Tudo por você escrita por Lilissantana1


Capítulo 14
Capítulo 14 - Dean e Penélope


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo.
Eles ainda não são exatamente nada. nem amigos, nem coisa nenhuma... alguma coisa vai ter que acabar com tanta distância entre eles.
BJO e obrigada a todas as meninas que estão aqui acompanhando, e especialmente deixando seus reviews especiais. Carina, Anna, Doida, Sra, Rosas e Miss amando a presença de vcs.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742830/chapter/14

 

 

DEAN

 

Terminei o trajeto até em casa sem conseguir desviar a atenção da descoberta. Havia sim um cara na jogada dessa mudança toda de visual. Mas não era eu, e Brendan se surpreenderia tanto quanto eu se a tivesse visto com o “amigo” dela. Mais uma surpresa de Penélope. Apesar de tudo ela estava interessada em alguém.

Por que estou surpreso?

Era óbvio que um dia ela encontraria alguém. E o cara combinava bem com ela. O tal cara que me olhou com ar de poucos amigos. Será que ele pensou algo a mais quando me viu ali com ela? Me perguntei sentindo um mórbido prazer em incomodar alguém que não conhecia.

Que ficou desconfiado, disso não tenho dúvidas. Mas é porque ele não sabe que ela simplesmente me ignora ou me detesta. Sei lá.

Parei com a corrida ao me aproximar da fraternidade.

Nem sei o motivo de ter me aceitado no grupo de novo. Está tão arredia comigo que seria melhor ter recusado.

Garota irritante!

Não importa o que eu faça pra me aproximar, pra me redimir, ela sempre vai agir assim comigo.

Entrei em casa e vi o pessoal sentado na sala, jogando futebol no play. Segui para a área de serviço, no trajeto cruzei pela cozinha e acabei topando com Brendan e Lissa a preparar um super café.

— Oi Dean. - ela falou sorrindo. Era bom ver um sorriso sincero, de um rosto amigo que não ficava me julgando.

— Oi. - respondi parando no meio do caminho. O cheiro do bolo estava muito bom.

Brendan me olhou sério.

— Ei cara! Você está suado... vai dar um jeito nisso.

— Eu ia para o banho. - falei me aproximando da mesa – Mas, o cheiro está ótimo!

— Banho primeiro Dean. - Lissa falou em tom de ordem, ela agora acha que manda alguma coisa só porque é a namorada do grandão – Vou preparar um lanche pra você e deixar no seu quarto.

Brendan riu de imediato. E imediatamente provou que me conhece muito bem.

— Ele não come no quarto. Não gosta de sujeira nem de cheiro de comida dentro do quarto dele.

Lissa me encarou séria.

— É um hábito legal esse! - depois olhou para o Brendan – Você poderia fazer a mesma coisa. Sempre tem pacotes de biscoito ou outra coisa no seu quarto.

O grandão fez uma careta. Lá estava um defeito dele que finalmente aparecia. Eu sorri satisfeito antes de seguir para a lavanderia.

— Vou pro banho. Como depois se o pessoal não devorar todo o seu bolo.

— A gente guarda no armário. - Brendan falou alto me fazendo rir sozinho.

— Ok. - respondi passando de volta.

Foi um segundo de distração e logo lembrei da história com Penélope outra vez. Do rosto dela quando o cara engomado chegou. Parecia desejar que eu tivesse desaparecido de imediato. O tal, que sequer sei o nome, deve ter os mesmos hábitos que ela. Até na aparência eles tem semelhanças. O jeito certinho, os óculos, as roupas... Enquanto subia a escada novamente me recriminei por não ter imaginado que havia alguém por quem ela se interessaria e que esse alguém só poderia ser parecido com ela.

Esse era mais um dado sobre Penélope que, como tantas outras coisas a respeito dela, literalmente passei por cima. Acho que estou fadado a cegueira total quando o assunto é essa garota.

Entrei no quarto para pegar uma roupa, o telefone tocou segundos depois, enquanto remexia na gaveta das cuecas. Olhei o visor. Meu pai. Era a terceira chamada. Isso queria dizer: atende logo antes que eu corte o dinheiro que mando todos os meses.

— Alô. - falei largando a cueca escolhida sobre a calça, na cama.

— Dean... - não era o meu pai. Que merda! Era só o que faltava para completar meu dia.

— Oi Samantha. - respondi contrariado. Se disser que detesto a namorada dele é pouco. - Pensei que era o Andrew. – fui logo avisando que não queria muito papo com ela.

— Ele está surfando. - ela respondeu com aquela irritante voz miada. - Precisava falar com você.

Já sabia o assunto, mesmo assim me fingi de desentendido e perguntei:

— Sobre o quê?

— Sobre o ano novo! Seu pai está muito chateado porque você disse que provavelmente não virá.

Revirei os olhos. Esse não era um assunto a ser tratado com ela.

— Prometi a Michelle que iria para lá. - minha irmã com certeza merecia minha real atenção.

Ouvi um suspiro do outro lado e a voz dela saiu ainda mais miada do que antes. Será que Samantha imaginava que esse comportamento bobo surtia efeito comigo?

— Então poderia passar o Natal conosco.

Sugeriu. Eu já havia pensado em fazer isso. Passar o Natal com eles e seguir para a casa de Diana no ano novo, mas sei como Andrew é, ele vai me segurar lá até o último minuto. E sinceramente não estou a fim de ficar perto de Samantha mais do que o necessário.

— Escuta... - comecei baixo – Vou ver o que posso fazer. Depois retorno...

— Ah! Faz uma forcinha Dean... estamos preparando muitas atividades para...

— Ok Samantha. Dá um abraço no velho. Ligo assim que me organizar...

Desliguei o telefone e o joguei sobre a cama irritado. Eu queria ver meu pai, sentia falta dele, da nossa camaradagem. Das nossas tardes de surf. Mas, desde que ele começou a namorar Samantha que o clima está complicado por lá. Eu gosto de mulheres. É um fato. Mas sinceramente quando a mulher do seu pai dá em cima de você, fica difícil conciliar as coisas.

Puxei o ar. Aquele, definitivamente, não estava sendo um bom dia. E para completar vi Brendan entrar no meu quarto de supetão. Com ar de conspiração. O que ainda aconteceria para completar a sequência de situações incômodas?

— O que está acontecendo? - perguntei em tom alto e ele me obrigou a calar a boca rapidamente.

— Não grita!

— Tá! Me diz o que está acontecendo? Por que essa cara? E entrou desse jeito no meu quarto por quê?

Ele observou a porta, fez um novo sinal para que me calasse ou falasse baixo, depois se aproximou de mim e começou a cochichar.

— Sexta-feira é aniversário da Lissa... e estou pensando em fazer uma festa surpresa pra ela.

— Boa...

— Duas amigas dela sugeriram fazer no sábado.

— Pensei que você pretendia sair com ela na sexta a noite. - ele havia comentado sobre isso depois do último treino.

— E vou... mas no sábado a gente comemora com os amigos dela e com os nossos amigos.

Balancei a cabeça em concordância.

— Por mim tudo bem. O que precisa que eu faça? - se ele estava ali era porque precisava de algo.

— Preciso que me ajude a comprar a bebida. E que convide a Penny.

Balancei a cabeça rapidamente.

— Com a bebida ajudo, mas convidar a Penny? Por que você não faz isso?

Não estava a fim de falar com a Penélope. Na verdade todas as vezes em que lembrava da cara dela para o tal “amigo” tinha menos vontade de vê-la.

— Porque estou pedindo a você. Lembra que você está nos devendo duas festas como motorista da vez? Pois será você quem terá de buscá-la, então...

Merda!

Desgraça pouca é bobagem.

— Faz isso pela Lissa. Ela guardou quase metade do bolo pra você.

Resmunguei. Ele sempre fazia isso.

— Chantagem não conta. - informei capturando minhas roupas sobre a cama.

Ele riu. E eu soube que faria o que me pediu.

— Vai fazer?

— Faço. - respondi rápido já saindo do quarto.

 

 

PENÉLOPE

 

Apesar da expectativa para a aula de ética, foi o grupo de estudos que me trouxe novidades. Josy estava lá, sentada junto a Alan, e eles estavam agindo como todos os ficantes agem, com aquelas brincadeiras idiotas e mimizentas que eu detesto do fundo do coração. Brendan e Greg chegaram a pedir para a dupla maneirar ou eles seriam retirados do grupo. Alan não queria isso, então obrigou Josy a se comportar.

Dean parecia distraído aquele dia. Ele conversou, ele debateu e seu trabalho estava tão bom quanto o de qualquer um. Mas havia algo errado com ele. Uma ruga entre os olhos parecia insistente. E mesmo que ele tivesse sorrido para mim e feito meu coração descompassar com esse simples gesto. Não consegui me desviar da sensação de que não estava bem. Só que não perguntei nada. Não me sentia no direito de fazer isso.

No final da aula, nós saímos juntos, os casais iam um pouco mais a frente, Greg grudou no celular e estava absorto ali, de repente senti uma mão no meu braço e o velho arrepio deslizar pelo corpo inteiro. Sabia que era ele.

Dean.

— Penny... - falou baixo – A gente pode conversar?

Olhei para ele de lado, desconfiada, puxando o braço que ele não soltou.

— O que você quer?

Ele sorriu descontraído.

— Calma... é só um convite...

— Convite? – repeti, sou ou não sou uma idiota quando estou perto dele? Claro que sou. E não consigo me livrar dessa idiotice de jeito algum.

— Sim... - ele olhou para a frente e baixou ainda mais o tom de voz – a Lissa está de aniversário na sexta-feira, e o Brendan quer fazer uma festa surpresa pra ela no sábado... ele pediu para te falar...

— Porque ele próprio não falou?

Dean deu de ombros.

— Sei lá, acho que anda ocupado arrumando tudo.

— Onde vai ser a festa? - perguntei puxando meu braço da mão dele e finalmente sendo liberada.

— Lá em casa... na fraternidade.

Ah essa que não! Não ia na fraternidade deles nem que me pagassem. Dean pareceu notar meu desconforto e foi esclarecendo:

— Os rapazes vão maneirar na bebida e nas bobagens, você já conhece a Lissa. Ela não é o tipo de garota que sai por aí ficando bêbada ou que participe daquelas brincadeiras que o pessoal costuma fazer.

Nisso ele tinha razão.

Dean continuou:

— Brendan não vai permitir que passem da conta.

Me remexi ainda me sentindo dividida entre a vontade de recusar e o desejo de atender a um pedido de Brendan.

— Você pode levar seu amigo. - Dean disse de repente me obrigando a encarar os olhos escuros dele.

— Brendan falou alguma coisa? O que você disse pra ele Dean?

Dean se apressou para me oferecer uma resposta:

— Devo dizer não para as duas perguntas. - retrucou parecendo ofendido - Ele não disse nada sobre o assunto porque eu não contei coisa alguma. Brendan apenas pediu para convidar você.

— Então não tem porque levar ninguém mais. - falei séria.

Um segundo de inusitado silêncio me obrigou a observar mais detidamente o rosto bronzeado.

— Achei que vocês estavam saindo. - finalmente falou, parado diante de mim, com os braços ao longo do corpo.

Fixei meus olhos nos dele.

— A gente está se conhecendo.

Ele movimentou as mãos perguntando:

— Ainda tem gente que se conhece?

Dei de ombros.

— Você pode não ser. Mas eu sou do tipo que conhece pessoas. Não saio por aí ficando com qualquer um.

Ele sorriu. E não pareceu ser um sorriso de deboche ou de ironia.

De repente o telefone dele tocou. Vi quando observou o visor e cancelou a chamada. Deveria ser mais uma garota “daquele tipo”, das grudentas, que eles detestam. A ruga entre os olhos se formou novamente. Mas, quando falou comigo o tom de voz era sereno e tranquilo como antes.

— Acho que a Lissa ia gostar se você fosse... acompanhada ou não. - porque ele insistia em colocar Róger no meio da conversa?

Não respondi. Ele se calou.

— Que horas? - a Lissa é uma pessoa ótima. Brendan adora ela. E eu gosto dos dois. Não poderia recusar.

— Você não vai com seu amigo? - ele insistiu.

Será que eu estava falando em grego?

— Claro que não!

Ele se inclinou levemente para a frente, me encarando direto.

— Então, eu pego você. Vou ser o motorista da vez de novo. - falou com um sorriso a brincar nos lábios desenhados.

Retruquei de imediato.

— Não precisa me pegar...

Ele suspirou.

— Acabou de dizer que não vai com seu amigo. O que quer? Ir sozinha até a fraternidade só para que não ir comigo?

— Vou com a Josy. Ela vai também não é?

Ele soltou um som irritado antes de falar:

— Eu, vou pegar a Josy. Já marquei com ela. Se quiser vir junto, é com você.

Me ofereceu as costas como se estivesse ofendido. Deu alguns passos para longe, se voltou, me encarou e falou sério.

— Tá muito difícil aturar a minha presença no grupo? Se estiver, é só me falar...

Travei diante do modo como ele falou. Dean não estava brincando. Estava realmente irritado. E era a primeira vez que o via irritado. Permaneci calada por vários segundos, segundos demais, olhando para o rosto dele.

— Desculpe... - falei entre dentes. Havia passado dos limites. Ultimamente Dean não me dera qualquer motivo para tratá-lo mal além do meu estúpido interesse por ele - Eu sou assim... - falei sabendo que não servia como justificativa, porque na verdade, eu não era sempre assim. Só quando me sentia acuada. Como me sinto quando ele está perto. Suspirei encarando o rosto dele. O que fazer quando a simples presença de alguém te perturba de uma forma que você não consegue ignorar?

— Eu sei que você é assim... - ele soltou um som esquisito com a boca antes de falar – Só que parece que comigo é pior.

Não falei nada. Ele ficou me olhando. Revirou os olhos.

— E a culpa deve ser minha.

Não faz isso. Falei mentalmente. Não fica se culpando, assim eu não tenho motivos para me sentir irritada contigo.

— Não! - dei um passo a frente, ele continuava a me olhar – A gente começou mal. Só isso...com calma tudo vai ficar normal.

No momento em que eu me acertasse com Róger, em que a gente fosse se conhecendo mais e mais, Dean passaria a ser deixado para trás. E pronto. Nós poderíamos ser amigos do mesmo jeito que era com os outros. Estava contando com isso.

Remexi na alça da bolsa, Dean continuava a me olhar sério. Com a ruga entre os olhos.

— E eu vou com você e a Josy pra festa... e só me dizer o horário.

Ele pigarreou limpando a garganta. Mesmo assim a voz saiu arranhada. Ainda zangada. Ou talvez, com certeza eu estava imaginando coisas, magoada.

— Ela ainda não me disse a hora. Mas, vocês estão no mesmo dormitório, no momento em que estiverem prontas, me liguem que eu pego vocês.

O telefone tocou novamente. Ele olhou, seus olhos se apertaram brevemente. Zanga. Eu conheço esse olhar. Recusou a chamada, colocou o celular no bolso e me encarou rapidamente.

— Tudo ok então. A gente se vê na próxima aula. Se vocês tiverem acertado o horário, é só me avisar.

— Pode deixar. - respondi finalmente vendo o restante do grupo se afastar de nós cada vez mais.

Tomamos direção em que os outros seguiam, Dean um pouco a frente, encarei seus ombros largos, os cabelos castanhos e a pele bronzeada. Como seria ir a essa festa? Passar horas dentro da casa deles. Vendo como era a vida deles por lá. Quer dizer, já tinha uma vaga ideia pelo que Josy me contou superficialmente. Mesmo assim, não estava preparada para enfrentar meu primeiro evento social, justamente na fraternidade de jogadores de futebol.

Perto de Dean...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo a festa.
Como será q tudo vai correr?
BJo e até lá! Espero por vcs!