Estrela da Alva escrita por Princesa Dia


Capítulo 12
De volta à estaca zero


Notas iniciais do capítulo

Enjoy. (❁´◡`❁) ♡.



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POV. Bella Swan

Eu estava pisando nas nuvens. Desde que as coisas começaram a sair do meu controle, eu não podia imaginar que eu finalmente poderia me sentir tão mais leve, mas eu estava e isso se devia a presença de Edward Masen novamente em minha vida. Esta manhã eu estava incrivelmente ansiosa para a escola, não por causa das aulas, mas pela possibilidade de mais uma vez conversar com ele.

Me arrumei alegremente cantarolando uma música qualquer enquanto revirava o meu closet, catei uma calça jeans preta, uma blusa verde de alcinhas e uma jaqueta também preta, vesti as roupas e arrumei meus cabelos em um coque frouxo deixando algumas mechas soltas emoldurando o meu rosto, fiz uma maquiagem leve passando um batom bem claro e calcei, pela primeira vez desde que cheguei em Forks, minhas sandálias de salto alto, pretos e com várias tiras; me olhei no espelho apenas para constatar que eu estava linda, irresistível aos olhos humanos, eu só esperava que para Edward tivesse o mesmo efeito.

Peguei a mochila e desci as escadas cantando, agradecendo mentalmente por Charlie não estar mais em casa, ele ia me encher o saco pelo resto da vida dele se me visse agora. Balancei a cabeça sorrindo levemente com o pensamento e segui para fora ignorando a cozinha, estava ansiosa demais para conseguir engolir qualquer coisa. Saí na varanda percebendo pela primeira vez o quanto o dia seria propício para desastres; a chuva que caíra durante toda a noite havia se solidificado tornando o chão um obstáculo extremamente perigoso, mas graças ao meu equilíbrio perfeito eu não precisaria me preocupar com isso.

Dirigi para a FHS com um sorriso o tempo todo em meu rosto, enquanto a melodia de Clair de Lune invadia o ambiente. O estacionamento da escola estava lotado, o que significava que eu havia chegado muito cedo, desliguei o carro e desci; ajeitei a alça da mochila em meu ombro encontrando o olhar de Edward sobre mim do outro lado do estacionamento, abri um discreto sorriso e ele retribuiu. Eu já me preparava para abandonar o local aberto quando um brilho prata chamou minha atenção, olhei mais atentamente percebendo pela primeira vez a presença de correntes de neve em cada pneu, sorri ao imaginar a que horas Charlie levantara para colocar aquelas coisas, meu amigo sempre seria protetor demais mesmo que eu soubesse cuidar de mim mesma. Ouvi um guincho horrível e eu me virei para saber a origem, assim que encarei a van azul de Tyler Crowley eu soube que estava encrencada; eu disse que o dia era para desastres. A van derrapara em alta velocidade no gelo e avançava desgovernada em direção ao meu carro e eu estava entre os dois.

Minha cabeça começou a trabalhar rapidamente considerando as minhas possibilidades, o veículo já estava muito em cima, mas eu não poderia usar minha velocidade sobrenatural, todos já haviam me visto; Mike, Jessica, Ângela e até o próprio Tyler; no entanto, fingir choque e permanecer parada no lugar não era uma opção, eu sairia ilesa do acidente, talvez com algumas escoriações ou osso quebrado, mas em questão de horas ou dias, na pior das hipóteses, eu estaria curada e sair de um acidente dessa dimensão sem passar, no mínimo, meses em uma cama de hospital com certeza era algo incomum de se ver; trinquei os dentes, sabendo que havia apenas uma única saída para isso. Respirei fundo, pronta para proferir as palavras, mas antes mesmo do que eu esperava e de uma direção totalmente diferente eu fui atingida de uma forma violenta, bati a cabeça ao cair no chão gelado. Ouvi alguém praguejar baixo e arregalei os olhos ao reconhecer a voz. Edward estava debruçado sobre mim, nossos olhos se conectaram apenas por um instante antes de ele se voltar para a van que bateu na traseira do Aston e avançava agora em nossa direção, ele empurrou as minhas pernas para o lado e parou o veículo com a mão direita causando um tremendo amassado na lataria. O silêncio ao nosso redor chegou a ser até mais assustador que os gritos que se seguiram.

—Bella, você está bem? -Edward perguntou me envolvendo em seus braços de ferro, percebi uma ruga de preocupação se formar entre suas sobrancelhas.

—Eu… estou. -Respondi tentando me sentar, mas ele apertou mais os braços ao meu redor me impedindo.

—Você bateu a cabeça muito forte, só... fique quieta por algum tempo. -Edward sussurrou em meu ouvido e eu senti a pontada.

—Aí. -Falei automaticamente levando a mão à cabeça, Edward sorriu chamando a minha atenção.

—Eu disse. -Nossos olhos se conectaram novamente e eu esqueci de respirar, nossos corpos grudados um no outro, próximos demais; por um momento pensei em beijá-lo, mas esse momento passou e eu não o fiz. -Respira, Bella. -Seu sussurrou me trouxe de volta a realidade e minhas bochechas esquentaram automaticamente, Edward recuou lentamente.

—Por que fez isso? -Questionei ao me lembrar da atitude estúpida e impensada que ele acabara de tomar sendo que aquela possibilidade eu havia acabado de descartar. Edward franziu a testa confuso, mas depois assumiu uma máscara de incredulidade.

—O quê? Salvar a sua vida? Vai me dizer que você é uma daquelas pessoas suicidas? -Perguntou irritado, percebi o sarcasmo em sua voz e fechei a cara imediatamente, tentei me sentar novamente e dessa vez Edward não me impediu afrouxando os braços ao meu redor sem realmente tira-los dali.

—É claro que não, estava tudo sob... -Parei ao constatar que alguma coisa estava faltando. -Maldição. -Murmurei me colocando de joelhos para procurá-la. -Onde é que ela está? -Me perguntei percorrendo o local com olhos frenéticos, Edward segurou meu pulso chamando a minha atenção.

—O que está procurando?

—Minha va... -Ouvi alguém gritar o meu nome e me lembrei que aquele não era o local para conversa sobre aquilo. -Depois conversamos. -Respondi me sentando ao seu lado. Vários adolescentes desesperados gritavam ao nosso redor, alguns adultos apareceram para acalmá-los e ajudar a remover o carro, entre eles o treinador Clapp. Eu podia sentir o cheiro do sangue de Tyler, pelo visto ele levara a pior; assim que o carro foi afastado todos perceberam a presença de Edward, se assustaram por não tê-lo visto antes, mas optaram por não falar nada, ouvimos as sirenes da ambulância e os paramédicos correram para nos socorrer, Edward é claro recusou sua maca e quando eu educadamente ia fazer o mesmo o miserável fez questão de lhes informar que eu havia batido a cabeça e que corria o risco de sofrer uma concussão, lhe lancei um olhar mortal e o idiota simplesmente ignorou, quase morri de vergonha quando colocaram o colar cervical em mim, todos me encaravam preocupados, mas mantive os olhos o mais distante possível. Antes que a ambulância pudesse sair, Charlie apareceu, estava nervoso, é claro.

—Bella, meu Deus, você está bem?

—Pai? Eu... eu estou bem. Eu a perdi. -Falei de uma forma enigmática por causa do paramédico, Charlie suspirou aliviado colocando a mão em minhas pernas.

—Não se preocupe, vou encontrá-la para você. -Assenti e Charlie saiu depositando um beijo em minha testa.

—O que você perdeu? -Edward perguntou enquanto eu era colocada na ambulância e se sentou ao meu lado.

—Que tal me perguntar em outro momento? -Falei olhando sugestivamente para os homens perto, Edward pareceu entender e se calou. É claro que até o hospital local teríamos uma escolta, Charlie não seria Charlie se não fizesse isso, mas eu não me importei, estava mais concentrada em Edward sentado do outro lado do veículo e que não tirava os olhos de mim, não que isso tivesse me incomodando, na verdade eu estava adorando toda aquela atenção.

Assim que chegamos ele desapareceu hospital à dentro e eu fui levada para fazer exames, sempre na maca pela possibilidade de concussão, perdi a conta de quantas vezes eu repeti que estava bem, mas ninguém me dava atenção. Que droga, eu juro que mato o Edward assim que pôr as minhas mãos nele.

Quando a bateria de exames finalmente terminou eu fui levada para um leito para descansar enquanto esperava o médico, achei que enfim teria um pouco de paz, mas descobri poucos minutos depois que Tyler me faria companhia e o pior... ele estava consciente, depois de meia hora de Tyler tentando se desculpar eu já estava a ponto de ir até ele e acerta-lo com a coisa mais próxima até ele desmaiar, mas para a minha infelicidade eu controlei o meu mal gênio.

—Não precisa se desculpar Tyler, eu estou bem, sério. Edward me tirou do caminho à tempo. -Falei pela milionésima vez, Tyler me olhou confuso.

—O Cullen?

—É, ele estava ao meu lado antes de tudo acontecer e ele me empurrou para fora do caminho. -Respondi calmamente.

—Eu não o vi. -Senti meus músculos rígidos e Tyler deu de ombros fazendo uma careta com o ato. -E onde ele está agora?

—Eu não sei, ele não foi amarrado a uma maca como nós. -Respondi com uma risada sem humor, eu ia matá-lo assim que o encontrasse.

"Ohhhh não...", pensei arregalando os olhos ao ver o semblante de Tyler passar de pensativo para suplicante.

—Eu sinto muito mesmo Bella, eu tentei parar... -Me joguei na cama cobrindo os olhos com o braço, fiquei imóvel por algum tempo esperando que ele interpretasse isso como se eu estivesse dormindo e deu certo, o garoto ficou quieto quando eu não respondi e passou a se lamentar apenas algumas vezes, fiquei contente por ele se lembrar que ele estava em pior situação do que eu, quem sabe assim ele não me deixava em paz?

—Ela está dormindo? -Ouvi uma suave voz perguntar e arregalei os olhos o encontrando parado perto da cama de Tyler.

—Edward cara, me desculpe, eu não te vi lá... -Tyler tentou se desculpar, mas Edward levantou a mão o impedindo de continuar.

—Sem sangue, sem crime. -Falou com um sorriso torto e Tyler se calou, encarei aquela cena incrédula, eu tentei convencer Tyler a parar de me encher o saco por meia hora e Edward fez isso em meio segundo? Isso era tão injusto.

—Como você está? -Perguntou se sentando perto da cama de Tyler e de frente para mim, me sentei também deixando as minhas pernas penduradas para fora da cama.

—Perfeitamente bem, por que disse aquilo?

—Aquilo o quê? -Perguntou confuso e eu revirei os olhos.

—Aquilo sobre a concussão. Sabia que eu rodei esse hospital inteiro em uma maca? -Perguntei irritada e Edward abriu um sorriso discreto.

—Você bateu a cabeça, poderia ter tido uma concussão. -Eu sabia que ele estava tentando bancar o engraçadinho.

—Sabia que não havia essa possibilidade, mas eu vou ignorar a vontade imensa de torcer o seu pescoço. Por que você não foi amarrado a uma maca como nós? -Perguntei mudando de assunto, Edward sorriu.

—Digamos que eu tenha alguns privilégios. -Respondeu sugestivo, mal ele acabou de falar e a porta da enfermaria foi aberta, um vampiro entrou, parecia ser um anjo de tão perfeita beleza, era mais alto que Edward, porte atlético, cabelos loiros, olhos dourados e pele extremamente pálida. O Dr. Cullen parou ao me ver, sua boca se abriu levemente e ele franziu a testa parecendo confuso, seus olhos percorreram o prontuário em suas mãos parecendo buscar alguma informação.

—Algum problema, doutor? -Perguntei com a testa também franzida. Edward era outro que parecia confuso com a reação do pai. O vampiro loiro olhou para mim ostentando um sorriso perfeito.

—Nenhum. Como está se sentindo, Isabella? -Perguntou largando a prancheta ao meu lado. Suspirei irritada, eu já estava cansada de responder a mesma pergunta.

—Só Bella, por favor, e eu estou bem.

—Edward me falou que bateu a cabeça? Sente alguma dor, tontura ou enjoo?

—Não, eu estou bem. -Respondi lançando um olhar fulminante para o ser sentado próximo ao outro leito, mas ele fez questão de me ignorar. O médico começou a me examinar e agradeci mentalmente quando ele afastou a lanterna para longe dos meus olhos sensíveis. Ele se afastou acendendo um refletor atrás de mim e verificando os meus exames.

—Seus exames parecem normais, então não tem por que eu mantê-la aqui. -Falou com um sorriso, suspirei aliviada.

—Então eu posso voltar pra escola?

—Acho melhor descansar hoje.

—Mas e ele? -Perguntei indicando Edward com a cabeça, o idiota riu.

—Alguém precisa transmitir a notícia de que sobrevivemos.

—Bem... acho que não vai ser preciso, se eu me informei bem, praticamente toda a escola está na recepção. -Meus olhos quase saltaram das órbitas quando ouvi isso. Como eu ia me livrar de todos?

—Você não se sente bem? Pode ficar mais um pouco se quiser. -O médico sugeriu quando me ouviu gemer baixo, mas não era dor que eu sentia, era desgosto.

—Não, não. -Respondi pulando da cama apressadamente, o dr. Cullen me segurou pelo cotovelo temendo que eu caísse, dei um sorriso torto. -Eu estou bem. -Ele assentiu me soltando.

—Tome um tylenol para dor e qualquer mal-estar volte imediatamente para o hospital, ok?

—Claro. -Sorri, mas se dependesse de mim eu não botava mais meus pés ali.

—Se vocês me derem licença. -Falou pegando a prancheta e se dirigindo para o lado de Tyler, Edward se levantou e seguiu para o meu lado.

—E você sr. Crowley, acho que ficará por mais um tempinho com a gente. -Falou pacientemente, ele deixou a prancheta ao lado e começou a examinar as várias ataduras sujas de sangue, eu não conseguia entender como ele conseguia trabalhar em um lugar como esse, como ele conseguia controlar a sede? Talvez fosse décadas de prática, ou quem sabe séculos, isso me fazia questionar qual seria a idade dele.

—Tudo bem? -Edward perguntou preocupado, encarei seus olhos dourados, sentindo pela primeira vez, falta do esmeralda intenso.

—Sim. Poderíamos conversar em algum lugar? -Ele ficou imediatamente tenso com minhas palavras.

—Seu pai deve estar te esperando. -Revirei os olhos.

—Mesmo assim eu quero conversar. -Edward não disse mais nada, apenas deu as costas e saiu, eu o segui em silêncio. Edward percorreu alguns corredores e só parou quando encontrou um vazio.

—O que você quer? -Perguntou rude, ele me encarou irritado e eu recuei com a fúria de suas palavras.

—Ãn? O que é que deu em você?

—Diga logo o que quer, Isabella. -Fechei os olhos apertando a ponte do nariz, respirei fundo tentando controlar a irritação, quando finalmente me senti mais calma abri os olhos encarando a mesma máscara de raiva.

—Eu só quero conversar, Edward. É difícil demais pra você ser um pouquinho mais educado? -Perguntei pacientemente, ele fechou ainda mais a cara.

—Não temos nada para conversar. -Minha paciência estourou.

—Quer saber de uma coisa? Você é um imbecil, Masen, sempre vai ser independente do tempo que passar, e sabe o que é o pior? Eu realmente acreditei que você tinha mudado, mas você continua o mesmo egoísta, idiota, de sempre. Quer sempre descontar as suas frustrações nos outros, não é? Mas fique você sabendo que eu não vou aceitar mais isso. Você não vai mais me humilhar. -Falei sentindo meus olhos arderem, mas segurei as lágrimas com dificuldade, Edward me encarou parecendo assustado, provavelmente percebendo o quanto eu estava certa, dei as costas me afastando. -Eu realmente sinto muito por seus pais. Sei que fui a responsável pela morte deles, mas não há um dia em que eu não me culpe por isso. Elizabeth era como uma mãe para mim, assim como o tio Eddie era um pai. Eu sinto muito mesmo. -Sussurrei as últimas palavras, mas eu sabia que ele havia me escutado.

—O quê??? -Edward gritou, mas eu simplesmente o ignorei, precisava sair dali antes de desabar. Corri pelos corredores seguindo o cheiro de Charlie, quando saí na recepção tive vontade de dar as costas e entrar novamente, mas a possibilidade de esbarrar em Edward me fez reprimir esse impulso, o Dr. Cullen estava certo quando disse que todos estavam ali; graças a Charlie consegui me livrar de todos com a desculpa que eu precisava descansar.

Voltamos para casa na viatura, e em nenhum momento eu reclamei. Charlie percebeu que eu não estava bem e preferiu não me arrancar dos pensamentos em que eu estava mergulhada, eu agradeceria a ele mais tarde quando eu estivesse em condições para isso.

—Acho melhor você ligar para o Tony. -Charlie sussurrou de repente, encarei ele em estado de pânico.

—Contou à eles?

—Eu nem precisei. -É claro que não, Tony tinha os seus próprios métodos para me vigiar.

—Ele deve estar pirando. -Resmunguei saindo do carro e batendo a porta com força desnecessária até.

Evitei pelo máximo de tempo ligar para ele, sabia que ele encheria o meu saco pelo tempo que lhe fosse possível e tudo que eu queria naquele momento era me deitar e chorar até não aguentar mais de cansaço, tomei um banho demorado e coloquei um vestido preto de alcinha, escovei o cabelo lentamente e o deixei solto. Quando não havia mais nada o que fazer eu liguei para casa.

Ao contrário do que eu imaginava Tony não estava uma fera, mas eu preferia que estivesse, nunca o vi tão aflito como hoje, ele estava em estado de pânico, suplicou que eu voltasse para Londres e por um momento eu quase cedi, eu não o queria sofrendo por mim, eu não o queria preocupado comigo, mas eu sabia que enquanto eu estivesse escondida Virgíny se concentraria em me achar e não em machucá-los, então eu tive que dizer não. Tony, é claro, se irritou e como em todas as outras vezes nós acabamos discutindo. Desliguei o telefone com um suspiro irritado.

—Ele está uma fera, ein? -Charlie perguntou casualmente encostado ao batente da porta me observando. Joguei o celular na cama temendo reduzi-los aos pedaços.

—Como sempre. -Sussurrei me sentando na beirada da cama, Charlie me analisou por um momento antes de caminhar até mim e se sentar ao meu lado, seus braços rodearam a minha cintura e eu deitei a cabeça em seu ombro. -Ele queria que eu voltasse para Londres, mas eu não posso, será que ele não consegue entender isso? -Perguntei cerrando os punhos, Charlie suspirou.

—Ele só está com medo querida, perdemos tantos nessa luta, sabe que vocês são as mulheres da nossa vida, os nossos tesouros. -Dei um sorriso torto antes de suspirar.

—Eu sei... Tony assume a responsabilidade do mundo, não era pra ser assim, eu deveria protegê-los e não o contrário. -Murmurei me afastando de Charlie e ficando ereta ao seu lado.

—Ele ainda se culpa pelo que aconteceu a Lizzie, não é? -Assenti sem conseguir proferir qualquer palavra. -Talvez ele precise de um pouco mais de tempo. -Bufei irritada.

—Pelo visto, todo mundo precisa de mais tempo. -Resmunguei me deitando na cama e cobrindo os olhos com o braço, ficamos em silêncio apenas apreciando o momento. -O que foi? -Perguntei encarando Charlie que me observava.

—Como vai a sua relação com Edward? -Bufei me sentando desajeitada, meus cabelos caindo como uma cortina em meus ombros; eu não queria falar sobre isso.

—Nós voltamos à estaca zero.

—O quê!?

—Nós conversamos ontem. -Expliquei me apoiando nele. Charlie ficou em silêncio apenas escutando enquanto me abraçava. -Eu pensei que tínhamos nos acertado, mas hoje discutimos novamente.

—Devo perguntar o que aconteceu?

—Edward foi grosso comigo e eu não pude ficar calada. -Charlie bufou incrédulo.

—Por que isso não me surpreende? -Revirei os olhos. -E como ficam as coisas agora?

—Eu não sei. -Respondi sinceramente. -Estou tão cansada de tudo isso Charlie, estou cansada dessas guerras, queria que minha mãe tivesse escolhido o melhor para ela e não para mim.

—Pelo amor de Deus, nunca mais repita isso. Você é importante demais para todos nós Bella.

—Mas seria tudo tão mais fácil. -Resmunguei imaginando as possibilidades, minha mãe não teria morrido, ela teria se casado e tido muitos filhos, eu não teria conhecido Edward é claro, mas os Masen teriam vivido felizes pelo tempo que lhes fosse possível, Joseph não teria se sacrificado por mim, assim como Helen e Geoffrey Swan, e Charlie teria crescido com os pais, de fato tudo teria sido diferente.

—Seria mais fácil, mas não mais divertido. -Charlie falou sorrindo, revirei os olhos me levantando e indo em direção a janela aberta.

—Não brinque com uma coisa dessas Charlie, muita gente já morreu nessa perseguição estúpida com a única finalidade de me proteger. Me diz o que eu tenho de tão especial para as pessoas optarem pela minha vida e não a delas? -Me perguntei encarando a floresta que já começava a escurecer, sentia as lágrimas rolarem por minhas bochechas rosadas, o sinal de que eu era uma aberração, alguém que não deveria existir. Charlie suspirou se levantando e vindo até mim, ele não disse nada por longos segundos apenas observando a floresta como eu.

—Por que você é uma pessoa melhor do que todos nós, alguém que merece todas as oportunidades de ser feliz, mas que ainda não conseguiu ser.

—Você está errado, eu não sou melhor que ninguém.

—Bella todos nós somos egoístas, rancorosos e estúpidos, nós no seu lugar já teríamos matado Virgíny a muito tempo, mas você não; você tem esperanças que a situação se resolva sozinha, sem que haja mais derramamento de sangue, você tem uma alma pura que mesmo com todo a dor e com todo o poder que tem, você é incapaz de fazer mal a qualquer pessoa, mesmo que essa pessoa seja Virgíny. -Ficamos em silêncio por algum tempo, as palavras de Charlie me tocaram profundamente, mas talvez não seja da forma que ele queira. -Eu vou deixá-la descansar. Você está precisando. -Falou ao me ver perdida em pensamentos. Assenti sem tirar os olhos do céu escuro. -Eu vou dar uma saída agora. Billy me ligou muito preocupado com o acidente e aproveito e passo na casa do Harry.

—Tudo bem. Diga a ele que amanhã eu passo lá. -Falei ainda sem encará-lo, Charlie suspirou.

—Ok. Durma bem Bella. -Falou depositando um beijo em minha têmpora. -Obrigada C.. -Agradeci lhe dirigindo um sorriso torto e um olhar cansado, ele também sorriu.

—Não me agradeça, mamãe. -Revirei os olhos e ele abandonou o quarto rindo. Fiquei ainda por algum tempo na janela, observando o céu que se tornava cada vez mais escuro ameaçando uma torrente cair, talvez Charlie não voltasse para casa hoje se a chuva o pegasse, ele não seria tão idiota a ponto de dirigir em um temporal, o que significava que eu ia passar a noite sozinha, isso de fato não era um problema, eu realmente precisava de um pouco de solidão. Pensei nas palavras de Charlie, talvez eu não seja tão diferente assim das outras pessoas, talvez eu fosse egoísta o suficiente para não sujar as minhas mãos, eu poderia ter evitado todas aquelas mortes, mas não o fiz e eu teria que conviver com cada uma delas por toda a eternidade.


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