Take me To Church escrita por Charles Gabriel


Capítulo 8
Capítulo Oito


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a Redbird por ter feito uma recomendação maravilhosa e a Dríada Dias por ser a leitora mais fiel e sempre comentar em todos os capítulos ♥
Muito obrigado, de coração! Vocês me deixaram extremamente feliz.
Boa leitura!



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Depois daquele fatídico dia, meu pai sempre parecia atordoado, com medo de que algo fosse acontecer comigo.

Nas últimas noites, ele sempre havia sonhos conturbados, e ele dizia que esses sonhos eram comigo e com Ruzgar sendo queimados na estaca pela igreja.

Papai demorava a voltar a dormir depois desses sonhos.

Confesso, que até eu demorava a dormir.

Eu não queria ser perseguido pela igreja, muito menos por seus seguidores fanáticos.

Ruzgar estava totalmente fragilizado com o que havia acontecido.

Eu não gostava de vê-lo assim.

Na última noite em que nos encontramos, ele chorou.

Chorou tanto, que minha camisa ficara molhada.

— Por que sua camisa está molhada, Sevilin? – Papai me perguntara quando eu cheguei em casa depois de encontrar-me com Ruzgar.

— Não se preocupe, papai! Estou bem. – Respondi enquanto meu coração virava pó ao lembrar-me de Ruzgar chorando. Eu não estava nenhum pouco bem.

— Aconteceu algo com a menina? – Ele franziu a testa.

— Não, ela só está fragilizada com o que aconteceu hoje – Sussurrei evitando olhar em seus olhos.

— Ela vai melhorar, filho – Ele passou a mão gentilmente por meu cabelo.

Naquela noite, eu chorei nos braços de meu pai.

Eu havia chorado diversas vezes em seu ombro quando era criança.

Mas depois que cresci, parei de fazer isso.

Talvez crescer signifique decepcionar as pessoas que amamos.

Inclusive nossos pais.

— No que você tanto pensa, Sevilin? – Papai me perguntou, colocando a mão em meu ombro.

— Nada demais, papai – Dei um sorriso fraco.

Isso não pareceu convencê-lo, mas ele decidiu ficar calado.

Foi nesse momento em que senti vontade de contar-lhe tudo, até nos mínimos detalhes.

Mas e se ele me mandasse embora? E se ele me entregasse para a igreja?

Eram tantos e se que senti minha cabeça girar.

Eu amava Ruzgar demais.

Mas isso é perigoso.

Isso pode colocar até nossos pais contra ele e eu.

Talvez, o amor seja como o relâmpago, por mais lindo que for não deixa de ser perigoso.

— O que você faria se tivesse um filho praticante do homossexualismo, papai? – A pergunta saiu antes mesmo de eu pensar.

Ele me olhou abismado.

Abriu a boca diversas vezes, mas não saía nada de sua boca.

Eu sou muito burro.

Maldita língua que é mais rápida que o cérebro.

— Por que está me perguntando isso, Sevilin? – Seus olhos castanhos me avaliavam. Ficamos por vários segundos em silêncio, até que seus olhos se arregalaram e sua face tornou-se pálida – Você é...

Fechei os olhos, sentindo lágrimas inundando meus olhos.

Papai deveria me odiar.

Com toda certeza.

Senti os braços de meu pai ao redor de meu corpo e pude ouvir seu choro abafado em meu pescoço.

Deixei as lágrimas caírem e me permiti chorar.

Em menos de uma semana, essa era a segunda vez em que eu chorava em seus ombros.

— Me desculpe, papai – Sussurrei.

— Você não me deve desculpas, Sevilin – Papai levantou meu rosto para olhá-lo – Eu ainda vou te amar, sempre.

Lágrimas quentes caíram em meu rosto e papai as limpou.

— Será que mamãe iria me perdoar por eu ser assim?

— Com toda certeza – Ele deu um sorriso triste – A irmã de sua mãe também era assim, e sua mãe a apoiou.

Dei um sorriso bobo.

Eu realmente era amado.

Tanto por meus pais, como por Ruzgar.

Papai ficou feliz ao saber que meu namorado é ele.

Depois de muito tempo, senti-me livre.

É tão bom saber que meu pai me apoia, apesar de todo esse caos.

— Por favor, Sevilin – Papai segurou em minhas mãos de um jeito firme – Mantenha-se vivo, por mim. Não aguentarei perder mais alguém em minha vida.

Aquilo foi como um soco no estômago.

Seus olhos estavam tristes.

Eu não o respondi, apenas o abracei com força.

Eu não poderia prometer o que não poderia cumprir.

Mas por meu pai, eu tentaria qualquer coisa.

*|||*

Na manhã seguinte, tive que ir trabalhar.

Colher cevada debaixo de um sol escaldante, não é nada fácil.

Após ter colhido mais cevada do que o necessário, descansei debaixo de uma sombra de uma enorme árvore.

Um vento piedoso soprou.

— Oi, querido – Ouvi a voz de Nuray um pouco alta e melosa demais a alguns metros de distância. Virei-me para ver.

Nuray se curvava de propósito em frente a um garoto muito mais novo que ela, mostrando o decote de seu vestido.

Mesmo de longe, dava para se perceber o nervosismo do garoto.

Senti vontade de me curvar e vomitar.

Nuray é uma cobra.

Uma vez, Ruzgar me dissera que Nuray costumava dar em cima de todos os garotos do vilarejo.

Talvez isso fosse verdade.

Mas de qualquer modo, eu não me importo.

Decidi sair dali, antes que Nuray me visse.

Eu não queria me misturar com fofoqueiros como Nuray.

Mamãe sempre me dissera, que quem é fofoqueiro acaba se dando muito mal.

Se isso for verdade, Nuray estará ferrada, já que desde criança sempre falara mais do que o necessário.

Após pegar meu pagamento, voltei para casa.

A casa estava totalmente silenciosa, papai deveria estar trabalhando.

Decidi ir até meu quarto e dormir.

Acabei adormecendo, pensando em Ruzgar.

Horas mais tarde, acordei sentindo-me melhor.

Papai já havia voltado do trabalho, então, fiquei por um tempo conversando com ele, até que decidi sair para me encontrar com Ruzgar.

Como sempre, ele já se encontrava por lá quando eu cheguei.

Ele estava observando o céu.

Queria entender o porquê de Ruzgar gostar tanto das estrelas.

— Ei – Sussurrei.

Seus olhos castanhos me encararam com felicidade, me joguei em seus braços, ouvindo as batidas frenéticas de seu coração.

Ficamos assim por um bom tempo, em silêncio.

Até que ele começou a falar sobre as estrelas.

Ele falava e eu o observava.

Gosto de observar Ruzgar e admirá-lo.

Gosto de seu sorriso, quase sempre, genuíno.

Gosto do jeito que ele fala quando está interessado em algo. Gosto de observar seus cílios negros, tão longos que emolduram seus olhos castanhos. Gosto de observar o jeito como seus cabelos castanhos e compridos caem por seus ombros.

Eu devo ser um bobo apaixonado.

Mas isso não importa.

— O que acha, Sevilin? – Ruzgar tirou-me de meus devaneios.

— Do que?

— Você não ouviu o que eu disse?

— Ouvi sim

— Mentiroso – Ele falou de um jeito acusador, mas rindo logo em seguida.

Ele me puxou para seus braços e beijou meus lábios de maneira carinhosa.

— Eu te amo – Ele sussurrou contra meus lábios.

— Eu também amo você – Sorri.

Ele me beijou de novo, de uma maneira mais intensa, colocando a mão por dentro de minha camisa, fiquei arrepiado com seu toque.

Ele começou a distribuir beijos por meu pescoço.

Eu quero Ruzgar, sempre vou querer! E nada chega perto da maneira que eu preciso dele.

Ele arrancou minha camisa de maneira raivosa e começou a distribuir beijos por meu peito, pescoço até chegar a meus lábios novamente.

— Não, é melhor pararmos – Ele se afastou, pegando minha camisa do chão e me entregando.

— Por quê? – Sussurrei.

— Ainda não é o momento certo, amor – Coloquei a camisa de maneira desajeitada, ele soltou uma risada e passou a mão por minha camiseta, ajeitando-a – Você ainda não está pronto para isso.

— Eu estou sim – Contestei. Tentando ficar com raiva.

Ele me puxou para seu corpo novamente, colocando as mãos em meu quadril e colocando algo dentro de meu bolso.

— Tem que ser de um jeito especial, não assim. Será desconfortável – Ele me garantiu.

Ele me olhava com tanto carinho que é totalmente impossível ficar com raiva.

Eu o abracei, sentindo o perfume e a maciez de seu cabelo contra meu rosto.

Uma brisa gelada passou, fazendo-me ficar arrepiado.

— Acho melhor irmos, amor – Ele falou rindo.

Soltei-me de seu corpo e Ruzgar beijou meus lábios de maneira carinhosa e entrelaçou seus dedos nos meus.

Chegando perto do vilarejo, Ruzgar e eu nos soltamos.

Era muito difícil fingir que não o amava, sendo que dentro de meu peito, meu coração clamava pelo amor de Ruzgar.

Ao chegar a minha casa, papai já estava dormindo.

Fui para meu quarto de maneira silenciosa, verificando em meu bolso o que Ruzgar havia colocado.

Era uma moeda.

Ele realmente falou aquilo de maneira séria.

Guardei aquela moeda na caixinha e escondi-a debaixo de várias roupas.

Me deitei na cama, sentindo o perfume de Ruzgar em minha roupa, e adormeci lembrando-me de seus toque e suas carícias.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, até mais :) ♥



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