Estrela da Alva escrita por Princesa Dia


Capítulo 9
Despedida e conversa


Notas iniciais do capítulo

Capítulo meio comprido, não consegui dividir, mas espero que gostem.♡.



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POV. Bella Swan

Meu final de semana foi agitado, graças a Lizzie e Charlie que se uniram para perturbar o meu juízo, os dois juntos pareciam crianças e embora fosse divertido ver as suas implicâncias, algumas vezes eu tive que interferir antes que desse em confusão.

No domingo, as coisas ficaram ainda mais intensas já que Billy Black entrou na equação; fomos intimados por ele a almoçarmos em sua casa quando soube que Lizzie estava em Forks, é claro que Billy não convidaria somente nós e foi com muita pouca surpresa que vimos a pequena casa de madeira se tornar menor à medida que as pessoas iam chegando, acredito que toda a aldeia de La Push tenha aparecido, se não para almoçar ao menos para conhecer as convidadas do velho Black; Lizzie é claro conquistou a todos com o seu jeito animado, principalmente a ala masculina.

Quando chegamos em casa no final do dia eu estava exausta, tomei um banho longo e depois de vestida decidi arrumar as minhas coisas, incluindo as minhas recentes compras; minutos depois de começar, Lizzie apareceu e, animada como estava, decidiu me ajudar, em pouco tempo tudo já estava devidamente guardado.

—O dia hoje foi divertido. -Comentou enquanto voltava para o quarto, a segui mantendo um enorme sorriso em meu rosto.

—Também acho. Eu estava mesmo precisando dessa distração. -Ela se sentou na cadeira de balanço com as pernas cruzadas e me fitou fixamente. -O que foi?

—O que pretende fazer agora? -Inquiriu indicando com a cabeça o retrato no criado-mudo, suspirei.

—Eu não sei. Acho que ficou bem claro que Edward não me quer por perto.

—Talvez ele só precise de algum tempo. -Bufei cruzando os braços sobre o peito.

—Mais tempo do que já teve? -Apesar de ter sido uma pergunta retórica, Lizzie deu de ombros. -Edward já teve tempo suficiente, foram anos para decidir o que ele queria, se escolheu me odiar, eu não posso fazer mais nada.

—Então vai deixá-lo ir? -Engoli o nó que se formou em minha garganta, eu não queria, eu havia me tornado dependente dele. Edward era como uma droga que me viciava rápido, mas que também me fazia mal e eu já estava cansada disso.

—É o melhor. -Lizzie assentiu orgulhosa.

—Fico feliz que queira deixar o passado para trás.

—Não vai ser fácil esquecê-lo, principalmente sabendo agora que ele está vivo, mas eu preciso tentar.

—Eu sei que você vai conseguir, você é tão incrível. -Ela se levantou vindo me envolver em seus braços, a apertei de encontro a mim aspirando o seu perfume suave.

—Eu preciso fazer isso, e eu preciso começar agora. -Declarei me afastando, Lizzie me encarou confusa.

—O que vai fazer? -Indagou vendo eu me mover pelo quarto, me aproximei do criado-mudo pegando o desenho de Edward e o olhando brevemente.

—Vou enterrar o meu passado. -Comuniquei decidida. Caminhei de volta ao closet pegando a minha caixa de lembranças que eu havia guardado e joguei o quadro ali dentro, tranquei novamente o objeto empurrando a caixa para o fundo do armário. -Pronto. Longe dos olhos, longe do coração.

—Eu não acredito muito nesse ditado, mas já é um bom começo. -Murmurou atrás de mim. -E Alice? O que vai fazer com relação a ela?

—Eu não vou fugir. Se ela vier falar comigo eu vou ouvi-la, mesmo que ela só venha gritar que me odeia. -Lizzie franziu o cenho.

—Ela não tem por que odiá-la, você não fez nada.

—Eu não sei, talvez Alice pense que eu a abandonei, você sabe, quando tudo aconteceu. -Argumentei voltando para o quarto com ela em meu encalço.

—Você não tinha como evitar. -Suspirei me sentando na beirada da cama.

—Não sei, acho que ela está certa. -Confidenciei apertando as mãos em meu colo.

—Não diga besteiras. -Exigiu se apressando para o meu lado. -Você não a abandonou, você nem sabia o que estava acontecendo.

—Mas eu devia ter estado lá. -Suspirei me jogando na cama.

—E o que poderia ter feito se estivesse lá? -Indagou fazendo um gesto com a mão direita me incentivando a responder.

—Matado aquele infeliz, quem sabe… -Ela riu.

—Você não teria feito isso. -Dei uma leve risada me virando para ficar de lado.

—Acho que não, mas é bom pensar que eu poderia tê-la protegido de alguma forma. -Lizzie suspirou se deitando ao meu lado, ela apoiou o corpo sobre o cotovelo e com a mão livre afagava meu cabelo.

—Não se martirize com o que poderia ter acontecido ou não, isso só a faz sofrer.

—Eu sei, mas é que às vezes é difícil evitar. -Ela balançou a cabeça concordando.

—Tente resolver o seu passado para que possa viver no presente, converse com ela... com eles e esclareça tudo, mas não deixe que isso a afete mais do que já acontece. -Orientou, sorri.

—Eu te amo, sabia?

—Eu também te amo.

—E como você está com tudo isso? -Lizzie suspirou virando de barriga para cima e encarando o teto branco com pontos luminosos, ela ficou em silêncio por um tempo.

—Eu não sei, nunca pensei que fosse possível. -Ela deu uma risadinha olhando para o meu rosto. -Acho que Alexandre não vai gostar dessa história. -Eu também ri.

Conversamos por mais algum tempo até que Charlie bateu na porta avisando que havia pedido pizza, Lizzie disparou escada abaixo como um raio, assim como Charlie, e eu ri seguindo logo atrás.

O jantar foi tranquilo e quando terminamos de comer e tudo já estava limpo e guardado, Lizzie e eu voltamos para o quarto enquanto Charlie permanecia na sala vendo TV; Lizzie decidiu que iria dormir comigo e depois de nos arrumarmos, ela se aconchegou ao meu lado e logo adormeceu. Eu ainda permaneci em alerta por algum tempo, mas o cheiro de chocolates e rosas que emanava dela era como um calmante para mim, logo eu também adormeci.

 

Acordei por volta das três e meia da manhã, já que Lizzie precisaria viajar de volta para Londres, e enquanto ela se arrumava eu aprontava a sua bolsa. Lizzie havia comprado bastante coisa em Port Angeles, mas decidira deixar a grande maioria comigo.

Quando já estava pronta ela fez questão de acordar Charlie que fez um muxoxo de descontentamento, mas se levantou; e como sempre, na hora da despedida, Lizzie chorou.

—Promete que vai nos visitar logo. -Pediu ainda agarrada a mim.

—Eu prometo, meu bem; logo, logo estaremos juntas novamente.

—Eu vou sentir a sua falta. -Murmurou chorosa. Quando Lizzie se afastou seu rosto estava marcado pelas lágrimas; até eu queria chorar, mas eu precisava ser forte por nós duas naquele momento.

—Eu também vou sentir, mas vamos nos falar sempre. -Argumentei, ela assentiu.

—Cuida dela, C. -Pediu o abraçando, Charlie aquiesceu. Eu percebi que ele também estava tentando ser forte, os dois eram muito ligados e era custoso para eles aquela despedida.

—Eu vou cuidar, não se preocupe. -Lizzie se afastou enxugando o rosto.

—É por isso que odeio despedidas. -Reclamou e eu ri.

—Você é uma manteiga derretida. -Ela revirou os olhos.

—Você também é, por mais que não esteja chorando agora tenho certeza que vai fazê-lo quando eu for embora. -Acusou, dei de ombros sorrindo.

—Talvez.

—Eu preciso ir. -Anunciou. Me aproximei a segurando pelos braços desnudos e me estiquei na ponta dos pés depositando um beijo em sua testa.

—Até breve, Bebê. -Ela sorriu enquanto eu me afastava.

—Até breve, mamãe. Tchau, C. -Ele não respondeu, não teve tempo antes que ela desaparecesse, provavelmente aparatando para o Ministério onde pegaria uma chave de portal para Londres.

As lágrimas fluíram normalmente, Charlie me abraçou tentando me confortar, era doloroso vê-la partir, mas Lizzie já era uma mulher adulta e como tal tinha responsabilidades, assim como eu.

Quando eu finalmente estava mais controlada, Charlie subiu dizendo que voltaria a dormir e eu também subi para o quarto, mas como eu sabia que não conseguiria voltar a dormir decidi então desenhar para passar o tempo. Uma batida na porta foi o que me despertou mais tarde.

—Não conseguiu dormir? -Charlie questionou ao colocar a cabeça para dentro do quarto, neguei.

—Eu estava desenhando. -Respondi erguendo o desenho de Lizzie já terminado.

—Está muito bonito.

—Obrigada. Já vai? -Perguntei ao ver que Charlie já estava pronto, ele assentiu.

—Eu só passei para dar uma olhada em como você estava, a luz estava acesa. -Explicou.

—Eu estou bem, não se preocupe.

—Tudo bem, então eu já vou, qualquer coisa que você precisar, pode me ligar, está bem? -Assenti. -Então tchau, tenha um bom dia Bella. -Sorri.

—Pra você também, Charlie. -Ele saiu fechando a porta, voltei a observar o desenho por um tempo, até que eu decidi que já era hora de começar a me arrumar, optei por uma calça jeans e uma blusa azul escuro de mangas compridas, com decote em V e deixei os cabelos soltos.

Na escola as pessoas me cumprimentaram no estacionamento e eu apenas sorri acenando com a cabeça, na aula de inglês tivemos um teste sobre 'O Morro dos Ventos Uivantes', como já havia lido o livro várias vezes eu não tive problemas.

Saí da sala acompanhada de Mike que não parava de tagarelar, o ignorei me concentrando apenas em meus próprios pensamentos; um líquido gelado respingou em mim e eu pulei assustada, percebi pela primeira vez as pontas de cotonetes rodando no ar e se depositando no chão deixando-o levemente branco, senti meus olhos arderem com as lágrimas, lembranças de uma guerra de bola de neve invadiram a minha mente, meu sorriso ao acertar uma bola em Edward, a professora Savannah chegando para nos repreender e entretanto na guerra, Alice tentando se esconder e sendo atingida por Edward. Vi Mike se abaixar fazendo uma bola encarando Eric que se afastava despreocupadamente.

—Eu te vejo no almoço, tá? -Falei com a voz embargada, mas Mike estava concentrado demais para perceber. Continuei caminhando enquanto falava. -Quando as pessoas começam a atirar coisas molhadas, eu vou pra dentro. -Mike assentiu distraído, os olhos presos na figura de Eric se distanciando, dei as costas para ele e andei, na verdade quase corri, para longe dali. "Droga, droga, droga. Por que eu tinha que ter lembrado de tudo isso?" a recordação mais inevitável veio em minha mente, Edward caindo sobre mim na neve e nosso... primeiro beijo. Suspirei sentindo as lágrimas sorrateiras e as enxuguei imediatamente. Passei o resto da manhã cabisbaixa, todos estavam animados com a neve ao que parecia era a primeira nevasca do ano, permaneci quieta no meu lugar, mergulhada em meus próprios pensamentos, felizmente ninguém se importou com meu desinteresse.

Na hora do almoço eu segui Jessica até o refeitório em estado de alerta, todos estavam felizes com a neve, e esse espírito festivo estava me deixando angustiada. Caminhei com uma pasta na mão pronta para usá-la como um escudo caso algum engraçadinho tentasse alguma coisa. Jessica achou hilário a minha atitude, mas alguma coisa em minha expressão a impediu de ela mesma me lançar uma bola, na verdade a premiada para recebê-la foi a própria Jessica que foi atingida em cheio na parte de trás da cabeça, ele gritou surpresa e eu pulei para longe dos respingos. Olhamos para trás encontrando Mike acenando idiotamente em nossa direção, seu sorriso largo demonstrava que ele tinha feito merda. Jessica estreitou os olhos, o garoto estava morto, eu tinha certeza disso.

—Mike seu idiota, eu vou matar você. -Gritou atraindo atenção de todos, Mike ficou mais pálido que o normal.

—Com licença. -Falei correndo para dentro do refeitório, eu conhecia aquela cena e eu não queria nem estar perto quando esse negócio se alastrasse para a guerra.

Entrei com um suspiro de alívio, caminhei para a fila para comprar a comida e olhei a mesa do canto por puro hábito. Havia cinco pessoas à mesa. Jessica me puxou pelo braço, nem havia reparado a sua aproximação.

—Alô? Bella? O que você quer? -Olhei para ela um pouco desorientada, sentia o mundo girar à minha volta.

—Qual o problema com Bella? -Mike perguntou a Jessica, ainda um pouco atrás dela.

—Nada. -Respondi pigarreando para limpar a garganta do nó que se formou. -Hoje eu só quero um refrigerante. -Falei me aproximando do final da fila.

—Você não está com fome? -Jessica perguntou.

—Na verdade, estou me sentindo um pouco enjoada. -Respondi desviando os olhos.

Esperei que eles pegassem suas comidas e os segui até a mesa. Bebi o meu refrigerante devagar, com o meu estômago revirando. Mike me perguntou duas vezes, com preocupação desnecessária, como eu estava me sentindo. Disse a ele que não era nada, mas estava imaginando se eu deveria usar isso como desculpa para fugir para a enfermaria e ficar lá durante a próxima hora. Ridículo, eu não devia precisar fugir.

Decidi me permitir dar uma olhada para a mesa da família Cullen. Se ele estivesse me encarando com raiva, eu iria fugir da aula de biologia como a boa covarde que eu sempre fui. Olhei a mesa deles, mas nenhum dos Cullen olhavam em minha direção, diferente do que vinha acontecendo semana passada, eles riam e conversavam entre si animadamente, indiferentes a minha presença. Suspirei aliviada, ao menos eu não era o alvo do desprezo da família Cullen. Observei eles mais atentamente; Edward, Jasper e Emmett estavam inteiramente cobertos de neve derretendo, Alice e Rosálie se afastaram quando Emmett balançou o cabelo pingando na direção delas. Eles estavam aproveitando o dia de neve, igual a todo mundo, e por que não estariam? Com certeza Edward fora o primeiro a iniciar a brincadeira, era sempre ele quem começava, ao menos ele estava feliz.

—Bella? Pra onde você está olhando? -Jessica se intrometeu acompanhando meus olhos, nesse preciso momento os olhos de Edward brilharam e se encontraram com os meus. Desviei o rosto imediatamente deixando o cabelo cair como uma cortina sobre os meus ombros. Tinha certeza, no entanto, que no momento em que nossos olhos se encontraram, ele não parecia com raiva como da última vez que o vi. Ele na verdade parecia curioso, até insatisfeito com alguma coisa.

—Edward Cullen está te encarando. -Jessica deu uma risadinha em meu ouvido, pensei em mandá-la para o raio que a parta por ser tão intrometida, mas engoli a minha raiva.

—Ele não parece estar com raiva, parece?

—Não. -Ela respondeu demonstrando estar confusa com a pergunta. -Ele deveria estar? -Indagou cautelosa.

—Eu acho que ele não gosta muito de mim. -Falei como se fosse uma confidência, embora eu soubesse que eles estariam ouvindo. Me senti enjoada imediatamente ao pensar que eu acabara de o lembrar do seu ódio mortal por mim. Coloquei minha cabeça abaixada no meu braço.

—Os Cullen não gostam de ninguém... Bem, eles não prestam atenção suficiente para gostar. -Desconsiderei essa parte da conversa, eu sabia que eles eram assim não porque eles se achavam superiores como ela dera a entender, mas porque eles não podiam se envolver. -Mas ele ainda está te encarando.

—Pare de olhar para ele. -Ordenei aos sussurros. Jessica riu, mas desviou o rosto.

Mike nos interrompeu, ele estava planejando uma batalha épica no estacionamento da escola e queria que nos juntássemos a ele, Jessica receou no início, mas depois de Mike insistir tanto, ela cedeu. O jeito como o olhou não deixava dúvidas a pouca resistência em lhe negar algo, me mantive calada, teria que me esconder no vestiário até que o estacionamento estivesse vazio.

Pelo resto do almoço mantive os olhos cuidadosamente pregados na mesa, meu estômago embrulhou só de imaginar que eu teria que me sentar ao lado dele, mas estava determinada a enfrentar isso como uma mulher adulta. Além disso, eu havia prometido a Lizzie que não me deixaria afetar.

Um pouco antes do fim do almoço os Cullen se levantaram e saíram jogando a comida intocada no lixo, segui para a sala de aula acompanhada, como sempre, por Mike, mas eu estava ainda mais incomodada por andar com ele, isso por que Mike era um alvo fácil para as bolas de neve, mas assim que saímos do refeitório o muxoxo de descontentamento foi geral; estava chovendo o que levava embora todo o projeto para uma guerra de bola de neve.

Levantei o capuz do casaco, escondendo o meu sorriso de contentamento. Quando cheguei na porta da sala respirei fundo criando coragem, mas quando entrei nossa mesa estava vazia, talvez ele tivesse fugido novamente, assim como tem feito durante toda a semana.

Me sentei em meu lugar abrindo o meu caderno de desenho em uma folha limpa, comecei a delinear a forma que me era tão conhecida. Eu estava concentrada quando ouvi a cadeira ao meu lado ser arrastada com um barulho ensurdecedor e desnecessário. Meu coração disparou e meu rosto esquentou ao constatar esse fato, mas felizmente consegui resistir ao impulso de encará-lo descaradamente, continuei delineando os cabelos da mulher na imagem.

—Olá. -Inferno, eu havia errado o traço, mas ignorei esse fato arregalando os olhos ao ouvir a suave voz de Edward, engoli em seco encarando ele como uma idiota. -Meu nome é Edward Cullen, eu não tive a oportunidade de me apresentar semana passada. Você deve ser Bella Swan. -Minha voz ficou presa na garganta e me chutei mentalmente por sempre ficar desconcertada perto dele.

—Eu já sei quem você é, Edward. -Respondi depois que consegui recuperar a voz, Edward me deu um sorriso constrangido.

—É claro, todo mundo sabe. -Desviei os olhos para o desenho. -Minha irmã me contou o que aconteceu. -Contou com a voz baixa, senti meu maxilar contrair e meus músculos ficarem tensos. -Me desculpe por aquilo, —"Como é que é? Edward Masen me pedindo desculpas?" Franzi a testa confusa, se ele me odiava por que se dava ao trabalho. “Deus, Edward continuava o mesmo cara confuso de sempre”. -Rosalie exagera as vezes. -Murmurou quando eu não respondi.

—Eu não a culpo por querer proteger a família. -Respondi fechando de uma vez o caderno de desenho, encarei Edward com os olhos tristes. -E nem você por me odiar, tem todo o direito de se sentir assim. -Sussurrei a última parte, mas eu sabia que ele teria ouvido. Edward abriu a boca para falar algo, mas o professor o interrompeu explicando para a turma o trabalho que teríamos que fazer.

—Primeiro as damas, parceira? -Edward perguntou assim que o professor nos autorizou a começar, ele estava com um sorriso torto e isso me fez perder completamente a linha de raciocínio, Edward acabou interpretando isso de forma errada. -Ou eu posso começar se quiser.

—Não. Eu começo. -Respondi piscando para tentar me concentrar, suspirei encaixando a primeira lâmina no lugar e olhando pelas objetivas por apenas alguns segundos.

—Prófase. -Respondi convicta, Edward deu um sorriso angelical.

—Você se importa se eu der uma olhada? -Perguntou segurando minha mão quando comecei a remover a lâmina, senti a tão conhecida corrente elétrica atravessar meu corpo, nossos olhos se conectaram e uma sensação quente e agradável preencheu meu peito, ele recolheu a mão ainda esperando uma resposta. Balancei a cabeça e Edward olhou pelo microscópio em um tempo ainda menor do que eu.

—Prófase. -Concordou anotando a resposta no primeiro espaço em branco, Edward trocou a lâmina rapidamente a analisando. -Anáfase. -Murmurou escrevendo no papel enquanto falava, "Convencido".

—Posso? -Indaguei indiferente, eu sabia que não havia possibilidade de ele estar errado, mas não custava nada atormentá-lo um pouco como fazíamos na escola. Edward sorriu maliciosamente e me passou o microscópio.

—Você está errado. -Respondi assumindo a postura da sabe tudo irritante, Edward me encarou com um olhar incrédulo.

—Não estou não. -Rebateu contrariado. Assenti reafirmando. -Olha eu sei identificar uma anáfase. -Murmurou pacientemente, como se falasse a uma criança teimosa, travei os lábios em uma linha rígida para evitar que eu risse descontroladamente. -Deixa eu te explicar o que eu vi, talvez assim... -Seus olhos se estreitaram ao ver a minha expressão. -Você está brincando, não está? -Perguntou cauteloso, confirmei não conseguindo mais segurar a risada, Edward revirou os olhos, mas riu também. -Você conseguiu me pegar. -"Eu sempre consigo" mordi a língua, quase havia proferido meus pensamentos em voz alta.

—Tudo bem, lâmina 3 agora. -Comandei me ajeitando na cadeira e estendendo a mão sem olhar para ele, Edward depositou o objeto em minha palma, fazendo um esforço para não tocar a minha pele, me senti mal com isso, mas ignorei o nó em minha garganta. -Interfase. -Respondi baixo já empurrando o microscópio para ele antes que pudesse pedir, Edward olhou rapidamente, sorriu e escreveu na folha a resposta, eu poderia ter feito isso enquanto ele olhava, mas a sua escrita limpa e elegante sempre me intimidou.

Terminamos bem antes de qualquer outra dupla e só me restou observar os outros trabalharem, tentando com todas as minhas forças ignorar a sua presença ao meu lado, eu sentia a minha nuca queimar sobre o olhar dele, mas permaneci firme no propósito de não encará-lo. Vi Mike e sua parceira de laboratório comparando duas lâminas de novo, e de novo, outra dupla havia aberto o livro por debaixo da mesa e colavam descaradamente. O Sr. Banner aproximou-se sorrateiramente por trás de nós para ver por que não estávamos trabalhando, ele olhou por cima dos nossos ombros para ver a experiência completa, e então olhar mais atentamente para checar as respostas.

—Então, Edward, você não acha que Isabella podia ter uma chance com o microscópio? -O professor perguntou encarado Edward diretamente, fechei a cara imediatamente, ele achava que eu era o quê? Estúpida? Se duvidasse eu tinha muito mais conhecimento do que ele, afinal já havia feito mais de uma universidade.

—Bella. -Edward o corrigiu automaticamente. -Na verdade, ela identificou três das cinco lâminas. -O Sr. Banner olhou pra mim, sua expressão era incrédula.

—Você já fez essa experiência antes? -Sorri cinicamente.

—Com blástula de peixe branco também. -Ele arregalou os olhos minimamente, mas assentiu concordando; eu sabia que estava sendo imprudente ao me exibir dessa forma, mas o que eu podia fazer se ele acabara de afrontar a minha inteligência.

—Você estava numa colocação avançada em Londres?

—Sim. -Menti colocando um sorriso angelical no rosto, o professor piscou atordoado, eu não era vampira, mas ainda tinha certo efeito sobre humanos.

—Hã... é... bem... eu acho que... é bom que vocês sejam parceiros de laboratório. -Ele foi embora murmurando mais alguma outra coisa que eu fiz questão de ignorar. Suspirei irritada com o que acabara de acontecer e comecei a batucar no meu caderno nervosamente.

—É uma pena toda aquela neve, não é? -Franzi a testa confusa ao perceber a tentativa de Edward de engatar em uma conversa.

—Não muito.

—Você não gosta do frio. -Não era uma pergunta.

—Eu gosto. -Edward já sabia disso. -Mas me trazem muitas lembranças. -Respondi com um suspiro, ele me encarou interessado.

—Boas ou ruins? -um sorriso delicado brincou em meus lábios, enquanto eu encarava um ponto fixo na frente.

—As duas, mas acho que são mais boas.

—Se as lembranças são boas, por que quer evitá-las? -Perguntou visivelmente confuso, encarei seus olhos dourados.

—As boas sempre levam as ruins. -Sussurrei para ele.

—É tão ruim assim? -Eu não queria falar sobre isso, mas não foi preciso uma resposta minha. -Se o clima influencia tanto em suas lembranças, por que veio para cá?

—É... complicado.

—Eu acho que consigo acompanhar. -Pressionou, desviei os olhos para frente soltando um suspiro resignado.

—Eu fugi de Londres. -Respondi amarga. -É isso que faço quando algo acontece, essas foram as exatas palavras de Tony.

—O que te fez fugir? -Eu não sabia o que estava acontecendo ali, a uma semana Edward quase me matara e agora estávamos tendo uma conversa… bem… civilizada? Parecia difícil de acreditar, mas talvez Charlie estivesse certo, talvez pudéssemos nos entender.

—Um amigo meu morreu a alguns meses. -Desabafei, eu precisava falar disso com alguém que não compartilhava a mesma dor.

—Eu sinto muito. -E Edward parecia realmente sentir, engoli o nó que se formou em minha garganta.

—Não sinta. Eu fui a única responsável por tudo. -Meus olhos arderam, mas controlei as lágrimas.

—Por que diz isso? -Suspirei abalada, o que Edward queria? Uma confissão?

—Joseph morreu tentando me proteger, é o que acontece quando as pessoas se aproximam demais.

—É por isso que fugiu? -Apontou compreendendo, virei a cara no mesmo momento, reconhecer aquilo era como um tapa em minha cara.

—É... -Edward suspirou, mas eu não ousei o olhar.

—Eu estou te aborrecendo? -Indagou cauteloso, olhei para ele sem pensar e optei por dizer a verdade.

—Não, é que... é difícil para mim reconhecer a verdade. -Edward ficou quieto absorvendo as minhas palavras, aproveitei esse tempo para observá-lo.

—Eu não entendo... -Rebateu impaciente, apoiei o rosto no punho.

—O que você não entende?

—Você saiu de Londres por que acha que ficar perto da sua família os colocaria em perigo, certo? -Divagou fazendo um gesto com a mão me incentivando a confirmar, assenti. -Mas agora parece que você está sofrendo mais do que deixa os outros verem, isso não me parece justo. -Concluiu aborrecido, sorri sem humor.

—A vida nunca é justa, Edward.

—Acredito que já tenha ouvido isso antes. -Respondeu secamente. É claro que ele já ouvira, quantas vezes eu não falara essas mesmas palavras.

Me virei para frente observando o professor percorrer as mesas. Era incrível como eu não conseguia esconder os meus pensamentos. Sorri com isso.

—O que foi? -Edward perguntou curioso, encarei ele ainda sorrindo.

—Tony vive me dizendo que eu sou um livro aberto. -Edward acabou rindo também.

—Pelo contrário, eu acho você bem difícil de ler.

—Então você deve ser um ótimo leitor. -Repliquei irônica.

—Eu geralmente sou. -Seu sorriso se alargou e eu revirei os olhos. O professor chamou a atenção da sala explicando no projetor o que todos teriam que ter procurado. -Posso te fazer uma última pergunta? -Edward sussurrou e eu abri um sorriso torto.

—Já está fazendo. -Ouvi sua risada baixa, mas permaneci com os olhos no professor.

—Quem era a mulher do desenho? -Perguntou curioso, encarei-o sem conseguir me conter, ele realmente havia prestado atenção nisso?

—Minha mãe.

—Você desenha muito bem. -Ele já havia me dito isso um milhão de vezes.

—Obrigada. -Falei me virando para a frente, tentei prestar atenção na aula, mas meus pensamentos estavam concentrados em Edward ao meu lado, senti ele se afastar e isso me magoou, pensei que estávamos bem agora que conversamos, mas talvez ele só precisasse de espaço. Assim que o sinal tocou, Edward correu tão rapidamente e graciosamente para fora da sala que eu fiquei em choque, pelo visto voltamos à estaca zero; suspirei, não me deixaria abalar.

Mike pulou para o meu lado recolhendo os meus livros, revirei os olhos.

—Aquilo foi horrível. -Gemeu e eu ri. -Todos pareciam exatamente iguais. Você tem sorte por ter o Cullen como parceiro. -Parei de rir imediatamente, mais um idiota achando que eu não tenho cérebro.

—Não tive nenhum problema. -Respondi irritada, mas Mike não pareceu prestar atenção.

—O Cullen pareceu bem amigável hoje, hein? -Perguntou com ciúmes enquanto vestíamos os casacos, revirei os olhos mais uma vez.

—Eu me pergunto qual era o problema dele na segunda passada. -Era mentira, eu sabia exatamente qual era o problema dele: era eu, mas não diria isso à ele.

Seguimos para a  Educação física e depois que o último sinal tocou corri para o meu carro, quando passei fui acompanhada por vários olhares, mas eu não me importei, as pessoas ainda não haviam se acostumado com o meu adorável automóvel; assim que abri a porta meus olhos encontraram os dele, Edward estava com a família perto do Volvo e me observava com um sorriso, retribui e entrei no carro com um frio na barriga. Dirigi de volta para casa, orando silenciosamente para que tudo no fim pudesse se resolver e que pudéssemos voltar a ser como era antes.


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Notas finais do capítulo

Bye bye, pessoal. Espero que tenham gostado. Vejo vocês no próximo (❁´◡`❁). ♡.



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