Rockabye escrita por JPStyle


Capítulo 1
Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742747/chapter/1

Estava decidido, seria naquela noite. Naruto finalmente conseguiria alcançar Hinata e demonstrar o quanto se importava com ela e que merecia ter muito mais do que escapadas do escritório à tarde e algumas noites no mês.

Fazia pouco mais de oito meses que vinham se encontrando de maneira mais íntima. A morena havia começado a trabalhar na firma de advocacia da família Uzumaki há um ano e meio e, entre toda a tensão sexual que os rondava, acabaram se envolvendo. Haviam poucos coisas que o loiro realmente sabia a seu respeito, o que não o impediu de se apaixonar perdidamente pela azulada e querer ter um relacionamento sério com ela. O problema era que Hinata não fazia nenhum tipo de esforço para alcançarem isso, pelo contrário, sempre que ele entrava no assunto ela disfarçava, desviava a atenção e acabavam na cama. Ela o seduzia e ele caia como um pato. Mas não naquela noite.

Ele a tinha convencido de jantarem após o expediente, com a promessa de que iriam cedo pra casa.

O que a Hyuuga não sabia, era que Naruto tinha planejado um jantar romântico, para que ele pudesse pedí-la em namoro de forma decente e que ela não tivesse pra onde fugir. O que ele não contava era com a mensagem de texto que recebeu quando faltava poucos minutos para saírem.

 

“Naru, sinto muito, não vou poder sair hoje, seu pai me passou um cliente muito importante, mas ele mora no interior e terei de viajar amanhã cedo. Então preciso me organizar…

Desculpe…

Beijos HH”

 

—  Maldição - Gritou socando a mesa, seu pai também não ajudava.

—  Ei, Naruto, eu e os rapazes vamos até o Akatsuki fazer um happy hour, não quer vir? Ou tem planos com a namorada? Oh espere, ela não sua namorada. - Debochou Shikamaru se aproximando do loiro.

—  Você não tem nada melhor pra fazer, não? - Pegou sua pasta e saiu bufando.

Poderia sair pra beber com os amigos, mas não queria ficar ouvindo piadinhas sobre se caso com Hinata. Embora não fosse oficial, praticamente toda a firma sabia, inclusive seus pais, que davam o maior apoio para que eles seguissem com algo mais sério. Parecia que a única pessoa que não queria isso, era a que mais importava. Hinata.

 

***

 

Assim que o dia amanheceu, Naruto não fazia nenhuma questão de ir trabalhar, primeiro porque todos os casos que tinha para aquela semana eram fáceis, ele sentia falta de um desafio. Segundo, porque não veria Hinata. Então ficou por vários minutos na cama curtindo a preguiça, depois fez o mesmo no banho. Por fim acabou saindo de casa com trinta minutos de atraso, passou na padaria da esquina e comprou um café com rosquinhas e seguiu até o escritório.

Assim que chegou, encontrou sua assistente com uma cara nervosa e vários bilhetes de recado em mãos.

—  Hotaru, por deus, que cara é essa? Você viu um fantasma?

—  Senhor Uzumaki, e-eu não sei o que fazer, eu falaria com outra pessoa, mas seus pais não virão hoje pela manhã, e eu…

—  Calma, pode me falar, você sabe que quando eles não estão eu fico no comando certo? - A loira apenas acenou e entregou os bilhetes com a mão meio trêmula para o chefe.

—  Sr Uchiha? Himawari? O que significa isso? Não temos nenhum Uchiha na firma. - Perguntou confuso.

—  E-eles disseram que a filha da Hinata está no hospital e não conseguem contato com ela. O senhor sabe que ela viajou para o interior…

—  Está louca, Hotaru? Hinata não tem filha nenhuma. E aqui diz que a criança é filha de… - O loiro voltou a dar atenção ao bilhete - Hinata Uchiha.

O Uzumaki sentiu o chão sob seus pés se abrir, era isso? Ela era casada? Tinha família? Ele era o amante? O outro? A morena esteve brincando com seus sentimentos durante todo aquele tempo?

Por isso nunca podia dormir fora, nunca o convidou para sua casa, nunca quis nada além de sexo. Era isso que ele era pra ela; Sexo.

—  Qual o hospital? - Perguntou frio.

—  Senhor Uzumaki, eu sinto muito, eu posso pedir pra outro colaborador ir lá, até Hinata dar sinal.

—  Me diga qual a porra do hospital, Hotaru, ou melhor, me envie no celular, eu estou indo pro carro.

Mesmo de cabeça quente, ele ainda era o chefe da Hyuuga - ou seria Uchiha? - e se ela estava incomunicável era por causa do trabalho, então ele teria que ser responsável e agir de acordo com o cargo que tinha. E também iria acabar conhecendo o “marido” da sua Hinata, devia ser um merda pra morena chegar ao ponto de traí-lo, e afinal, onde caralhos ele estava? Por que tinham ligado para o trabalho da morena e não para o dele?

Chegou ao hospital e pediu pelo quarto da criança na recepção, seguiu pelo corredor indicado até a pediatria, quarto 230, parou em frente a porta e se perguntou se deveria mesmo entrar, talvez encontrasse lá dentro a pessoa que tinha a vida que ele queria e que talvez não a valorizasse. Também tinha curiosidade de saber como era uma criança gerada por Hinata, ele adorava crianças e, desde que conheceu a Hyuuga, sonhava em um dia ter um filho com ela.

—  Você veio do trabalho da Hina? - Só então o Uzumaki notou um homem sentado no banco ao lado da porta, tinha cabelos compridos em um rabo de cavalo e olheiras profundas - desculpe, não consegui contatar ela e achei que talvez alguém da firma tivesse mais sucesso.

—  E você é? - O loiro mirava o estranho de cima a baixo, ele não parecia ameaçador, seria o marido corno?

—  Oh, me desculpe - o moreno levantou-se e esticou a mão para o Uzumaki - Sou Uchiha Itachi, Hima é minha sobrinha, ela ficaria comigo nesse final de semana.

—  Uzumaki Naruto - o outro retribuiu o cumprimento - E o pai dela? Porque não está aqui?

—  Isso é algum tipo de piada? Porque não é engraçado.

—  Desculpe, eu não entendi.

—  Ele está morto. - Itachi desviou os olhos para a parede - A doença o levou há dois anos e agora quer nos tirar a Hima também.

Naruto arregalou os olhos em surpresa, era muita informação. Hinata era viúva e tinha uma filha doente. O que mais ela poderia esconder?

—  Eu não sabia, sinto muito.  Como a menina está? O que ela tem?

—  Leucemia, está em um estágio já avançado, ela espera pelo transplante de medula, mas ninguém na família é compatível. Provavelmente ela iniciará com a quimioterapia. Ela é tão nova… - O moreno já tinha lágrimas no rosto - Meu irmão era compatível, mas ele se foi antes de poder fazer o transplante.

—  E-eu sinto muito, não sei o que dizer…- O loiro realmente não sabia o que poderia fazer para ajudar, há alguns minutos se sentia traído por aquela que considerava seu grande amor, e agora sentia que ela precisava de todo o cuidado e atenção, coisas que ele poderia oferecer se tivesse sido informado da história dela antes. Porque ela não havia confiado nele?

 

Após mais alguns minutos de conversa com Itachi, Naruto disse que ele poderia ir pra casa descansar porque ele mesmo ficaria com a pequena até Hinata chegar.

Encontrava-se agora em frente a porta do quarto 230, com um urso de pelúcia que ele mal conseguia segurar nos braços, mas esperava que a pequena do outro lado da porta gostasse. Juntando toda a coragem que tinha, ele abriu a porta.

—  Mamãe?

—  Oh, querida, a sua mãe vai chegar logo, eu prometo. - Disse afinando a voz, fazendo parecer que era o grande urso falando.

—  E quem é você?

—  Eu sou o Sr.Ramen, eu e meu amigo viemos ver como você está. - Respondeu o urso, com a voz ainda mais forçada. O que que fez a pequena rir.

—  E onde está seu amigo Sr.Ramen?

—  Estou aqui - o loiro saiu de trás do grande urso e o colocou em cima de uma poltrona, sentando-se na cama. - Como vai Himawari?

—  Eu já tive dias melhores - Respondeu a criança se esticando para alcançar o urso -  Você é o amigo da mamãe que o tio Itachi falou?

—  Eu não diria amigo - Pegou o urso e colocou ao lado dela na cama - Mas sim, sou eu. Me chamo Naruto.

—  Você é namorado dela então? - A garotinha tinha os olhos brilhantes.

—  Você iria ficar chateada se eu fosse?

—  Claro que não, mamãe precisa se divertir, e você parece ser bem legal - abraçava o urso enquanto falava - Eu sei que ela pensa que eu ficaria triste caso ela arrumasse um namorado, mas não é como se eu fosse esquecer o papai. Eu o amo. Mas eu queria ter outro papai, sabe? Eu sei que o papai ficaria feliz lá em cima. Você sabe que ele é um anjinho agora?

—  Eu soube querida, sinto muito.

—  Tudo bem, Naruto-kun, eu sei que às vezes as papais se vão, mas ele vai estar sempre aqui - A moreninha apontou para seu peito e naruto queria abraçá-la - Estou com sono - bocejou - Você vai estar aqui quando eu acordar? Você e o Sr. Ramen?

—  Vamos sim, querida, descanse. - O Uzumaki não resistiu e lhe deu um beijo na testa.

Não demorou muita para que ela dormisse, abraçada ao grande urso, Naruto ficou ali, sentou-se na poltrona e imaginou como seria uma vida em que aquela fosse sua família. Ele amava Hinata, queria que ela fizesse parte de sua vida, e agora queria que Himawari também fizesse, em apenas alguns minutos de conversa ele havia se apaixonado pela criança, e queria muito vê-la bem e feliz, e longe daquele hospital.

Mas não podia deixar de pensar no porquê de Hinata ter escondido a menina dele, a  morena achava que ele a julgaria por ser mãe? Ou que talvez ele não quisesse nada com ela por isso? Por deus, se recusava a acreditar que ela pensasse isso dele. As horas foram se passando e quando o loiro menos percebeu havia cochilado.

—  Naruto - Alguém o chacoalhava - Naruto, acorde.

Abriu os olhos de leve, a visão meio embaçada foi entrando em foco. Hinata.

—  Vamos, você tem que sair daqui antes que a Hima acorde, ela não pode te ver aqui.

—  Como é? - finalmente abriu os olhos.

—  Olha, eu não posso explicar agora, conversamos outro dia ok? Apenas saia daqui antes que ela acorde, te veja, e faça perguntas. - A morena o empurrava para a porta.

—  Ela já me conheceu Hinata - Respondeu recebendo um olhar de choque - Porque me escondeu isso?

—  O que você disse a ela? Porque você veio aqui?

—  Eu disse que era seu namorado. Porque está tão nervosa? Ela gostou de mim.

—  Você o que? Não somos namorados, Naruto. - A morena o empurrou para fora e fechou a porta - Não somos. Somos apenas colegas de trabalho que transam de vez em quando.

—  Porque está dizendo essas coisas? Você sabe que não é verdade. Nós nos amamos.

—  Naruto, olha só, eu achei que as coisas estavam claras entre nós. Não posso ter um relacionamento, não posso envolver minha minha filha nisso, ela já sofreu muito.

—  Eu não estou entendendo o que eu tenho com isso. Eu te amo, e posso amar Hima como minha filha e…

—  Não, ela não é sua filha, ela é minha, é minha responsabilidade, eu fiz muitas escolhas na minha vida e nem sempre foram as escolhas certas. Mas ela - apontou para o quarto - é tudo o que eu tenho, e eu vou fazer tudo que for preciso pra que ela tenha uma vida melhor que a minha. Então por favor, apenas vá, vá e me deixe com os meus problemas.

Não dando nem mesmo chance de resposta ao Uzumaki, a Hyuuga apenas virou as costas e entrou no quarto da pequena, deixando um loiro estático e a beira do abismo ali fora. O que tinha acabado de acontecer ali? Ele tinha se declarado, mesmo após Hinata ter lhe escondido coisas muito importantes sobre sua vida, e ela o havia dispensado da pior forma, o tratado como um nada, como um estranho, um intruso.

Ela estava apenas de cabeça quente, claro, era só a poeira baixa que ela o ligaria e se desculparia, Hinata era doce, ela não era grosseira dessa forma que tinha acabado de presenciar. Ou era?

Foi tirado de seus devaneios por um médico que passava por ali com uma prancheta e anotava algo no papel, colocando em seguida este na porta do quarto de Himawari.

—  Com licença, o doutor é o responsável por Himawari Uchiha?...

 

***



Alguns dias haviam se passado desde o ocorrido no hospital, e desde então Hinata não havia tido nenhum tipo de contato com  Naruto. Havia redirigido por e-mail sua carta de demissão da firma de advocacia da família do loiro e tirado uns dias pra ficar com a filha antes de procurar um novo emprego.

Era melhor assim, tinha sofrido muito após a perda de Sasuke, mesmo não estando mais casados quando ele se foi, eram muito próximos; amigos de infância, namoraram durante o colegial e foi quando ela engravidou.Tinham Himawari, que era a melhor coisa que ambos haviam feito juntos.

Não se sentia pronta para um novo relacionamento, muito menos um relacionamento que envolvesse a filha. Himawari era uma criança muito gentil e carinhosa, mas que tinha sofrido muito durante seus curtos seis anos. Havia perdido o pai, a quem era muito apegada, e passava boa parte do tempo entre a cama e o hospital. Hinata não podia se dar ao luxo de trazer uma pessoa diferente pra casa, alguém que necessitasse de atenção, atenção essa que ela tinha única e exclusivamente para com a filha.

Não podia negar que gostava do Uzumaki, havia se envolvido com ele de início, única e exclusivamente por sexo. Afinal, também tinha suas necessidades. Mas com o passar dos meses, o jeito doce e brincalhão do loiro a havia conquistado e ela havia se apaixonado. E sabia que era um erro, por isso havia o dispensado. Ele merecia alguém que o amasse, e que poderia lhe dar todo o amor e atenção, coisas que ela não podia oferecer, porque na vida dela, nada importava mais que Himawari.

Era sábado a tarde, e a pequena se sentia mais disposta em relação há alguns dias, Hinata tentava distraí-la pedindo sua ajuda na cozinha, faziam biscoitos de chocolate, o favorito da criança.

 

—  Mamãe, podíamos chamar o Naruto-kun para provar nossos biscoitos. - Disse a pequena que encontrava-se com as mãozinhas melecadas de massa.

 

—  O naruto é muito ocupado filha, não acho que le poderia vir. Você não prefere chamar o tio Itachi e a tia Konan?

 

—  Mas eu estou com saudades do Naruto-kun, e o Sr.Ramen também, ele me disse.

Hinata apenas suspirou, cansada, não era a primeira vez que a Uchiha pedia pelo loiro, e a mais velha queria saber o que o loiro havia feito, para que Hima se encantasse por ele de tal forma. O que não era difícil de aceitar, já que ela sentia-se da mesma forma.

—  Eu sei querida, a mamãe também sente falta dele. Mas as vezes, o melhor a fazer é se afastar. Antes que alguém se machuque.

 

—  Eu sei que a senhora pensa que eu sou muito criança, e que eu vou achar que a mamãe esqueceu o papai. Mas não é verdade, eu queria que o Naruto-kun fosse meu papai e o namorado da mamãe, eu sei que o papai também queria que a mamãe fosse feliz. - A pequena azulada desceu da cadeira onde estava, e correu até a sala, voltando de lá com o telefone coberto de farinha. - Liga pra ele, se a senhora tem vergonha, só põe o numero que eu falo.

 

—  Quando foi que você cresceu tanto?

 

A pequena apenas deu de ombros, e quando Hinata ia discar o número do Uzumaki o telefone tocou.

“Senhora Uchiha?”

—  É Hyuuga - revirou os olhos - Sim sou eu

Estava decidido, seria naquela noite. Naruto finalmente conseguiria alcançar Hinata e demonstrar o quanto se importava com ela e que merecia ter muito mais do que escapadas do escritório à tarde e algumas noites no mês.

Fazia pouco mais de oito meses que vinham se encontrando de maneira mais íntima. A morena havia começado a trabalhar na firma de advocacia da família Uzumaki há um ano e meio e, entre toda a tensão sexual que os rondava, acabaram se envolvendo. Haviam poucos coisas que o loiro realmente sabia a seu respeito, o que não o impediu de se apaixonar perdidamente pela azulada e querer ter um relacionamento sério com ela. O problema era que Hinata não fazia nenhum tipo de esforço para alcançarem isso, pelo contrário, sempre que ele entrava no assunto ela disfarçava, desviava a atenção e acabavam na cama. Ela o seduzia e ele caia como um pato. Mas não naquela noite.

Ele a tinha convencido de jantarem após o expediente, com a promessa de que iriam cedo pra casa.

O que a Hyuuga não sabia, era que Naruto tinha planejado um jantar romântico, para que ele pudesse pedí-la em namoro de forma decente e que ela não tivesse pra onde fugir. O que ele não contava era com a mensagem de texto que recebeu quando faltava poucos minutos para saírem.

 

“Naru, sinto muito, não vou poder sair hoje, seu pai me passou um cliente muito importante, mas ele mora no interior e terei de viajar amanhã cedo. Então preciso me organizar…

Desculpe…

Beijos HH”

 

—  Maldição - Gritou socando a mesa, seu pai também não ajudava.

—  Ei, Naruto, eu e os rapazes vamos até o Akatsuki fazer um happy hour, não quer vir? Ou tem planos com a namorada? Oh espere, ela não é sua namorada. - Debochou Shikamaru se aproximando do loiro.

—  Você não tem nada melhor pra fazer, não? - Pegou sua pasta e saiu bufando.

Poderia sair pra beber com os amigos, mas não queria ficar ouvindo piadinhas sobre seu caso com Hinata. Embora não fosse oficial, praticamente toda a firma sabia, inclusive seus pais, que davam o maior apoio para que eles seguissem com algo mais sério. Parecia que a única pessoa que não queria isso, era a que mais importava. Hinata.

 

***

 

Quando o dia amanheceu, Naruto não fez nenhuma questão de ir trabalhar, primeiro porque todos os casos que tinha para aquela semana eram fáceis, ele sentia falta de um desafio. Segundo, porque não veria Hinata. Então ficou por vários minutos na cama curtindo a preguiça, depois fez o mesmo no banho. Por fim acabou saindo de casa com trinta minutos de atraso, passou na padaria da esquina e comprou um café com rosquinhas e seguiu até o escritório.

Assim que chegou, encontrou sua assistente com uma cara nervosa e vários bilhetes de recado em mãos.

—  Hotaru, por deus, que cara é essa? Você viu um fantasma?

—  Senhor Uzumaki, e-eu não sei o que fazer, eu falaria com outra pessoa, mas seus pais não virão hoje pela manhã, e eu…

—  Calma, pode me falar, você sabe que quando eles não estão eu fico no comando certo? - A loira apenas acenou e entregou os bilhetes com a mão meio trêmula para o chefe.

—  Sra. Uchiha? Himawari? O que significa isso? Não temos nenhum Uchiha na firma. - Perguntou confuso.

—  E-eles disseram que a filha da Hinata está no hospital e não conseguem contato com ela. O senhor sabe que ela viajou para o interior…

—  Está louca, Hotaru? Hinata não tem filha nenhuma. E aqui diz que a criança é filha de… - O loiro voltou a dar atenção ao bilhete - Hinata Uchiha.

O Uzumaki sentiu o chão sob seus pés se abrir, era isso? Ela era casada? Tinha família? Ele era o amante? O outro? A morena esteve brincando com seus sentimentos durante todo aquele tempo?

Por isso nunca podia dormir fora, nunca o convidou para sua casa, nunca quis nada além de sexo. Era isso que ele era pra ela; Sexo.

—  Qual o hospital? - Perguntou frio.

—  Senhor Uzumaki, eu sinto muito, eu posso pedir pra outro colaborador ir lá, até Hinata dar sinal.

—  Me diga qual a porra do hospital, Hotaru, ou melhor, me envie no celular, eu estou indo pro carro.

Mesmo de cabeça quente, ele ainda era o chefe da Hyuuga - ou seria Uchiha? - e se ela estava incomunicável era por causa do trabalho, então ele teria que ser responsável e agir de acordo com o cargo que tinha. E também iria acabar conhecendo o “marido” da sua Hinata, devia ser um merda pra morena chegar ao ponto de traí-lo, e afinal, onde caralhos ele estava? Por que tinham ligado para o trabalho da morena e não para o dele?

Chegou ao hospital e pediu pelo quarto da criança na recepção, seguiu pelo corredor indicado até a pediatria, quarto 230, parou em frente a porta e se perguntou se deveria mesmo entrar, talvez encontrasse lá dentro a pessoa que tinha a vida que ele queria e que talvez não a valorizasse. Também tinha curiosidade de saber como era uma criança gerada por Hinata, ele adorava crianças e, desde que conheceu a Hyuuga, sonhava em um dia ter um filho com ela.

—  Você veio do trabalho da Hina? - Só então o Uzumaki notou um homem sentado no banco ao lado da porta, tinha cabelos compridos em um rabo de cavalo e olheiras profundas - desculpe, não consegui contatar ela e achei que talvez alguém da firma tivesse mais sucesso.

—  E você é? - O loiro mirava o estranho de cima a baixo, ele não parecia ameaçador, seria o marido corno?

—  Oh, me desculpe - o moreno levantou-se e esticou a mão para o Uzumaki - Sou Uchiha Itachi, Hima é minha sobrinha, ela ficaria comigo nesse final de semana.

—  Uzumaki Naruto - o outro retribuiu o cumprimento - E o pai dela? Porque não está aqui?

—  Isso é algum tipo de piada? Porque não é engraçado.

—  Desculpe, eu não entendi.

—  Ele está morto. - Itachi desviou os olhos para a parede - A doença o levou há dois anos e agora quer nos tirar a Hima também.

Naruto arregalou os olhos em surpresa, era muita informação. Hinata era viúva e tinha uma filha doente. O que mais ela poderia esconder?

—  Eu não sabia, sinto muito.  Como a menina está? O que ela tem?

—  Leucemia, está em um estágio já avançado, ela espera pelo transplante de medula, mas ninguém na família é compatível. Provavelmente ela iniciará com a quimioterapia. Ela é tão nova… - O moreno já tinha lágrimas no rosto - Meu irmão era compatível, mas ele se foi antes de poder fazer o transplante.

—  E-eu sinto muito, não sei o que dizer…- O loiro realmente não sabia o que poderia fazer para ajudar, há alguns minutos se sentia traído por aquela que considerava seu grande amor, e agora sentia que ela precisava de todo o cuidado e atenção, coisas que ele poderia oferecer se tivesse sido informado da história dela antes. Porque ela não havia confiado nele?

Após mais alguns minutos de conversa com Itachi, Naruto disse que ele poderia ir pra casa descansar porque ele mesmo ficaria com a pequena até Hinata chegar.

Encontrava-se agora em frente a porta do quarto 230, com um urso de pelúcia que ele mal conseguia segurar nos braços, mas esperava que a pequena do outro lado da porta gostasse. Juntando toda a coragem que tinha, ele abriu a porta.

—  Mamãe?

—  Oh, querida, a sua mãe vai chegar logo, eu prometo. - Disse afinando a voz, fazendo parecer que era o grande urso falando.

—  E quem é você?

—  Eu sou o Sr.Ramen, eu e meu amigo viemos ver como você está. - Respondeu o urso, com a voz ainda mais forçada. O que que fez a pequena rir.

—  E onde está seu amigo Sr.Ramen?

—  Estou aqui - o loiro saiu de trás do grande urso e o colocou em cima de uma poltrona, sentando-se na cama. - Como vai Himawari?

—  Eu já tive dias melhores - Respondeu a criança se esticando para alcançar o urso -  Você é o amigo da mamãe que o tio Itachi falou?

—  Eu não diria amigo - Pegou o urso e colocou ao lado dela na cama - Mas sim, sou eu. Me chamo Naruto.

—  Você é namorado dela então? - A garotinha tinha os olhos brilhantes.

—  Você iria ficar chateada se eu fosse?

—  Claro que não, mamãe precisa se divertir, e você parece ser bem legal - abraçava o urso enquanto falava - Eu sei que ela pensa que eu ficaria triste caso ela arrumasse um namorado, mas não é como se eu fosse esquecer o papai. Eu o amo. Mas eu queria ter outro papai, sabe? Eu sei que o papai ficaria feliz lá em cima. Você sabe que ele é um anjinho agora?

—  Eu soube querida, sinto muito.

—  Tudo bem, Naruto-kun, eu sei que às vezes as papais se vão, mas ele vai estar sempre aqui - A moreninha apontou para seu peito e naruto queria abraçá-la - Estou com sono - bocejou - Você vai estar aqui quando eu acordar? Você e o Sr. Ramen?

—  Vamos sim, querida, descanse. - O Uzumaki não resistiu e lhe deu um beijo na testa.

Não demorou muita para que ela dormisse, abraçada ao grande urso, Naruto ficou ali, sentou-se na poltrona e imaginou como seria uma vida em que aquela fosse sua família. Ele amava Hinata, queria que ela fizesse parte de sua vida, e agora queria que Himawari também fizesse, em apenas alguns minutos de conversa ele havia se apaixonado pela criança, e queria muito vê-la bem e feliz, e longe daquele hospital.

Mas não podia deixar de pensar no porquê de Hinata ter escondido a menina dele, a  morena achava que ele a julgaria por ser mãe? Ou que talvez ele não quisesse nada com ela por isso? Por deus, se recusava a acreditar que ela pensasse isso dele. As horas foram se passando e quando o loiro menos percebeu havia cochilado.

—  Naruto - Alguém o chacoalhava - Naruto, acorde.

Abriu os olhos de leve, a visão meio embaçada foi entrando em foco. Hinata.

—  Vamos, você tem que sair daqui antes que a Hima acorde, ela não pode te ver aqui.

—  Como é? - finalmente abriu os olhos.

—  Olha, eu não posso explicar agora, conversamos outro dia ok? Apenas saia daqui antes que ela acorde, te veja, e faça perguntas. - A morena o empurrava para a porta.

—  Ela já me conheceu Hinata - Respondeu recebendo um olhar de choque - Porque me escondeu isso?

—  O que você disse a ela? Porque você veio aqui?

—  Eu disse que era seu namorado. Porque está tão nervosa? Ela gostou de mim.

—  Você o que? Não somos namorados, Naruto. - A morena o empurrou para fora e fechou a porta - Não somos. Somos apenas colegas de trabalho que transam de vez em quando.

—  Porque está dizendo essas coisas? Você sabe que não é verdade. Nós nos amamos.

—  Naruto, olha só, eu achei que as coisas estavam claras entre nós. Não posso ter um relacionamento, não posso envolver minha minha filha nisso, ela já sofreu muito.

—  Eu não estou entendendo o que eu tenho com isso. Eu te amo, e posso amar Hima como minha filha e…

—  Não, ela não é sua filha, ela é minha, é minha responsabilidade, eu fiz muitas escolhas na minha vida e nem sempre foram as escolhas certas. Mas ela - apontou para o quarto - é tudo o que eu tenho, e eu vou fazer tudo que for preciso pra que ela tenha uma vida melhor que a minha. Então por favor, apenas vá, vá e me deixe com os meus problemas.

Não dando nem mesmo chance de resposta ao Uzumaki, a Hyuuga apenas virou as costas e entrou no quarto da pequena, deixando um loiro estático e a beira do abismo ali fora. O que tinha acabado de acontecer ali? Ele tinha se declarado, mesmo após Hinata ter lhe escondido coisas muito importantes sobre sua vida, e ela o havia dispensado da pior forma, o tratado como um nada, como um estranho, um intruso.

Ela estava apenas de cabeça quente, claro, era só a poeira baixa que ela o ligaria e se desculparia, Hinata era doce, ela não era grosseira dessa forma que tinha acabado de presenciar. Ou era?

Foi tirado de seus devaneios por um médico que passava por ali com uma prancheta e anotava algo no papel, colocando em seguida este na porta do quarto de Himawari.

—  Com licença, o doutor é o responsável por Himawari Uchiha?...

 

***



Alguns dias haviam se passado desde o ocorrido no hospital, e desde então Hinata não havia tido nenhum tipo de contato com  Naruto. Havia redirigido por e-mail sua carta de demissão da firma de advocacia da família do loiro e tirado uns dias pra ficar com a filha antes de procurar um novo emprego.

Era melhor assim, tinha sofrido muito após a perda de Sasuke, mesmo não estando mais casados quando ele se foi, eram muito próximos; amigos de infância, namoraram durante o colegial e foi quando ela engravidou.Tinham Himawari, que era a melhor coisa que ambos haviam feito juntos.

Não se sentia pronta para um novo relacionamento, muito menos um relacionamento que envolvesse a filha. Himawari era uma criança muito gentil e carinhosa, mas que tinha sofrido muito durante seus curtos seis anos. Havia perdido o pai, a quem era muito apegada, e passava boa parte do tempo entre a cama e o hospital. Hinata não podia se dar ao luxo de trazer uma pessoa diferente pra casa, alguém que necessitasse de atenção, atenção essa que ela tinha única e exclusivamente para com a filha.

Não podia negar que gostava do Uzumaki, havia se envolvido com ele de início, única e exclusivamente por sexo. Afinal, também tinha suas necessidades. Mas com o passar dos meses, o jeito doce e brincalhão do loiro a havia conquistado e ela havia se apaixonado. E sabia que era um erro, por isso havia o dispensado. Ele merecia alguém que o amasse, e que poderia lhe dar todo o amor e atenção, coisas que ela não podia oferecer, porque na vida dela, nada importava mais que Himawari.

Era sábado a tarde, e a pequena se sentia mais disposta em relação há alguns dias, Hinata tentava distraí-la pedindo sua ajuda na cozinha, faziam biscoitos de chocolate, o favorito da criança.

 

—  Mamãe, podíamos chamar o Naruto-kun para provar nossos biscoitos. - Disse a pequena que encontrava-se com as mãozinhas melecadas de massa.

 

—  O naruto é muito ocupado filha, não acho que le poderia vir. Você não prefere chamar o tio Itachi e a tia Konan?

 

—  Mas eu estou com saudades do Naruto-kun, e o Sr.Ramen também, ele me disse.

Hinata apenas suspirou, cansada, não era a primeira vez que a Uchiha pedia pelo loiro, e a mais velha queria saber o que o loiro havia feito, para que Hima se encantasse por ele de tal forma. O que não era difícil de aceitar, já que ela sentia-se da mesma forma.

—  Eu sei querida, a mamãe também sente falta dele. Mas as vezes, o melhor a fazer é se afastar. Antes que alguém se machuque.

 

—  Eu sei que a senhora pensa que eu sou muito criança, e que eu vou achar que a mamãe esqueceu o papai. Mas não é verdade, eu queria que o Naruto-kun fosse meu papai e o namorado da mamãe, eu sei que o papai também queria que a mamãe fosse feliz. - A pequena azulada desceu da cadeira onde estava, e correu até a sala, voltando de lá com o telefone coberto de farinha. - Liga pra ele, se a senhora tem vergonha, só põe o numero que eu falo.

 

—  Quando foi que você cresceu tanto?

 

A pequena apenas deu de ombros, e quando Hinata ia discar o número do Uzumaki o telefone tocou.

“Senhora Uchiha?”

—  É Hyuuga - revirou os olhos - Sim sou eu.

“ Nós encontramos um doador compatível, ele está na cirurgia. A senhora pode trazer a criança, para realizarmos o procedimento?”

Hinata ficou sem reação, depois de tanto tempo, finalmente poderia ter esperanças de salvar a filha.

“ Sra.Uchiha? Está aí?”

—  Si-sim, e-eu...Nós estamos indo.

 

Hinata dirigiu o mais rápido que pode, suas mãos tremiam e as lágrimas vinham calmas, não podia descrever em palavras a emoção e alívio que sentia.

Após deixar Himawari no quarto, preparando-se para a cirurgia, ela aguardava o Hatake sair da operação do doador para conversarem.

 

Estava ansiosa, e queria conhecer a pessoa que havia salvado a filha. Nunca poderia recompensá-la.

 

Após conversar brevemente com o Doutor  sobre o procedimento de Himawari, a Hyuuga encontrava-se parada em frente ao quarto do doador. O mesmo não queria que ela o conhecesse, mas ela havia convencido Kakashi de que precisava agradecer pessoalmente, ao qual recebeu um sorriso por debaixo da máscara.

O platinado a avisou que o mesmo estaria dormindo, ainda sob efeitos dos sedativos, mas mesmo que Hinata não pudesse lhe agradecer naquele momento, só o fato de o ver já aliviaria seu coração.

Girou a maçaneta da porta e adentrou o quarto, avistado cabelos loiros curtos sobre o travesseiro.

Não podia ser.

Estava enlouquecendo.

Se aproximou mais da cama, e então teve a certeza.

Tinha sido mesmo Naruto. Ele havia salvado Himawari. Sentiu as lágrimas descerem quentes pelo rosto enquanto ela segurava a mão do Uzumaki.

—  Co-como? - perguntava para si mesma - por quê?

—  Ele é um bom rapaz Hinata - O médico de cabelos platinados entrou no quarto e se pôs a seu lado -  Me pediu pra fazer o teste de compatibilidade naquele dia que Hima passou mal, e quando recebeu o resultado, apareceu aqui no mesmo dia, exigindo que marcasse a cirurgia.

—  Ma-mas eu terminei com ele. Por que ele faria algo assim? Ele não tinha obrigação.

—  Ele te ama, e se apaixonou por Hima, assim que a viu. Eu sei que você não quer que ninguém ocupe o lugar do Sasuke, mas tudo bem você seguir em frente Hinata, tudo bem se apaixonar…

 

Assim que terminou de falar, o Hatake deixou o quarto, Hinata ficou ali, pensando em tudo. Não sabia o que fazer. Gostava de Naruto, e sabia que ele sentia o mesmo por si.

Estava na hora de deixar o passado pra trás e se abrir novamente.

***

 

Fazia cerca de dois dias que Naruto tinha passado pelo procedimento e receberia alta do hospital.

Soube pelo médico que Himawari estava bem e que seu corpo estava lidando bem.com o transplante.

Assim como ele havia pedido, Hinata não ficará sabendo da doação.

Ele estava disposto a conquistá-la assim que Himawari estivesse bem, e queria que a Hyuuga confiasse nele a ponto de querer que ele conhecesse a filha.

Terminava de arrumar seus pertences quando alguém bateu a porta, esperava que fosse o Hatake com sua alta.

—  Entre.

O platinado entrou no quarto com a prancheta em mãos, e lhe fez algumas perguntas sobre o curativo, lhe deu instruções de quando tirar os pontos…

—  Então eu já posso ir embora? - o Uzumaki só queria sair logo dali, hospitais lhe davam calafrios.

—  Pode sim, mas antes, parece que você tem visita.

Naruto correu os olhos até a porta, encontrando duas pérolas chorosaslhe fitando, desceu os olhos para baixo, Himawari sentada em uma cadeira de rodas com o grande urso que o loiro lhe dera.

—  Hi-hinata!

—  Ei loirinho, o Sr. Ramen está com saudades. - Disse a pequena enquanto erguia a pelúcia em direção ao maior.

Naruto não sabia o que dizer, queria conversar com a criança, mas Hinata havia deixado claro que não o queria por perto. O que devia fazer?

—  Naruto-kun, eu quero que você conheça minha filha, Himawari. - A Hyuuga disse o olhando nos olhos - Hima, esse é o Naruto, o namorado da mamãe.

 

O loiro estancou no chão, perguntando-se se aquilo era algum tipo de sonho, mas assim que a pequena jogou o urso em seu colo, e começou a falar que um anjo havia lhe salvado, mas que era um anjo diferente de seu papai, ele soube que Hinata estava seguindo em frente.



 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!