A ilha - Livro 2 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 14
Capítulo 13 - O primeiro funeral


Notas iniciais do capítulo

Os detalhes estão realmente sendo passados rapidamente, é intencional.



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PIETRA

Respirei fundo antes e descer do avião e encontrar minha família inteira que me aguardava assim como vários pais e irmãos de todos os outros. Andei sem pressa e de cabeça baixa na direção de seus rostos ansiosos e tristonhos e os abracei sem falar nada.

—Você trouxe as minhas conchas? – Enzo me perguntou saltitando assim que começamos a andar em direção ao carro e eu sorri admirando a inocência de meu irmão

—Eu trouxe sim – abri minha mochila e retirei uma sacolinha aonde eu havia guardado cerca de 50 conchas para ele – infelizmente elas mudam de cor quando ficam longe do habitat natural delas, esta vendo essa – apontei uma concha rosada - era bem mais rosa quando eu á peguei.

— Porque ela ficou assim¿

—Enzo, sua irmã esta cansada - minha mãe interrompeu-o carinhosamente e ele apenas deitou no meu colo admirando aquela concha

Fomos para casa em silencio, minha irmã estava me observando todo o tempo mas preferi fingir não notar aquela preocupação insistente de todos.

IVO

Somente meu pai havia vindo me buscar no aeroporto, procurei pro Pietra e ela estava abraçada com os pais e foi embora sem olhar par trás. Meu pai estava completamente sem jeito quando me aproximei dele então apenas acenei com a cabeça me sentindo desconfortável também. Seguimos rapidamente para o carro aonde ele colocou uma música alta como sempre fazia.

Em casa as coisas não pareciam diferentes em nada. Minha mãe não estava e por isso tudo estava no mais absoluto silencio. Subi direto para o meu quarto e me joguei na cama, não passava das nove da manhã. O funeral seria após o almoço.

Acordei com algum barulho alto vindo lá de baixo. Minha mãe havia chegado.

—Se você não percebeu, seu filho esta de luto, nao vá falar disso com ele agora - os meus pais gritavam como se eu não estivesse em casa

—MEU fiho¿ - Minha mae estava bêbada – NOSSO filho, NOSSO!

—O assunto não é esse Carmelina!

—NÃO ME CHAME ASSIM – ela quebrou mais um copo

Minha mãe sempre odiou o próprio nome e por isso todos á chamavam apenas de Carmem, meu pai sempre á chamava pelo nome verdadeiro quando estava irritado ou queria irrita-la. Cobri minha cabeça com o travesseiro mas aquilo não abafava o suficiente então decidi ligar meu notebook e colocar uma música no volume mais alto que eu conseguisse.

PIETRA

Minha mãe entrou no meu quarto um pouco depois de chegarmos e eu ter ido direto para ele.

—Você quer conversar¿ - ela ficou parada na porta como sempre fazia

—Na verdade não... não tenho o que conversar sobre isso mãe...

Ela ficou me encarando alguns segundos enquanto eu desfazia minha mala jogando toda a roupa num canto do quarto para ser lavada. Ela chamou pela nossa empregada que veio e buscou toda a roupa e continuou parada na porta do meu quarto me vendo separar os calçados desta vez. Percebendo que ela não iria parar de me observar, decidi que iria me deitar e dormir.

—Acho que vou descansar – falei me jogando na cama e ela entendeu o recado saindo do quarto devagar e fechando a porta.

Respirei aliviada depois que ela saiu e fiquei deitada de barriga para cima pensando sobre como será que a família da Helena estava e pior ainda, a da Pâmela.

Eu era culpada de um assassinato.

IVO

Chegamos ao velório era por volta das duas da tarde e o local estava lotado de gente chorosa. Haviam enormes rosas negras em todo  ambiente e a família inteira de Helena  era parecida com ela então era bem fácil identificá-los. Todos eram loiros de olhos de um azul muito lindo. Havia uma foto dela que tomava quase uma parede toda aonde ela fazia as mesma cara fofinha de sempre. Apesar de ser uma garota um pouco quanto rebelde, ela sempre foi amada por todos que a conheciam. Metade de quem estava ali, chorava a morte da Helena. Eu não conseguia sentir vontade chorar.

Haviam vários petiscos na área aonde estávamos, fiquei em um canto o tempo inteiro até a hora que chamaram para um outro salão aonde seria feito um discurso. Assim que entrei em deparei com Pietra parada na porta do salão olhando para um determinado ponto. Segui o olhar dela e vi o caixão com o corpo de Helena. Ela estava muito mais magra do que ela geralmente era, como conseguiu emagrecer tão rápido¿ Essa doença é um monstro.

—Boa tarde – a voz da mãe da nossa colega ecoou em um microfone e todos prestaram atenção nela sem responder aquela saudação – Agradeço a presença de todos aqui que vieram prestigiar a nossa querida Helena. – ela respirou fundo com uma longa pausa – Helena era uma menina doce apesar de personalidade forte. Nunca deixou ninguém diminui-la e nem aceitava ver alguém diminuindo outra pessoa...ela tinha um excelente coração. – ela respirou e sorriu – Helena era doadora de órgãos. Outras pessoas serão salvas pela bondade do coração da minha filha.

Ela encerrou quando uma lágrima desceu de seu olho e entregou o microfone a um rapaz loiro de olhos azuis.

—Boa tarde – o rapaz de voz grave começou – sou o Hector, irmão mais velho da Helena...eu não moro aqui no país então não conheci muitos dos amigos dela, mas conheço Ivana e Gabriela desde criancinhas e por isso sei que a minha irmã tinha as melhores amigas do mundo. – Ele sorriu calorosamente para as meninas – Ela foi feliz!

PIETRA

Quando o irmão da Helena guardou o microfone, ninguém mais quis se pronunciar para dizer nada. Ivana abraçava Gabriela que chorava desesperadamente. O cabelo de Gabriela era afro e muito cheio, ela era extremamente vaidosa com ele, sempre modelando os cachos e os deixando soltos. Seu cabelo era encantador. Mas não hoje. Além de um rosto irreconhecível, ela estava com o cabelo emaranhado e preso de forma bagunçada. Ela parecia derrotada pela dor. Ivana sempre foi a mais forte das três amigas e ela se mantinha aparentemente sendo a mais forte mesmo. Seu semblante era sério, expressão vazia e falava algo ao ouvido da amiga que chorava incontrolavelmente.

Notei que Ivo estava parado em pé de braços cruzados ao meu lado. Pensei em falar algo, mas não sabia exatamente o que.

— Acho que meus pais vão se separar – ele falou de repente

—Sinto muito – falei depois e pensar o que dizer e só saiu isso

—Não...seria um sonho se eles se separassem. É um inferno quando os dois estão lá.

—Eu não sabia.

—Achei que quando voltasse de viagem talvez as coisas estivessem melhores, mas minha mãe nem sequer falou comigo desde a hora que cheguei e ouvi eles brigando pouco antes de eu vir para ca...

A forma como ele falava sem parar era como se precisasse desesperadamente desabafar algo que estava entalado á muito tempo ali. Pensei em chamar ele para sair, ir dar uma volta, qualquer coisa, mas eu estava quase catatônica. Eu estava parecendo uma morta-viva e não conseguia ter forças para responder adequadamente, sequer.

—Preciso ir.

Falei e sai em seguida indo embora daquele ambiente que estava me deixando cada vez pior


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Notas finais do capítulo



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