Os Filhos da Lua escrita por Lua Chan


Capítulo 16
Um pedido de socorro


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Desculpe pela demora. Espero que gostem do capítulo :)



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As semanas se passaram lentamente. Pelo menos essa era a sensação, quando é necessário me preocupar com um maníaco que estava atrás de mim. Eu estava assustada, nervosa e meus portos seguros foram Amur e seus irmãos. Finalmente eu e Amur oficializamos nosso relacionamento — Yakob ainda estava incomodado, mas depois esqueceu suas preocupações sobre nosso namoro. Eu sabia que aquele era apenas o modo Irmão Protetor dele. Apesar das boas notícias, ainda tinha um problema: eu estava ficando cansada devido a doença que inicialmente era apenas um resfriado. Eu comecei a ter febres intensas, das quais nem os médicos podiam explicar. Tom ficou ao meu lado por todos os dias.

— Estou ficando preocupado com você, Strawberry. — diz ele, enquanto jogávamos uma partida de xadrez (nem sei por que aceitava. Thomas me vencia sempre).

— É, todos estamos.

— Não é só sobre sua doença. — ele suspira, desistindo um pouco da partida. Faço mesmo ao notar a seriedade em seus olhos.

— O que foi?

— Tem algo que você não está me contando, Summer?

Evito olhar em seus olhos, mas infelizmente ele sabia das minhas táticas. Fazia 2 meses que eu conhecia Amur e os segredos de sua família. 2 meses sem poder falar nada para ninguém sobre a existência de lobisomens ou metamorfos, como eles preferiam ser chamados. 2 meses que eu me sentia mal por não dizer nada para o meu melhor amigo. Às vezes era tão injusto, mas eu lembrava que era assim que deveria ser. Não tinha escolha.

— Tom, você é uma das pessoas que eu mais confio e sabe disso. — começo, hesitando — Mas... eu não posso contar tudo pra você...

Ele vira a cabeça para o lado como se fosse um cachorro confuso. Era engraçado, mas me recusei a rir.

— E qual seria a lógica da nossa amizade? Summer, você sabe que pode me falar qualquer coisa.

— Nem tudo, Thomas. É que...

— Você está grávida?

— O quê?! — exclamo, pasma — Não, que absurdo!

— Então o que pode ser mais chocante que isso?

Fico em silêncio. Era assim que ele planejava obter algo de mim? Não sei se ficava mais nervosa ou chateada pelo atrevimento, então resolvo não atender seus desejos. Continuo do mesmo jeito, muda.

— Quer saber, esquece. — Tom resmunga, levantando-se num piscar de olhos.

— Tom, por favor... — suplico, ainda conseguindo segurá-lo pela mão. Ele, porém, insiste na implicância.

— Estou cansado, Summer.  Prometo voltar daqui a pouco, certo?

Tive medo de o meu melhor amigo estar com raiva de mim, mas Thomas parecia estar sendo sincero. Tentei confiar em meus instintos, na parte mais calma de mim que me forçava acreditar que tudo estava bem entre nós. Me despedi de Tom, e, por mais clichê e meloso que soasse, parte do meu coração foi com ele. Só me restava esperar que ele esfriasse a cabeça.

Um tempo depois dele sair, alguém bate na porta. Isso já tinha virado uma rotina, principalmente nos momentos de repouso. Autorizo a entrada e me deparo com um garoto de olhos congelantes.

— Tem dormido muito? — Amur pergunta com um sorriso contagiante.

— Não, sabendo que você veio me visitar.

Ele me beija e eu torço para não acabar. Quando nos afastamos, é impossível não perceber minha cara pensativa. Amur se agacha e fica ao meu nível, observando-me com cautela.

— Qual é o problema, amor? Você não deveria ficar sempre nervosa com Darius. A alcateia está te protegendo.

— Não é só isso. É que... é o Tom, sabe? Eu detesto esconder coisas dele.

Amur se aproxima de mim, abraçando-me de lado carinhosamente. Encostei a cabeça em seu ombro, sentindo o calor de sua pele (benefícios de lobo). Foi bom saber que Amur e Thomas estavam de bem um com o outro, mas ainda havia esse incômodo. Os olhos do garoto se fixaram num ponto da parede, enquanto isso esperei por uma resposta.

— Tudo bem.

— Tudo bem o quê?

— Já chega de segredos, não posso estragar o que vocês têm. Como futuro alfa dos Axel, eu te autorizo a contar sobre mim a Thomas.

Fico calada, esperando o momento que ele começaria a rir de mim, mas não aconteceu. Ele não poderia estar falando a verdade, não é?

— Oi?

— É, Summer. Você ouviu bem. Chame Thomas pra cá e nós conversamos. Mas se ele abrir a boca, não vou poupá-lo. Já estou fazendo um grande favor.

Abraço ele repentinamente, tenho quase certeza que foi tão forte quanto os de Erik, já que Amur ficou sem ar. Apesar de ter achado engraçado, fiquei impressionada.

— Uau! Eu não fazia ideia do tamanho de sua felicidade. Deveria fazer isso mais vezes.

— Obrigada, Amur. Vou ligar pra ele agora.

Corro até uma bancada próxima a TV e pego meu celular, discando com a maior velocidade o número do meu melhor amigo. Senti o olhar de Amur me observar de longe, talvez imaginando o que de pior sua ideia poderia resultar. O telefone apenas chama, o que me faz pensar na possibilidade de Amur não querer atender de propósito. Deixei a possibilidade de lado e liguei novamente. Finalmente, ele atendeu.

— Thomas, oi! Por favor, venha pra casa. Eu tenho algo surpreendente pra te falar.

Alô? — uma voz diferente se pronunciou, fiquei tensa — Summer, não é? Seu número está salvo no celular do seu amigo.

— Quem é você?

Ah, claro. Desculpe não ter falado nada. — ele diz. Percebo que certas palavras são carregadas de um forte sotaque — Não queria te preocupar, mas seu amigo sofreu um acidente. Eu o encontrei na margem da estrada principal.

Meu coração congela e Amur corre até minha direção, antes que eu pudesse cair. Eu sabia que, graças a sua apurada audição, ele teria escutado tudo.

— O-Onde ele está?

Peço um pedaço de papel e uma caneta, já anotando o endereço.

Já chamei a ambulância, mas acho que vá querer pegar o celular dele.

— Sim, sim. Estou a caminho.

Não precisei dizer nada, Amur apenas me esperou trocar de roupa e seguimos até o endereço combinado — como era perto, resolvemos ir a pé. Por estranho que pareça, eu consegui andar no mesmo ritmo que ele. Ao chegar no local, ouvimos uns gemidos próximo da floresta. Ao andar mais um pouco, vi que era Thomas. Corri até o garoto e notei qual era o problema: havia uma marca de mordida bem grande em sua perna. Deveria realmente estar doendo. Pelo menos, a ambulância tinha acabado de chegar.

— É de lobo, não é? — falo, com um nó de marinheiro na garganta. Forcei as lágrimas a não saírem, mas era difícil — Por favor, me diga que não é letal, Amur. Por favor.

Ele ficou cabisbaixo, virando a cabeça na direção da ambulância. Alguns socorristas já estavam me pedindo para afastar, enquanto colocavam Tom numa maca. Lá se  foi meu melhor amigo. O veículo estava indo embora, deixando-nos sós. O medo invadiu meu peito como nunca, tudo o que fiz foi abraçar Amur. De repente, quando menos espero, ouço o barulho de passos. Amur fareja o ar e diz o que menos desejava ouvir:

— São os nômades. Fique atrás de mim, Summer.

Me solto de Amur e obedeço, enquanto nos deparamos com um homem do tamanho dele. Ele estava do lado de uma mulher de cabelos loiros. Ambos se aproximaram da gente, até que consegui identificar uma das imagens. A mulher era a minha mãe! Confusa demais, me afasto de Amur e encaro a mulher que cuidou de mim por tanto tempo. Ela estava diferente, talvez com umas olheiras a mais e com uma aparência perdida, os olhos já marejados.

— M-Mãe? — penso em fazer perguntas, mas a primeira coisa que sai da minha boca é um aviso de espanto — Saia de perto dele!

O homem mal se mexe. Ele não parecia tão ameaçador, mas deixei de julgar pelas aparências há um bom tempo. Sua mão, que antes estava no bolso da calça, mostra o celular de Thomas. Então era ele!

— Acho que isso pertence ao seu amigo. — ele joga o celular para mim, mas eu reteso, deixando o aparelho cair no chão — Calma, Summer. Te machucar seria a última coisa que eu queria.

— Darius, não é? — digo com o mesmo tom que ele usou quando falou comigo pelo telefone — Diga isso pra alcateia dos Axel, que esteve na sua cola esse tempo inteiro!

— Querida, ele não está mentindo! — minha mãe interveio, como se estivesse ameaçando.

— Por que você está defendendo ele, mãe? Por favor, pare!

Ela demorou para responder. Olhou para Darius, em seguida para Amur e então, eu fui a última. Com o coração martelando no peito, resolvo apenas ficar em silêncio. Infelizmente, nada me impediu de me assustar com suas próximas palavras.

— Porque ele é seu irmão, Summer.

 


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