Take me To Church escrita por Charles Gabriel


Capítulo 7
Capítulo Sete


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :) ♥



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Nuray nunca mais procurou a mim ou a Ruzgar.

Ela passou a nos ignorar completamente e de certa forma, isso é ótimo.

Meu pai parecia melhorar de sua crise, e com sua constante melhora, eu ficava feliz.

Ruzgar começou a trabalhar na área da pesca, isso resultava em nossos encontros acontecerem apenas na parte da noite.

Eu saía sempre justificando ao meu pai que me encontraria com a garota.

Eu não gostava de sair à noite, achava perigoso, mas por Ruzgar, eu faria qualquer coisa.

Todas as noites, as pessoas iam às igrejas. A maioria via o imperador como um representante ou mensageiro de Jesus Cristo, já que ele era responsável pela propagação do cristianismo. Eu achava aquilo totalmente ridículo, mas não poderia contestar.

Eu não frequentava muito a igreja, só iria aos momentos da qual eram obrigatórios. Não tinha paciência para aquilo.

Diferente de mim, meu pai frequentava a igreja sempre que podia.

Uma brisa piedosa soprou, fazendo-me fechar os olhos.

Eu adorava sentir o vento calmo soprando em meu rosto.

— Ei – Ruzgar sussurrou em meu ouvido, abri os olhos, sentindo meu coração esmurrar meu peito de maneira rápida.

Ele ficava ainda mais lindo a luz do luar e das estrelas.

— Ei – Respondi com a voz fraca.

— Senti sua falta – Ele me abraçou, fazendo-me encaixar meu rosto em seu peito, eu poderia ouvir o som das batidas de seu coração, tão ou mais acelerados do que o meu.

— Eu também senti sua falta.

Ele ergueu meu rosto com suas mãos grandes e fortes, e beijou meus lábios.

Doía ficar longe de Ruzgar, era como se uma parte de meu coração ficasse com ele, toda vez que ficávamos longe.

Meu coração só ficava inteiro quando ele estava por perto.

Eu acreditava que não havia ninguém mais apaixonado em Constantinopla do que Ruzgar e eu.

Afastamo-nos e ele sorriu.

Ruzgar e eu começamos a falar sobre suas irmãs, e no quanto elas o ficavam enchendo por arranjar uma namorada.

Se elas soubessem que Ruzgar já namorava...

Ruzgar observava o céu enquanto eu o observava.

Ele falava sobre o formato das nuvens, e ria quando via algo engraçado.

— Ei, você viu o formato daquela nuvem? – Ruzgar me perguntou.

Eu deveria estar com uma cara de bobo apaixonado.

— Vi sim – Menti sorrindo.

Ele riu.

Aquela risada poderia contagiar até os anjos se fosse possível.

Meu coração bateu forte dentro do peito.

— Já disse que você é um péssimo mentiroso? – Ele falou sorrindo.

Balancei a cabeça negativamente sorrindo também.

— Estende a mão – Ruzgar colocou a mão no bolso da calça.

— Por quê? – Perguntei franzindo a testa.

— Só estende, amor – Ele falou de maneira carinhosa.

Automaticamente estendi minha mão, e ele colocou uma moeda.

— Pra quê isso? – Perguntei estranhando.

— É pra você ir guardando cada moeda que eu te der.

— Não estou entendendo.

 - Pra nos casarmos algum dia – Ele sorriu.

— Você pretende se casar comigo? – Não sei como consegui falar, já que eu perdera o fôlego.

— Mesmo podendo ser queimado na estaca pela igreja? Sim! Eu correria esse risco por você.

Guardei a moeda no bolso, e o abracei.

Ele me apertou com força contra seu corpo.

Ficamos assim, por muito tempo, até que ele me beijou.

Foi um beijo intenso.

Ele me puxava, e eu acariciava seus cabelos, hipnotizado com aquelas carícias.

Eu sentia seus dedos apertarem minha cintura e meus quadris e temi para que não ficasse marcado.

Ele colocou suas mãos por baixo de minha camisa e senti cada célula do meu corpo entrar em chamas.

Ele desceu os beijos pelo meu rosto, pescoço.

Foi quando ele quebrou o beijo, ofegante assim como eu.

— Não podemos fazer isso, pelo menos não agora, por mais que eu queira.

Ele me queria. Isso estava nítido.

— Talvez devêssemos esperar um pouco – Sussurrei depois de conseguir recuperar o fôlego.

— Não é o momento certo, tem que ser especial.

Ele me deu um beijo casto e me abraçou de novo.

Senti meus olhos pesarem de sono, deveria fazer horas que estávamos por ali, ele entrelaçou suas mãos na minha e caminhamos de maneira silenciosa até chegarmos ao pequeno vilarejo.

As pessoas estavam saindo da igreja, ele soltou sua mão da minha.

Era perigoso se déssemos o mínimo de afeição um pelo outro.

Confesso que aquilo me doía, mas eu sabia que não era por culpa de Ruzgar.

Ruzgar se ofereceu para me levar até minha casa, mas eu neguei, ele parecia muito cansado.

Não queria ver meu namorado cansado amanhã por ter ficado tempo demais comigo.

Quando cheguei a minha casa, meu pai já estava dormindo, tranquilamente.

Guardei a moeda que Ruzgar me dera mais cedo dentro de uma caixinha de madeira que mamãe havia me dado uma vez, quando era criança.

Fiquei acordado, por um bom tempo, pensando em Ruzgar e no quanto eu o amava e me sentia amado por ele.

Ele era especial, insubstituível.

Eu nunca soube que esses momentos com Ruzgar poderiam significar tanto em minha vida.

Acabei adormecendo me lembrando do sorriso estonteante de Ruzgar.

*|||*

Na manhã seguinte acordei com meu pai me chamando.

Sua voz parecia estar horrorizada.

Levantei-me o mais rápido possível, por mais que meu sono estivesse forte.

Apertei os olhos com força e saí da cama o mais rápido possível.

— O que aconteceu, papai? – Perguntei sem fôlego, vendo-o na varanda de casa.

Ele me abraçou com força.

— Aconteceu algo terrível, filho – Ele fungava.

— O que aconteceu?

— Uma garota e um rapaz foram queimados na estaca, filho!

Aquilo me pegou de surpresa.

— Por que, papai?

— Porque ela se entregou a um rapaz antes da hora e Nuray os entregou para a igreja.

Tinha que ser...

Pessoas fofoqueiras deveriam ser queimadas na estaca também, pensei em responder, mas mordi a língua.

Não queria deixar meu pai mais fragilizado do que já está.

Então, apenas o abracei, dando todo o meu apoio para ele.

— Me prometa, que nunca fará isso com a garota antes do tempo – Ele sussurrou, segurando com força meus ombros.

— Papai, eu não farei na...

— Me prometa, Sevilin! – Saíam lágrimas de seus olhos castanhos e aquilo me doía cada vez mais – Você tem que me prometer!

Eu não sabia o que dizer.

— Me prometa, filho – Mais um aperto em meu ombro e mais lágrimas – Você tem que mostrar que eu criei um homem gentil.

O aperto ia ficando cada vez mais forte.

E meus ombros iam ficando cada vez mais doloridos pelo aperto.

Ruzgar era um homem e não uma mulher.

Eu poderia fazer o que bem entendesse com ele as escondidas, não poderia?

— Me prometa – Papai falou firme dessa vez.

Suspirei cansadamente.

— Eu prometo, papai!

Ele desabou em meus ombros de maneira tão aliviada que me senti até mal.

— Eu não posso perder você, filho! – Papai falou enquanto chorava.

Aquilo cortou meu coração.

A realidade é que eu não saberia se levaria a promessa de meu pai adiante.

Se eu não levasse, e alguém nos pegasse eu me sentiria mal.

E meu pai, com certeza saberia que havia um filho doente.

Eu realmente sou uma desonra pros meus pais.

Minha mãe com certeza sentiria nojo de ter um filho como eu.

E meu pai, ainda mais.

Mas agora não importa.

A doença já me consumiu por inteiro, não adianta ficar chorando pelo leite derramado.

De qualquer forma, eu morreria pela igreja.

Então, se eu infringisse mais uma lei, não haveria problemas.

Eu vou para o inferno de qualquer maneira.

Então, de que adianta eu temer isso?

— Eu te amo, papai. – Soltei, ainda o abraçando.

— Eu também te amo, filho.

Será que ainda me amaria se soubesse que amo outro homem?

Talvez não.

Mas de qualquer forma, eu tomaria todo o cuidado possível para meu pai não se decepcionar comigo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ♥



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