A ilha - Livro 2 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 22
Capítulo 21 - Uma boa notícia para variar


Notas iniciais do capítulo

Continuamos com a Pietra. Não se perca.



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Esconder a Pérola da minha família foi uma das maiores dificuldades que encontrei. alimenta-la também. Nenhum dos meus amigos queriam se envolver - belos amigos - no máximo a Ingrid foi algumas vezes comprar peixe ou camarão para a sereia escondida no meu quarto. Eu estava ficando louca sem saber o que deveria fazer. Liguei algumas vezes para o pai do Ivo mas ele chegou à bloquear meu número. Decidi que o jeito era ir até lá coloca-lo na parede na esperança de conseguir entrar em contato com Ivo. Porque raios um adolescente do século 21 não tinha uma rede social sequer além do WhatsApp?

Depois de esperar por quase 30 minutos, finalmente fui chamada ao escritório do doutor Davi. Entrei e me sentei na cadeira disposta esperando ele ler o que lia em um papel. Virou-se para mime  sorriu me olhando por ima dos óculos de aro fino.

—Seja bem vinda, Pérola. O assunto deve ser muito urgente para vir até minha casa. Como posso ajuda-la?

—Na verdade...meu nome é Pietra - ele retirou os óculos parecendo aborrecido - eu sabia que não me atenderia se eu tivesse dito meu nome por isso...inventei um. Preciso realmente falar com o Ivo, senhor - ele fez menção em falar, mas eu o interrompi antes mesmo que pudesse começar - Eu juro que não precisa me dizer o número dele, apenas ligue e me passe, só preciso dizer uma única coisa à ele...Por favor!

Ele me encarou sério alguns segundos, parecia estar analisando o meu pedido. De repente pegou o celular, discou um número e encostou as costas na cadeira esperando ser atendido.

—Oi - eu segurei a respiração enquanto ele falava ao telefone - Como você está, Ivo? - soltei a respiração aliviada mas sentia que meu coração ainda estava disparado. - Na verdade eu te liguei porque tem uma pessoa aqui que não parou de me importunar nas últimas semanas querendo falar com você. Como eu não quis passar seu número para ela, ela me fez prometer que te daria um recado, mas no fim das contas ela esta aqui do meu lado e quer falar contigo... - ele me estendeu o celular e meu coração parecia que ia sair pela boca.

— Oi. Como vai você? - meu coração estava muito acelerado e eu sentia um leve incomodo no peito. Esperei ansiosamente uma resposta mas ouvia apenas a respiração dele do outro lado. me levantei da cadeira e andei pelo escritório sendo observada pelo seu pai - Você esta aí?

— Sim. O que você quer? - aquela resposta definitivamente não foi de quem iria me ajudar

—A Pérola esta aqui, ela veio nos encontrar - falei rapidamente antes que desistisse da ideia. Eu queria falar muito mais, não só sobre a Pérola...sobre nós. Mas não com o pai dele me encarando.

—Ela esta aí TE procurando e não NOS procurando. Eu não tenho nada a ver com os seus problemas com ela. Eu pedi para o meu pai não passar meu número para ninguém porque eu não queria mais ter nada a ver com nenhum de vocês, então por favor tenha a decência de não vir me incomodar com os seus problemas.

A resposta dele veio rapidamente e o barulho do outro lado indicava que ele havia encerrado a ligação. Ainda sem tirar o telefone da orelha eu senti um nó apertando na minha garganta. Ivo não falava assim comigo desde que viramos amigos...ou o que quer que fôssemos. Eu já nem lembrava mais que ele já havia sido um monstro em outra época, época que na verdade não passava de alguns meses atrás.

Devolvi o celular e agradeci me retirando do escritório sob olhar de pena do senhor Davi.

—Espere - ouvi sua voz assim que me retirei - espere um minuto.

Voltei ao escritório e ele estava anotando algo em um papel. Me estendeu o braço e eu peguei sem entender o que significavam aquela data e horário.

—Ele vai voltar para cá. Você pode ir encontra-lo no aeroporto ou pode esperara aqui em casa para recebe-lo. Você parece gostar muito dele - eu corei - e ele parecia não querer falar com você...ao mesmo tempo que eu sei que queria, conheço meu filho. Acredito que vocês tenham muito para conversar.

—Obrigada! De coração - eu não sabia o que era melhor, a forma como o pai dele me tratou e o que me ofereceu ou a ideia de saber que ele estava voltando para casa

 

Eu ia entrar de férias e isso era magnifico porque teria tempo para poder ajudar a Pérola de alguma forma, apesar de ainda não saber como exatamente. A minha mãe estava furiosa comigo e achando que algo estava errado comigo desde que voltei. O peixe havia sumido e depois ela sentiu forte cheiro de podre no meu quarto, o que pareceu que eu realmente tava maluca. Acabei convencendo Pérola de que não dava para continuar assim, ela ia ter que comer comida humana. Ela não entendia porque para ela aquele cheiro era comum, mas não para todos nós ali em casa. Foi difícil mas eu tirei aquele cheiro horrível do meu quarto e também estava conseguindo manter a minha amiga sereia escondida. Ela saiu poucas vezes e isso ajudou-a a manter o corpo mais saudável. As vezes ficava muito tempo dentro da banheira, apesar de não ser agua do mar, era agua então mantinha o corpo dela pelo menos um pouco hidratado. Na verdade ajudava ela a ressecar menos rápido. As feridas cicatrizaram na maioria e ela acabou se apaixonando por ovos cozidos.

Quanto a mim...esperava ansiosamente pela chegada do Ivo. Eu precisava conversar com ele, e não apenas sobre a sereia escondida no meu quarto.

Férias. Finalmente. Corri para a casa do Ivo na terça, primeiro dia do mês de Junho assim que almocei e aguardei ansiosa pela sua chegada. meu coração estava disparado desde a hora que acordei. A empregada havia me perguntado se eu preferia esperar no quarto dele ou na sala e eu preferi ficar na sala, não queria que parecesse para os outros que iríamos fazer algo mais além de conversar e nem que parecesse para o Ivo que eu estava invadindo a  privacidade dele. Sentei no sofá e esperei pacientemente.


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Notas finais do capítulo

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