Inabalável SARA escrita por tsubasataty


Capítulo 29
Parte 3: 1.


Notas iniciais do capítulo

Parte 3
Última parte...



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A morte não é uma aventura.

 

— Vamos embora daqui! – Iara gritou, com seus olhos esbugalhados olhando com terror para tudo ao seu redor.

O trio se desvencilhou dos zumbis caídos no chão e começou a correr para fora do complexo.

Eles tinham o passo rápido, porém eufórico e desesperado. Já não eram mais guiados por gestos metódicos e concentrados, uma vez que a surpresa e o medo haviam se instalado com uma intensidade desesperadora dentro de cada um deles.

Quando alcançaram a saída, por um instante se assustaram com a luz clara da manhã, do sol que ainda reinava forte no céu. Todos tinham o corpo coberto de suor, as costas carregando aquelas pesadas mochilas cheias de mantimentos, e as mentes repletas de pensamentos insanos.

Pelos próximos dias, todos os três sabiam que aquela imagem surreal dos zumbis saindo todos de uma vez de dentro do cômodo e atacando o que viam pela frente estaria em seus pesadelos por noites sem fim. Todos estavam realmente atordoados.

Outro detalhe, porém, preocupava Mike acima de qualquer coisa.

Agora na luz do dia, ele podia ver claramente a sua mão ensanguentada. Enquanto Tom e Iara pareciam estarrecidos com o que quer que se passava em suas mentes, Mike aproveitou desse pequeno momento para jogar água na mão cheia de sangue e depois passar álcool. Ele queria ver claramente o tamanho do estrago que o zumbi havia feito ali. Quando Mike terminou de limpar o ferimento, um súbito som veio de dentro do antigo complexo da Ressurreição e os três tiveram um sobressalto.

— Vamos sair logo daqui. – Tom disse, começando a caminhar rapidamente.

Depressa, Iara e Mike seguiram o companheiro em silêncio.

Mike esperou que um dos dois dissesse algo sobre sua mão, porém quanto mais eles andavam, maior o silêncio de estendia sobre os três.

“Será que eles não me viram ser mordido?”, o homem pensou absorto por um momento.

Olhou para sua mão... Havia claramente a marca de uma mordida ali, mesmo que ele tivesse sentido sua carne sendo arrancada pelo zumbi, na sua mão havia unicamente a marca dos dentes podres do morto-vivo, mas nenhuma carne sequer tinha sido realmente arrancada.

Decidiu guardar aquele segredo mais um pouco com ele. Continuou caminhando apressado atrás dos amigos, esperando ansioso e preocupado que o ânimo dos demais se acalmasse de uma vez. Mike sabia o que tinha que fazer, sabia que precisava dizer adeus à sua mão, no entanto o pavor ainda estava vívido no rosto dos amigos e no dele, claro – por fim, ele decidiu, mesmo apreensivo, aguentar um pouco mais.

Caminharam por cerca de 40 minutos quando finalmente pararam um pouco para beber água e descansar.

Iara sentou-se na calçada, retirando o excesso de suor da testa com as costas da mão. Ela pegou sua garrafa d’água e deu um longo gole.

— Aquilo foi surreal. – ela por fim disse – Achei que iríamos todos morrer ali... Que seríamos todos comidos por aqueles zumbis imundos.

— Agora eu entendi aquela expressão... Realmente senti que a vida passou diante dos meus olhos. – Tom tentou brincar, embora seu semblante estivesse sério e seu olhar cabisbaixo, mirando algum ponto fixo e invisível no chão.

Mike olhou para os amigos e engoliu em seco.

Eles realmente não tinham visto o que aconteceu com ele.

— Preciso contar uma coisa a vocês. – o homem disse sério, aproximando-se dos companheiros. – Acho que vocês não viram o que aconteceu comigo no complexo...

Mike começou a levantar a mão na direção dos amigos e estava prestes a terminar sua frase quando subitamente o trio ouviu o som de dois tiros sendo disparados ao longe.

Iara levantou-se no mesmo instante, completamente alerta. Ela sabia detectar exatamente de onde vinha o som.

— Veio da direção da casa de Sara! – falou em voz alta – Ai meu deus...

Foi então que ela olhou para Mike e viu a sua mão levantada, pairando no ar... Reparou numa marca estranha fixada ali.

Tom chegou mais perto e, tentando esquecer por um momento o som dos tiros, focou sua atenção em Mike.

— Eu fui mordido. – Mike revelou, olhando sério para os demais. Ele nem sequer conseguia pensar em Sara naquele momento, uma vez que sabia que não iria chegar perto dela enquanto estivesse com aquela mordida ali – Precisamos fazer algo a respeito. Rápido.

Iara chegou mais perto e olhou atenta para a mão do homem. Seus olhos encontraram com os de Mike por um segundo mudo e depois seguiram para a mordida outra vez.

— Tem alguma coisa errada aí... – ela murmurou baixo, pegando a mão do amigo e analisando com cuidado.

Foi então que Mike e Tom perceberam o que Iara estava querendo dizer. A marca da mordida não estava preta e arroxeada, como eles sabiam que a mordida de um morto-vivo ficava. Sequer estava verde ou azulada, que também podia indicar um sangue contaminado. Sua pele estava clara, como de costume, e suas veias também estavam completamente normais.

Mike virou a mão e os três prenderam a respiração.

Não, aquilo não podia ser real...

Como aquilo era possível?

O trio se entreolhou, todos pensando exatamente a mesma coisa...

 

A ferida estava cicatrizando.


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Notas finais do capítulo

Ai gente do céu...