Tudo por você escrita por Lilissantana1


Capítulo 21
Capítulo 21 - Penélope e Dean em casa


Notas iniciais do capítulo

Sem perdão para a demora. Eu sei.
Mesmo assim preciso agradecer a todas as minhas amadas leitoras que passaram por aqui e comentaram o último capítulo. Obrigada Carina, rosas, Miss, doida, vupresque, Mary, Anna, Beca, Gabi. Vcs são demais garotas. BJO



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PENÉLOPE

 

Como geralmente acontecia. Victória me pegou no aeroporto. Apesar de ocupada, minha tia sempre tira uma hora para mim. Não posso dizer que alguma vez fui deixada de lado, ou esquecida, porque uma das sócias do maior escritório de advogacia da cidade estava abarrotada de processos. Jamais! Minhas vontades e desejos foram atendidos a tempo e a hora. Acho até que acabei mimada por causa disso.

Observei a motorista que dirigia com extremo cuidado. Se não fosse assim, não seria Victória. Ela estava igual. Com sua roupa impecável. Cabelo arrumado. Maquilada. Perfumada. Séria.

Estremeci de leve com a sensação estranha que de que a decepcionaria ao contar sobre Dean.

Como ela aceitaria aquela figura com quem eu estava ficando? Será que havia uma forma de explicar que ele... que ele... que ele era um jogador de futebol? Sem desencadear aquele mesmo discurso de sempre? Meu sangue gelou quando lembrei de outra coisa. E se acabasse contando que Dean me agarrou e me beijou a força? Que bancou o idiota comigo por vários dias? Que ele é tudo o que ela sempre me disse que não servia.

Pior...

Que mesmo assim, com todas as merdas que ele fez, eu caí de quatro por ele?

Por Deus!

Ela nunca. Jamais aceitaria isso nesta vida.

E com razão. Como “eu” estava aceitando?

Talvez Dean tivesse que viver umas cem vidas antes de pagar todos os erros que Victória consideraria que ele havia cometido até aquele momento. Sem falar no pai. Na namorada do pai. E sei lá mais o que ele que ele não me contou.

Por Deus! Pela segunda vez.

Não há meios... pensei olhando o rosto dela enquanto minha tia dirigia na velocidade permitida. Dentro do espaço destinado aos carros em ritmo reduzido. No rádio tocava Vivaldi para variar. Ela gostava mais de Mozart ou Bach.

— Você está calada – falou de repente como se tivesse percebido que meu cérebro estava ocupado demais para permitir que meus lábios falassem qualquer coisa.

— Cansada... - meio que menti olhando pela janela sabendo que estava agindo como a maior traidora da face da terra.

Ela me olhou rapidamente.

— Percebi que você tem estado muito ocupada nos últimos dias. Nossas conversas sempre se encerram porque tarefas urgentes te esperam.

Ironia.

— Pois é, este semestre está sendo puxado.

Mentira. E ela sabia bem. Mesmo que tivesse pilhas de coisas para fazer estava sempre pronta para falar com Victória. Nos últimos dias minha recusa em papear por mais tempo tinha um nome: Dean. Por que eu, como naquele momento, não sei como falar com ela sobre ele. Na verdade ainda não sei se devo falar com ela sobre ele. E ao mesmo tempo não sei se conseguirei ficar sem falar sobre ele com ela.

E o medo?

Já falei nele?

Pois estou morrendo de medo da reação dela.

Sem falar na culpa.

Que quase me sufoca.

Suspirei sem querer.

Ela me olhou.

— Definitivamente tem algo acontecendo aí Penny. - ela falou.

— Não tem não... - menti novamente e ouvi a chamada de Dean tocar exatamente naquela hora. Passei o dedo pela tela recusando a chamada.

— É sobre aquele garoto... como é mesmo o nome dele? Róger? Vocês estão ficando?

Oh!

Por quê? Por que foi que eu falei sobre Róger para ela? Ah, claro. Porque Róger era o cara certo para mim. Ele era sério. Se vestia bem. Fazia um dos possíveis cursos corretos. Ou seja, nada de escavações em sítios arqueológicos, jogadores e afins.

Fui direta. Curta e grossa.

— Não. Ele voltou com a namorada.

Victória meio que sorriu.

— Então o problema é esse?

Não tive tempo para responder, meu telefone tocou novamente.

Droga! Merda! Pare de me ligar Dean! Falei mentalmente recusando a chamada outra vez.

— Que problema? - perguntei desligando o telefone de vez para enfiá-lo dentro da mochila.

— Ele ter voltado com a namorada. - ela estava distraída ou não se importava mais com as ligações que eu recebia? - Você parecia muito interessada nele... estava apaixonada? - me olhou rapidamente antes de voltar a atenção para a rodovia.

— Não... - falei sincera, mas tenho certeza que minha voz demonstrou o tanto de decepção que essa constatação me causara. Tudo seria tão mais fácil se meu coração tivesse aceitado se apaixonar pelo cara certo. Mesmo que o cara certo amasse outra.

— É ele quem está ligando?

Opa! Lá estava a pergunta indiscreta que ela demorou a fazer. Quando eu tinha quinze ou dezesseis anos ela pegava meu celular para olhar. Agora... apenas uma pergunta com um desinteresse fingido.

— Minha colega de quarto. - menti. Nossa! Acho que aquela visita seria marcada como a data em que mais contei mentiras para Victória.

— Por que você não atende? Ela pode estar precisando de alguma coisa... - oras. Josy não precisava de nada. Estava junto de Alan, na casa dos pais dela. Apenas esperando a celebração de Natal para sair em direção a praia. Por que diabos ela ia precisar de mim?

— Que nada! Ela é assim mesmo... mais tarde eu vejo o que ela quer.

— O clima entre vocês melhorou depois que você decidiu se tornar amiga dela?

Estávamos mudando de assunto. Quase gritei: Aleluia, aleluia, a le lui aaaaa. É Natal. E no Natal milagres acontecem. Talvez eu devesse me apegar a isso e contar logo a verdade.

Céus!

 

 

DEAN

Larguei a mochila em cima da cama. Parada na porta atrás de mim Michelle me olhava e sorria. Fingi ignorar. Ela deu alguns passos para dentro. Tirei as camisetas da mochila, peguei uma calça de moletom, um agasalho, meias quentes. Precisava de um bom banho. Olhei o celular jogado sobre a colcha.

Quantas ligações?

Cinco? Seis? Nem sabia mais. As duas primeiras caíram, ou eu espero que tenham caído, e depois apenas chamava chamava chamava até cair na caixa.

— Dean.

Tomei um susto. Michelle parou ao meu lado e não percebi.

— Fala pequena! - pedi sentando na cama, puxando ela para sentar nas minhas pernas. - Mas tem que ser rápido porque eu preciso de um banho.

— Você vai ficar aqui até o ano novo?

Estranhei a pergunta.

— Não... vou para a casa do meu pai. Por quê?

— Porque eu queria que você ficasse aqui. - pediu com aquele ar irresistível, fazendo beiço de manha.

— Eu até queria ficar aqui, mas não dá. Meu pai quer que eu vá...

Mentir para a Michelle nunca funciona. Você tem que conversar com ela e explicar a situação. Quando ela compreende, aceita numa boa. E não faz manha.

— Ele está com saudades. - expliquei afagando os cabelos dela – É a segunda vez que venho para cá.

A pequena apertou os lábios.

— Você vem para o seu aniversário?

— Venho. - falei tranquilo.

— E vai trazer a Penélope?

Penélope. Aquela garota maluca. Que não queria assumir um relacionamento comigo. Que não atendia as minhas chamadas. Mesmo depois de termos acertado que nos falaríamos todos os dias.

— Não sei se ela poderá vir.

Esperava que sim. Mas fazer uma promessa que não contava apenas com a minha vontade. Seria um prato cheiro para magoar minha irmã.

— Mas você disse... - sim e ali estava a prova de que uma promessa era inviável.

— Nós mal falamos sobre isso Michelle. Ela teve que viajar para ver a família. Quando eu voltar, converso com a Penny e aí te aviso. – o que me fez lembrar – Você contou para a mamãe sobre ela?

Rapidamente ela balançou a cabeça.

— Isso... promessa é dívida. - falei sério – E você prometeu pra mim que não contaria.

— Quando vou poder contar?

Não sabia. Achei que Penny logo terminaria com aquela história de namorar escondido. Mas pelo jeito ela ainda está insegura.

— Você vai ter que esperar pela Penélope.

— Por quê? Ela não gota de você Dean?

Suspirei.

— Acho que gosta. - como explicar para uma criança a diferença entre o gostar que ela conhece e o gostar que eu conheço?

— Então ela também gosta de fazer segredos. - deduziu com um sorriso esperto nos lábios.

Me apeguei a essa suposição.

— Com certeza é isso. A Penny gosta de fazer segredos. E agora você faz parte do segredo.

Ela se encolheu rindo e minha mãe entrou na porta do quarto. Diana estava séria desde o momento em que entrei em casa. E eu sabia porque. Por causa da história com Andrew e Sam.

— Michelle. - falou seca - Desça. Vá ajudar seu pai na cozinha.

A pequena fez um pouco de manha. Ela sempre faz mais manha com a Diana do que comigo.

— Vai lá. - pedi – Vou tomar um banho e já desço pra gente jogar o seu jogo novo.

Ela ganhou um jogo das princesas. Oh saco jogar aquilo. Mas. Faz parte.

Quando ouvi os passos de Michelle a atingirem a escada perguntei.

— O que foi mãe? Tá sisuda por quê?

— Por que você não toma jeito Dean?

Me ajeitei na cama.

— O que eu fiz desta vez?

— Andrew não para de me ligar.

— Por quê? - perguntei irritado ficando em pé – Já falei pra ele que eu vou pra lá.

— Está indo sob pressão. Mesmo que seu pai seja o cara mais avoado do planeta. “Isso” ele percebeu!

Fiquei em pé e caminhei pelo quarto ajeitando as coisa aqui e ali.

— Pare com isso! - ela chamou do mesmo jeito que fazia quando eu era mais novo. - Apesar de tudo, ele te ama... e ficou muito chateado por suas recusas.

Suspirei. Me virei e encarei o rosto dela.

— Sabe de uma coisa Diana... nem para cá deveria ter vindo! Deveria ter ido com o Brendan ou com o Greg para a casa deles.

Ela não retrucou de imediato. Apenas se desencostou da porta, franziu a testa me encarando séria.

— O que está acontecendo Dean?

— Nada... - voltei a arrumar as coisas.

— Por que esse comportamento? Você definitivamente não é assim.

Minha vez de ficar calado. Ela continuou:

— Problemas no seu curso?

— Não.

— Com seus amigos?

Soltei um riso nervoso. Ela insistiu:

— O que é? Você sabe que pode falar tudo comigo...

A vontade de falar era grande. Mas não. Seria demais.

— Você está usando drogas Dean Anderson?

Olhei para ela e soltei a maior gargalhada do mundo. Ela apertou ainda mais aquela testa. Puxei o braço dela e a abracei.

— Fica tranquila mãe... está tudo bem... é apenas problemas com garotas.

Ela se afastou assustada.

— Você engravidou alguém?

Oh céus! Ela só pensava mal de mim!

— Não! Não engravidei ninguém. Nem pretendo engravidar tão cedo. Fica tranquila.

Um longo suspiro escapou pelos lábios dela. Mesmo assim Diana ainda parecia insegura.

— O que é então? Está apaixonado por alguém?

Se dissesse que sim. Talvez ela me deixasse em paz.

— Estou.

— Eu sei quem é? Você já falou sobre ela? É uma daquelas garotas que aparece agarrada em você nas fotos do facebook?

— Você não conhece. Mas, se tudo der certo. Vai conhecer.

Ela sorriu de lado. Mesmo assim vi a preocupação estampada lá, bem no fundo daquele olhar amoroso. Me abraçou, ajustei meus braços apertando o corpo dela. Diana me parecia tão pequena e frágil agora. Antes ela era muito maior do que eu. Me pegava no colo e eu podia contar praticamente tudo o que me perturbava. Hoje sei que algumas ou muitas coisas preciso resolver sozinho.

Olhei o celular ainda largado sobre a colcha.

Penélope não ligara.

 


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Notas finais do capítulo

E agora. Como esses dois vão se resolver?
Será que esses dias longe vai acabar com o q nem começou?
BJO!!! amo ter vcs aqui comigo.