Inabalável SARA escrita por tsubasataty


Capítulo 7
6.1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742514/chapter/7

Sara se atrapalhou dentro do espaço apertado dentro da casa na árvore.

Ela estava em choque. Era a primeira vez que um zumbi vinha exatamente em sua direção, e não havia ninguém que pudesse salvá-la além dela mesma. Então, criando uma coragem insana, ela controlou o tremor que tomava conta de seu corpo e pegou as pedras rapidamente.

Tentou uma vez, acertou o peito do zumbi; tentou outra vez, acertou a orelha dele. A cada segundo, o zumbi ficava mais perto e Sara se sentia tomada novamente pelo medo. Ela observava o zumbi imundo, esticando os braços, vindo em direção à sua casa. A mulher estava com a terceira pedra já posicionada e centralizava a sua mira quando, subitamente, o zumbi percebe algo entre as folhagens e olha diretamente nos olhos de Sara.

A mulher sente todo o seu corpo travar de medo e pavor. O zumbi estava olhando diretamente para ela, dentro dos olhos dela. E aqueles, ela percebeu afinal, eram os Olhos da Morte. Ao mesmo tempo em que se dava conta disso, sua mão fica frouxa e a pedra é arremessada com força, acertando em cheio a testa do zumbi. O ser cai rápido no chão, soltando um último grunhido antes de bater com a cabeça no asfalto e espalhar o conteúdo de seu cérebro em todas as direções.

Dentro da casa na árvore, Sara permanecia imóvel...

Demorou alguns minutos para ela absorver o que havia acabado de acontecer.

***

As semanas seguintes foram letárgicas para Sara.

Depois de entender que havia matado o zumbi, ela se manteve apática e alheia a tudo ao seu redor por quase duas semanas. Ainda fazia seus exercícios diários, cuidava de sua plantação e preparava as suas refeições. Mas o que ainda a assombrava eram aqueles olhos do morto-vivo, encarando os dela como se pudessem sugar a sua alma.

Sara sacudiu os ombros, tentando afastar um novo calafrio que vinha a atormentar.

A mulher também estava preocupada com suas porções de sal, arroz e macarrão. Dois meses tinham se passado desde que tudo começou, ainda era verão e seu estoque destes mantimentos já estava quase no fim. Ela sabia que precisava encontrar uma solução.

O verão trouxe consigo algumas chuvas; chuvas que lavaram a rua e varreram dali toda a podridão. Sara estava na casa na árvore um dia, depois de uma longa manhã repleta de chuva, e observava a rua, observava exatamente o lugar em que o zumbi que ela havia matado estivera apodrecendo até o dia anterior. Naquela tarde, no entanto, não havia sinal de seu corpo inerte na rua, nem de zumbi algum. Por um instante, Sara se sentiu purificada.

Passou o resto do dia concertando alguns pequenos vazamentos da casa na árvore e pensando no que fazer nos próximos dias. Ela queria começar a dormir ali dentro, mas ainda havia a questão de alguns de seus mantimentos, que estavam quase no fim, em estado realmente crítico. Sara precisava pensar e pensar... Precisava ser ágil e conseguir encontrar logo uma solução.

A mulher comia uma barra de proteína enquanto olhava do alto a rua e as casas ao seu redor. A rua havia estado em completo silêncio nos últimos dias, sem a presença de nenhum novo zumbi ou algum grupo de seres humanos tentando sobreviver. E as duas casas ao lado da sua estavam completamente desertas, desde antes do primeiro surto zumbi começar. Foi aí que a mente esperta de Sara teve um estalo, uma ideia tão boba que ela não acreditou que ainda não havia pensado nela antes.

Sim, Sara iria invadir as casas ao redor da sua.

Era uma solução tão fácil que a mulher não acreditou não ter sequer cogitado ela anteriormente.

Sendo assim, a mulher comeu o resto da sua barra de proteína, desceu às pressas a casa na árvore e correu para dentro de casa. Resolveu trocar de roupa: colocou uma calça de ginástica e um tênis com a sola dos pés cheio de escamas, próprio para escaladas e ótimas para impedir o indivíduo de derrapar.

Sara se dirigiu ao quintal, pegou sua maior mochila, diversos sacos vazios, um canivete e vasculhou o quarto dos fundos até encontrar uma corda comprida. Deu pequenos nós nela e amarrou um gancho de metal na ponta. Testou a resistência do material e ficou satisfeita com o resultado.

Percebendo que já estava anoitecendo, Sara não queria perder mais tempo.

Naquele mesmo dia, ela iria adentrar a primeira casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!