Inabalável SARA escrita por tsubasataty


Capítulo 28
12.


Notas iniciais do capítulo

AI MEU DEUS



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Era a segunda vez que Sara acordava sentindo aquela sensação angustiante no estômago. Uma vontade estarrecedora de jogar tudo para fora. No entanto, aquele era um dia importante, um dia em que ela precisava se manter forte: depois de quase duas semanas, seus amigos tinham enfim tomado uma decisão e aquele era o dia de busca deles, a busca por Sabrina e Gabriel. Por causa de todos eles, Sara precisava se mostrar forte.

— Vocês têm certeza de que não querem que eu vá? – ela perguntou, cruzando os braços ao redor do teimoso estômago que ansiava em jogar tudo para fora outra vez.

Sara engoliu aquele gosto ácido que subia pela sua garganta e olhou preocupada para os amigos. Será que eles percebiam que alguma coisa estava acontecendo com ela?

— É melhor alguém ficar aqui, vigiando a casa. – Iara disse, segurando forte a mão da companheira – E nada melhor que a dona da casa para fazer isso.

Sara assentiu.

Naquele dia, claramente que não. Ninguém percebeu nada. Nem Mike notou algum sinal sequer. Naquele momento, o trio tinha outras coisas na cabeça – e Sara não parecia ser uma delas.

— Tudo bem. – Sara falou por fim, abraçando Iara e Tom e depois dando um beijo em Mike. – Boa sorte. Espero que consigam encontrar o restante da trupe.

“Será que ele sentiu um gosto ruim na minha boca?”, foi tudo o que Sara pensou enquanto via os amigos se afastando dela.

**

Durante o restante da manhã, Sara vomitou. E vomitou mais uma vez.

Ela sabia o que era aquilo – temia por aquilo.

Mas ele de fato aconteceu.

— Isso não pode ter acontecido, não pode ser... Eu já tenho 42 anos... – a mulher sussurrou consigo mesma, agachada ao lado da privada, com suor a escorrer pelo rosto amedrontado e a mão tocando de leve o seu ventre.

Sara já sabia. Ela tinha certeza que estava grávida.

As mesmas sensações percorriam seu corpo outra vez, exatamente como aconteceu quando ela ficou grávida de seu primeiro filho, Scott.

No entanto, aqueles eram outros tempos. O mundo, agora, estava um caos. E ela estava velha demais. Sentada no chão, abraçou os joelhos e se permitiu chorar por alguns minutos. Ela sabia o que tinha que fazer: sabia que não deveria deixar aquela criança nascer.

Após expulsar todas as lágrimas de seus olhos, Sara secou o rosto e respirou fundo. Iria aproveitar aquele dia que não tinha ninguém em casa para colocar seu plano em prática. Assim, quando eles chegassem, jamais teriam consciência do que ela havia acabado de fazer.

Se Sara não deveria esperar pela chegada de Mike para tomar uma decisão junto dele?

A mulher sabia o quão bondoso e amável era o seu novo companheiro, e jamais permitiria que uma notícia como aquela abalasse o homem. Talvez se fossem outros tempos, outro mundo... Porém aquele era um mundo guiado pelos mortos-vivos – e um bebê pequeno e indefeso não merecia nunca viver um mundo tão triste e desesperador como aquele.

Sara enfim colocou-se de pé, buscando apaziguar esses pensamentos que doíam em sua cabeça. Seguiu resoluta até a cozinha.

Começou a mexer nos armários, atrás de um condimento em pó aromático que ela sabia que, se usado em quantidade exagerada, ajudaria Sara a abortar: canela em pó.

A mulher revirou praticamente a cozinha inteira até finalmente conseguir encontrar a canela escondida num pequeno pote branco na última gaveta do armário. Abriu o produto e deu uma conferida. A canela estava, sim, em ótimo estado de conservação ainda. Sara mostrou um ligeiro sorriso. Um sorriso triste...

Sem pensar duas vezes, antes que decidisse voltar trás, pegou um pequeno copo e encheu de água. Ela estava prestes a despejar o condimento em pó dentro do líquido quando escutou subitamente um barulho vindo do quintal de sua casa. A mulher levou um susto. Será que eles já haviam chegado?! Mas não havia se passado tanto tempo assim...

Deixou a água e a canela escondidas num canto e se dirigiu apreensiva para o fundo da casa. Tentou colocar um sorriso no rosto, a fim de saudar seus companheiros. Quando chegou ao quintal, no entanto, já era tarde demais. O sorriso de Sara se desfez no mesmo instante.

— Ora, ora... – um sujeito alto, barbudo e maltrapilho tinha os olhos arregalados e atentos em Sara. Um sorriso entorpecedor saiu dos lábios do homem quando ele viu de repente aquela mulher de cabelos curtos surgir diante dele.

— Parece que a casa não estava vazia, hein, Marcos? – um sujeito tão horripilante quanto o anterior também tinha os olhos fixos na sua inesperada visitante.

Sara ficou imóvel, completamente pega de surpresa.

De onde tinham surgido aqueles dois homens?! Como conseguiram chegar em silêncio até ali?!

A mulher pensou em correr, pensou em dar meia volta e ir voando até a cozinha, pegar a arma que Tom havia deixado escondida na gaveta e atirar naqueles intrusos. No entanto, suas pernas estavam paralisadas. E seus olhos estavam fixos na arma na mão de um dos sujeitos, uma arma que mirava diretamente em Sara.

— Se você ficar quietinha, prometemos não te machucar muito. E não te matar, tá bom, lindinha?

Foi só quando um dos homens começou a desabotoar as calças que Sara então viu que, além de mantimentos, aqueles dois seres imundos e repulsivos buscavam por outra coisa. Ela sentiu seu rosto se transformar em cinza quando um dos homens apontou a arma bem no rosto dela e o outro se aproximou e tapou forte a sua boca, segurando com uma força absurda seus pulsos e fazendo-a perder o equilíbrio, até cair no chão.

Sara sentiu uma mão tentando desabotoar sua calça jeans ao mesmo tempo em que ela olhava aflita ao seu redor em busca de alguma coisa. Qualquer coisa. No entanto, procurar por algo foi em vão. Perto de Sara, não havia uma arma sequer para ela se defender.


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Notas finais do capítulo

Fim da Parte 2.
Socorro...