Inabalável SARA escrita por tsubasataty


Capítulo 3
2.




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— Coma todo seu cereal, Scott – Sara disse, sorrindo para o garoto de 8 anos sentado na cadeira a sua frente – Depois você e seu pai podem ir terminar aquele projeto louco.

— Você deveria participar também, mãe – o garoto disse, abrindo um sorriso todo manchado de leite. – Os zumbis são reais, eles podem surgir a qualquer momento! Qualqueeer momento! Eu e papai vamos estar preparados.

Sara sacudiu a cabeça, mas não pôde deixar de sorrir diante do filho.

Era um dia agradável de primavera e Scott não tinha aula nos próximos dias. Era a ‘semana do saco cheio’.

— Querida – um homem alto, sorridente e levemente musculoso apareceu de repente na porta da cozinha – Pode me dar um copo d’água, por favor?

— Papaaaaai...! – o menino correu na direção do homem, abraçando-o.

— Aqui, Alex – Sara disse, primeiramente dando um beijo leve na boca daquele homem que ela tanto amava – Boa sorte terminando esse projeto louco de vocês.

Sara é designer de interiores e paisagista e conheceu seu marido, Alex, ainda na faculdade, quando os dois tinham apenas 23 anos. Ele era um engenheiro civil e tinha sua própria companhia. Eles se casaram dois anos após formar, com 26 anos. E seu filho, Scott, nasceu 4 anos depois, quando a carreira profissional e a vida pessoal de ambos estava estabilizada.

Sara quando jovem não acreditava em relacionamentos, muitas vezes desdenhava deles. Ela percebia nas entrelinhas que era seu olhar penetrante e sua presença sempre notável que faziam com que muitos homens, inseguros, tivessem medo de se aproximar dela. “Eles querem uma mulher fraca, alguém que possam moldar. Me recuso a ser isso”, era o que Sara sempre dizia aos seus amigos, quando eles tentavam encontrar um par para a amiga.

Foi no último ano de faculdade que ela conheceu Alex. Ela estava saindo da biblioteca, carregando pesados livros com as duas mãos, quando esbarrou em alguém sem querer e tanto ela quanto os livros caíram todos no chão.

 – Sinto muito! – Sara disse, envergonhada de ter pagado um mico desses na frente de um desconhecido.

A Arquitetura Bioclimática do Espaço Público — uma voz masculina disse, genuinamente com interesse – Uau! Parece interessante.

Sara olhou na direção da voz e se deparou com a figura de um jovem sorridente, de gestos amplos e olhar confiante. Naquele instante, ela sentiu uma fagulha em seu coração, mas estava longe de saber ao certo que significado dar àquilo.

Os dois jovens se apresentaram naquele instante, enquanto terminavam de recolher os livros caídos de Sara. Em seguida, caminharam lado a lado em direção aos seus blocos de aula enquanto conversavam. Sara sabia que aquele jovem ao seu lado era diferente de todos os demais com quem ela já havia saído. Ele não emanava medo, nem receio ou insegurança estando ao lado daquela figura imponente que era ela. Então, quando o fim de semana chegou e Alex a pediu para sair, Sara entendeu finalmente o que seus amigos diziam quando sentiam borboletas no estômago. Ela, é claro, disse sim a ele.

*

— Terminamos, yaaaaaaaay! – Scott tinha a mania de prolongar as últimas letras de todas as suas palavras quando ele estava animado. E naquele dia, terminando aquela invenção de metal, feita especialmente para proteger a casa de ameaças externas (fantasiosas ou não), o garotinho estava em puro êxtase. – Ficou incrível, papai! Vem cá ver, mamãe!

Scott puxou Sara pelo braço e os 3 passaram a próxima hora testando a invenção, vendo se tudo estava completamente nos conformes.

— Nenhum defeito – Alex anunciou por fim – Está tudo perfeito.

— Acho que devemos comemorar, hein. – Scott sugeriu, dando pequenos pulinhos comemorativos.

— O que você quer, Scott? – Sara perguntou ao filho.

— Bolo! – o menino respondeu depressa.

— Eu vou com você comprar então, filho – Alex disse. – Sua mãe ainda está terminando um projeto do trabalho, então vamos dar uns minutos de silêncio para ela.

Alex piscou para Sara e abriu um sorriso acolhedor.

A mulher se sentiu derreter mais uma vez. Não importava há quantos anos eles já se conheciam, isso sempre acontecia quando ele lançava aquele sorriso certeiro para ela.

— Vou tentar terminar até vocês chegarem. – Sara disse, beijando o topo da cabeça do filho e em seguida dando um selinho descontraído no marido.

Ela se despediu deles enquanto eles saíam de carro pela rua.

— Vão com cuidado, amo vocês. – Sara disse antes de voltar para dentro de casa.

Ela ainda sorria quando fechou o portão e voltou a pensar no seu projeto que estava quase finalizado. O que Sara ainda não sabia era que eles jamais voltariam para casa.


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Notas finais do capítulo

Isso foi anos antes do apocalipse... O que será que houve com os dois?
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