Reencontros parte 1


Notas iniciais do capítulo

Aigooooo, uma eternidade que não posto aqui :'(
mas eu voltei com um capítulo gigante, para me redimir! Mantendo a tradição de capítulos gigantes em FFL kk
Desculpem pelos erros, boa leitura ♥



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O sol nascia num tom avermelhado como se tivesse levado um banho de sangue, sinal de que algo ruim tinha acontecido na noite passada. Mal sabia Nayeon que algo realmente tinha acontecido.

A princesa estava novamente sentada na sacada de seu quarto, observando aquela linda vista que sob a pouca luz do sol se tornava ainda mais fascinante. Nayeon não conseguiu dormir a noite passada, ainda estava em êxtase por toda a liberdade que sentira no dia anterior. Admirava as pequenas casinhas de madeira e se pegou pensando em como seria viver como eles. Não adiantava ter vestidos bonitos, jóias e o titulo de princesa, Nayeon trocaria tudo isso pela sua liberdade.

 Ainda apoiada na sacada de sua varanda, a morena fecha os olhos e relembra tudo que viveu nas últimas horas, cada detalhe, cada morador que conheceu, cada decoração e principalmente o rosto do moreno de olhos expressivos que insistia em não sair de sua mente e lhe causar arrepios.

— Quem é você, Pepi? – Nay pergunta em voz alta, não conseguia controlar sua curiosidade sobre o moreno. Olhando pela varanda, a princesa se perguntava onde estava Pepi naquele exato momento.

 Nay não conseguia parar de sorrir, a cada pensamento sobre Pepi descobria um sentimento novo, uma sensação nova.

— Aish. O que posso fazer para te ver novamente? – ela volta a falar sozinha – estou ficando maluca.

A princesa abre um grande sorriso ao constatar que falava sozinha, ela precisava voltar à cidade, precisava sentir o toque do moreno novamente, ver aqueles olhos escuros como mogno e tão intensos e expressivos. Mas como faria para ir à cidade novamente? Sem que sua mãe a visse ou algum guarda. Então a imagem de Mark lhe veio em mente. Sabia que o moreno não negaria um pedido seu.

—Não. Pedir ajuda ao Mark não é uma opção, não posso colocá-lo em risco novamente.

O som de batidas na porta do quarto faz Nayeon se calar rapidamente. Quem poderia ser tão cedo? Mark sempre vai visitá-la à tarde. Ela suspira pesadamente e sai da varanda indo até a porta. Ao abrir a porta, a princesa não consegue esconder sua expressão de espanto ao encontrar sua mãe parada ao lado de fora.

“O que a rainha quer comigo tão cedo?” — ela pensa e logo se afasta com a cabeça abaixada, dando espaço para sua mãe entrar. Quando está perto da rainha todos os lugares são mais interessantes de olhar, principalmente seus próprios pés, tinha medo de encarar sua mãe nos olhos.

— Que bom que já esta acordada, Nayeon – SeonDeok fala, sua expressão estava fria e dura como sempre. Nayeon não sem recordava de um momento no qual sua mãe tenha sido carinhosa ou apenas ter dito palavras reconfortantes.

— Bom dia, eomeoni – Nay fala com um tom de voz baixo, sem encarar diretamente a mais velha. Notou o tom de voz ainda mais serio da rainha e ficou nervosa.

A mulher encara a filha de forma fria e nada fala. Olha em volta do quarto da garota encontrando apenas a cama desarrumada.

— Eu vou ser direta. Seu irmão retornou, chegou ontem à noite – ela fala sem olhar para a menor, porém logo a encara com um olhar decidido e continua seu discurso – seu destino está próximo, devido a alguns conflitos no conselho preciso que esse casamento saia o mais rápido possível ou perderemos o trono.

A cada palavra dita pela rainha, Nayeon sentia seu coração apertar e seus olhos encherem de lágrimas. Tentava respirar, mas parecia que havia desaprendido como fazer. Sempre soube seu destino, mas agora com ele tão real e batendo em sua porta, estava assustada.

— Você sempre soube seu destino, Nayeon. Não tem motivos para chorar, você foi criada para isso. Nós da família real não podemos nos dar o luxo de viver com liberdade – a rainha volta a falar ao perceber o estado da princesa.

— Si...sim eomeoni – foram as únicas palavras que Nay conseguiu pronunciar.

SeonDeok solta um longo suspiro de frustração pela fraqueza de sua filha e sai do quarto da mais nova sem lhe dirigir um único olhar. Carinho, amor ou compaixão eram fraquezas na opinião da rainha.

Com a saída da rainha, o ambiente ficou mais leve e Nayeon se permitiu desabar, caindo ajoelhada no chão. Logo seu rosto é preenchido por lágrimas, ela chorava por desespero, pois, sabia que estava destinada a viver em um casamento sem sentido com seu irmão que nem conhecia, seria infeliz pelo resto da vida.

O rosto de Pepi veio em sua mente, aquela expressão de surpresa do rapaz enquanto a tinha em seus braços, fazendo as lágrimas da princesa aumentarem. Precisava encontrá-lo uma última vez, para se despedir de um amor que nem se quer teve a chance de começar e viver.

Rapidamente ela se levanta do chão frio e vai até seu armário de roupas, pegando o vestido que Mark a entregou no dia anterior pertencia à irmã do moreno. Ela tinha se decidido, fugiria para a cidade, iria atrás de Pepi.

***

Jackson só queria ficar em paz e escutar o canto dos pássaros naquele começo de manhã, mas tinha alguém que não o deixava fazer isso. O chinês solta um longo suspiro e olha para trás, encarando Jae que dormia com uma expressão cansada e roncava alto.

— Aigoo, parece um porco sendo torturado – comenta em voz alta, arrancando uma risada divertida de Pepi que tinha acabado de voltar à varanda onde passaram a madrugada – Como você conseguiu dormir durante todos esses anos?

— Com o tempo você se acostuma e nem escuta mais – Pepi responde com um sorriso no rosto. Pega um dos cobertores que Dahyun deixou e cobre o loiro, fazendo um leve carinho nos cabelos claros de Jae – Está uma manhã fria.

Pepi senta ao lado de Jackson nos degraus da escada que dava para um lindo jardim. Na madrugada, Dahyun gentilmente tinha feito algo para eles comerem e entregou-lhes cobertores. Jae logo pegou no sono devido ao cansaço, mas Pepi e Jackson não conseguiram pregar o olho. O médico passou a madrugada inteira com Jaebum e não tinham nenhuma noticia o que só aumentava a preocupação dos garotos.

— Sim, frio e calmo, como se nada tivesse acontecido – Jackson comenta e olha para o céu alaranjado por causa do nascer do sol, ele tentava ignorar os tremores em seu corpo por causa do frio.

— Acha que JungMyeon vai conseguir salvá-lo? - Pepi volta a falar, com um tom mais serio e uma expressão preocupada se referindo a Jaebum.

— Ele vai dar o melhor, é um grande médico – Jackson responde o amigo e o encara sorrindo, tentando tranquilizar o moreno.

— Jae me contou tudo o que você fez ontem, ele virou um grande admirador seu.

— Só coloquei em prática os ensinamentos do meu pai, achei que nunca conseguiria usar minhas habilidades – Jackson comenta com um leve sorrido e volta a olhar para Jae.

— Você teve coragem, Jackson! Você salvou Jaebum, protegeu o Jae, protegeu todos nós – Pepi fala e encara o chinês nos olhos, colocando uma mão no ombro do mesmo – Obrigado, Jackson.

O chinês retribui o olhar de Pepi com um sorriso nos lábios e dá leves tapas nas costas do mesmo. Não conseguindo resistir mais ao cansaço e aos calafrios que sentia, Jackson se permitiu deitar naquele chão frio de madeira, com um braço atrás da cabeça e as pernas sobre os degraus da escada.

— Acho que tive um pingo de coragem, o medo por Jaebum morrer me moveu, sabe? Eu não consigo entender, conheço vocês há tão pouco tempo, mas é como se nos conhecêssemos a vida inteira. Eu me importo com vocês – O chinês comenta de olhos fechados, se esforçando para falar, mas já sentia seu corpo pesado, adormecendo aos poucos.

Pepi abre um grande sorriso com as palavras de Jackson e encara o amigo, notando que o mesmo tinha caído no sono. Observando Jackson dormir, Pepi só conseguia pensar no quanto o chinês tinha sofrido durante esses três anos vivendo sozinho e longe da família.

— Você tem mais coragem do que imagina, Jackson Wang. Pode ter certeza que assim como você se importa conosco, nós nos importamos com você e não está mais sozinho – Pepi fala baixinho para não acordar o amigo e faz carinho nos cabelos castanhos de Jackson.

Pepi se assusta ao perceber que Jackson estava muito quente e suava frio, rapidamente levou uma mão até a testa do chinês checando sua temperatura, estava com febre.

— Bom dia, Pepi – A voz doce de Dahyun chama atenção do moreno, que a olha com desespero – Aconteceu alguma coisa?

A garota pergunta ao notar que Pepi não parecia bem, se aproximou do moreno e notou que Jackson dormia ao lado do rapaz. Abriu um sorriso ao admirar a expressão serena do chinês, como era lindo! Porém, logo parou de sorrir ao notar que o mesmo tremia.

— Ele está muito quente, Dahyun – Pepi fala quando a garota se ajoelha do outro lado de Jackson.

Dahyun coloca a mão na testa do moreno e no pescoço para ter certeza de que estava febril. Morde os lábios apreensiva pensando no que poderia fazer para ajudar Jackson.

— Precisamos mantê-lo aquecido. Aish, a ferida dele deve ter inflamado e causado a febre – a garota volta a falar preocupada com o único rapaz que já fez seu coração bater mais rápido.

— O que podemos fazer? – Pepi pergunta sem esconder a preocupação pelo seu amigo.

— Vamos levá-lo para o quarto do meu irmão, precisamos de água para fazer compressa e comprar gengibre no mercado para fazer um chá.

— Certo – Pepi fala e se levanta rapidamente indo acordar Jae para ajudá-lo – Jae... Jaee.

O loiro sente seu corpo ser chacoalhado com um pouco de força e abre os olhos assustado, olhando em volta e se deparando com o rosto desesperado de Pepi, o que fez o loiro levantar rapidamente.

— Aconteceu algo com o meu hyung? – perguntou com uma pontada de medo na voz, seu coração estava apertado.

— Não temos noticias sobre o Jaebum ainda. Preciso que me ajude com o Jackson, ele não está bem – Pepi responde e olha na direção do chinês, não escondendo sua expressão surpresa ao encontrar Dahyun fazendo carinho nos cabelos de Jackson com uma expressão preocupada no rosto.

Jae entendeu o que estava acontecendo ao olhar para o chinês e logo foi ajudar Pepi a pegar o amigo no colo. Dahyun guiou os garotos até o quarto do irmão que ficava ao lado do seu. Aquele quarto não era freqüentado já tinha um bom tempo, mas seu pai insistia em deixar tudo como era, como se tivesse esperança que um dia seu filho fosse voltar.

Dahyun estende um cobertor grosso no chão para improvisar uma cama e sai para pegar uma bacia com água e toalhas. Pepi e Jae colocam Jackson que estava adormecido em cima do cobertor.

— Será que vamos ter um momento tranquilo nessa cidade? – Jae pergunta encarando Pepi. Não conseguiram descansar desde que chegaram naquela cidade, a cada hora algo novo e ruim acontecia.

— Vamos sim, tudo vai acabar bem! Jaebum vai sobreviver e Jackson vai ficar bem – Pepi tentou passar confiança ao mais novo.

Dahyun entra no quarto de forma apressada, chamando a atenção dos garotos. Ela coloca uma bacia com água ao lado da cama improvisada e cobre Jackson com outro cobertor grosso. Retira algumas moedas de prata do bolso de seu vestido e entrega a Pepi, que as pega rapidamente.

— Podem ir até o mercado comprar gengibre? E um pouco de centella para a inflamação.

Jae olha apreensivo para Pepi, obviamente o loiro não queria voltar na cidade. Onde tinham guardas que poderiam reconhecê-los, mas era necessário, Jackson precisava.

— Claro, voltaremos o mais rápido possível – Pepi responde, guarda as moedas no bolso da calça azul que usava e puxa Jae para saírem rapidamente do quarto.

Ao saírem de forma apressada acabam esbarrando em Im Jungmyeon que encarou os garotos de forma curiosa. O médico possuía uma expressão cansada, pois passara a madrugada inteira tentando estancar o sangramento do garoto ferido.

— Desculpe Senhor, estamos apressados para ir comprar remédios para o nosso amigo que acabou ficando doente – Pepi rapidamente fala e faz uma reverencia em respeito ao mais velho, sendo imitado por Jae.

— Como está nosso outro amigo, senhor? – Jae pergunta se referindo a Jaebum.

— Fiquem tranquilos, consegui estancar o sangramento e agora ele está dormindo, só precisamos esperar ele acordar. Podem ter boas esperanças – o médico responde com um leve sorriso no rosto, sem conseguir parar de encarar o garoto com os olhos de sua falecida amiga Kim Chi.

— Obrigado senhor, obrigado – Pepi e Jae falam ao mesmo tempo, reverenciando. Ambos estavam aliviados, mas agora precisavam se preocupar com Jackson. Então logo se despediram do médico, informando que precisavam ir ao mercado e que Dahyun estava no quarto cuidando de Jackson.

JungMyeon solta um suspiro pesado pelo cansaço e vai até o quarto de seu filho, sempre doía ter que entrar no local, tinha evitado isso durante todos esses treze anos. Abriu lentamente a porta, encontrando sua filha fazendo compressa na testa do rapaz com características chinesas.

— Aboji, que susto! – Dahyun fala ao notar seu pai parado na porta – Como está o rapaz ferido?

— Tem chances de sobreviver. E o que ele tem? – JungMyeon pergunta se ajoelhando ao lado da filha. Devido a sua grande experiência, apenas em olhar pode constatar que o rapaz estava queimando em febre, mas sempre gostou de ouvir as explicações de sua filha, que havia aprendido tanto com ele e o orgulhava demais.

— Jackson está com febre devido à inflamação no corte em seu braço. Pedi a Pepi e Jae que fossem comprar gengibre e centella no mercado, compressa para baixar a febre – a garota responde com um sorriso, orgulhosa de si.

— Muito bem, querida! Jackson está em boas mãos – o médico sorri orgulhoso, finalmente descobrindo o nome de seus hospedes, agora só faltava descobrir o nome de seu paciente ferido – Dahyun, vou tentar dormir um pouco, pode olhar o outro rapaz para mim?

— Claro Aboji, bom descanso!

JungMyeon sorrir e dar um beijo terno na testa de sua filha, tentando ao máximo não olhar em volta do quarto para não sentir aquele familiar sentimento de saudade e sai do quarto indo em direção ao seu. Ele estava curioso para entender o que acontecia, no que aqueles garotos tinham se metido, quem eram eles.

***

— Aigoo, eu não consigo deixar de admirar esse lugar – Jae comenta enquanto caminhava junto a Pepi em direção ao mercado. O loiro olhava em todas as direções, memorizando cada detalhe.

— É tudo muito bonito mesmo, mas acho as cores muito exageradas – Pepi fala com um leve sorriso no rosto. Estava nervoso, não só por medo de encontrar algum guarda da rainha, mas também por encontrar Nay, ele não conseguia esquecer a garota e precisava vê-la novamente.

— Aish. E você é um chato – Jae fala brincando para provocar o mais velho e corre.

— Aishh me respeita que eu ainda sou seu Hyung – Pepi finge está com raiva e corre atrás do loiro para lhe dar uma grande tapa. Mas não pode evitar um sorriso ao escutar a gargalhada de Jae, durante esses dias o loiro esteve tão triste que nem parecia ele mesmo.

                Rapidamente Pepi alcança Jae e o prende enlaçando o braço em seu pescoço, assanhando os cabelos claros do mais novo. Os amigos gargalhavam como se tudo estivesse bem, esquecendo das preocupações por alguns segundos. Nesse clima leve e feliz eles chegam ao mercado que, apesar de cedo, estava cheio de pessoas por todo lado.

— São tantos lugares, onde vamos encontrar as coisas que Dahyun pediu? – Jae perguntou enquanto olhava em volta e ficava meio tonto com tantas pessoas e barracas. Teve que elevar o tom da voz devido ao barulho do local.

                Pepi também estava perdido. Ao ouvir as palavras de Jae, o moreno olha em volta com atenção até que ver uma pequena barraca mais afastada com algumas plantas e ervas, onde uma senhora alegre vendia seus produtos.

— aquela barraca – ele aponta e rapidamente puxa Jae na direção da barraca com ervas.

                A senhora idosa atendia os clientes com um sorriso no rosto, os cabelos brancos presos em um coque desajeitado e suas roupas meio rasgadas. Ela abre um sorriso gentil em direção aos garotos que se aproximavam da barraca.

— Bom dia, Ahjumma – Pepi cumprimenta a velha senhora com formalidade e faz uma reverencia, sendo imitado por Jae.

— Bom dia meus jovens, no que posso ajudar? – a velha mulher pergunta gentilmente, porém sua atenção fica no rapaz de cabelos claros na sua frente. Um arrepio passou pelo corpo da senhora, não podia ser ele. Não tinha como ser ele.

— Estamos procurando por gengibre e centella – Jae responde um pouco incomodado com o olhar que a ahjumma o dirigia – Sente-se bem, Ahjumma?

— Sim, estou excelente meu querido – a senhora desperta ao escutar a voz do rapaz de cabelos claros e rapidamente pega as ervas que ele pediu entregando ao mesmo – você tem uma cor de cabelo interessante.

Pepi e Jae se olham com expressões confusas, não entendiam a reação da velha mulher. O moreno rapidamente tira as moedas de prata do bolso e paga à senhora, recebendo um sorriso como agradecimento.

— Sim, um pouco diferente do comum, o que só me torna mais bonito – Jae resolve responder, tentando soar amigável e engraçado.

— É uma linda cor, deve ter herdado dos seus pais eu suponho?

— Eu não sei, Ahjumma. Não conheci meus pais, mas nasci assim – Jae responde, estava intrigado com todo o interesse da mulher em si.

— Sinto muito, querido – ela fala com uma expressão triste. Tinha certeza que era ele, mas como o garoto poderia ter aparecido logo naquela cidade? Sentia que esse aparecimento geraria muita confusão pela frente.

— Obrigado pelas ervas, Ahjumma – Pepi resolve se manifesta ao notar o desconforto do amigo e logo o puxa para longe da barraca. Com uma distancia considerável ele resolve voltar a falar – O que deu naquela Ahjumma?

— Não sei, Pepi. Mas foi estranho, o olhar dela parecia penetrar minha alma, como se me conhecesse – Jae responde pensativo enquanto caminhava ao lado do amigo.

Tudo o que Jae pensava é que precisava falar com aquela Ahjumma novamente, sentia que ela era um ponto de ligação entre ele e o seu passado. Sempre teve tantos questionamentos sobre tudo, principalmente do motivo por ser diferente de todos e estava animado por poder ter respostas, uma pontada de esperança nasceu dentro do coração do loiro.

Pepi também estava intrigado com a reação da velha senhora, olhou de lado para Jae e percebeu o mesmo calado e pensativo. O moreno abre um leve sorriso, estava feliz pelo amigo, finalmente poderia obter algumas respostas sobre seu passado, será que ele também teria esse privilegio um dia?

Enquanto caminhava, Pepi nota uma pequena movimentação perto da fonte que ficava na praça principal. O moreno arregala os olhos ao perceber quer era Lee quem arrumava confusão, o mesmo homem que fez mal a Jackson e que os perseguiu no dia anterior. Pepi logo agarra a mão de Jae e o puxa para andar mais rápido. Abaixa a cabeça para não ser reconhecido.

— O que aconteceu, Pepi? – Jae estranha o comportamento do moreno e logo fica alarmado. Olha em volta, mas não encontra guardas da rainha.

— Longa história, conto quando chegarmos à casa do médico. Agora anda mai.... – Pepi para de falar ao perceber que Lee incomodava uma garota, com longos cabelos escuros e uma franja caindo em seu rosto redondo, ela parecia assustada. O moreno arregala os olhos ao reconhecê-la, era Nay! Ele precisava ajudá-la, não deixaria Lee fazer mal a ela. Nem que para isso tivesse que enfrentar aquele bandido novamente.

— Jae, você sabe voltar para casa do Jungmyeon? – Ele pergunta.

— Sei sim, Pepi. O que está acontecendo? Está me assustando – o loiro responde encarando o amigo com um misto de curiosidade e medo em sua expressão.

— Não posso explicar agora. Pegue, vá direto para casa e rápido, Jackson precisa dessas ervas. Eu volto logo – Pepi fala com pressa e entrega a sacola com ervas para o loiro.

Ainda achando estranha a atitude de Pepi, Jae faz o que o mais velho disse e volta a caminhar agora mais rápido de volta a casa de JungMyeon. Pepi, após perceber que Jae já estava longe o Suficiente, respira fundo e segue apressado em direção a fonte, tentando ignorar o medo.

— EII, NÃO TOQUE NELA – ele fala, chamando a atenção de Lee para si. O bandido solta Nay e o olha com divertimento.

***

Nayeon ajeita a capa azul escura sobre o vestido velho e surrado, ela estava nervosa por sair do castelo sozinha, sem o Mark. Mas a conversa com sua mãe hoje cedo não saia de sua cabeça, seu coração se apertava ainda mais. Ela precisava encontrar o moreno dos olhos expressivos.

A princesa caminhava lentamente pelas ruas de pedras, cumprimentava gentilmente as pessoas e admirava tudo a sua volta. Como sua mãe pôde mantê-la todo esse tempo presa naquele castelo? Longe de tudo isso. É quase crueldade.

A morena chega até a praça principal e sorrir ao ver a grande fonte feita de pedras que tinha bem no meio do local. Ela caminha até a pequena construção e senta em uma pedra, admirando a água, com as pequenas plantas e até alguns peixes que nadavam alheios a tudo.

Nay estava tão presa nos pequenos animais nadando que não percebeu um grupo de homens se aproximarem. A princesa então ver os reflexos daqueles homens na água e fica nervosa, principalmente com o homem mais baixo com uma cicatriz enorme que ia do canto da boca até a metade da bochecha esquerda.

— O que faz aqui sozinha, Bonitinha? – O homem com a cicatriz pergunta. Nay toma coragem e o encara, tentando passar confiança em sua expressão.

— Não é da sua conta – ela responde firme, arrancando risadas do grupo.

— Olhe Lee, ela é atrevida – um rapaz de cabelos extremamente bagunçados comenta divertido.

— Eu gosto assim – O líder responde.

Lee sorrir ainda mais deformando seu rosto devido à horrenda cicatriz. Ele se aproxima de Nay como um animal prestes a pegar sua presa e segura com força o braço da morena a puxando para perto de si de forma brusca.

— Como ousa? Tire suas mãos de mim – Nayeon exclama irritada com a ousadia daquele homem horrendo. Ela tenta se soltar, mas Lee apenas aperta mais seu braço. O que fez a princesa fazer uma careta pela dor – Sabe quem eu sou?

— Provavelmente alguma criadazinha sem importância – Lee responde com petulância e se atreve a passar a mão no corpo da garota. O que fez a princesa ficar ainda mais nervosa e com medo.

— EII, NÃO TOQUE NELA – uma voz chama a atenção de todos ali, e Nay suspira aliviada ao ver quem era o dono daquela voz. Era ele, era Pepi.  Seu coração logo acelera ao ver o moreno caminhando em sua direção, com uma expressão determinada no rosto.

Lee então solta morena e passa a encarar o rapaz que caminhava irritado em sua direção, novamente aquele garoto metido a herói ousava o desafiar. Ele não o deixaria escapar novamente.

— Olhem só quem resolveu aparecer. O herói da capital – Lee se manifesta, com um tom divertido, arrancando risadas dos parceiros.

Pepi não se deixa abalar pela brincadeira de Lee e ao alcançar o grupo, segura delicadamente o braço de Nay e a puxa para ficar atrás dele. Se Lee queria pegá-la, teria que passar por cima dele primeiro.

— Como consegue ser tão destemido, garoto? – Lee pergunta um pouco incomodado com o olhar que Pepi lhe dirigia.

— E você não se garante sem os seus capangas não é? – Pepi rebate com a voz firma. Estava tentando manter a calma, ele precisava enfrentar Lee, era o único jeito de conseguir paz.

Alguns dos capangas soltam alguns risinhos, mas logo se calam com a expressão furiosa que Lee os olha. O homem olha raivoso para Pepi e se aproxima do mesmo, pouco se importando se o moreno era muito mais alto que ele.

Pepi não se deixa abalar ignorando a pequena pontada de medo e volta a falar:

— Jackson me disse que você adora apostas. Que tal uma aposta, só eu e você?

— E como vai nosso amigo Jackson? – Lee pergunta por maldade e fica satisfeito ao ver uma expressão furiosa aparecer no rosto de Pepi – E o que você sugere?

— uma competição de arco e flecha – Pepi responde, ignorando a provocação sobre Jackson – se eu ganhar, você vai parar de perseguir o Jackson, vai me deixar em paz e nunca mais vai tocar nela – fala se referindo a Nay e completa -  Também quero o bracelete do Jackson de volta.

— São muitas exigências rapaz. Tudo bem, e se eu ganhar continuo com o bracelete, você cai fora da minha cidade e a cabeça do Jackson é minha.

Pepi arregala os olhos ao ouvir as palavras do bandido, como ele ousa pedir a cabeça do Jackson assim, como se fosse um objeto? Ele volta à realidade ao sentir as pequenas mãos de Nay segurarem seu braço e o apertar levemente.

— Não pode me pedir isso, não posso apostar a cabeça do meu amigo – ele responde agora meio desestabilizado – Se você ganhar, eu saio da cidade e o Jackson vai comigo.

— Jackson já teve sua chance de escapar, garoto! Eu não dou segundas chances – Lee responde com um sorriso maldoso no rosto, pensando no momento que finalmente arrancaria a cabeça daquele chinês.

— Se você encostar um dedo no Jackson, eu juro que mato você – Pepi fala sentindo seu corpo tremer de raiva. Mas logo fica nervoso ao perceber Lee se aproximar ainda mais junto com seus capangas. Nay aperta ainda mais o braço do moreno, sentindo o medo dominar seu pequeno corpo, porém se acalma um pouco ao sentir a mão de Pepi sobre a sua, lhe passando conforto.

— É? Você e mais quem? – Lee volta a falar com seu costumeiro tom de deboche. Lee coloca a mão em sua faca presa na faixa de seu kimono. Pepi respira fundo, tentando se manter firme e não desvia o olhar do menor com a cicatriz no rosto.

Coragem Pepi, quem não tem nada, não tem o que temer!— Pepi pensa na frase que o velho Byun sempre dizia para ele, Jae e Jaebum.

— JÁ CHEGA LEE – uma voz quebra a tensão que se instalará no local. Pepi e Nay respiram aliviados e olham na direção de onde veio a voz. Um rapaz pálido de cabelos pretos, usava roupas chiques e jóias, caminhava até eles. Provavelmente um nobre.

Nay arregala os olhos ao reconhecer o rapaz. Min Yoongi, já o vira pelo castelo algumas vezes, ele era filho de Min Jinhwan, o conselheiro líder. Ela se esconde ainda mais atrás de Pepi, temendo ser reconhecida pelo jovem nobre.

— Meu pai não vai gostar de saber que você anda arranjando confusão novamente. Deixe-os em paz. Sabe que suas ações acabam atingindo o nome do meu Pai, saia daqui! – Min Yoongi volta a falar agora mais firme, dirigindo um olhar de repreensão ao bandido.

Lee sente uma raiva crescer dentro de sim, tudo o que ele queria era rasgar aquele garoto. Só porque era filho de seu chefe, achava que tinha algum poder sobre ele. Porém, para não se complicar com Min Jinhwan, engole o orgulho e faz uma leve reverencia como se pedisse desculpa. Logo se retira acompanhado de seus capangas.

— Desculpem pelo comportamento do Lee, ele tem um temperamento difícil – Yoongi se desculpa novamente, encarando Pepi. Ele nota a presença da garota que parecia se esconder atrás do moreno.

— Obrigado, não sei o que poderia ter acontecido se não tivesse aparecido – Pepi fala, fazendo uma pequena reverencia – muito obrigado.

Yoongi apenas sorrir e se retira do local, junto com seus amigos. Nay respira aliviada ao ver o nobre ir embora. Mas logo volta a ficar nervosa ao perceber que estava sozinha com Pepi.

— Você está bem? – ele pergunta preocupado encarando a morena, procurando por algum machucado.

— Sim, estou bem. Eu não sei se te agradeço por me salvar ou se te chamo de louco por enfrentar aquele bandido daquela forma – Nay responde e abre um tímido sorriso, retribuindo o olhar do moreno.

 - Talvez os dois – Pepi fala e dá uma leve gargalhada – Um velho sábio me disse uma vez que não devemos temer nada quando não temos nada a perder.

— E você não tem nada a perder? – a morena pergunta curiosa e com um leve desapontamento. Desejava que Pepi sentisse por ela a mesma atração que ela sentia por ele.

Pepi pensa um pouco na pergunta da linda garota em sua frente. Ele tinha sim muito a perder, tinha Jae, Jaebum, Jackson e... ela. Pepi queria uma chance de tentar se aproximar dessa morena que não saia de seus pensamentos, ele nunca ficou tão nervoso antes. Nem Lee o aterrorizava tanto.

— Na verdade eu tenho. Acho que você pode me chamar de louco mesmo. Você também pode considerar isso um pedido de desculpas por ter te atropelado ontem – ele volta a falar arrancando uma gargalhada discreta de Nay o fazendo sorrir também, mas logo a morena se cala ao perceber um curativo na testa do moreno.

— Aigoo, você está machucado – ela leva a mão até a testa de Pepi, afastando o cabelo escuro do rapaz e fazendo um leve carinho perto do curativo. Pepi se assusta um pouco com a iniciativa, mas logo sorrir, recebendo um sorriso doce em retribuição. Logo eles se prendem no olhar um do outro. Ambos se perdem no tempo, como se apenas existisse os dois naquela praça.

O barulho de cascos de cavalos contra o chão chama a atenção de Pepi, o que faz o moreno desviar o olhar de Nay em tempo de ver alguns guardas da rinha aparecerem. Ele arregala os olhos e segura a mão de Nay na intenção de correr e levá-la junto, ainda não estava pronto para se separar dela. Porém, a morena estava congelada no lugar, pois, logo atrás dos soldados vinha uma carruagem transportando sua mãe, a rainha.

A morena sente seu coração bater forte, o desespero surgindo dentro de si. Se SeonDeok a pegasse ali, junto com Pepi, ela nunca mais veria a luz do dia e Pepi com certeza perderia a cabeça. Com esse pensamento, Nay agarra a mão do moreno e corre o puxando junto, no sentido contrario ao que se encontrava a rainha.

***

Dahyun molha mais uma vez o pano na água fria da bacia e leva até a testa do chinês que não parava de tremer e falar palavras sem sentido. Estava preocupada com a demora de Pepi e Jae, a febre de Jackson só fazia aumentar.

— Jackson, tudo bem. Estou aqui, fica tranquilo, por favor. Você está seguro, não está sozinho – ela sussurra baixinho, fazendo um leve carinho nos cabelos castanhos do chinês. Dahyun não conseguia parar de olhá-lo, até suado e delirando ele conseguia ser lindo. Sem conseguir evitar, ela passa levemente os dedos pelo rosto do rapaz, até chegar em seus lábios levemente cheios e delicados. A morena se curva lentamente em direção a Jackson e encosta seus lábios nos dele, em um simples selar que foi o suficiente para arrepiar todo o corpo dela. Jackson finalmente se acalma e volta a ter um sono tranquilo.

Dahyun se afasta com um sorriso no rosto, sem acreditar no que acabará de fazer. Ela tinha vontade de beijá-lo desde que o virá pela primeira vez na praça escutando suas historias. O sorriso dele foi o que mais chamou a atenção dela. Quando Jackson parou de ir à praça, Dahyun se preocupou com o rapaz e sentiu sua falta, mesmo sem nunca ter trocado uma palavra com ele.

— Papa.... – Jackson sussurra baixinho enquanto dormia – Papa me perdoe.

Dahyun volta a fazer carinho no rosto do moreno, tentando afastar os pesadelos do mesmo.

FLASHBACK ON

— Vamos Jackson, mais agilidade no ataque. Seu adversário não estará preocupado se vai te machucar, ele vai atacar para matar - Wang Ruiji fala enquanto observa seu pequeno filho distribuindo golpes contra um boneco de madeira. Jackson tinha apenas 12 anos, mas tinha que aprender a lutar para ser um bom soldado no futuro. Para ser o maior herói da China.

O garoto ao ouvir as palavras do pai, começa a colocar mais força nos golpes. Ele não queria machucar ninguém, nunca quis. Não queria ser um soldado, esse era o sonho de seu pai. Ele morria de medo de tudo, até da própria sombra. Mas para deixar seu pai orgulhoso ele venceria o próprio medo.

— Muito bem, garoto! Está se saindo muito bem, logo estará melhor que eu – Wang Ruiji comenta orgulhoso e faz um leve carinho nos cabelos castanhos de Jackson, os assanhando e fazendo o garoto sorrir.

— Quando crescer vou ser tão corajoso e forte como o senhor é, papa? – Jackson pergunta enquanto olhava ansioso para o pai, se apoiando na grande e pesada espada que segurava. O pai sorrir com as palavras do filho e o olha com carinho e orgulho.

— Você vai ser melhor, garoto! Será o maior guerreiro da China, cheio de coragem, honra e nada te derrotará – ele responde o filho e faz um leve carinho em seu rosto.

FLASHBACK OFF

— PAPA – Jackson acorda assustado e com sua respiração desregulada. Ele sente seu rosto molhado por algumas lágrimas teimosas que insistiam em escapar. Então nota que segurava fortemente a mão de alguém, uma mão pequena e delicada. Olha para o lado e ver Dahyun com os olhos um pouco arregalados. Ele rapidamente solta a mão da garota.

— Desculpe Dahyun. Machuquei você? – ele pergunta com a voz fraca, já sentindo a exaustão o dominar novamente. Seu braço queimava no local do machucado.

— Não, só me assustou um pouco. Estou bem – ela responde agora mais calma e empurra gentilmente o moreno pelo peito, para que este voltasse a se deitar.

— Me desculpe – ele volta a falar e volta a se deitar, soltando um longo suspiro. Foca seu olhar na linda garota ajoelhada ao seu lado. Esta lhe sorrir gentilmente e volta a colocar outra compressa gelada em sua testa, fazendo o moreno sentir outro calafrio. Jackson sorrir levemente ao notar a expressão preocupada no rosto e Dahyun, ela ficava linda de qualquer jeito. Porém, ele logo para de sorrir ao notar o colar pendurado no pescoço da garota, acabou escapando para fora da roupa quando a mesma se abaixou. O chinês sabia que já tinha visto aquele colar antes. Era o mesmo colar de Jaebum, com a pequena pedrinha azul. Ele arregala levemente os olhos ao entender o que estava acontecendo.

— Dahyun... esse col... – Jackson tenta falar com um pouco de dificuldade, mas é impedido pela morena que coloca um dedo em seus lábios, o calando.

— Não fale, você precisa descansar – a morena fala gentilmente e retira os cabelos da testa do rapaz, aproveitando para fazer um leve carinho nos cabelos castanhos dele. Jackson acaba por se perder no carinho e no olhar de Dahyun, quase esquecendo o que precisava falar. Até que foi trazido de volta com o barulho da porta abrindo.

Jackson e Dahyun olham a tempo de ver Jae passar pela porta, segurando um saco com algumas ervas dentro. Dahyun se afasta um pouco de Jackson e sorrir gentilmente para o loiro recém chegado.

— Fiquei preocupada com a demora, você está bem? Cadê o Pepi? – Dahyun pergunta.

— Foi complicado achar essas ervas em especifico, peço desculpas pela demora – Jae fala, fazendo uma leve reverencia – Pepi pediu para que eu viesse na frente, disse que viria depois. Eu não entendi nada, ele parecia nervoso.

— Não viu o que ele foi fazer? É perigoso ficar sozinho na capital – Jackson comenta com a voz um pouco melhor, mas com uma expressão preocupada em seu rosto.

— Ele estava cheio de mistérios, disse que me explicaria depois.

— Então quando ele chegar nós perguntamos, até eu fiquei curiosa – Dahyun comenta divertida e levanta, entrega o pano molhado para Jae e segue para a porta – Jae, continue fazendo a compressa, vou preparar o chá para o Jackson.

Jae assente com um aceno de cabeça e observa à morena desaparecer pela porta. Ele estava preocupado com Pepi, com JB e agora com Jackson que estava muito doente. Tudo isso estava destruindo o seu psicológico, ainda tinha aquela ahjumma do mercado que parecia ter respostas para o seu passado.

— Jae, precisamos conversar – Jackson fala com um tom urgente e tenta se levantar, logo sendo empurrado de volta por Jae. O chinês volta a se deitar e solta um suspiro derrotado.

— Aigoo, mais problemas? – o loiro pergunta, enquanto molha o pano na água gelada e coloca na testa de Jackson. O chinês resmunga baixinho por causa da água fria contra sua pele fervendo.

— Na verdade é mais uma solução para um dos problemas – ele responde e encara o loiro. Este olhava com curiosidade para o moreno – A Dahyun... Eu percebi que ela tem um colar igual ao do Jaebum.

Jackson fala de uma vez e encara ansiosamente Jae, que parecia ter congelado no lugar. Agora o loiro entendia o sentimento de familiaridade que sentiu quando viu a garota, ela era a mesma garota que estava contando historias na praça ontem.

— Aigooo Jackson, acha que ela é irmã do Jaebum?

— tenho certeza, cabelos claros! – Jackson responde, sorrindo levemente com a expressão de desagrado do loiro ao ouvir o apelido. Jackson não acreditava na sorte que tiveram. Jaebum veio procurar o pai e a irmã e sem querer, tentando salvar o próprio JB, levaram ele direto para a família que tanto procurava.

— Aigoo, Jackson! Agora eu me lembro, ontem eu vi uma garota na praça contando historias, ela usava um colar igual ao do Jaebum. Então por sorte encontrei o JB Hyung, mas quando estávamos indo para praça aconteceu o que você já sabe - Jae comenta perplexo por não ter lembrado de Dahyun antes - Era Dahyun, eu não reconheci antes por que estava com muita coisa em minha mente.

Jackson escuta as palavras do loiro em silencio, definitivamente era Dahyun, ele mesmo já tinha ido a praça diversas vezes admirá-la. O que eles fariam agora? Deveriam contar que era Jaebum que estava gravemente ferido?

— Encontramos a família do Jaebum, Jae - Jackson fala baixinho, mas  com uma expressão animada.

— Devemos contar agora a Dahyun? - Jae pergunta, enquanto colocava mais uma vez o pano com água gelada na testa de Jackson. O loiro estava extremamente feliz por Jaebum. Esperava que ele conseguisse sair vivo dessa, para poder viver feliz com a família que sempre quis encontrar. 

Quando Jackson ia abrir a boca para responde ao loiro, a porta do quarto se abre novamente e Dahyun passa pela mesma, o que fez os dois amigos se calarem de imediato. A garota acha estranho o silêncio dos dois, mas nada comenta. Já havia notado que aqueles rapazes eram cheios de mistérios. 

— Jackson se comportou direitinho. Tentou se levantar uma vez, mas eu quase o prendi na cama - Jae comenta para quebrar o clima tenso, arrancando algumas gargalhadas da morena e do chinês.

— Eu vou enlouquecer se continuar deitado aqui - Jackson rebate. 

— Você está doente, pare de ser teimoso - Dahyun comenta divertida, agora mais relaxada e com cuidado para não derrubar o chá, ela senta ao lado do grosso cobertor onde Jackson estava deitado - Agora pode se sentar e beba todo o chá, vai se sentir melhor. 

Jackson obedece e senta na cama, sentindo uma leve tontura com o movimento brusco que fez. Ele pega o recipiente cheio de chá e leva aos lábios, tomando um gole. Faz uma careta ao sentir o gosto amargo terrível do chá, se esforça pra engolir. Jae e Dahyun soltam uma gargalhada com a expressão do chinês. 

—Acho que me esqueci de mencionar que o chá não tem um gosto agradável - a garota comenta divertida - mas você tem que tomar tudo! Preciso que tire a camisa para eu dar uma olhada no seu ferimento. 

Dahyun sente as bochechas ficarem levemente ruborizadas. Lembrou-se da visão de Jackson sem camisa no dia anterior e não estava preparada para aquela visão novamente, por mais que desejasse. O moreno  entrega o chá horrível para Jae segurar e retira a parte de cima de seu kimono preto rapidamente, sentindo uma grande ardência no local do ferimento em seu braço. E mais um calafrio passa pelo corpo do chinês por estar tão exposto e seu corpo ardendo em febre. 

Dahyun tenta ignorar o corpo definido de Jackson e começa a tratar do ferimento em seu braço, que estava muito inflamado. Limpa o local com um pouco de água, e começa a passar umas pasta com ervas para inflamação, o que fez Jackson resmungar de dor. 

Jae entrega o chá novamente ao moreno que se força a beber aquele liquido horrível, enquanto queria chorar pela ardência em seu braço. Jae o cutuca discretamente e Jackson o olha com curiosidade. 

— Vamos conta a ela agora, vai ser o melhor - Jae sussurra tão baixinho que apenas Jackson escuta, Dahyun estava concentrada em tratar a ferida do moreno.

— Não é melhor esperarmos o Pepi voltar? - Jackson pergunta quase sem emitir som algum. E o loiro nega com a cabeça. 

— Jaebum hyung já esperou tempo demais - ele responde baixinho.  Jackson concorda com um aceno de cabeça, se preparando mentalmente para o que estava por vir. 

— Dahyun, precisamos te contar uma coisa - Jae chama a garota, com um tom de voz inseguro. 

— O que foi Jae? - Ela responde com uma expressão preocupada. Para de tratar do ferimento de Jackson e dirigi toda sua atenção a Jae. 

— É... nós não somos da capital, viemos aqui em busca de algo - o loiro começa, sem saber como contar aquilo para a morena - Nosso amigo, estava em busca de algo. 

— Imaginei que vocês não fossem da capital, por isso esses ferimentos? As leis da capital são severas contra invasores - ela comenta, mas sem aguentar a curiosidade volta a perguntar - O que seu amigo veio procurar? 

Jae estava travado sem saber como contar e olha para Jackson, como se pedisse por ajuda. O chinês entendeu o desespero no olhar do loiro e reponde em seu lugar: 

— O motivo de eles virem para cá está relacionado a esse colar no seu pescoço - o moreno fala e aponta para a pequena pedra azul pendurada no pescoço de Dahyun - eu os encontrei no caminho para capital e os trouxe até aqui, foi assim que os conheci. Nosso amigo se chama Im Jaebum... Ele estava procurando pelo pai e pela irmã dele. 

Os olhos de Dahyun se arregalaram ao ouvir as palavras de Jackson, ela sente seu coração acelerar dentro do peito e inconscientemente deixa o pano que estava em suas mãos cair em cima da cama, não conseguia parar de encarar os garotos. Ela não conseguia proferir nenhuma palavra, apenas os olhava com uma expressão chocada. 

— Jaebum tem um colar igual ao seu, achamos que você é a irmã perdida dele - Jae resolve se manifestar e fala de forma direta. 

— Não sabíamos até eu ver o colar em seu pescoço - Jackson esclarece - Por favor, fale alguma coisa. 

Dahyun leva a mão até a pequena pedra azul em seu colar e a aperta com força, sentindo seus olhos marejarem. Ela volta a encarar o loiro e o moreno, sem conseguir controlar a emoção e deixa algumas lágrimas caírem. Jackson sente o coração apertar e se segurou para não abraçá-la, não era o momento certo. 

— Como pode ser o Jaebum? Meu irmão está desaparecido há 13 anos, meu pai não tinha mais esperanças de o ver novamente. Como pode? - Dahyun tentava se controlar, mas as lágrimas não paravam de cair. Então uma coisa lhe veio à mente o que fez a garota congelar. Se Jackson e Jae estavam com ela no quarto e Pepi estava em algum lugar lá fora, então Jaebum só poderia ser...

— Jaebum é o rapaz ferido? - Ela pergunta com urgência e arregala ainda mais seus olhos ao ver os dois concordarem com um aceno de cabeça. Dahyun levanta rapidamente e corre em direção à porta, precisava ver o seu irmão. 

— Jackson não levante dessa cama, termine o chá e Jae, por favor, não o deixe sozinho, continue com as compressas - ela fala rapidamente sem pensar muito no que dizia e sai pela porta. 

— DAHYUN - Jae tenta chamá-la e levanta para ir atrás da morena, mas Jackson segura seu braço, o impedindo. 

— A deixe ir, Dahyun precisa de um tempo para processar tudo - o chinês fala ainda encarando a porta entreaberta pela qual Dahyun acabará de passar. 

***

Dahyun não pensava mais com clareza, apenas corria em direção ao quarto onde seu Aboji realizava os atendimentos, onde seu irmão estava.

Será que é verdade? Jae e Jackson estão falando a verdade? – Dahyun não parava de pensar nas palavras dos rapazes. Ela precisava checar por conta própria, lembrava de algumas características do seu irmão e precisava ver o colar do rapaz ferido.

A morena para em frente à porta do quarto de atendimentos e respira fundo. Sente novamente os olhos lacrimejarem e abre a porta. Ao entrar, Dahyun olha em volta, ela não costumava entrar muito ali, apenas quando Jungmyeom pedia ajuda. O quarto era repleto de instantes cheias de ervas, remédios, panos limpos, agulhas e linha.

A morena faz uma leve careta ao ver os panos melados de sangue em cima da mesa, junto com uma bacia cheia de água e uma flecha melada de sangue. Dahyun reconheceu aquela arma, era a mesma flecha que estava nas costas do rapaz ferido. Nas costas de seu irmão. Logo um embrulho surge em seu estomago e o nervosismo toma o corpo da garota, ao lado da mesa estava o garoto moreno, deitado de barriga pra baixo e dormindo profundamente, suas costas ainda meio meladas de sangue e seu machucado parece ter sido perfeitamente costurado.

Novamente as lagrimas tomam seu rosto e ela se aproxima do corpo adormecido do moreno, até ficar ao lado da cama. Dahyun passa a olhar atentamente para o rapaz, seus cabelos castanhos ondulados caiam pelo rosto e a morena afasta os fios, permitindo a visão do lindo rosto do moreno.

— não pode ser... – Dahyun fala baixinho ao notar duas pintas acima do olho do Rapaz, aquelas pintas eram algo que a morena nunca esqueceu no seu irmão, pois eram muito parecidas com a de seu aboji.  Ela suspira pesadamente e tenta controlar a emoção. A morena nota o cordão preso no pescoço de Jaebum, nervosa ela retira o próprio colar e com delicadeza puxa o pingente do colar do rapaz para comparar com o seu.

Assustada Dahyun leva a mão livre até a boca, sem conseguir para de encarar as duas pedras azuis idênticas. Era ele, Jackson e Jae estavam certos! Aquele era seu irmão desaparecido há tanto tempo. Jaebum encontrou o caminho de casa.

— Jaebum, é a Dahyun, sua irmã. Estou aqui, você conseguiu, voltou pra casa – ela fala baixinho e sem controlar a emoção deita sua cabeça nas costas nuas do irmão, molhando a mesma com suas lágrimas.

— Por favor, acorde. Fique vivo! Estou aqui orabeoni! Nunca mais vou sair do seu lado.

Orabeoni – Dahyun volta a chamá-lo, mas Jaebum apenas continuo dormindo profundamente.


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Notas finais do capítulo

Ahjumma - é como se chama uma mulher desconhecida acima de 30 anos na Coréia;
Aboji - como um jovem ou adulto chama o Pai;
Orabeoni - Como uma mulher chama o irmão mais velho (uma maneira mais formal)
E aiiiiiiii, gostaram? Comenteeeem.