Começou a chover muito forte, eu já estava ficando toda encharcada e começando a perder minha velocidade foi quando resolvi ficar embaixo de uma árvore esperando a chuva passar ou pelo menos aliviar, mas isso não aconteceu ela foi só se intensificando cada vez mais, e eu não poderia ficar ali, não era pelo fato de eu ficar doente (já que com vampiros isso não acontece), mas sim pelo fato de que eu iria chegar encharcada e minha mãe iria ter um surto me perguntando o que havia acontecido então se eu contasse ela iria no colégio e reclamar com os pais da Natalie.

Mas então comecei a ouvir o farfalhar das folhas atrás de mim, lá havia um arbusto e ele estava se remexendo, logo os outros dois começaram a se mexer também, então peguei uma certa distância e eles pararam para logo começar de novo, dessa vez mais forte então saí de baixo daquela árvore e comecei a ir para o meio da estrada com receio do que poderia ser, desconfiei de uma coisa, mas era impossível eles nem existiam mais, seria bem difícil ser, mas então fui contrariada porque três lobos muito grandes saltaram de trás dos arbustos indo lentamente em minha direção, eu já estava amedrontada porque pelo tamanho e pelo cheiro eram lobisomens caso apenas me mordessem eu morreria depois de alguns dias devido á infecção, caso me atacassem em bando eu morreria estraçalhada, as duas opções não me pareciam muito convidativas então resolvi correr, mas eles foram mais rápidos e me barraram e começaram a me cercar fui andando pra trás e eles também e quando estavam prontos para pular em mim, ouvi algo rosnando olhei para o lado e James estava lá com os olhos brilhando em um tom de vermelho que se destacava diante do amarelo dos outros lobos, quando os três notaram a presença do suposto alfa mantiveram uma distância respeitável de nós, então começaram a se transformar em humanos, eu tapei meus olhos achando que eles ficariam nus na minha frente mas isso não aconteceu, na verdade eles estavam totalmente cobertos por calças, camisas e jaquetas de couro, eles me olharam antes de sair andando em direção á floresta novamente.

— Você não deveria ter saído correndo daquele jeito - Ele disse me fazendo olhar pra ele novamente, seus olhos já não estavam mais vermelhos o que me deixou um pouco chateada, eu gostaria de poder contemplá-los mais uma vez.

— Eu precisava.

— Não, não precisava, aquilo foi puro drama da sua parte.

— E aquilo foi pura implicância da sua parte.

Mas ele simplesmente não respondeu só saiu andando na direção oposta de onde tinha vindo e era pra lá que eu estava indo, então comecei a andar também até que ele parou e me esperou alcançá-lo assim que consegui cumprir com o ato ele voltou a andar, dessa vez estávamos lado a lado.

— Por que não me deixou ser morta pelos lobos?

— Por que eu achei que você não deveria morrer.

— Mas você me odeia, porque fez isso?

— Não te odeio a esse ponto.

— Mas... - Comecei a falar mas fui cortada

— Você não pode simplesmente me agradecer e parar de fazer perguntas? - Ele disse irritado.

— Obrigado - Eu disse com medo de seu tom de voz, ele poderia me matar a qualquer momento se o deixasse com raiva.

Mas ele não respondeu apenas continuou andando, será que ele não cansa de fazer isso?

— Você é assim a quanto tempo? - Eu disse quebrando o silêncio que havia se instalado e ali ficado.

— Assim?

— É, assim.

— Bom... exatamente um século.

— Um século, vocês são imortais?

— Sim, tanto quanto você.

— Eu não sabia disso.

— Tratamos de esconder isso de vocês.

— Então porque está me contando?

— Porque sei que você não vai contar, não é? - Ele parou bruscamente me segurando pelo pulso e me olhando no fundo dos olhos.

— Não, não vou contar - Mas ele não me respondeu de novo, apenas piscou algumas vezes como se tivesse acordando de algum transe.

— Vamos? - Ele perguntou voltando a andar.

Resolvi não responder apenas andar.

— Natalie sabe disso?

— Não, apenas minha cunhada e meu irmão, achamos melhor não contar nada sobre esse mundo sobrenatural.

— Então por isso me mandou ficar longe dela?

— Por isso e por que somos inimigos de vampiros.

— Entendo.

— Mas e você porque não tinha amigos antes da Nat?

— Eu tenho medo de machucar as pessoas, há uns 30 anos atrás eu matei uma menina - Quando eu disse os olhos dele se arregalaram na minha direção.

— Sério?

— Por que eu mentiria?

— Não sei, numa tentativa falha de me assustar?

— Não.

— Bom, chegamos - Quando ele disse isso fiquei um pouco chateada, nossa conversa estava sendo boa, pela primeira vez não me senti intimidada.

— Obrigado, por me salvar dos homens... ou lobos, na verdade eu não sei como chamar.

— Tá, só não se mete mais na floresta, garotas como você nunca sairiam vivas de lá e da próxima vez posso não chegar a tempo - Ele disse voltando a ser rude.

Então fiquei parada ali só olhando ele desaparecer por entre as árvores, assim que ele se foi entrei em casa.