Tudo por você escrita por Lilissantana1


Capítulo 24
Capítulo 24 - Penélope e Dean


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Estamos indo com calma, mas vamos terminar a fic. Não se preocupem. Um agradecimento especial para as meninas que comentaram no último capítulo. Adoro ter vcs aqui. Carina, rosas, Doida e Beca OBRIGADA por não me abandonarem. BJO



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PENNY

 

Sentei perto da cama vendo Victória ir e vir silenciosamente do closed. Ela estava remoendo nossa conversa. De nada adiantaria insistir, perguntar, exigir que me dissesse o que estava pensando. Portanto, pacientemente esperei.

— Você não vai se aprontar? - foi o que saiu de seus lábios.

Estiquei as pernas vendo os tênis, a calça jeans com a barra desfiada. Presente de Josy para meu novo guarda-roupas.

— Em seguida. - respondi, não estava com pressa, também não estava tão interessada assim em me arrumar mais do que gostaria.

— Comprei um vestido para você. - ela me informou.

— Achei que estaria liberada de usá-lo já que meu “namorado” não está aqui.

Obviamente que aquele vestido serviria para impressionar ninguém menos do que o estagiário. Um garoto legal. Levemente chato, que fala demais em si mesmo, e de certa forma tão satisfeito consigo mesmo quanto Dean consegue ser. Só que em aspecto diferente.

— Namorado. Pensei ter ouvido você dizer que estavam se conhecendo.

— Estamos nos conhecendo. - reafirmei, mas eu sabia que o Dean queria contar para todos que estávamos ficando, então isso significava namorar. - Mas, se tudo continuar, vamos namorar.

Victória sorriu.

— Você se parece com sua mãe.

Correspondi ao sorriso.

— Ela nunca me ouvia.– Victória afirmou. Não parecia zangada.

Balancei a cabeça, estava me sentindo mais leve, mais próxima de minha tia do que em todos aqueles anos em que dividimos o mesmo teto.

— Eu ouvi você por um bom tempo.

Ela sentou na minha frente. Aqueles olhos lindos a me examinarem.

— Não quero que você se machuque. Garotos como esse seu namorado costumam fazer isso com garotas como você.

— E como você? - perguntei, deveria haver algum motivo para que Victória se sentisse tão retraída quando o assunto eram jogadores de futebol musculosos e cheios de testosterona.

— Se está passando pela sua cabeça que algum dia na minha vida estive inclinada na direção de algum deles e fui desprezada. Tenho a lhe dizer que está errada.

Soltei uma longa risada, daquelas que aprendera a dar com os garotos.

— Acho que você é intimidadora demais para que qualquer homem tivesse a chance de desprezá-la. Mas com certeza acredito que alguma coisa causou toda essa aversão.

Ela suspirou passou a mão pela colcha esticando-a ainda mais.

— Talvez o fato de que eu estudava mais do que todos, era sempre a melhor da classe, entretanto essa minha qualidade nunca foi considerada. Eles tinham a fama, eles tinham os amigos, eles eram os donos da razão e de quase todos. Inclusive dos professores...

Ela detesta ficar em segundo plano. Sempre trabalhou para ser a primeira.

— Provavelmente nenhum deles é agora tão bem sucedido quanto você. - sugeri e ela ergueu os olhos para me encarar.

— Há sim. Tive dois colegas que agora jogam na liga. São famosos.

E ela não gostava disso.

— Eles eram maus estudantes?

— Adoravam festas, mulheres, bebidas essas coisas.

Lembrei de Dean. Como se tivesse lido meus pensamentos ela perguntou:

— Como é o seu... namorado?

A palavra namorado já estava entrando no nosso vocabulário. Fingindo dar pouca importância a ela continuei a falar:

— Consciente de que precisa se dedicar a algo além do futebol. - precisava mostrar que ele tinha algumas qualidades. Contei coisas que Dean me falara sobre o futuro. Sobre o medo de se machucar e não poder mais jogar. Sobre sua lealdade aos amigos. Sobre seu temperamento alegre e algumas vezes irritante. Mas, absolutamente nada que pudesse colocá-la contra ele antes de conhecê-lo.

— Bonito. - ela me disse quando mostrei a foto dele no meu celular.

— Estou feliz de finalmente poder conversar abertamente sobre Dean.

Confessei.

— Desde nossa última conversa, em sua última visita, percebi que você não era mais a mesma. Quando me contou sobre Róger, acreditei que esse jovem seria alguém propício. Adequado a sua personalidade. Porém, não havia sinal algum de que estivesse sentimentalmente ligada a ele.

— Ele foi uma tentativa de me afastar de Dean.– falei a verdade.

— Uma tentativa infrutífera. - ela argumentou acertadamente.

A campainha tocou. Vitória e eu saltamos da cama.

— Estou atrasada. - pela primeira vez na vida. E a culpa era minha.

— Desculpe. - falei.

Ela passou a mão pelo meu rosto.

— Está tudo bem. Vou pegar o colar e descer. Vá para o seu quarto e se troque... preciso de ajuda. - completou enquanto saía do cômodo ainda fechando a presilha do colar.

A segui até a escada, ela desceu e eu tomei a direção do meu quarto. Pretendia ligar para Dean. Contar a ele a novidade. Estava tão ansiosa para isso que mal ingressei na peça e completei a chamada. O telefone tocou algumas vezes. Desisti. Ia tentar depois. Mas, acabei ligando em seguida. Uma voz feminina melosa me atendeu.

— Queria falar com Dean. - pedi mais baixo do que deveria ter falado.

— Ele está na praia com os amigos.

Com certeza era Sam. Pensei sentindo minhas mãos estremecerem. O que diria se ela perguntasse quem estava ligando?

— Está bem. Ligo mais tarde então. - informei rapidamente – Obrigada.

— Acho que você não conseguirá falar com o Dean mais tarde. Provavelmente ele irá para a casa de Karen depois da ceia aqui.

— Ok... - respirei fundo – Sem problema. Eu tento depois. Obrigada...

Larguei o telefone sobre a cama. Aquela era com certeza Sam. De quem Dean falou, a namorada do pai. Mas quem seria Karen?

 

DEAN

 

Vesti a roupa, puxei o zíper e com a prancha sob o braço tomei a direção da água. Pretendia ficar longe de casa o máximo de tempo possível. A noite esse subterfúgio seria impossível de ser usado, alguns amigos de Andrew viriam para a costumeira festa de virada. Sam e mais duas pessoas estavam agitadas arrumando tudo. Aproveitei essa atividade para escapulir.

O mar não estava calmo. A medida que me aproximava podia ver e sentir o gosto do sal e do iodo. O barulho das ondas indo e vindo. Acomodei a prancha num morro de areia e fiquei por alguns minutos apenas olhando o pessoal surfar.

Havia muitas garotas por ali. Elas cruzavam e olhavam. Turistas. Pensei. De repente vi um grupo conhecido. Lucas, Rob e Karen. A última também já me vira e logo acenou amigavelmente. Era bom ver caras amigas. O trio veio em minha direção.

Rob foi o primeiro. Nos cumprimentamos como sempre.

— Não sabia que você vinha! - reclamou – Não avisa mais os amigos?

— Ele agora está importante. - Lucas emendou antes de se dirigir a mim – Vi um de seus jogos. Tá arrebentando cara!

— Valeu! - agradeci sentindo a mão de Karen subir pelas minhas costas num sinal de que ela acreditava que as coisas continuariam como sempre foram entre nós.

— E aí karen... - cumprimentei evitando os lábios que vinham na direção dos meus.

Todos me olharam estranhando o comportamento. Ela e eu não tínhamos nada sério. Mas a gente sempre ficava junto quando eu ia para lá. Diversão e nada mais.

— Há quanto tempo estão aí? - perguntei dando um passo para o lado e escapando do braço dela na minha cintura.

— Rob e eu chegamos antes do Natal. - Lucas explicou.

Observei Karen.

— Você sabe que desisti do curso...

Não, eu não sabia. Ela tratou de me esclarecer seus motivos. Medicina não era para ela. Passar horas trancada dentro de um hospital. Descobrir doenças. Além de ter de decorar todos aqueles nomes. Acabei rindo. Só Karen teria a ideia de que medicina seria um curso com o qual se identificaria. Talvez fisioterapia ou algo assim. Talvez algo ligado a atividades físicas. Mas medicina?

— Vai fazer o que hoje? - Rob perguntou – Nós vamos nos reunir na casa dos pais de Karen.

A belíssima casa dos pais de Karen, pensei e ela me lançou um olhar convidativo.

— Não posso. - expliquei – Cheguei hoje, vim para passar o ano novo com meu pai.

— Oras, seu pai nunca reclama quando você está comigo. - Karen segurou meu braço outra vez.

— Desta vez ele vai reclamar. - retruquei sem me mover, sentindo o rosto dela encontrar com meu ombro.

— Posso falar com ele. - ela sugeriu.

— Karen dobra qualquer um. - Rob lembrou rindo.

— Vim para ficar com meu pai. - insisti me afastando dela. A oferta era tentadora, pois significava permanecer mais tempo longe de Sam, mas também havia seu lado negativo, com o canto do olho notei o modo como Karen me encarava. Ficar perto dela era uma tentação. E certo que tudo o que minha relação com Penny não precisava naquele momento era mais confusão. - E para surfar. - tentei desviar o assunto.

Lucas bateu com a mão no meu ombro.

— Vamos para a água então.

— Claro! - concordei tirando minha prancha do banco de areia. - Vocês vêm? - perguntei quando Rob e Karen ficaram parados.

Rob tomou a mesma direção de Lucas, me indicando que aceitara o convite. Karen permaneceu parada, com as mãos na cintura fina a me olhar. Bonita. Bronzeada. Charmosa. Corpo esculpido e malhado. Nós já fizemos muita festa juntos. Mas, ela sempre soube que não havia nada mais do que sexo entre nós. Se esperava alguma explicação, não teria.

 

*************

 

A noite, tomei um banho longo. Revisei o celular, não havia chamadas ou recados. Será que Penny ia levar aquela história adiante? Será que não tomaria uma atitude? Pensei em ligar para ela. Segundos depois desisti, já fizera e falara tudo. Agora era a hora de Penélope fazer e falar. Enfiei o celular no bolso da bermuda e desci os degraus rapidamente. A casa já estava cheia de gente. A maioria deles eu conhecia há muito tempo. Velhos amigos surfistas do meu pai. Alguns clientes. Garotos que ele patrocinava. Funcionários. A bagunça de sempre. Me servi de suco e logo entrei num grupo de garotos novatos. Eles sempre ficavam deslocados nessas ocasiões.

— Dean... - senti alguém me tocar e pronunciar meu nome baixo, perto do ouvido, sabia quem era. - Posso falar com você?

Puxei o braço e me afastei dela.

— O que você quer?

— Me ajuda com as bebidas?

Olhei em volta.

— E os seus ajudantes? - havia no mínimo duas pessoas ajudando sem contar os garçons e os garotos no bar.

— Seu pai quer ponche... eu não fiz.

Suspirei.

— Sinto muito. Mas a responsabilidade da festa é sua. E você sabe que ele adora!

Ela que se fodesse. Não estava nem aí.

— E fique longe de mim. - avisei determinado. Com tanta gente ali ela não teria como retrucar.

Meu telefone vibrou. Puxei para fora do bolso. Era Penny.

— Preciso atender. - falei mostrando a tela para ela. Saindo de perto com rapidez.

— Ei Penny...

Era bom receber uma ligação para variar.

— Oi Dean... achei que não conseguiria falar com você.

Não entendi. Estava esperando exatamente por aquela ligação.

— Estava esperando que você ligasse. - esclareci.

— Ainda está zangado comigo?

Ela parecia insegura.

— Não... você deveria saber que quem costuma ficar zangada bastante tempo é você e não eu.

— Tive medo que não quisesse mais falar comigo. - sim, insegura. Droga de garota!

— Só se você fizer uma merda muito grande. Você fez uma merda muito grande Penélope?

— Tipo o que?

— Tipo ficar com o cara que sua tia te apresentou.

Ouvi um som engraçado parecido com riso. Ela estava brincando?

— Não... e você? Vai para a casa da karen depois da ceia?

Karen? Como ela sabia sobre a Karen? Olhei para a casa. Alguém falou.

— Não vou para a casa de ninguém. Posso ir para a sua se sua tia aceitar me receber.

— Acho que ela está pronta para te receber quando você quiser vir...

Não acreditei. Ela estava brincando comigo?

— Isso é sério Penny?

Riso contido.

— Sério. Mas, só depois que você me explicar quem é a Karen.

Saia justa? Porra! Quando uma coisa acerta, outra azeda.

— De onde você tirou essa história da Karen? - mesmo que imaginasse alguma coisa não acreditava que fosse possível. Porém, a confirmação veio.

— Liguei mais cedo, acho que foi a namorada do seu pai quem atendeu. Ela me disse.

— Ela não me avisou da sua ligação.

— Tudo bem... - Penny não parecia irritada. Milagre! Disse a mim mesmo. Ela continuou: - Não gostei muito do jeito dela. Do modo como falou. E depois, por que atender ao seu celular? Nem Victória que é... daquele jeito, faria isso comigo.

Tudo parecia tranquilo.

— Mas ainda vou querer saber sobre a Karen.

Falou o nome salientando as sílabas. Tudo poderia indicar que ela estava zangada. Porém. Algo no tom de voz me gritava o contrário. Tratei de esclarecer:

— Uma amiga... assim como Rob e Lucas. Sam falou nos dois? - Penny fez um som indicando que não e eu continuei: - Pois havia um grupo de amigos reunidos na praia. Amigos de muitos anos! Quando eu vinha pra cá, nós costumamos passar o tempo juntos desde que... acho que desde sempre. Nós íamos muito para a casa dos pais de Karen. Satisfeita?

— No momento sim... falamos sobre isso depois...

— Ok. - poderia dar qualquer explicação que me pedisse. Tudo para continuar a ouvir a tranquilidade na voz dela. Porém, tinha outra coisa batendo na minha mente, algo que precisava saber:

— Você falou com a Victória? Ela me aceitou? Posso contar pra todos que nós estamos namorando?

Segundos sem resposta. Provocação barata.

— Sim para todas as perguntas. Tomei coragem e falei da gente. Ela aceitou, mas quer te conhecer. Então, é melhor se preparar.

— Estou bem preparado! - emendei, ela riu.

— E finalmente, sim, pode contar aos outros que estamos juntos.

Aquelas eram as notícias que esperava.

— Opa! Presente de Natal atrasado. Aleluia! - gritei e ouvi quando Penny riu alto - Cara se você tivesse falado com sua tia antes poderiam vir para cá comigo... e eu não estaria sozinho aqui...

— Você parece criança Dean. Nunca está satisfeito com nada. Prometo que vou com você em outra oportunidade.

— Outra oportunidade. - reclamei fingindo insatisfação, para logo emendar: – Melhor do que nada...

— Esse barulho é do mar? - ela perguntou.

— É sim. A casa de Andrew é bem perto do mar. É incrível!

— Deve ser bom...

— Você vai conhecer.

— Espero que sim...

— Em breve. - emendei decidido, se dependesse de mim, essa visita aconteceria muito antes do que Penny imaginava.


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Notas finais do capítulo

Agora vamos ver como os outros vão reagir a esse namoro.
Como Josy vai reagir?
Em breve posto a continuação. BEIJO para todassssssssssss, obrigada pelos reviews maravilhosos.



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