A ilha - Livro 2 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 20
Capítulo 19 - Bem vindo ao lar


Notas iniciais do capítulo

Continuamos com a narração do Ivo



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Quando Abril começou, eu havia recebido o meu primeiro salário. E havia recebido a visita de uma equipe também.  A minha mãe continuava criando confusão e bebendo feito louca e por isso o conselho tutelar não permitia mais a minha morada com ela. Meu pai havia entrado com recursos para conseguir a minha guarda, e eu sabia que ele conseguiria. Eu não achava mais uma má ideia. O combinado era eu ficar lá até entrar nas férias e então voltar para a casa do meu pai. Meus planos iriam por água abaixo, contudo eu não tinha muita escolha. Na verdade eu tinha zero escolha.

Dei um basta na insistência da Paula, que trabalhava comigo. Expliquei que iria embora em breve e não estava num bom momento também. A garota pareceu entender, mas mesmo assim ainda tentava me persuadir de vez em quando.

Senti que eu não estava preparado para rever todo mundo. Eu fui embora sem despedidas, sem sequer avisar para ninguém. Meu pai havia me informado que Jemima e Quirino haviam ido lá em casa algumas vezes para saber de mim, mas eu não havia autorizado passar nenhuma informação minha e meu pai aceitou, na verdade até concordou com isso. A escola era um lixo. Os assuntos das matérias eram bem atrasados e isso me incomodava bastante.

Meu pai estava ajudando com as despesas da nossa casa e me dizia para guardar meu novo salário. Era exatamente o que eu estava fazendo. Guardei o salário de Março e Abril inteiro sem gastar um centavo. Quando Maio chegou, a minha custódia já era do meu pai e a minha mãe foi internada em uma clínica de reabilitação. Foi permitido que eu continuasse aquele mês sozinho em casa, mas apenas aquele mês e eu teria que viajar para a casa do meu pai assim que as aulas entrassem em recesso.

—Como você está, Ivo? - era o meu pai me ligando pelo terceiro dia seguido

—Bem pai, não precisa me ligar todo dia.

— Na verdade eu te liguei porque tem uma pessoa aqui que não parou de me importunar nas últimas semanas querendo falar com você. Como eu não quis passar seu número para ela, ela me fez prometer que te daria um recado, mas no fim das contas ela esta aqui do meu lado e quer falar contigo...

Meu coração disparou.

—Oi - era a voz da Pietra do outro lado - Como vai você?

Fiquei calado. Eu não sabia o que estava sentindo por ela naquele momento. Tomei uma decisão enorme quando decidi vir embora e na maior parte era para esquece-la. Passei desde então a evitar pensar nela e sempre que ela me vinha na cabeça, eu pensava em todas as vezes que ela me deu um fora. Era essa a minha forma de afasta-la da minha mente. E estava funcionando até o momento que  ouvi sua voz.

—Você está aí?

—Sim - respondi seco - O que você quer?

—A Pérola esta aqui, ela veio nos encontrar. - ela parecia ansiosa

Por alguns segundos antes dessa frase vinda dela eu estava com um misto de emoção, saudade e raiva, mas após a frase me restou apenas a raiva. Ela demorou todo esse tempo para me procurar e quando entendi que era só porque precisava de um cúmplice para suas maluquices, o sangue me ferveu.

—Ela esta aí TE procurando e não NOS procurando. Eu não tenho nada a ver com os seus problemas com ela. Eu pedi para o meu pai não passar meu número para ninguém porque eu não queria mais ter nada a ver com nenhum de vocês, então por favor tenha a decência de não vir me incomodar com os seus problemas.

Desliguei antes que a vontade de pedir desculpas e oferecer ajuda vencessem e coloquei o celular em cima do centro da sala observando-o como se fosse uma bomba prestes à explodir. Observei o celular esperando que ele tocasse durante vários longos minutos, mas isso não aconteceu.

Andei de um lado para o outro durante o resto do dia, pensando no que Pietra havia dito à respeito da Pérola. E se elas estivessem em apuros? Não, ela teria insistido me ligando mais vezes. Não é? Pensei diversas vezes sobre como eu havia sido grosseiro na ligação mas me convenci de que havia sido totalmente necessário. Ela não podia agir como se gostasse de mim e de repente quando eu falo à respeito, fingir que nada nunca aconteceu entre nós dois. Primeiro achei que ela só tivesse medo de admitir estar apaixonada, mas depois entendi que eu fui só um passatempo para ela. Me senti um imbecil por ter por alguns segundos acreditado que a ligação dela teria algo a ver com nós dois.

Quando terminaram as aulas do primeiro semestre eu já tinha a passagem de volta para casa comprada e apenas passei para ver a minha mãe antes de partir. O voo nao era demorado mas eu queria que fosse. Torci algumas vezes para que o avião desse algum problema e o voo fosse cancelado, ou que caísse uma tempestade tão forte que não pudéssemos voar. Mas tudo seguiu tranquilamente como se a vida quisesse me torturar ao máximo.

No aeroporto só estava o motorista do meu pai me esperando e segui para casa deitado no banco de trás em silencio. Permaneci dentro do carro por mais de vinte minutos depois que chegamos e ele desceu com as minhas malas para o quarto. Eu não queria encarar que havia voltado para o lugar de onde eu fugi.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Sim, esse capítulo foi bem mais curto. Sorry.



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