A ilha - Livro 2 escrita por Letícia Pontes


Capítulo 11
Capítulo 10 - A hora da troca


Notas iniciais do capítulo

Essa temporada será finalizada com 30 capítulos então tem muito chão pela frente ainda.



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PIETRA

Saímos sem ser percebidos pelos adultos e demos de cara com Ivo parado do lado de fora. Ele sabia que eu tinha ouvido tudo. Eu sabia que ele sabia, e por isso eu fiz de conta que não sabia e esperava que ele agisse da mesma forma. Sei que parece infantil da minha parte, afinal era exatamente isso que eu queria e agora agia como se não quisesse, mas é que eu simplesmente não estava sabendo lidar com aquilo. Antes parecia apenas uma fantasia distante e agora isso estava diante dos meus olhos.

—Aonde estão indo? – Ele perguntou sem olhar para mim

—Estamos indo na casa do Igor, já são 23h e é uma caminhada até lá.

Fabrício quem havia respondido depois de perceber que eu não respondia nada e apenas olhava para os carros passando devagar na pista á nossa frente, Ivo falou que iria conosco e começou a andar na nossa frente sem dar tempo de ninguém responder. Caminhamos em silencio meio distribuídos pela rua e descemos á praia para caminhar por ela até chegar na casa do maldito Igor. Meus pensamentos oscilavam nele, no Ivo, nas sereias, as conchas que meu irmão queria que eu levasse, no sequestro, no que fariam comigo, em como eu fugiria... Fabrício me segurou pelo braço e me puxou para um abraço quando notou que minhas lágrimas caiam silenciosamente

IVO

Olhei para trás pela milésima vez e vi Fabrício e Pietra abraçados lá atrás, ele acariciava a cabeça dela enquanto falava algo impossível de se ouvir pela distancia, o meu ciúmes era idiota mas era incontrolável. Caminhei rapidamente sem conseguir me livrar da péssima sensação que eu estava. Antes eu havia ficado na esperança de que ela não houvesse ouvido o que eu havia dito sobre ela para a Jemima, mas depois ficou mais do que claro de que ela havia sim ouvido e estava agora me evitando ao máximo. Nem olhar para  mim ela havia olhado mais. Não que eu a culpasse. Eu entendia na verdade. Não era daquele jeito que eu queria que ela soubesse, também não era agora que eu queria que tudo viesse à tona. Ainda era muito cedo para isso e tínhamos tanto problema no momento. Meus pensamentos atordoados foram interrompidos pela Eliana, a garota de cabelo cor de carvão que sempre defendeu Pietra com unhas e dentes de mim.

—Vocês brigaram? – ela falou baixo

Olhei para ela sem saber o que deveria responder, nós não havíamos brigado mas eu também não queria contar o motivo de ela estar estranha.

—Não.

Ela fiou me encarando e continuou andando do meu lado se mantendo calada por um minuto.

—Eu sei que você não quer me contar o que houve, mas se for algo que eu possa ajudar, preciso que me fale para que eu faça algo.

—Você não pode ajudar – falei seco e caminhei mais rápido ouvindo ela bufar e resmungar algo ficando para trás

Quando estávamos ainda um pouco distante, Pietra fez todos se reunirem e começou a passar instruções sobre as sereias e sobre a planta que chegaria pelo correio pois nenhum professor deveria saber sobre isso, foi enquanto ela falava que eu notei um movimento estranha na direção da casa de Ivo. Por causa das rochas e do escuro era impossível entender o que estava acontecendo por lá, mas as luzes vermelhas e azuis era perceptíveis mesmo aquela distancia. Interrompi o que ela falava de repente anunciado o que estava vendo.

—Ou o Igor esta dando uma festa ou a polícia esta por la – eu apontei na direção que deveríamos ir

—Mas o que…

Fabrício começou a correr em direção a casa do Igor e nós todos meio sem saber o que fazer corremos atrás em duvida se aquilo era uma boa opção. Não demoramos nem um minuto para chegar lá ofegantes e exaustos, a não ser por Pietra que era mais do que acostumada a correr quilômetros, Estávamos escondidos em meio as rochas nos molhando na água do mar que estava quase em nosso joelho. Não havia barulho de sirenes mas havia um carro da polícia e três motos também. Não podíamos acreditar no que víamos: Igor sendo preso.

—Como isso aconteceu? – Pietra sussurrava

—Será que Pâmela esta com eles? – Eliana sussurrou de volta mais uma pergunta que nenhum de nós saberíamos responder

Como se tivessem nos ouvido perguntar um policial saiu com o irmão mais novo de Igor sendo arrastado brutalmente enquanto chorava

—Eu não sabia que ele faria isso, eu juro! Por favor, a minha mãe vai me matar.

Os policias ignoravam o choro angustiante do garoto e jogaram-no algemado junto com o irmão no banco de trás do carro. Tentávamos ver mais do que isso mas os chiados dos rádios e o barulho das ondas batendo atrapalhava um pouco a conversa entre eles.

—Não…

Heitor olhava de um ângulo um pouco melhor que o de todos nós e por isso foi o primeiro a ver o que todos temíamos mas ninguém imaginava ser totalmente possível. Não havíamos visto que também havia uma ambulância um pouco mais perto da casa. Paramédicos sairão trazendo uma maca com um corpo, podíamos ver Pâmela claramente. Pietra tampou a boca e seus olhos automaticamente se encheram de lágrima, dei um passo para mais perto dela ainda agachado mas Fabrício me repreendeu com olhos e a abraçou antes que ei pudesse chegar lá.

—Precisamos sair daqui – Eliana falou entre lágrimas – Não podemos ser vistos na cena do crime

Ela saiu andando rapidamente ainda abaixada para não ser notada e correu pela praia sem esperar por ninguém. O nó na minha garganta aumentou quando vi cobrirem o corpo dela com o lençol branco. As loiras gêmeas que eu ainda não havia decorado quem era quem se levantaram chorando e saíram em silencio caminhando abraçadas por onde havíamos vindo. Ficamos, eu, Fabrício, Heitor e Pietra ali. Heitor e Pietra choravam enquanto eu e Fabrício estávamos estagnados sem saber o que fazer.

—Preciso encontrar a Kamila – Fabrício começou a se levantar em silencio e sussurrando – voltem com ela, não a deixem sozinha.

Ele correu também, passando pelas loiras e seguindo pela praia enquanto eu e Heitor levantávamos Pietra do chão para irmos embora dali o mais rápido possível. Caminhamos devagar sem falar nada por quase metade do caminho até eu decidir que falaria.

—Heitor, pode nos dar um minuto? Preciso conversar com a Pietra.

PIETRA

Meu coração disparou. Não é possível que ele quisesse conversar sobre isso agora. Não era o momento. Heitor se afastou sem falar nada depois do meu olhar de consentimento e saiu andando mais na frente enquanto continuávamos parados. Eu estava com o braço apoiado em volta do pescoço de Ivo e ele o tirou mantendo minha mão apoiada entre as dele. Continuou segurando a minha mão com a mão direita dele e passou o braço esquerdo pelo meu pescoço nos fazendo voltar a caminhar lentamente pela praia.

—Eu sinto muito pela Pamela, não foi culpa sua. Não quero que pense isso em nenhum momento. Você faz tudo para ajudar a todos á todo momento, você não pode salvar a todos e a si mesmo, e mesmo assim você tentou até o final – Ele falava devagar e pausadamente e eu apenas ouvia calada sem nenhum animo de responder enquanto chorava.

Ele voltou ao silencio e caminhamos assim até chegar novamente na pista e atravessarmos encontrando o pessoal na calçada da boate nos esperando junto com Kamila que correu e me abraçou chorando quando nos aproximamos.

Entramos na boate todos em silencio depois de conversarmos sobre manter as aparências la dentro para que ninguém percebe-se nosso luto antecipado da notícia.


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Notas finais do capítulo

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