Tudo por você escrita por Lilissantana1


Capítulo 9
Capítulo 9 - Dean em casa


Notas iniciais do capítulo

Um pouco do Dean fora do ambiente universidadefaternidadefutebol, espero q vcs gostem desse lado mais família dele. BJO a todas, mas especialmente a quem me faz feliz deixando a opinião: Anna, Carina, Rosas e Beca, amei saber a opinião de cada uma. Obrigada!



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DEAN

 

O táxi estacionou na frente de casa. Vi o carro do marido de Diana parado na garagem. Um segundo depois de pagar ao motorista, quando arrastava minha mochila para o lado de cima do banco traseiro, antes de tirá-la do automóvel, ouvi um chamado conhecido. Uma voz doce e infantil. Me voltei a tempo de ver uma cabecinha morena surgir por detrás da cerca viva. Era Michelle, minha irmã, quem vinha correndo ao meu encontro. Ela tem cinco anos. Nós temos exatos quinze anos de diferença, mas isso atrapalha muito pouco nossa convivência. Sempre que venho ela me enche de beijos, de carinho. Tagarela sem parar, quase me deixa zonzo.

— Dean... Dean... - me chamou enquanto fazia a volta correndo. Larguei a mochila no chão a tempo de erguê-la nos braços. Um beijo molhado estalou no meu rosto enquanto os bracinhos finos me apertavam o pescoço quase como se quisessem me sufocar.

— Ei pequena! - falei sentindo as pernas dela circularem minha cintura.

— Você engordou? - ela perguntou se afastando um pouquinho para me olhar de frente. Nada escapa!

— Não... - neguei acomodando minhas mãos sob as pernas dela.

— Mas, você está maior... e mamãe disse que você não vai crescer mais porque é adulto.

Aquilo era efeito da malhação. Massa muscular. Mas não precisava contar isso a ela. Levaria um tempo para explicar tintim por tintim como a coisa funciona. Eu conheço a figura.

— Então devo estar mais gordo... - brinquei. - Ainda bem que você notou. - cochichei no ouvido dela – Vou maneirar na comida...

— Vai mesmo? - me olhou desconfiada – Da outra vez você acabou com o meu cereal...

— Deixe Dean entrar em casa. - ouvi uma voz feminina vinda da porta, era Diana que estava parada a nossa espera.

Me inclinei passando a mão pela alça da mochila sem soltar Michelle no chão. Ela se afastou um pouquinho olhando curiosa na direção do táxi que se afastava lentamente.

— E a Penélope?

Perguntou e eu quase me voltei para procurar por Penny. Foi apenas um segundo de distração, logo retomei a segurança de sempre.

— Deve estar com a família dela. - respondi.

Afinal era isso que todos fariam naqueles dias, se reuniriam com seus familiares.

— Ela não veio com você? Pensei que ela era sua amiga... - a pequena continuava olhando na direção do carro que se afastava. Precisava de uma explicação bem clara para isso.

— Não... ela é penas minha professora. - falei sério.

— Mas ela poderia ter vindo. - Michelle reclamou fazendo um muxoxo com os lábios.

— Ela precisava ver a família... - tentei argumentar - Mas de repente você pode conhecê-la numa outra oportunidade. - isso nunca aconteceria, só que minha irmã não precisava saber desse fato naquele momento. Com o tempo acabaria esquecendo essa história de Penélope como acontece com tudo o mais.

Michelle me olhou com aqueles olhos espertos como se não acreditasse em mim. Com total razão. Preciso dizer?

— Você está prometendo Dean? - questionou quando já entravamos em casa.

Não tive tempo para responder.

— O que ela quer desta vez? - mamãe perguntou beijando minha bochecha.

— Quer conhecer a Penélope. - expliquei e ela sorriu.

— Essa menina não fala em outra coisa desde que você falou que conhecia uma Penélope Charmosa... - passou a mão pelo meu braço carinhosamente - Você e suas manias de inventar coisas.

Diana fechou a porta atrás de mim, segundos depois, vindo da cozinha com um avental na frente, Walter, o marido dela surgiu, estendeu a mão para mim alegremente.

— Como está Dean? Como foi a viagem?

— Cansativa. Bastante turbulência. - informei enquanto apertava a mão dele.

Walter pegou a alça da minha mochila falando:

— Você já está carregado, me dê a bagagem, vou colocar no seu quarto.

Na verdade aquele peso extra que estava carregando fazia pouca diferença, estava acostumado a levantar mais peso do que aquilo na sala de musculação. Mas não recusei. Afinal, padrastos devem servir para alguma coisa além de fazer nossas mães felizes, e nos presentear com a irmã mais linda do mundo, não é?

Fui em direção a sala ainda carregando Michelle nos braços. Ela me olhava bem de frente. Apesar de não possuirmos o mesmo pai, ela e eu somos parecidos. Temos o mesmo tom de cabelo. O mesmo tom de pele. E segundo a minha mãe, o mesmo sorriso.

— Por que está me olhando assim? - perguntei antes de me jogar no sofá.

— Você mentiu para mim.

Lá vinha o assunto Penélope novamente. Já sabia bem. Será que nem em casa ia escapar dela? Nem mesmo nesses poucos dias? Me condenei por ter aberto a maldita boca e contado sobre Penny a Michelle. Só que agora, nada mais havia que fazer a não ser remediar e engambelar:

— Juro que é verdade, eu conheci uma garota que se chama Penélope, só que ela não é a do desenho. Elas apenas tem o nome igual...

Michelle retorceu os lábios.

— E é loira... - falei lembrando dos cabelos de Penny. - Ela estava dando aulas para meus amigos e eu.

— Quais amigos? - Diana quis saber.

Ajustei as mãos que Michelle segurava antes de responder.

— Brendan, Alan e Gregory...

— Todos vocês? - minha mãe questionou sentando na poltrona em frente. - Ao mesmo tempo? Essa garota deve ter ficado maluca!

— Nem tanto. Maneiramos. - retruquei encarando o sorriso sarcástico no rosto de minha mãe, omitindo a minha parte na frase: essa garota deve ter ficado louca!, e como se ela não tivesse sua parcela de razão, continuei: - A gente se deu mal numa matéria. E se não fosse por ela a coisa ficaria complicada.

Walter, já sem o avental também sentou, só que no mesmo sofá onde Michelle e eu estávamos. Veio participar do momento: vamos fazer perguntas constrangedoras ao Dean.

— Formaram um grupo de estudos com ela? - ele me perguntou com aquele ar de quem acha que o grupo foi formado para outra coisa.

Fui logo esclarecendo.

— Nós pagamos a ela para nos dar aula... ela é aquele tipo nerd arredio, não gosta muito de convivência... foi bem complicado convencê-la. - esperava ter sido claro. Não queria ninguém pensando que Penélope fora algo mais do que professora do quarteto.

— Conheço o tipo. - minha mãe falou sorrindo para Walter. - Minha colega de quarto era assim.

Michelle se acomodou sobre minhas pernas enquanto eu meditava no fato de haver mais Penélopes por aí do que imaginava.

— Conseguiram resolver o problema com a matéria? - Walter questionou.

— Na volta é a entrega do trabalho. Depois a prova... mas estamos pensando numa maneira de convencê-la a continuar, só que formando um grupo de estudos.

Eu sabia que a possibilidade de Penny recusar era muito grande. Além de haver aquela pendência da promessa entre ela e eu. Mas, não contei nada disso. Como disse, eles não precisavam de todos os detalhes. Já estava era contando demais.

— É uma boa ideia. - minha mãe sentenciou – Garotas assim sempre ajudam muito. São centradas.

— É... - falei encarando uma silenciosa Michelle. Ela ainda me olhava séria. Como se me examinasse.

Sorri e apertei a barriga dela. A pequena se contorceu no meu colo rindo. O assunto Penélope ficou para lá. Ninguém voltou a tocar no nome dela depois disso, e eu sinceramente fiquei grato. Tudo o que não queria era alguém mais, além do meu próprio cérebro, repetindo esse nome quase o tempo todo.

Quando consegui me livrar de Michelle por alguns minutos, subi para dar um jeito nas minhas coisas. Detesto bagunça. E se ela fosse lá remexer na mochila em busca de presentes, ela sempre quer presentes, estaria frito porque depois teria de passar todas as minhas camisetas novamente.

Retirei o pequeno pacote do meio das roupas e larguei sobre a cama, contei os segundos enquanto acomodava as camisetas de volta no lugar.

— Dean... - ouvi atrás de mim, era ela.

— O que é? - perguntei sem me virar.

Os passos rápidos ecoaram pelo piso do quarto. Ela parou ao meu lado. As mãos apoiadas no colchão, olhando fixamente para o pacote.

— O que é isto? - um dedinho comprido com a unha pintada de rosa apontou para o pacote embrulhado em papel colorido com um tope enorme em cima.

Peguei o objeto, sacudi e falei:

— Isto? Não sei não... quer ver?

Ela puxou os lábios num sorriso desconfiado.

— É pra mim? - perguntou quase estendendo as mãozinhas em direção a minha.

— O que você acha?

Sacudindo a cabeça para os lados apoiou as mãos na cintura e apertou a boca. Eu ri. Sim, ela é parecida comigo.

— Claro que é pra você sua chata grudenta!

Em um segundo ela estava me agarrando, beijando e sentando no meu colo para vermos o que estava dentro daquele pacote colorido.

Oras, o que poderia ser?

Outra miniatura da Penélope Charmosa. Para a coleção dela.

 

*******************

 

Naquela noite, depois de um banho longo, um jantar caseiro fenomenal, resolvi sair. Dar uma volta pela cidade. Rever lugares. Talvez encontrar pessoas. Ex colegas quem sabe. Fazia praticamente um ano desde a última vez que estive ali. Pois passei o verão com meu pai e a namorada dele na praia. Surfando e trabalhando na loja de artigos para surf que ele mantém desde que eu tinha dez anos.

Deixei o carro de minha mãe rodar pelas ruas conhecidas e praticamente vazias sem me preocupar de estar dirigindo um típico automóvel familiar. Eu vivi ali por muito tempo, não havia como esquecer ou me perturbar com detalhes bobos. Os bares. Lojas. Lanchonetes. Os cinemas. As praças. A antiga escola. Tudo igual. Na verdade gosto desse clima de cidade pequena, onde as pessoas se conhecem. Há um grau de amizade e cortesia que não se encontra em outros lugares.

Passei pelo bar onde a turma do futebol da escola costumava se reunir. Havia alguns grupinhos na frente. No máximo vinte pessoas. Ninguém que eu conhecesse. Tudo garotada de quinze, dezesseis anos. Me senti velho naquele momento. Ia fazer vinte e um em março.

De repente, uma garota loira de calças largas fez meu pé pressionar o freio. Estava vendo coisas? Certo que estava vendo coisas. Aquela garota não era quem eu pensei que era. Mesmo assim, mesmo acreditando que estava enganado, não consegui relaxar até tirar aquela dúvida a limpo. Sabia que ela iria para casa no feriado. Ouvi quando contou para Brendan na biblioteca. Mas... Será que Penélope e eu morávamos na mesma cidade? E se morávamos, como foi que eu nunca a vi? Fiz o contorno e passei na frente do grupo novamente. O pessoal me olhou, a loira se virou, não era Penny. Fui atingido pela decepção e só depois constatei que a “nossa” Penélope nunca estaria ali, no meio de um grupo como aquele, ouvindo música alta e conversando com tanta gente.

Sou mesmo um estúpido. Um estúpido que de repente começou a ver um certo alguém no meio da multidão em praticamente todos os lugares. Sim, porque aquela não era a primeira vez que eu achava que a via... a primeira foi no aeroporto. Tive quase certeza que era ela sentada duas fileiras de bancos a minha frente, com uma mochila no colo. Ia me aproximar quando o voo dela foi anunciado e ela pegou a sacola e tomou a direção do portão de embarque sem olhar para lado algum. Resultado, fiquei na dúvida.

Mas certo que não era ela.

Deveria ser a mesma coisa. Simplesmente outra garota parecida com ela.

 

 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo, retorno ao... ops, à universidade. Será que Brendan vai propôr o grupo de estudos? Será q Dean vai pedir desculpas novamente? Será q Penny vai aceitar esse grupo, se ele for proposto?
Muitas perguntas a serem respondidas.
BJOOOOOOOOOOOOOO adorando a presença de todas, obrigada a cada uma. AMO!!!