Estrela da Alva escrita por Princesa Dia


Capítulo 11
Motivos


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal. Mais um capítulo pra vocês, espero que gostem.

Antes de começarmos, eu quero avisar a vocês que a minha ortografia não é excelente, então por favor desconsidere todo erro que vocês encontrarem enjoey. ♡.



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POV. Edward Cullen

—Dá para vocês descerem ainda hoje ou está difícil? -Gritei pela milionésima vez aquela manhã, era incrível que, mesmo com a velocidade vampírica, Rosalie e Alice demoravam uma eternidade para se arrumarem. Me digam, qual era a dificuldade em colocar uma roupa?

Quando decidi subir e arrastá-las para baixo, as duas finalmente apareceram e Rose parecia que ia pular em meu pescoço a qualquer momento.

—Pare de  gritar Edward, não somos surdas. -Resmungou descendo as escadas, Alice logo atrás não fez questão de se pronunciar; as duas, apesar da discussão que durara o dia todo ontem, se entenderam graças a Deus, conviver com elas em pé de guerra era um pesadelo, mas apesar da bandeira branca levantada, a baixinha ainda estava magoada.

—Mas parece, estou gritando vocês a mais de vinte minutos. -Respondi indicando o relógio em meu pulso, a vampira loira revirou os olhos.

—Deixa de ser a rainha do drama, Edward. -Respondeu passando reto por mim, me virei lançando um olhar fulminante para as suas costas.

—Eu vou te matar, Rosalie. -Ameacei, bravo com o seu comentário; ela me encarou com desinteresse.

—Tanto faz...

—Você é insuportável. -Ela deu de ombros.

—E você, um idiota. Será que agora nós podemos ir? Não quero chegar atrasada.

—Como se a culpa tivesse sido minha. -Resmunguei ainda mais irritado.

—Pare de reclamar e vamos logo. E vocês seus dois bastardos, levantem a bunda daí agora ou eu vou ter o prazer de chutar seus traseiros. -Ameaçou se dirigindo a Jasper e Emmett que jogavam vídeo game esparramados no sofá.

—Isso. -Jasper gritou dando um pulo para fora do móvel branco, era a décima quarta vez que ele o vencia só esta manhã.

—Mas que por...

—Emmett McCartey, nada de palavrões em minha sala. -Esme o repreendeu entrando no cômodo.

—...caria? -Arriscou e Esme lhe lançou um olhar atravessado, mas resolveu deixar passar.

—O que vocês ainda estão fazendo aqui? Vão embora, vocês vão se atrasar. -Falou se aproximando de Jasper, o empurrando delicadamente e fazendo Emmett se levantar.

—A culpa foi de Rosalie e Alice. -Respondi na defensiva quando ela também me empurrou em direção a porta.

—Ei! Eu ainda estou aqui, viu? -Alice gritou ao meu lado.

—Crianças, não briguem, e andem logo. -Esme falou balançando a mão em nossa direção.

—Tchau, mamãe. -Emmett se pronunciou depositando um beijo em seu rosto e seguindo em direção a saída; Jasper, Alice e Rosalie fizeram o mesmo.

—Tchau, Esme. -Falei depositando um beijo em sua testa, ela sorriu envolvendo minha cintura.

—Tchau, querido; e não se preocupe, eu sei que tudo sairá bem. -Comentou me dando um beijo na bochecha, sorri para ela.

—Obrigado, mãe.

—Agora vai, querido; seus irmãos estão te esperando.

—Tá bom. Até mais tarde. -Falei depositando mais um beijo em sua testa. Corri para o carro em velocidade vampírica e antes de entrar olhei em direção a varanda, Esme acenou e eu sorri, apesar de eu ser mais velho que ela nessa nova vida, tínhamos uma relação de mãe e filho, o que ajudou a preencher o vazio em meu peito, causado pelas lembranças esquecidas da minha família.

Entrei no carro dirigindo de volta para a cidade, a viagem foi feita em silêncio, ou quase isso, os pensamentos dos quatro estavam um turbilhão, mas eu dei o meu máximo para não ouvi-los.

Graças a velocidade com a qual eu dirigia, não chegamos atrasados; o estacionamento parcialmente cheio, se virou para nos encarar, apesar de dois anos estudando nessa escola os alunos ainda não haviam se acostumado com a nossa presença.

A primeira coisa que eu fiz ao descer do carro foi procurá-la através dos pensamentos dos outros, o que era uma droga devo dizer, era frustrante não poder ler a sua mente, assim como foi frustrante encontrá-la em sala de aula; resmunguei baixo, teria que esperar para vê-la, franzi a testa confuso, eu estava começando a me parecer com Alice, balancei a cabeça seguindo meus irmãos para dentro.

As aulas passaram rapidamente, ainda mais por que eu não estava dando a mínima para as aulas, eu estava mais concentrado em Isabella em seus gestos, em cada palavra sua, passando de uma mente para outra,  de acordo com quem a acompanhava, percebi também que ela estava mais pálida do que da última vez que nos encontramos e isso me preocupou, será que ela estava doente ou isso era pelo que Rosalie lhe fez? Senti uma necessidade imensa de me desculpar pelas atitudes impensadas da minha irmã.

—Emmett, seu porco desgraçado, eu vou matar você. -Rose gritou pulando para longe, havia encontrado meus irmãos no corredor e seguíamos juntos para o refeitório, estava tão distraído que não percebi que nevava e que ele se aproveitara disso para a atingir com uma bola de neve. -Ninguém acaba com o meu penteado e saí em pune. -Ameaçou entre os dentes trincados, Emmett engoliu em seco. "Cara, eu tô frito", pensou com uma cara assustada, explodi em risadas e Jasper e Alice me acompanharam. Encarei a baixinha com um brilho no olhar, apesar de ter sido quase sem querer, Emmett me dera uma ótima ideia.

—Edward Cullen, você ficou louco? -Alice gritou prevendo o meu movimento e se desviando da bola que eu lançara no último instante. Dei de ombros no momento em que ela foi atingida por trás. -Jasper!!! -A baixinha gritou surpresa.

—Desculpe, amorzinho. -Alice estreitou os olhos para o marido; eu não aguentei, ri descontroladamente ao ver a sua  cara e Emmett, Rosalie e Jasper me acompanharam. O semblante de Alice mudou repentinamente, de furiosa passou para travessa e eu vi em sua mente o que ela pretendia fazer, "Vamos ver se você vai rir agora, Edward Cullen" pensou formando uma bola rapidamente, vi em sua mente que ela ia jogá-la em mim, então me movi na velocidade humana normal, mas Alice previra o meu movimento e alterara a direção da bola me acertando em cheio. Fiz uma careta e todos os quatro riram.

—Tá legal, chega de se divertirem às minhas custas; vamos entrar.

—Claro, vovô. -Emmett falou gargalhando, lhe lancei um olhar mortal, qual era o problema de ser mais sério? Ele age o tempo todo como uma criança e nem por isso o chamava de bebê.

—Vai se ferrar, Emmett. -Ele apenas sorriu. Voltamos a caminhar, algumas bolas ainda foram lançadas entre Emmett, Jasper e eu; Alice e Rosálie permaneceram o mais longe possível, mas algumas vezes elas não conseguiram escapar e embora elas estivesse realmente com raiva eu estava feliz em poder compartilhar esse momento com a minha família, principalmente por que a neve sempre me deixava mais feliz.

Entrando no refeitório, seguimos para a mesma mesa de sempre, e fiquei encarando as paredes até ouvir a voz baixa de Alice.

—Ela chegou. -Incapaz de me conter, eu olhei para trás a vendo entrar e se dirigir até a fila, seu cabelo castanho estava mais curto do que da última vez que nos vimos, ela vestia calça jeans escura e uma blusa azul que realçava a cor da sua pele a deixando ainda mais bonita, balancei a cabeça afastando esses pensamentos. Bella olhou para a nossa mesa e ficou ainda mais pálida, Mike Newton e Jessica Stanley se aproximaram dela e Jessica a puxou pelo braço chamando sua atenção.

—Alô? Bella? O que você quer? -Bella olhou para a garota ao seu lado parecendo um pouco assustada.

—Qual o problema com Bella? -Mike perguntou preocupado.

—Nada. -Sua voz saiu um pouco esganiçada e ela pigarreou tentando limpar a garganta. -Hoje eu só quero um refrigerante. -Falou se aproximando do final da fila, fiquei imediatamente preocupado, será que ela estava realmente doente?

—Você não está com fome? -A Stanley perguntou dando voz aos meus pensamentos.

—Na verdade, estou me sentindo um pouco enjoada. -Respondeu desviando os olhos de Jessica, a resposta dela em vez de me acalmar me deixou mais aflito, eu teria que convencê-la de alguma forma a procurar Carlisle, franzi a testa confuso, o que deu em mim para me preocupar tanto com a humana?

Me perdi em pensamentos ignorando meus irmãos ao meu lado, podia perceber vagamente Rosalie xingando Jasper e Emmett enquanto esses balançavam os cabelos encharcados de neve derretendo, sorri ao ver Alice se encolher.

"Por que ela está olhando para o Edward?", ouvi a voz mental da venenosa que se dizia amiga.

—Bella, pra onde você está olhando? -Sem conseguir me conter, encarei ela, meus olhos brilhando com o desejo ardentemente que ela morresse engasgada com o seu próprio veneno, tudo que eu queria naquele momento era seguir até aquela mesa e arrastar Isabella para longe daqueles invejosos, meus olhos se desviaram para ela, que desviou o rosto envergonhada escondendo o rubor com os cabelos, sorri ao perceber que mesmo de longe éramos capaz de desconcertar os humanos.

—Edward Cullen está te encarando. -Jessica falou com uma risadinha, mas na verdade ela estava se roendo de inveja por eu estar dando atenção a garota ao seu lado; um grunhido se formou em minha garganta, assustando meus irmãos, mas os ignorei.

—Ele não parece estar com raiva, parece? -Encarei a garota confuso, ela percebera? É claro que ela teria percebido, eu agi como um monstro. Emmett começou a rir, mas eu me esforcei para prestar atenção à conversa.

—Não. -Jessica respondeu confusa. -Ele deveria estar? -Perguntou cautelosa, em sua mente se perguntava se já nos conhecíamos e se já tivemos um caso, revirei os olhos diante da possibilidade.

—Eu acho que ele não gosta muito de mim. -Respondeu baixo, como se não pudéssemos ouvir.

—Veja, Edward, sua cara feia assustou a garota. -Encarei Emmett, imaginando o quanto eu estaria encrencado se arrancasse a sua cabeça fora, decidi que era melhor não tentar a sorte com dona Esme.

—Cale a boca, idiota. -Ele riu ainda mais e eu o ignorei olhando para a outra mesa novamente, graças ao meu querido irmão eu havia perdido a resposta da Stanley. A garota estava debruçada sobre a mesa escondendo o rosto no braço, fiquei imediatamente em alerta, será que ela estava passando mal?

—Mas ele ainda está te encarando. -Jessica falou ressentida.

—Pare de olhar para ele. -Ouvi seu sussurro baixo e eu ri ao sentir o constrangimento dela, Alice chutou minha cadeira e eu dei de ombros sorrindo. O  resto do almoço passou rapidamente, lancei alguns olhares em direção a sua mesa, mas ela manteve os olhos no refrigerante em suas mãos, confesso que me senti contrariado com isso, queria ver seus olhos novamente. Um pouco antes do sinal tocar, Alice nos avisou e saímos silenciosamente.

—Fique tranquilo Edward, nada vai acontecer. -Alice falou me parando no corredor e alisando o meu colarinho com um sorriso bobo, encarei ela com desconfiança.

—Como tem tanta certeza, Alice? Você nem pode vê-la.

—Eu não posso vê-la, mas posso ver você, e nada vai acontecer. -Assenti concordado, aquilo me deixara mais aliviado.

—Tente conversar com ela, Edward, e tente descobrir alguma coisa. -Jasper falou e eu assenti. -Qualquer coisa prenda a respiração. -Sugeriu mais uma vez.

—Ok...

—Você terá que nos apresentar depois disso. -Alice falou animada e eu revirei os olhos.

—Tudo bem Allie, eu preciso ir agora.

—Boa sorte, Edward. -Jasper comentou e eu assenti já me afastando. Parei na porta tempo suficiente para solver uma grande quantidade de ar puro antes de entrar na sala e prendi a respiração logo em seguida; ela já estava ali e parecia entretida rabiscando algo em um caderno de desenho, me aproximei olhando por sobre seus ombros vendo ela delinear os cabelos de uma mulher, a imagem me parecia de certa forma bem conhecida, mas eu não podia dizer o porquê. Arrastei a cadeira com um ruído desnecessário apenas para que ela soubesse que eu estava ali, o seu coração disparou, mas ela não desviou sua atenção do desenho, então decidi que o melhor seria se eu fosse mais claro.

—Olá. -Falei com a voz suave, sua mão tremeu fazendo ela errar o traço; a garota me encarou de olhos arregalados, pelo visto eu a assustara mesmo. -Meu nome é Edward Cullen, eu não tive a oportunidade de me apresentar semana passada. Você deve ser Bella Swan. -Ela parecia desconcertada, mas conseguiu recuperar a voz.

—Eu sei quem você é, Edward. -Ela respondeu e eu me senti constrangido, é claro que ela sabia, Jessica lhe passara todo o relatório, mas ela ao menos podia fingir que não, não é?

—É claro, todo mundo sabe. -Ela desviou os olhos para o desenho novamente e eu me vi desesperado para ouvir a sua voz. -Minha irmã me contou o que aconteceu? -Não que Rosalie tivesse feito isso por vontade própria, mas Bella não precisava saber. Analisei sua reação cuidadosamente, seu maxilar contraiu e os músculos ficaram tensos, talvez essa não tenha sido a melhor forma de iniciar uma conversa, era óbvio que a garota ainda estava abalada. -Me desculpe por aquilo, -Ela continuava a me ignorar, mas percebi seus olhos se arregalarem e logo depois sua testa franzir levemente. -Rosalie exagera as vezes. -Murmurei ainda ansiando por sua resposta.

—Eu não a culpo por querer proteger a família. -Respondeu fechando o caderno e me encarando triste, pela primeira vez a intensidade no olhar de alguém me desconcertou. -E nem você por me odiar, você tem todo o direito de se sentir assim. -Sussurrou a última parte, abri a boca para rebater, inventar qualquer desculpa para a atitude estúpida de Rosalie e lhe assegurar que eu não a odiava, afinal havíamos acabado de nos conhecer, mas antes que eu pudesse proferir qualquer palavra o professor chamou a atenção da turma para a frente, decidi deixar a história morrer por ali. O Sr. Banner explicou o trabalho e nos liberou para começarmos.

—Primeiro as damas, parceira? -Perguntei com um sorriso torto, Bella me encarou um pouco perdida. -Ou eu posso começar se quiser. -Sugeri e ela piscou.

—Não. Eu começo. -Falou se endireitando no lugar, Bella encaixou a lâmina no lugar e olhou pelas objetivas apenas por alguns segundos. -Prófase. -Respondeu convicta, apesar da certeza em sua voz, eu ainda fiquei duvidoso, afinal ela levara não mais que quatro segundos.

—Você se importa se eu der uma olhada? -Perguntei segurando sua mão que já removia o objeto, senti uma familiar corrente elétrica percorrer o meu corpo e eu a encarei surpreso, nossos olhos se conectaram e uma sensação quente e agradável invadiu meu peito, recolhi a mão à contra gosto, não queria me afastar do seu toque e nem das sensações que me invadiram; esperei pacientemente a sua resposta, Bella balançou a cabeça e eu, ainda meio desnorteado, olhei rapidamente pelas objetivas apenas para constatar que ela estava certa. -Prófase. -Concordei anotando a resposta dela no primeiro espaço branco da folha, troquei a lâmina a analisando rapidamente. -Anáfase. -Murmurei já escrevendo a resposta.

—Posso? -Ela perguntou timidamente, sorri maliciosamente, não havia nenhuma possibilidade de eu estar errado, mas mesmo assim lhe passei o microscópio. Ela olhou rapidamente. -Você está errado. -Respondeu se virando de frente para mim, apoiando os braços na bancada de forma que as suas costelas encostassem na beirada da mesa, encarei ela incrédulo, a garota parecia bem certa da resposta, então talvez ela não seja tão inteligente assim.

—Não estou não. -Rebati contrariado, ela assentiu reafirmando, respirei fundo tentando controlar o meu gênio. -Olha, eu sei identificar uma anáfase. -Murmurei pacientemente, eu parecia um adulto conversando com uma criancinha teimosa. -Deixa eu te explicar o que eu vi, talvez assim... -Parei ao perceber uma linha rija em seus lábios, ela não parecia contrariada por eu estar lhe contradizendo; na verdade, Bella parecia estar se divertindo. -Você está brincando, não está? -Perguntei cauteloso, ela riu assentindo e sua risada doce foi capaz de me roubar o fôlego, o que essa garota estava fazendo comigo? Revirei os olhos quando consegui me recuperar. -Você conseguiu me pegar. -Bella deu um sorriso torto, mas não comentou nada.

—Tudo bem, lâmina 3 agora. -Falou se arrumando na cadeira e estendendo a mão sem olhar para mim. Peguei o objeto depositando em sua palma fazendo um esforço enorme para não tocar a sua pele, apesar de ter achado bom as sensações que Isabella despertara em mim, eu não queria assustá-la com a minha pele fria. -Interfase. -Murmurou baixo empurrando o microscópio para mim antes mesmo que eu pudesse pedir. Olhei rapidamente comprovando com um sorriso que ela estava certa mais uma vez.

Terminamos bem antes que qualquer outra dupla, Bella se concentrou em observar as outras mesas e eu em observá-la, o sr. Banner não nos vendo trabalhar, se aproximou sorrateiramente por trás de nós, ansioso para me chamar a atenção; ao ver o trabalho concluído ele se inclinou mais para checar as respostas, se decepcionando ao ver tudo certo.

—Então, Edward, você não acha que Isabella podia ter uma chance com o microscópio?

—Bella. -Corrigi, vi ela fazer isso tantas vezes em seu primeiro dia que saiu no automático. -Na verdade, ela identificou três das cinco lâminas. -Ele a encarou incrédulo, em sua mente se questionava se eu estava mentindo ou se havíamos colado nessa atividade, assim como o sr. Varner, nosso professor de biologia preferia morrer, mas jamais admitiria que existe alguém muito mais inteligente do que ele.

—Você já fez essa experiência antes? -Bella sorriu cinicamente.

—Com blástula de peixe branco também. -Falou orgulhosa, ela também percebeu o menosprezo dele. O professor arregalou os olhos minimamente, mas assentiu concordando.

—Você estava numa colocação avançada em Londres?

—Sim. -Ela falou com um sorriso angelical, o professor piscou desnorteado, se eu não soubesse reconhecer uma vampira eu podia jurar que Isabella Swan era uma.

—Hãn... é... bem... eu acho que... é bom que vocês sejam parceiros de laboratório.

"Meu Deus, o que foi isso?" O sr. Banner murmurou se afastando, Bella suspirou irritada e começou a batucar nervosamente na capa do caderno. Comecei a sentir uma necessidade enorme de ouvir a sua voz.

—É uma pena toda aquela neve, não é?-Perguntei, começando pelo assunto mais banal.

—Não muito.

—Você não gosta do frio. -Afirmei, pelo menos foi o que pareceu pelo seu tom de voz.

—Eu gosto. Mas me trazem muitas lembranças. -Ela respondeu com um suspiro e eu a encarei interessado.

—Boas ou ruins? -Um sorriso lindo brincou em seus lábios e eu me peguei a admirando enquanto ela encarava um ponto fixo em sua frente.

—As duas, mas acho que são mais boas. -Franzi a testa confuso.

—Se as lembranças são boas, por que quer evitá-las? -Seus olhos se voltaram para mim.

—As boas sempre levam as ruins. -Sussurrou baixo, encarei ela preocupado.

—É tão ruim assim? -Quando ela não respondeu percebi que não queria realmente saber, principalmente se isso a machucava tanto. Decidi então esquecer aquele assunto. -Se o clima influencia tanto em suas lembranças, por que veio para cá?

—É... complicado.

—Eu acho que consigo acompanhar. -Pressionei querendo uma resposta mais clara, Bella desviou os olhos dando um suspiro resignado.

—Eu fugi de Londres. -Percebi em suas palavras a amargura que ela tanto escondia. -É isso que faço quando algo acontece, essas foram as exatas palavras de Tony. -Sua voz saiu em um sussurro, senti meu maxilar travar, seja quem fosse esse Tony, ele era um completo idiota por magoá-la assim. Cerrei os punhos  tentando controlar a raiva inexplicável que tomou conta de mim, eu não conseguia compreender por que me preocupava tanto com a humana, mas por alguma razão eu sentia que precisava protegê-la, balancei a cabeça tentando clarear meus pensamentos e respirei fundo tentando me acalmar, mas essa talvez não tenha sido a melhor ideia, o perfume de Isabella me atingiu em cheio fazendo minha garganta arder, prendi a respiração rapidamente e tentei me concentrar na garota ao meu lado.

—O que te fez fugir?

—Um amigo meu morreu a alguns meses. -E finalmente entendi o que ela quis dizer com fugir, Bella não soubera lidar com a perda e decidiu se afastar para ver se a amenizava, não posso chama-la de fraca por isso e muito menos covarde; já vi muitas pessoas perderem um ente querido e sucumbirem a dor, nunca havia entendido esse sentimento, mas também nunca havia me colocado no lugar deles, convivera com a dor de Esme por perder o filho, com o sofrimento de Rosálie e até mesmo Emmett ao ver seus parentes morrerem um a um, mas eu apenas fui um espectador, nunca passara por isso; quando meus pais morreram eu estava inconsciente e as lembranças que deveriam existir foram apagados pela transformação, tudo que eu sabia sobre eles eram lembranças de Carlisle e não minhas, eu sabia que minha mãe era uma mulher forte e determinada, de uma grande personalidade e que sacrificara as suas chances de sobreviver, ela preferiu cuidar de mim enquanto nós dois morríamos; me amaldiçoei naquele momento por não conseguir chorar, por não conseguir demonstrar a minha vergonha ao perceber pela primeira vez em minha existência o como eu fora egoísta por não ter passado a fase do sofrimento, minha mãe merecia.

—Eu sinto muito. -E eu realmente sentia, seu rosto se fechou em uma máscara que eu não soube identificar de imediato, talvez fosse raiva, sim acho que era isso, mas havia algo mais, algo como... como culpa, mas culpa pelo quê?

—Não sinta. Eu fui a única responsável por tudo.

—Por que diz isso? -Bella suspirou parecendo abalada, eu sabia que estava a pressionando em demasia, mas eu estava ávido para saber mais sobre ela. O que Isabella escondia debaixo de um sorriso?

—Joseph morreu tentando me proteger, é o que acontece quando as pessoas se aproximam demais. -Então compreendi o seu sentimento de culpa e o motivo da sua partida, o motivo de ter abandonado a família que parecia tanto amar e até mesmo o imbecil do Tony.

—É por isso que fugiu? -Bella desviou o rosto como se tivesse levado um tapa na cara e eu me senti mal por isso.

—É... -Resmungou baixo, suspirei frustrado ignorando a ardência em minha garganta, eu estava mais preocupado com a possibilidade de tê-la irritado.

—Estou te aborrecendo? -Perguntei cauteloso, Bella me encarou em silêncio, provavelmente pensando se deveria me responder logo dizendo que sim e mandar eu ir me catar ou simplesmente me ignorar, é claro que eu não gostava de nenhuma das duas opções, mas eu entenderia se ela escolhesse qualquer uma delas; Isabella no entanto, me surpreendeu mais uma vez ao dar uma resposta sincera.

—Não, é que... é difícil pra mim reconhecer a verdade. -Fiquei quieto apenas absorvendo suas palavras enquanto a garota me observava atentamente, como se esperasse uma reação.

—Eu não entendo... -Murmurei por fim, Bella se apoiou com o cotovelo no balcão e o rosto no punho fechado.

—O que você não entende?

—Você saiu de Londres por que acha que ficar perto da sua família os colocaria em perigo, certo? -Perguntei fazendo um gesto com a mão pedindo que ela confirmasse e ela assim o fez. -Mas agora você está sofrendo mais do que deixa os outros verem, isso não me parece justo. -Eu já estava aborrecido com toda essa história, eu não queria que ela sofresse, Bella tinha o coração bom demais para ser condenada a isso. Ela sorriu, mas não parecia haver humor em sua risada.

—A vida nunca é justa, Edward. -Assim que ela proferiu as palavras uma sensação de déjà vu me dominou, assim como a realidade amarga, essas palavras nunca estiveram tão certas quanto em nosso caso.

—Acredito que eu já tenha ouvido isso antes. -Respondi seco e me arrependi disso no momento seguinte, Bella deu um sorriso tímido e se virou para frente observando o professor trabalhar, a encarei descaradamente até que vi um sorriso torto se formar em seus lábios, ela parecia imersa em pensamentos e isso atiçou a minha curiosidade.

—O que foi? -Perguntei sem conseguir me conter, Bella olhou para mim ainda sorrindo.

—Tony vive me dizendo que eu sou um livro aberto. —"De novo esse Tony?" Tive vontade de perguntar quem era esse sujeito, mas me controlei, talvez fosse um namorado e eu não queria parecer um enxerido, mas essa história de Bella ser um livro aberto... sorri também, mas por um motivo totalmente diferente, era fato que eu já conseguia interpretar grande parte das suas expressões, mas a mente continuava sendo um livro bem selado.

—Pelo contrário, eu acho você bem difícil de ler.

—Então você deve ser um ótimo leitor. -Ela replicou irônica, mas nem fazia ideia do quanto estava certa.

—Eu geralmente sou. -Respondi alargando mais o meu sorriso e ela revirou os olhos. O professor chamou a atenção da turma explicando em um projetor o trabalho que havíamos acabado de fazer. A conversa com a Swan fora bem proveitosa, mas ainda havia questões a serem resolvidas como por exemplo o desaparecimento dela quando esteve em nossa casa, mas acredito que essa seja apenas mais um assunto delicado para ela, outro dia quem sabe conversaríamos sobre isso, não sossegaria enquanto não tivesse todas as respostas; por hora, eu começaria pela dúvida mais leve. -Posso te fazer uma última pergunta? -Eu estava receoso com a resposta, mas Bella deu um sorriso torto não desviando a atenção do professor enquanto me respondia.

—Já está fazendo. -Ela brincou e eu dei uma risada baixa.

—Quem era a mulher do desenho? -Continuei e Bella me encarou curiosa, não entendi sua expressão, mas não tive tempo de questioná-la.

—Minha mãe. -Seu sorriso tímido me prendeu por alguns segundos.

—Você desenha muito bem.

—Obrigado. -E ela se virou para frente prestando atenção na aula novamente, tentei fazer o mesmo, mas sem algo para realmente me distrair da sede ficava bem difícil, por vezes me pegava encarando sua jugular, mas devido a minha caçada ontem, isso estava mais fácil suportar. De qualquer forma, eu me afastei o tanto que a cadeira permitia, Bella se movia insensatamente espalhando seu saboroso perfume no ar, quando a ardência em minha garganta já se tornava algo insuportável, a aula finalmente terminou e, da mesma forma que foi da primeira vez em que nos vimos, eu já estava do lado de fora antes mesmo do sinal tocar.

As aulas seguintes passaram incrivelmente rápido, quando eu percebi já estava me dirigindo para o estacionamento, meus irmãos me esperavam encostados ao Volvo ansiosos para o relatório.

—Conversou com ela? -Emmett perguntou ansioso e eu revirei os olhos.

—Sim.

—E como foi? -Jasper perguntou interessado.

—Foi bem.

—Foi bem? Só isso? -Emmett indagou incrédulo, dei de ombros. -E o que conversaram? -Mais uma vez, sempre bisbilhoteiro.

—Não é da sua conta, Emmett.

—Tão de segredinhos é...

—Como eu disse, não é da sua conta. -Emmett bufou algo como "velho mal humorado" e eu lhe lancei um olhar fulminante. Antes que eu pudesse considerar a possibilidade de queimar seu filme com Rosalie, Alice se esticou olhando por sobre o meu ombro. Me virei vendo ela se aproximar de um Aston Martin branco última geração, eu já havia prestado atenção no carro, não havia como não fazê-lo, Bella deveria ser muito rica, mas isso não importava, nem todo o dinheiro fora capaz de aplacar a tristeza que havia em seu olhar.

Bella se virou abrindo a porta do carro e nossos olhos se encontraram, eu sorri e ela retribuiu nervosamente, Bella entrou no carro e se foi, me deixando ali com o sorriso bobo.

—Acho que tem alguém apaixonado. -Emmett falou rindo e eu revirei os olhos o ignorando, Emmett era um idiota por considerar essa ideia, não havia nenhuma possibilidade de isso acontecer, segui para o carro entrando no lado do motorista. Olhei pela janela os vendo parados no mesmo lugar.

—Vocês vão ficar aí? -Perguntei sarcástico e eles bufaram entrando em seguida, dei a partida dirigindo para fora do estacionamento, desta vez não foi tão difícil assim ignorar os pensamentos eufóricos dos meus irmãos, afinal uma única pessoa ocupava a minha mente naquele momento e essa pessoa era Bella Swan.


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo capítulo, isso será um POV da Bella, já avisando.

Bye Bye ♡.



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